Blog do Noblat / Metrópoles
Bolsonaro está avisando e as oposições não
levam a sério: no lugar de unidade e resistência, continuam divididas
Bolsonaro tem avisado. A história vai dizer
que ele foi o pior dos presidentes eleitos ao longo dos primeiros duzentos anos
do Brasil como país independente. Mas vai ter de reconhecer que ele não
surpreendeu, porque avisou. Avisou que vinha para destruir ou reduzir o que
havia sido feito até sua posse: na cultura, na educação, na construção da
democracia, os avanços nos direitos das minorias. Também avisou que não
acreditava nas constatações da ciência quanto ao aquecimento global e medidas
sanitárias, inclusive vacinas. Avisou que seu governo ia reduzir as leis de
proteção ambiental e ocupar as florestas do Brasil, incentivando incêndios e
desflorestamento. Avisou que retiraria o Brasil do cenário internacional e
manteria aliança exclusiva com seu mentor norte americano. Deixou claro que
buscava fazer do Brasil um pária internacional, isolado na resistência ao
fantasma do comunismo morto há décadas. Quando a epidemia chegou, ele avisou
que ela seria tratada como uma gripezinha, repetidas vezes disse que todos
morrem e por isto não havia razão para sofrer diante de centenas de milhares de
pessoas mortas.
Ele não avisou que haveria esquema de
corrupção na compra de vacinas, nem que se aliaria ao centrão que sempre tratou
como corja de corruptos. Mas, em geral, entre os defeitos de Bolsonaro não está
o fato de não ter avisado. Não haverá desculpa para aqueles que não souberam
enfrentar as ameaças que ele fez.
Agora, Bolsonaro avisa que não respeitará os resultados das eleições se elas não forem feitas com as que ele quer. Age com franqueza diferente dos militares de 1964, que até 1° de Abril juravam lealdade à Constituição e ao presidente, mas o destituíram jogaram o Brasil em uma ditadura autoritária por 21 anos, com tortura, prisão, controle da imprensa, da Justiça e do Congresso.