domingo, 23 de setembro de 2012

OPINIÃO DO DIA – Roberto Freire: ‘o mensalão maculou a República (XLVII)


 Lula já tentou se livrar do mensalão de muitas maneiras. Quando o escândalo estourou, deu uma entrevista esquisita em Paris, justificando que os recursos eram fruto de doações de caixa dois de campanha, como se isso não configurasse crime eleitoral. Depois, em pronunciamento à Nação, garantiu que fora traído pelos companheiros e que de nada sabia. Denunciado o caso pelo então procurador Antônio Fernando de Souza, tratou de dizer que era tudo uma farsa. Algo que nunca ocorrera na vida real. Invenção da imprensa. As versões, copiadas pelos réus do mensalão, não duraram um dia no Supremo Tribunal Federal.

Roberto Freire, deputado federal (SP) e presidente do PPS. ‘O garganta profunda’, Brasil Econômico, 21/9/2012.

Manchetes de alguns dos principais jornais do Brasil

O GLOBO
UPPs já evitaram 250 assassinatos em favelas
MP tenta evitar indulto para corrupção
Eleições 2012: Paes cumpriu 67% das promessas
Pré-sal: Até ONU quer os royalties
Sete usinas no meio da floresta

FOLHA DE S. PAULO 
 Conservadorismo em SP dá impulso a Russomano
Modelo Dilma de economia a distancia de Lula e FHC
Para candidato do PRB, conflito com arcebispo é 'letra morta' 

O ESTADO DE S. PAULO 
 Mensalão vira tema de campanha nas capitais
Governo avalia projeto para flexibilizar leis trabalhistas
Metade dos brasileiros investe em poupança
Russomanno busca eleitor consumidor
Coaf mira empresas que lavam dinheiro

 CORREIO BRAZILIENSE 
 Os guerrilheiros que o mensalão engoliu
 Dilma na ONU e bem longe da crise petista
O Impeachment de Collor sob o olhar dos Arapongas

 ESTADO DE MINAS 
 Campanha abastecida com nosso dinheiro
Juiz de Fora- Disputa a caminho do 2º turno
A danaça dos preços pelo mundo

 ZERO HORA (RS)
 Fraudes e erros tiram R$ 753 milhões do SUS 

JORNAL DO COMMERCIO (PE) 
 Geraldo lidera e Daniel já ultrapassa Humberto

O que pensa a mídia - editoriais dos principais jornais do Brasil

http://www2.pps.org.br/2005/index.asp?opcao=editoriais

Os guerrilheiros que o mensalão engoliu


A próxima batalha dos ex-guerrilheiros

Dirceu e Genoino, que recorreram à luta armada contra a ditadura, contam os dias para o desfecho do caso no STF

Paulo de Tarso Lyra

Dois personagens emblemáticos da luta contra o regime militar, que resistiram aos anos de chumbo, foram presos, voltaram à vida pública após a redemocratização, fundaram um partido que misturava a classe trabalhadora com a intelectualidade e ajudaram a eleger o primeiro presidente operário no país. Enfrentam, agora, aquela que pode ser a última das grandes batalhas políticas de suas vidas. José Dirceu e José Genoino estão às vésperas de serem julgados pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no escândalo do mensalão.

Pelo histórico atual do julgamento e com base nas declarações dadas por eles mesmos nas últimas semanas, a condenação é dada como certa. Resta saber se ela virá com punições em regime fechado. Quando Luiz Inácio Lula da Silva foi eleito, em 2002, Dirceu era o todo-poderoso presidente do PT e ganhou ainda mais força ao ser nomeado chefe da Casa Civil. Ainda há uma década, Genoino forçou um segundo turno contra o tucano Geraldo Alckmin na disputa pelo governo de São Paulo e, após perder a disputa, tornou-se presidente do PT no ano seguinte. Daqui a duas semanas, ambos poderão estar condenados por corrupção ativa. A outra acusação que pesa contra eles é formação de quadrilha, ponto que será julgado após o primeiro turno das eleições municipais.

A forma como os dois enfrentam o julgamento diz um pouco das diferenças de personalidade entre eles. Dirceu emagreceu seis quilos, mas jura que é por causa dos exercícios físicos regulares, que incluem musculação, esteira e alongamento na academia do prédio em que mora na capital paulista. Genoino submeteu-se, na semana passada, a um cateterismo após ser constatado o entupimento de uma artéria em um check-in de rotina. Não precisou, no entanto, fazer uma cirurgia para colocação de um stent, aparelho que evita a contração das artérias do coração.

"O Genoino é daquele jeito elétrico, entrava em uma comissão, saía para outra, fazia discursos no plenário, dava entrevistas no Salão Verde. Ele é passional", resumiu o líder do PT na Câmara, Jilmar Tatto (PT-SP). "O Dirceu não, ele é mais calculista, estrategista, lida melhor com as adversidades", completou Tatto. "Genoino é ideológico. Dirceu, pragmático. Se assim não fosse, não traria o PL para a chapa de Lula em 2002", disse ao Correio um aliado do ex-ministro.

Quando estourou o escândalo do mensalão, em 2005, companheiros de Genoino ficaram preocupados com o comportamento depressivo apresentado pelo ex-presidente do PT. Ele chegou a ficar mais de um mês no quarto, com pouca disposição para receber até os amigos mais próximos. Pessoas que testemunharam aquele momento lembram do abatimento que acometeu o ex-deputado.

Com o início do julgamento, ele se tornou ainda mais tenso e nervoso. "A depressão voltou para valer", disse um interlocutor que acompanha o processo do mensalão. O advogado Luiz Fernando Pacheco reconhece que o cliente está ansioso com a proximidade da análise do caso pelos ministros do STF. "Esse processo estava dormindo há sete anos e agora vivemos os momentos finais. Claro que existe uma grande expectativa, mas Genoino está convicto da legalidade de seus atos", completou o defensor, buscando desanuviar o ambiente.

Renúncia

Dirceu, ao contrário, jamais se abateu, pelo menos publicamente. Assim que o presidente nacional do PTB, Roberto Jefferson — também réu no mensalão — o apontou como "chefe da quadrilha" do mensalão, renunciou ao cargo de ministro da Casa Civil, repassando o cargo para a atual presidente, Dilma Rousseff, a quem cumprimentou como "companheira de armas" (Dilma também foi guerrilheira) e, em seguida, enfrentou o processo de cassação do mandato de deputado federal na Câmara.

Genoino acabou conseguindo se eleger deputado federal em 2006, mas o mandato foi mais discreto e com menos brilho do que suas passagens anteriores. Em 2010, não conseguiu se reeleger, permanecendo na fila dos suplentes da bancada. Graças à proximidade com os militares e com o então ministro da Justiça, Nelson Jobim, foi nomeado assessor especial do Ministério da Defesa. No início do julgamento, tirou férias de 30 dias. Agora, está de licença-médica para o tratamento de saúde.

José Dirceu resolveu arriscar-se na iniciativa privada e virou consultor de diversas empresas, valendo-se de seu expertise como ex-homem forte do governo. Não admite quais são os clientes, alegando confidencialidade, mas comenta-se que presta serviços para Carlos Slim — o homem mais rico do mundo — e o proprietário da Delta Construções, Fernando Cavendish.

José Genoino está muito abatido, contam pessoas próximas ao ex-deputado

FONTE: CORREIO BRAZILIENSE

Parlamentares da base reclamam de nota de solidariedade a Lula


Representantes do PDT e do PMDB dizem não ter sido consultados sobre ataque aos partidos de oposição

Eugênia Lopes

BRASÍLIA - Integrantes do PMDB e do PDT reclamaram ontem da decisão dos presidentes Valdir Raupp e Carlos Lupi de assinar nota, idealizada pelo PT, na qual seis partidos da base aliada defenderam o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e acusaram a oposição de tentativa de golpe.

Divulgada na quinta-feira, a nota de desagravo a Lula faz ataques ao PSDB, DEM e PPS, após a oposição ameaçar pedir apuração sobre a suposta relação do ex-presidente com o mensalão. “É um exagero”, disse ontem o senador Cristovam Buarque (PDT-DF). “A oposição não está sendo golpista. Não existe golpe contra ex-presidente.”

Ele e o senador Pedro Taques (PDT-MT) divulgaram nota reclamando por não terem sido consultados sobre o desagravo a Lula. “Se tivéssemos sido consultados, seríamos contra”, afirmaram os dois senadores, na nota. “Além de ser um direito inerente às oposições fazer críticas, em nenhum momento tocaram na presidenta Dilma. Consideramos mais ameaçadoras à democracia as consequências dos imensos gastos publicitários feitos pelos governos”, escreveram.

Dirigentes do PMDB também condenaram a atitude do presidente do partido, senador Valdir Raupp (RO), de assinar a nota em defesa de Lula. “Ele (Raupp) puxou para o colo do PMDB o mensalão. Nós não temos nada com isso”, argumentou um peemedebista. Na época do mensalão, o PMDB não era da base de apoio do governo Lula. “O PMDB era de oposição e depois do mensalão é que o governo veio atrás da gente”, observou outro integrante do partido. “O Raupp renegou fatos históricos ao tomar uma posição dessas e assinar a nota sem nos consultar.”

Surpresa. Segundo um parlamentar peemedebista, o presidente do PT, Rui Falcão, teria pego Raupp de surpresa com a nota já assinada pelos outros cinco partidos. Sem saída, Raupp chancelou a Carta à Sociedade e, depois, avisou o vice-presidente da República, Michel Temer, sobre o documento de solidariedade a Lula.

“O Raupp não teve capacidade de reagir”, reclamou um peemedebista. Na nota, os presidentes de seis partidos – PT, PSB, PMDB, PC do B, PDT e PRB – atacam o que chamam de “forças conservadoras” que estariam dispostas a “qualquer aventura” e falam em “práticas golpistas”. A manifestação foi organizada em meio à série de reveses no Supremo Tribunal Federal e à possibilidade de o ex-ministro José Dirceu vir a ser condenado às vésperas das eleições municipais de 7 de outubro. O texto da nota foi articulado pelo próprio Lula. Ele fez essa sugestão ao participar de ato de campanha de Fernando Haddad no último domingo, no Centro de Tradições Nordestinas, em São Paulo. Declarações atribuídas ao publicitário Marcos Valério pela revista Veja, naquele fim de semana, jogaram Lula no centro da crise, apontando-o como chefe do mensalão.

FONTE: O ESTADO DE S. PAULO

Mensalão põe candidatos na defensiva


Discursos se repetem na maior parte das grandes capitais, mas o tom começou a mudar desde a semana passada

Avanço do julgamento fez o PT partir para o ataque; Executivo pediu que militantes defendam o partido

Paulo Peixoto, Felipe Bächtold


BELO HORIZONTE, PORTO ALEGRE - Candidatos a prefeito pelo PT nas principais capitais do país têm jogado na defensiva quando confrontados com o julgamento do mensalão.


Em geral, petistas se esquivam com um discurso que parece ensaiado: não estão acompanhando o julgamento ou estão com a cabeça voltada só para suas campanhas.

Essa linha foi incorporada por Fernando Haddad, em São Paulo, Patrus Ananias, em Belo Horizonte, e Humberto Campos, em Recife.

As exceções até agora foram Adão Villaverde, em Porto Alegre, e Elmano de Freitas, em Fortaleza.

O primeiro disse em um debate que é estranho o julgamento ocorrer em pleno período eleitoral, enquanto o segundo partiu para o ataque ao lembrar o caso do mensalão tucano em Minas Gerais.

Na semana passada, o tom mudou um pouco. Primeiro uma nota oficial da Executiva do PT pediu aos militantes que defendam o partido, sem citar diretamente o mensalão.

Depois, em nota, o PT e os principais partidos aliados acusaram a oposição de golpismo ao usar o julgamento durante a campanha.

As notas coincidiram com o avanço do julgamento no Supremo Tribunal Federal, que analisa agora o núcleo político do esquema. E também com a edição de "Veja" atribuindo a Marcos Valério afirmações sobre suposta atuação do ex-presidente Lula como "chefe" do esquema.

Apesar de ainda defensivo, discursos de alguns candidatos também mudaram de tom.

Em BH, por exemplo, Patrus, que antes evitava totalmente o tema, agora afirma que o julgamento não prejudica sua candidatura porque "não envolve o ex-presidente Lula" e não compromete o PT.

Prejuízo

Nenhum dos petistas candidatos em capitais do peso político de São Paulo, Porto Alegre, BH, Recife, Salvador e Fortaleza lidera neste momento as disputas locais.

Nos bastidores das campanhas, admite-se que o mensalão incomoda e que isso cria dificuldades para o partido.

O cientista político Ricardo Caldas, da Universidade de Brasília (UnB), diz que há influência do julgamento sobre o eleitor.

"Está havendo um fenômeno, mas não dá para dizer a porcentagem que causou a diminuição", afirma Caldas.

Uma hipótese, diz, é que o eleitor de classe média se afastou dos candidatos petistas em razão do julgamento.

FONTE: FOLHA DE S. PAULO

Risco de indulto para mensaleiros


Benefício de Natal poderia ir para pelo menos três réus do mensalão, avaliam procuradores

Vinicius Sassine

UM JULGAMENTO PARA A HISTÓRIA

BRASÍLIA - Integrantes do Ministério Público que tentam limitar o alcance do indulto - o perdão da pena a partir de uma decisão do presidente da República - temem que os próximos decretos presidenciais beneficiem réus do mensalão condenados à prisão. Um grupo de promotores de Justiça e procuradores da República propôs ao Ministério da Justiça a proibição para conceder indulto a condenados por corrupção, lavagem de dinheiro e crimes contra o sistema financeiro nacional, principais acusações debatidas na ação penal do mensalão em julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF). Réus presos por esses crimes podem ser indultados em casos de penas inferiores a 12 anos de reclusão. Os decretos preveem ainda reduções gradativas das penas, as chamadas comutações.

Diante das enormes chances de prisão a partir das condenações no STF, promotores e procuradores que integraram um grupo de trabalho constituído no Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) apontam chances reais de réus do mensalão serem beneficiados com o perdão presidencial.

O indulto é uma atribuição do Executivo. A cada fim de ano, o presidente publica um decreto em que garante o perdão ou a redução da pena, com base em critérios definidos pelo próprio governo. Primeiro, o Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária (CNPCP) - vinculado ao Ministério da Justiça - recebe sugestões em audiências públicas e elabora uma minuta do decreto. O documento, então, é encaminhado ao ministro da Justiça, que o remete à Casa Civil da Presidência. Ao fim do debate, o presidente publica o decreto em dezembro, em alusão ao Natal.

O decreto atual - o primeiro assinado pela presidente Dilma Rousseff e pelo ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo - permite que presos condenados a até oito anos de detenção sejam indultados, desde que tenham cumprido um terço da pena. Pessoas sentenciadas a penas entre oito e 12 anos também podem receber o benefício, caso o crime tenha sido praticado "sem grave ameaça ou violência". Há ainda possibilidades de perdão seguindo critério de idade ou a necessidade de tratamento médico.

Medida vem sendo flexibilizada

Os decretos presidenciais passaram a abarcar cada vez mais possibilidades de perdão de pena ao longo dos anos. Em 2002, o último ato do presidente Fernando Henrique Cardoso permitiu indulto a condenados a menos de seis anos de prisão e vetou o benefício a sentenciados por crimes contra o sistema financeiro. Já o primeiro decreto do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2003, permitiu o indulto no caso de crimes contra o sistema financeiro. O então ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, assinou o decreto junto com Lula. Hoje, Bastos é advogado do ex-diretor do Banco Rural José Roberto Salgado, já condenado pelo STF por gestão fraudulenta - um crime contra o sistema financeiro. Em 2010, o benefício foi estendido aos presos que cumpriram um terço de penas de até 12 anos.

Três casos analisados pelos procuradores, com base no decreto vigente e nos indicativos de pena já apontados no julgamento do mensalão, mostram como os réus podem se beneficiar.

Presidente nacional do PTB e delator do esquema de compra de votos no Congresso, Roberto Jefferson seria indultado automaticamente, em caso de condenação a pena privativa de liberdade. O atual decreto prevê perdão a presos que "exijam cuidados contínuos que não possam ser prestados no estabelecimento penal". O ex-deputado enfrenta um câncer no pâncreas. A pena do deputado federal João Paulo Cunha (PT-SP), condenado por corrupção passiva, peculato e lavagem de dinheiro, pode ser inferior a 12 anos, o que o habilitaria ao indulto.

É também o caso do ex-diretor de Marketing do Banco do Brasil Henrique Pizzolato, condenado pelos mesmos crimes. A dosimetria aplicada pelo ministro Cezar Peluso, que se aposentou em meio ao julgamento, indica uma pena de 12 anos e um mês de reclusão em regime fechado. Se o plenário reduzir minimamente essa pena, Pizzolato poderá ter perdão de dois terços do tempo.

O procurador da República no Rio Luiz Fernando Voss, que integrou um grupo de trabalho no CNMP responsável por fazer sugestões para o decreto presidencial, cita o caso do ex-banqueiro Salvatore Cacciola. Ele recebeu o indulto da Vara de Execuções Penais do Rio neste ano por ter mais de 60 anos e por ter cumprido um terço da pena de reclusão. Cacciola, protagonista do escândalo do Banco Marka, foi condenado a 13 anos de prisão por crimes contra o sistema financeiro nacional. A sentença está extinta.

- Os decretos sempre mudam para facilitar a concessão do indulto, para favorecer os apenados - diz Luiz Fernando.

O procurador regional da República Douglas Fischer, com atuação no Rio Grande do Sul, afirma haver "muitos casos de indultados condenados por corrupção". O Ministério da Justiça não tem dados estatísticos de indultos por tipo de crime.

- É possível que réus do mensalão sejam beneficiados por indulto. As chances são muito grandes, inclusive de progressão da pena - afirma Fischer, que auxiliou o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, com um estudo sobre a responsabilização de réus em casos de provas indiretas de participação no crime.

O procurador da República Daniel de Resende Salgado, com atuação no estado de Goiás, concorda com a "grande possibilidade" de os réus do mensalão cumprirem apenas uma parte da pena.

- A presidente da República assina compromissos internacionais de combate à corrupção e a crimes contra o sistema financeiro, mas passa um sinal contrário à sociedade quando indulta esses crimes - critica o procurador Daniel Salgado.

FONTE: O GLOBO

Mensalão vira tema de campanha nas capitais


Assunto só ficou fora da eleição municipal onde o PT não tem candidatos ou eles não são competitivos. Arma política do PSDB contra o PT em São Paulo, o escândalo do mensalão começa a dominar a pauta de outras campanhas eleitorais pelo país. Levantamento feito pelo Estado nas 26 capitais mostra que em pelo menos 13 delas o tema tem sido abordado. O mensalão só é ignorado em cidades nas quais o partido do ex-presidente Lula não tem candidato ou o nome do PT não se mostra competitivo, como Florianópolis, Palmas e Macapá. A participação de Lula em comícios de aliados também fez o tema emergir na última semana Em Salvador, o líder nas pesquisas, ACM Neto(DEM) passou a abordar o caso assim como Arthur Virgílio (PSDB, em Manaus e o tucano Aécio Neves em apoio a Marcio Lacerda (PSB), em Belo HOrizonte. Em Fortaleza, o candidato Elmano Freitas(PT) virou alvo por ter contratado como marqueteiro um dos réus do mensalão, o publicitário Duda Mendonça

Uso do mensalão como arma eleitoral se espalha por campanhas nas capitais

Série de condenações no Supremo Tribunal Federal atropela expectativa petista de deixar o tema em segundo plano nas disputas locais

A série de condenações no Supremo Tribunal Federal atropelou os planos do PT de manter o mensalão distante das eleições municipais. O tema já está presente em pelo menos metade das disputas das capitais e tende a se alastrar com o julgamento do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu às vésperas do 1.º turno, em 7 de outubro.

O embate que opõe petistas e aliados do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva aos partidos de oposição capitaneados pelo PSDB já apareceu, na TV ou em discursos públicos de campanha, em 13 capitais, segundo levantamento realizado pelo Estado. O mensalão só é ignorado em cidades nas quais o partido de Lula não tem candidato ou o nome do PT não se mostra competitivo.

A participação de Lula em comícios de aliados também faz o tema emergir. Apesar de o ex-presidente não ter tocado no assunto nos palanques pelos quais passou até agora, seus adversários aproveitam a visita do petista para utilizar o julgamento do Supremo como arma política.

Na semana passada, o mensalão apareceu pela primeira vez na campanha de Salvador. Líder nas pesquisas, ACM Neto (DEM), um dos principais nomes da oposição na CPI dos Correios, que investigou os repasses de dinheiro do valerioduto, passou a explorar o escândalo assim que Lula deixou a capital baiana.

Em entrevista a uma rádio, o neto de Antonio Carlos Magalhães disse que "todo mundo sabe" que Nelson Pelegrino é "amigo fraterno" do ex-tesoureiro do PT, Delúbio Soares, também réu no mensalão, e de Dirceu.

Com a posterior visita de Lula a Manaus para dar apoio à candidata do PC do B, Vanessa Grazziotin, o ex-senador Artur Virgílio (PSDB) afirmou que o ex-presidente deveria estar mais preocupado com o julgamento no Supremo do que com a eleição.

O mesmo aconteceu em Belo Horizonte. Após comício no fim de agosto em defesa da candidatura de Patrus Ananias (PT), o senador Aécio Neves (PSDB), que apoia a reeleição do prefeito Márcio Lacerda (PSB), aproveitou para usar o julgamento no Supremo tão logo o ex-presidente passou por lá. "O PT se apropria de empresas públicas, como está comprovado pelo STF", disse.

Mas é na capital paulista onde os ataques ao candidato do PT, Fernando Haddad, têm sido mais intensos. As críticas da campanha do tucano José Serra começaram de maneira indireta, chamando de "bilhete mensaleiro" a proposta do petista de criar o Bilhete Único Mensal, até culminar em um depoimento do próprio Serra na TV, no Dia da Independência, no qual o tucano afirma que o STF estava "mandando para a cadeia um jeito nefasto de fazer política".

A equipe de Serra escalou também o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso para abordar o tema em uma propaganda em apoio ao candidato. Na mais recente peça de propaganda, Serra sugere que a eleição de Haddad traria de volta à vida pública Delúbio e Dirceu. Os petistas tentaram em vão obter um direito de resposta sob o argumento de que a propaganda era "degradante".

A preocupação do PT e de Lula com a perda de controle sobre o tema mobilizou o PT, que ao lado de outros partidos da base aliada, decidiu divulgar uma nota na qual compara o uso do mensalão nas campanhas eleitorais a uma tentativa de "golpe".

A nota oficial foi articulada pelo próprio ex-presidente, receoso não só com as consequências eleitorais da investida dos partidos de oposição mas também com a preservação de seu legado.

Duda Mendonça. O assunto também está na ordem do dia em Fortaleza, Vitória e Goiânia. Na capital do Ceará, o candidato do PT, Elmano de Freitas, que está tecnicamente empatado em primeiro lugar com outros dois adversários, virou alvo por ter contratado como marqueteiro de sua campanha um dos réus do mensalão: o publicitário Duda Mendonça, acusado de evasão de divisas e lavagem de dinheiro.

Em Vitória, a ex-ministra Iriny Lopes (PT) trocou farpas em programas de rádio com o candidato do PSDB, Luiz Paulo. A propaganda do tucano fez um alerta para que o eleitor não votasse "em candidata do partido que está envolvido até o pescoço com mensalão". A petista se defendeu dizendo que quem discute o mensalão é o Supremo.

Já em Goiânia, imagens de Dirceu e Delúbio foram usadas pela campanha do candidato Jovair Arantes (PTB) para relacionar o adversário e candidato à reeleição Paulo Garcia (PT) aos réus do julgamento. Em João Pessoa, Recife e Porto Alegre o mensalão foi usado em debates pelos candidatos. Campanhas de Cuiabá, São Luís e Curitiba também exploraram o assunto.

FONTE O ESTADO DE S. PAULO

Triste realidade - Merval Pereira


O relator do mensalão, ministro do Supremo Tribunal Federal Joaquim Barbosa, fez uma análise crua de nosso sistema partidário em seu voto na última quinta-feira, que infelizmente não se refere apenas à época em que ocorreram os fatos que agora estão em julgamento.

Quase dez anos depois do primeiro governo Lula, a triste realidade é que continuamos a ter um quadro partidário fragilizado pela força exagerada do Poder Executivo. Se hoje já não existem "mensalões" como os de 2003 (espera-se), exacerbou-se o uso dos ministérios e cargos como moeda de troca na política, de maneira que se banalizou a participação partidária na montagem de um governo, característica da coalizão. Segundo o relator Joaquim Barbosa em seu voto, "são amplamente conhecidas as complexidades das políticas partidárias brasileiras, pouco afeita a compromissos das agremiações partidárias". Essa é uma das graves questões com que nos deparamos, a completa inexistência de um programa governamental que cimente a união de partidos em torno de objetivos comuns, ou até mesmo de metas pontuais, como seria o caso de um acordo com o Partido Verde para a implantação de uma política ambiental.

O que, no começo do primeiro governo Lula, resolveu-se com a simples e pura compra de apoio político, hoje, estourado o escândalo, resolve-se com cargos e nomeações.

No fundo, é a mesma coisa. "(...) Afirmar que o recebimento de dinheiro em espécie não influencia o voto (...) é, a meu ver, posicionar-se a léguas de distância da realidade política nacional", comentou o ministro Joaquim Barbosa.

Diante de fatos provados, o ministro Joaquim Barbosa concluiu que "os parlamentares utilizaram de seus cargos para solicitar vantagem indevida ao PT, e receberam".

O comentário do ex-deputado Paulo Rocha, um dos réus do mensalão, é bastante sintomático de uma maneira de ser político instituída no Brasil. Ele admite que houve empréstimos fraudulentos, que houve "repasses", mas alega que tudo foi feito para pagamentos de dívidas de campanha.

Neste julgamento do mensalão, já foi estabelecido um consenso entre os ministros: não importa a destinação do dinheiro, a corrupção aconteceu da mesma maneira. Nas palavras de Joaquim Barbosa: "(...) podem ter utilizado (o dinheiro) de qualquer maneira, em campanhas, em caixa dois, como para fins de enriquecer pessoalmente ou para distribuir mesada a parlamentares de seus partidos ou para atrair deputados de outros partidos para suas bancadas, conforme a CPI dos Correios, o que significa que o dinheiro foi solicitado e foi recebido".

Ou, mais cruamente, disse Barbosa, "os parlamentares funcionavam como mercadorias nesse caso". O próprio julgamento do mensalão, com a punição dos responsáveis por esse episódio degradante, pode ser um dos muitos passos que estão sendo dados na direção certa.

A Lei da Ficha Limpa, por exemplo, pode ser considerada um marco nessa caminhada, assim como a cassação de Demóstenes Torres. Não é por acaso que o Tribunal Superior Eleitoral está promovendo a campanha do "voto limpo" na televisão, como maneira de estimular o eleitor a fazer sua escolha com base em valores éticos que muitas vezes são preteridos em favor de um voto "pragmático", que pode ser a raiz de um Congresso que mercadeja sua função.

Imunidade está deixando de ser impunidade.

A corrida paulista

A disputa da Prefeitura de São Paulo não esgota tão cedo a capacidade de surpreender. O PMDB está tendo sinais de vida da candidatura de Gabriel Chalita, que ainda nutre a esperança de ser visto como uma novidade mais consistente e menos arriscada que Celso Russomanno do PRB.

Os dois candidatos que disputam o segundo lugar, José Serra do PSDB e Fernando Haddad do PT continuam vacilando em relação à gradação que devem dar ao combate a Russomanno, com receio de que sua eventual queda nas pesquisas possa beneficiar no primeiro momento o adversário.

Mas, a 15 dias da eleição, não há mais tempo para dúvidas: a guerra contra Russomano será aberta. Inclusive por parte de Chalita do PMDB.

FONTE: O GLOBO

Depois do vendaval - Dora Kramer


Para ter sucesso na política, é mais importante demonstrar força do que propriamente ter razão. Posto em outras palavras, é esse o raciocínio que parece conduzir o PT na travessia do período mais difícil de sua existência.

Aos ouvidos mais ponderados, a gritaria do partido e companhia soa despropositada e algo amalucada. Tanto quando acusa o Supremo Tribunal Federal de golpista quanto quando convoca partidos aliados para assinar nota em defesa da "honra" e da "dignidade" do ex-presidente Luiz Inácio da Silva, comparando o exame de um processo na Justiça a episódios da História que resultaram na instituição de uma ditadura no Brasil.

Mas o fato de terem perdido a calma e de invocarem o suicídio de Getúlio Vargas e a deposição de João Goulart para se fazer de vítimas não quer dizer que os petistas perderam o juízo. Deliram, mas com método e um objetivo preciso: salvar algum capital político para tocar a vida depois do vendaval do julgamento do mensalão. E para isso, mais importante que enfrentar com racionalidade o fato de que as condenações se avizinham com base na confissão de que o partido deu mesmo dinheiro para outras legendas e o fez mediante expedientes ilegais, é demonstrar capacidade de reação.

Lula não precisa de quem o defenda. É absoluto, popularíssimo, imbatível, o mais habilidoso, intuitivo e espetacular político já surgido na face da terra. Pelo menos assim reza a mítica. Ora, não seriam as assinaturas de presidentes de seis partidos em nota de protesto que lhe serviriam de muro de arrimo. Ainda mais tendo sido um deles (Carlos Lupi, do PDT) demitido do Ministério do Trabalho por suspeita de prevaricação, outro (Eduardo Campos, do PSB) acusado de "traidor" pelos petistas e um terceiro (Renato Rabelo, do PCdoB) pessoa boa, mas de expressão política, digamos, limitada.

Assinaram também os presidentes do PT, Rui Falcão, o do PMDB, Valdir Raupp, e o do PRB, Marcos Pereira. A influência do primeiro na ordem das coisas públicas é nenhuma. O segundo enfrenta contestação interna por ter posto o pé em ambiente onde o partido preferia não ser visto. E o terceiro vai levando do PT o sonho de ganhar a eleição em São Paulo.

Lula é maior que a tropa. Mas é com ela que conta. A outra parte do batalhão está também no banco dos réus, fora de combate e, pelo absoluto desinteresse do PT em defender seus aliados do PP, PTB e PR (antigo PL), está claro que lhes dispensa a companhia. Foram úteis para formar a maioria lá atrás, mas agora o destino dos valdemares, jacintos, pedros e genus pouco importa. Usaram, foram usados e que se virem porque daqui em diante são páginas viradas.

O PT cuida no momento de preparar o terreno para prosseguir. Daí a preocupação de preservar a imagem de Lula e de renovar as parcerias mostrando que não é pólvora molhada, não está isolado e pode, como fez logo depois do escândalo em 2005, dar a virada. Na política, já que na Justiça a batalha está perdida. Na ocasião, foi bem sucedido ao adotar como argumento de defesa a tese de que caixa dois é crime menor, porque "todo mundo faz". Não seria, assim, o pecador, mas uma vítima do sistema pecaminoso.

Como não quer, ou não pode, se penitenciar, resta ao PT dobrar a aposta e tentar de novo se fazer de mártir. Desta vez, das arbitrariedades de uma Justiça inconformada com o sucesso de um partido de massas. Justiça comprometida com o preconceito elitista e movida pelo escuso propósito de desmoralizar um projeto de raiz popular.

Pode dar certo? Depende de a sociedade compreender, ou não, que o Supremo está dizendo ao Brasil que as instituições são maiores e podem mais que qualquer um: homem, mulher, governo ou partido.

Nunca antes. Muito já se viu nesse Brasil, mas presidente da República responder a voto de ministro do Supremo, francamente, é a primeira vez.

FONTE: O ESTADO DE S. PAULO

Depois do julgamento - Tereza Cruvinel


Se há poucas dúvidas sobre o desfecho, muitas são as indagações sobre o pós-julgamento

Na medida em que o Supremo avança rumo ao desfecho que parece inexorável para o julgamento da Ação Penal 470 — a condenação a penas pesadas de todos os réus, exceto uns poucos coadjuvantes —, vão surgindo sinais de que a radicalização política, ao invés de arrefecer, vai se intensificar depois do julgamento. Não pode dar em boa coisa a combinação entre o escárnio exibido pela oposição e o rancor, por ora contido, da militância petista, afora a mágoa de outros feridos na batalha. Despontam também preocupações com as consequências jurídicas da flexibilização de provas e garantias que o STF vem praticando, abrindo caminho para uma anômala judicialização da política.

Com as indicações de um desfecho severo, cresce o júbilo de alguns segmentos com o andar da carruagem, num arco que vai dos partidos adversários (PSDB, DEM e PPS) ao anônimo cidadão indignado com a "roubalheira dos políticos", passando pelos meios de comunicação. Mas talvez seja o Ministério Público a instituição mais exultante com a dinâmica do julgamento, na expectativa de que ele trará mudanças positivas para o combate à corrupção, pondo fim à complacência do Judiciário. O presidente da Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR), Alexandre Camanho, é um legítimo tradutor dessa satisfação institucional. Diz ele:

"Acredito que este julgamento porá fim a 20 anos de indulgência do Judiciário para com a corrupção. A Justiça é mais lenta que a sociedade e leva um longo tempo para acolher o sentimental social sobre determinados assuntos. Estamos felizes porque, finalmente, o STF ouviu o Ministério Público em vez de brincar o jogo dos sete erros, como gostam de fazer os juízes."

Ele explica a comparação com o conhecido jogo de encontrar discrepâncias entre desenhos quase iguais. Apresentada uma denúncia, os juízes passavam a procurar falhas e erros formais, sempre secundários, para recusá-la. E há também, diz ele, o jogo da "catianga": na mesa de truco, um jogador sempre ganhava no grito dizendo essa palavra e puxando todas as cartas. Um outro o imitou, gritou um "catianga", mas foi atropelado por um berro: "Catianga real!". Blefou de novo e recolheu as cartas. Ou seja, sempre que o Ministério Público decifrava o jogo, os juízes mudavam a regra, mantendo a complacência. É compreensível a satisfação de procuradores dedicados a combater o ilícito, enfrentando uma Justiça paquidérmica e indiferente.

Receios com a nova ordem. Já não havendo dúvidas sobre a trilha do julgamento, preocupações com suas consequências reúnem políticos, juristas e intelectuais, embora ainda pese a inibição para externar críticas ao Supremo. O cientista político Wanderley Guilherme segue em voo quase solo, questionando a heterodoxia do julgamento. Em entrevista publicada na sexta-feira pelo jornal Valor econômico, ele garante: "Não haverá, nunca mais, outro igual, porque esse é um julgamento de exceção, que ignora o sistema eleitoral vigente e reage à democracia que criamos".

Os ministros, de fato, vêm revelando total desconhecimento (real ou proposital, sabe-se lá) sobre o funcionamento do sistema político, a dinâmica do Congresso e o processo legislativo, que guardam tão estreita relação com os delitos que estão sendo julgados. Não buscaram conhecer, ou, pelo menos, não explicitaram conhecimento a respeito do sistema eleitoral e do modelo de financiamento das campanhas. Parecem ignorar que o presidencialismo brasileiro exige a formação de coalizões, ainda que reunindo partidos ideologicamente opostos. Que, na Câmara, a maioria absoluta é de 257 votos. Tendo apenas 151, logo, um deficit de 106 votos, por que a coalizão governista comprou o apoio de apenas sete não petistas? A discussão dessas questões lançaria mais luz sobre a intrincada novela do mensalão, servindo, pelo menos, para separar do joio algum trigo.

Se há poucas dúvidas sobre o desfecho, muitas são as indagações sobre o pós-julgamento. Há receios com o impacto da nova jurisprudência que o STF está criando, contraditória inclusive com votos passados de seu decano, Celso de Mello, sobre as instâncias inferiores. Ela não abrirá caminho para a "justiça do inimigo", principalmente lá no interior, onde juízes são frequentemente alinhados com um grupo político local? A teoria do domínio do fato, que já se diz, permitirá a condenação de José Dirceu, não será usada para justificar perseguições? Daqui para a frente, os bancos delinquentes (e foram tantos os delitos do setor nos últimos 20 anos) serão julgados com a mesma severidade que o Banco Rural? Tratará o STF de demonstrar que não fez um julgamento de exceção, aplicando a outros processos os mesmos procedimentos usados na Ação Penal 470? Sobram indagações, mas, agora, poucos se preocupam com o que virá. Poucos se expressam temendo ser patrulhados como "defensores de mensaleiros". Um sinal de que a radicalização está mesmo no horizonte.

A marcha. A temperatura subiu na semana passada, com a ofensiva da oposição, a nota dos partidos governistas e a nota da presidente Dilma, corrigindo o voto do relator Joaquim Barbosa quanto a declarações suas. Vai atingir fervura com o julgamento de Delúbio, Genoino e Dirceu na semana eleitoral, a próxima.

Dispersão. O PSDB e o PT lideram as disputas, mas devem, ambos, conquistar menor número de prefeituras de capitais. As pesquisas sugerem aumento da dispersão do poder municipal entre um grande número de partidos. Pior para a reforma política, sem a qual o STF ainda julgará mais mensalões.

Disputa. Na briga por votos, a questão é: o que vale mais perante o eleitor, os indicadores de melhora na vida das famílias, trazidos pela Pnad, ou os intestinos do mensalão, com narração de Joaquim Barbosa?

FONTE: CORREIO BRAZILIENSE

Em Recife, Geraldo lidera e Daniel já ultrapassa Humberto


Daniel ultrapassa Humberto

Rodada realizada nos dias 20 e 21 revela troca de posições na segunda colocação. Geraldo Julio, do PSB, continua na liderança

Uma troca de posições na vice-liderança da corrida pela Prefeitura do Recife é a principal novidade registrada na nova rodada da pesquisa Jornal do Commercio/Instituto de Pesquisa Maurício de Nassau (JC/IPMN), realizada nos dias 20 e 21 deste mês, com 1.079 eleitores da capital pernambucana. O candidato do PSDB, Daniel Coelho, ultrapassou o seu concorrente do PT, Humberto Costa, e assumiu a segunda colocação, com 22% das intenções de voto, contra 16% obtidas pelo petista. Na amostragem anterior, publicada no dia 13 de setembro, Humberto tinha 22%, e Daniel vinha em terceiro, com 15%. A margem de erro da pesquisa é de três pontos percentuais para mais ou para menos.

A liderança da disputa permanece com o candidato do PSB, Geraldo Julio, que agora aparece com 38% das intenções de voto, um ponto percentual a menos que no levantamento anterior. Já o representante do DEM, Mendonça Filho, ganhou um ponto em relação ao dia 13 passado, e se mantém em quarto lugar com 6% das citações. O número de eleitores que pretendem votar em branco ou anular o voto ficou em 9%, e outros 8% dos entrevistados não souberam ou não quiseram responder sobre a sucessão.

De acordo com o cientista político Adriano Oliveira – professor da UFPE e um dos coordenadores da pesquisa – os novos números sugerem dois cenários distintos para o desfecho da eleição no Recife: ou a disputa seguirá para um segundo turno entre Geraldo Julio e Daniel Coelho, ou o candidato socialista liquidará a fatura logo no primeiro turno. Para isso, ele necessitaria galgar mais quatro a cinco pontos percentuais. “A ultrapassagem de Daniel sobre Humberto mostra um avanço do tucano sobre o eleitorado do PT, algo que não era tão previsível, já que os petistas têm um eleitorado razoavelmente cativo no Recife”, analisa. Oliveira, advertindo, porém, que não pode ser descartada uma recuperação de Humberto, que permita a sua ida ao segundo turno contra o socialista. Tudo dependerá das estratégias que o PT venha a adotar para confrontar o adversário tucano. “No momento, essa briga pela segunda colocação favorece uma vitória de Geraldo Julio no primeiro turno”, acrescenta o professor.

Espontânea

A pesquisa espontânea – na qual o eleitor é indagado sobre o candidato de sua preferência, sem receber o auxílio de uma lista de nomes – também foi registrada a inversão de papéis na segunda colocação. Humberto Costa, que aparecia na amostragem anterior com 20% das citações, agora tem 15%, caindo para terceiro, enquanto Daniel, que tinha 13%, subiu para 21%, assumindo a vice-liderança. Geraldo Julio recebeu os mesmos 36% de citações obtidos na amostragem anterior, e Mendonça Filho caiu de 6 para 5%. Declararam voto em branco ou nulo 10% dos entrevistados, enquanto 12% não souberam ou não quiseram opinar.

FONTE: JORNAL DO COMMERCIO (PE)

PT deve ficar fora do segundo turno em Porto Alegre


Desde a democratização, partido atingia patamar de 30% dos votos; pesquisas indicam que teto chega a 10%

Júnia Gama

PORTO ALEGRE - Enfraquecido na disputa pelas principais capitais nas eleições municipais deste ano, o PT pode ficar de fora de um segundo turno em Porto Alegre pela primeira vez desde a redemocratização do país. Apesar de petistas na cidade não admitirem, membros do comando do partido já trabalham com a hipótese, tendo em vista as últimas pesquisas de intenção de voto, que indicam que o PT não passa de 10%, longe do histórico piso de 30% que a legenda costumava ter no município. Além do cenário pouco promissor para o primeiro turno, há um racha em relação a quem será apoiado pelo partido no segundo turno.

Isso porque, antes de chegar à decisão de lançar o deputado estadual Adão Villaverde, as disputas internas desequilibraram o partido. O PT dividiu-se, e houve segmentos que defenderam, na falta de nomes de relevância, não lançar candidato próprio. Desta vertente surgiu uma subdivisão entre os que pretendiam apoiar o prefeito José Fortunati (PDT) e o grupo que queria uma aliança com Manuela D"Ávila (PCdoB). Vencida a hipótese, ao menos três nomes do PT brigaram pelo posto de candidato: além de Villaverde, o presidente do PT estadual, Raul Pont, e o presidente municipal do partido, Adeli Sell.

A ausência da presidente Dilma Rousseff na campanha gaúcha - considerada essencial pelos petistas - também preocupa, já que, além da força institucional do cargo, trata-se de seu domicílio eleitoral. Dilma decidiu manter distância da campanha para não melindrar os outros candidatos, que também são da base e reivindicam sua simpatia.

- A presidente Dilma nos apoia, não por causa da relação pessoal, mas porque tem um acordo político e programático conosco. Os outros candidatos estão usando a relação com ela para tergiversar - ataca Villaverde.

FONTE: O GLOBO

Derrotar Virgílio é questão pessoal para Lula, que entrou na campanha em Manaus


Ex-presidente ataca tucano, e Dilma pede votos para Vanessa

Fernanda Krakovics

BRASÍLIA Ao participar de comício na quarta-feira em Manaus, o ex-presidente Lula deixou claro o significado da disputa na capital amazonense. Mais importante que eleger a senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB) é derrotar Arthur Virgílio (PSDB), líder da oposição em seus governos. Vanessa cresceu dez pontos e empatou com o tucano, segundo a última pesquisa Ibope. Já Virgílio manteve 29% de intenção de votos.

Desde terça, a campanha do PCdoB exibe inserção de TV em que a presidente Dilma pede votos para a candidata.

- Vanessa, se você não fosse de partido aliado, se eu nunca tivesse te visto e soubesse que teu adversário é quem é, eu viria aqui te apoiar para derrotá-lo - disse Lula, no palanque.

Um dos principais rancores de Lula em relação a Virgílio é a derrubada da CPMF. Mas também houve o episódio em que, no Senado, em 2005, o líder do PSDB ameaçou dar uma "surra" em Lula.

Em 2010, Lula se empenhou para derrotar Virgílio, que tentava se reeleger para o Senado e perdeu para Vanessa.

Virgílio tentou desqualificar a pesquisa do Ibope e minimizar a participação de Lula e Dilma na campanha:

- A fala (de Lula) foi extremamente grosseira e o excesso de amparo a Vanessa não fica bem.

No comício, Lula disse que Virgílio "não gosta do cheiro de pobre", que é agressivo e já bateu em camelô.

FONTE: O GLOBO

PT corre o risco de encolher


Partido, que hoje tem sete capitais, é favorito em apenas três. Ao priorizar a disputa em São Paulo, sigla cedeu terreno a adversários. DEM vê a chance de se recuperar após perder integrantes para o PSD

Karla correia

Mesmo no comando do governo federal, contando com a alta popularidade da presidente Dilma Rousseff e com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva como cabo eleitoral nos palanques prioritários da legenda, o PT vislumbra uma forte possibilidade de encolher nas eleições para prefeito nas capitais, no quadro que se desenha na reta final do primeiro turno. O partido que hoje comanda sete prefeituras está na dianteira das pesquisas de intenção de votos em apenas três: Goiânia, Rio Branco e João Pessoa. E corre o risco de ficar fora do segundo turno em São Paulo, a disputa escolhida como prioridade da sigla.

Aos pesadelos do PT, soma-se o fato de que o partido que está na frente em um maior número de capitais é o PSDB, força política que tradicionalmente polariza as disputas com os petistas. Candidatos tucanos têm dominado os pleitos em cinco capitais, inclusive Vitória, hoje governada pelo PT. "Ainda é muito cedo para cravar que o PT está diminuindo nessas cidades", minimiza o secretário de Organização do partido, Paulo Frateschi.

Na avaliação de Frateschi, a situação da legenda na campanha repete um comportamento já tradicional da sigla em disputas eleitorais. "Somos um partido de chegada, estamos acostumados a virar disputas nos últimos 10 dias da corrida", afirma o secretário, reconhecendo que a militância demorou a ir para as ruas reforçar as candidaturas petistas.

Um sintoma da desmobilização se fez sentir em São Paulo, onde Lula chegou a dizer no palanque do petista Fernando Haddad estar sentindo falta de militantes entregando panfletos e agitando bandeiras. "Não podemos pensar que a televisão vai resolver tudo", disse Lula. "Ele entrou na hora certa. Um chamado desse é suficiente para o partido entrar em campo", acredita o secretário do PT.

A reação dos oposicionistas, no entanto, não se restringe ao PSDB. Depois de perder quadros e tempo de televisão com a criação do PSD e ter seu ocaso decretado por analistas políticos, o DEM ressurge com chance de eleger três prefeitos de capitais, um deles já no primeiro turno: João Alves, em Aracaju. "Mais do que o cansaço de material de partidos como o PT, nós estamos apostando na qualidade dos nossos quadros. Quem ficou no DEM depois da sangria causada pelo PSD foi a essência do partido, os nomes mais tradicionais", diz o presidente da sigla, José Agripino Maia. "Reconheço que vivemos um ano pesado, mas soubemos nos recompor e, em certa medida, ganhar com o que parecia ser uma perda", avalia Agripino, que cita como principal exemplo o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (PSD). "Ele saiu do partido e foi apoiar o José Serra (PSDB) como se fosse o grande cabo eleitoral da disputa. Agora, está sendo escondido pela campanha", desdenhou o democrata.

Aliados. Outro problema que o PT enfrentará é o avanço de legendas aliadas na esfera federal. O PSB, que rompeu aliança com o partido em três capitais, apresentando candidaturas próprias, tem nomes considerados competitivos em ao menos seis. O provável crescimento da sigla preocupa o governo federal e a cúpula petista por representar a consolidação do governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), como liderança política nacional, com poder para influenciar a construção da chapa governista em 2014 ou lançar candidatura própria à Presidência.

O PDT aparece com três candidatos em primeiro lugar nas pesquisas — o mesmo número que hoje apresentam PT e PMDB. O resultado desse avanço poderá influenciar uma redistribuição de forças na Esplanada, ao fim das eleições. "O número de capitais é importante, mas a força do partido no interior não pode ser desconsiderada", diz o presidente do PMDB, Valdir Raupp, apostando que o partido irá se manter no topo do ranking das legendas e somar mais de mil prefeituras neste ano. "Continuaremos sendo a principal força da base aliada nos municípios", afirma Raupp.

FONTE: CORREIO BRAZILIENSE

Ex-algoz do PT agora sofre na eleição de Curitiba


No mês passado, a campanha à reeleição de Luciano Ducci (PSB) distribuiu panfletos que associavam Fruet ao episódio do mensalão

Um dos relatores da CPI dos Correios, que investigou o mensalão em 2005, o candidato do PDT à Prefeitura de Curitiba, Gustavo Fruet, recebeu o apoio do PT nestas eleições municipais e virou alvo de críticas de adversários.

No mês passado, a campanha à reeleição de Luciano Ducci (PSB) distribuiu panfletos que associavam Fruet ao episódio do mensalão, em julgamento pelo Supremo Tribunal Federal desde agosto. O folheto apontava que o homem que "queria ver Lula e petistas na cadeia" virou "aliado dos amigos de José Dirceu", e exibia uma imagem do candidato ao lado de fotos de Dirceu, Marcos Valério, Delúbio Soares, José Genoino e outros réus do processo. A coligação do candidato pedetista entrou na Justiça Eleitoral e conseguiu a retirada dos panfletos de circulação.

Dias depois, um novo panfleto - produzido também pela coligação do atual prefeito - começou a circular pela capital paranaense: "Gustavo Fruet mudou de lado. Ele agora está com o PT".

Na última pesquisa Ibope, divulgada dia 14, Fruet aparece em terceiro lugar na disputa municipal, com 16% das intenções de voto. Ducci, o atual prefeito da cidade, lidera a disputa, com um ponto de vantagem sobre o candidato do PSC, Ratinho Júnior (31% ante 30%).

FONTE: O ESTADO DE S. PAULO

Popularidade de Dilma não transfere votos


Presença da presidente na TV não beneficiou candidatos que apoia; especialistas descartam influência

Sérgio Roxo

SÃO PAULO Apesar de aprovada por 75% da população, segundo pesquisa da Confederação Nacional do Transporte (CNT), divulgada em agosto, a presidente Dilma Rousseff não tem se mostrado, pelo menos por enquanto, uma cabo eleitoral eficiente nas eleições deste ano. A sua presença no horário eleitoral trouxe pouco resultado para os candidatos em pesquisas de intenção de voto.

Dilma estreou na televisão nestas eleições no dia 10, nas campanhas dos petistas Fernando Haddad, em São Paulo, e Patrus Ananias, em Belo Horizonte. A pesquisa do Datafolha sobre a disputa pela prefeitura paulistana realizada no próprio dia 10 (antes da participação da presidente, que só ocorreu no programa da noite) e no dia 11, mostrava Haddad com 17% de intenção de voto, empatado tecnicamente, em segundo, com o tucano José Serra, que tinha 20%.

Depois do depoimento no programa do dia 10, a ajuda de Dilma para o candidato do PT em São Paulo foi concentrada nos spots (inserções realizadas durante a programação regular das emissoras), que, na avaliação dos marqueteiros políticos, é mais eficiente. Mas o levantamento do Datafolha, feito nos dias 18 e 19, mostrou que a estratégia não deu resultado. Haddad apresentou oscilação negativa de dois pontos percentuais nessa pesquisa e viu Serra subir para 21%, isolando-se em segundo lugar.

Em Belo Horizonte, a última pesquisa divulgada também indicou que o impacto da ajuda de Dilma não foi significativo. Patrus, que tinha 25% no levantamento do Vox Populi realizado entre 25 e 27 de agosto, aparece, na pesquisa feita entre 14 e 16 de setembro, com 28%. A elevação é só meio ponto superior à margem de erro da pesquisa, de 2,5 pontos, e ainda insuficiente para impedir que o prefeito Márcio Lacerda (PSB) vença a eleição no primeiro turno.

Eleição de prefeito é imune à gestão federal

Para especialistas, os números das pesquisas confirmam a tese de que não há influência de políticos nas eleições de outras esferas de poder.

- Não há transferência de voto para cargo diferente. Um presidente popular elege um presidente, mas não um prefeito - diz o cientista político Alberto Carlos Almeida, autor do livro "A cabeça do eleitor".

Para o cientista político Cláudio Couto, professor da Fundação Getúlio Vargas, a forma como o ex-presidente Lula conseguiu eleger Dilma, que nunca havia disputado uma eleição, fez com que os petistas tivessem esperança de que a tese da não transferência de popularidade caísse por terra nestas eleições.

- A própria participação intensa do Lula na campanha do Haddad endossa que a eleição do prefeito não tem relação com a gestão federal. O eleitor distingue as coisas - analisa o professor.

- O eleitor não fica esperando a Dilma indicar o candidato para decidir em que vai votar - conclui Almeida.

Coordenador da campanha de Haddad, Antonio Donato reconhece que a ajuda de Dilma não é decisiva para o sucesso do candidato.

- Quem se elege é o candidato, e não as pessoas que o apoiam - afirma.

Donato ressalta, porém, que a campanha petista em São Paulo ainda será beneficiada:

- Nunca imaginamos que a entrada da presidenta Dilma teria um efeito imediato. Mas, com certeza, ela ajuda construir a imagem do nosso candidato, que é desconhecido. O resultado vai aparecer lá na frente.

Presença na campanha de aliados

A campanha de Patrus entende que a participação da presidente, que nasceu em Belo Horizonte, tem sido positiva, apesar de a última pesquisa ainda indicar vitória de Lacerda no primeiro turno. A prova seria a reação da campanha adversária, que ameaçou levar ao ar uma gravação antiga de Dilma elogiando Lacerda.

Dilma já apareceu em programas de, pelo menos, mais três candidatos, dois de outros partidos. A direção do PT disse não estar controlando a participação nas campanhas. O Palácio do Planalto informou também não ter o levantamento das gravações feitas pela presidente.

Desde o dia 14, Dilma tem aparecido nos spots de Eduardo Paes (PMDB). O impacto da participação, porém, não pode ser medido porque não foram divulgadas novas pesquisas. Em Manaus, ela apareceu no programa de Vanessa Grazziotin (PCdoB), na última segunda-feira. No mesmo dia, estreou na propaganda de Nelson Pelegrino (PT) em Salvador.

FONTE: O GLOBO

Depois das eleições, PT e presidente terão que administrar eventuais crises com a base aliada


Relação tende a se complicar também com PMDB, que prevê eleger menos 10% de prefeitos do que em 2008

Paulo Celso Pereira

BRASÍLIA - Depois do mensalão e do resultado das eleições nas capitais, até agora aquém das expectativas, o PT e a presidente Dilma Rousseff terão que administrar uma conturbada relação com sua base aliada. Após a crise com o PSB causada pelos rachas em Belo Horizonte, Recife e Fortaleza, o PT deve chegar ao fim do primeiro turno enfrentando uma convivência complicada também com seu maior aliado no Congresso, o PMDB. A dificuldade nos grandes centros levou Dilma e o ex-presidente Lula a gravarem na TV para candidatos petistas e aliados em cidades-chave.

Alguns exemplos são Salvador e Mossoró, segunda maior cidade do Rio Grande do Norte e terra do líder do PMDB na Câmara e candidato à presidência da Casa, Henrique Eduardo Alves. Lá, a candidata do PSB, com apoio do PT, começou a veicular na TV um depoimento de apoio da presidente. O líder do partido ficou irritadíssimo.

Na última terça-feira, um grupo de caciques peemedebistas jantou em Brasília. Entre eles, estavam o líder do partido no Senado, Renan Calheiros (AL), o presidente do partido, Valdir Raupp (RO), o ministro Moreira Franco, os irmãos Geddel e Lúcio Vieira Lima (BA), o ex-ministro Eliseu Padilha e o senador Vital do Rêgo (PB). A reunião foi marcada pelas reclamações devido à ação do PT nas eleições. A avaliação geral entre peemedebistas é que, dificilmente, o partido conseguirá chegar a um número próximo ao de 2008, quando elegeu cerca de 1.200 prefeitos. A expectativa é que haja uma redução de cerca de 10%. Nada que tire do partido o posto de sigla com mais prefeitos do país, mas, ainda assim, uma redução sensível.

Isso representaria uma redução automática das bases eleitorais dos deputados da legenda. Afinal, como os prefeitos e vereadores são os grandes cabos eleitorais dos deputados nas eleições gerais, a perda de apoio nas bases significa que eles precisarão buscar votos de outra forma - valendo-se, por exemplo, de emendas parlamentares e ocupação de cargos públicos.

- A política não segue o calendário gregoriano. Para todo mundo, depois de 2012, vem 2013. Na política, depois de 2012, vem 2014. Aquela preocupação de que as eleições poderiam contaminar a relação está ocorrendo, especialmente pela entrada de Dilma, porque ela chefia um governo de coalizão. É diferente do Lula, que hoje é só um militante partidário. E o pior é que estão fazendo chantagem com o povo. Ela entra na TV dizendo que, se querem creche, têm que votar no candidato da Dilma - afirmou um parlamentar peemedebista que participou do jantar na terça-feira e pediu para não ser identificado.

Os peemedebistas dizem reservadamente que a tendência é que a relação com Dilma fique mais tensa. Uma frase de Renan definiu as intenções pós-eleitorais dos peemedebistas.

- A gente tem que ser como a PragMarta: saber apoiar o governo, mas ter resultado com esse apoio - afirmou o senador, referindo-se à nova ministra da Cultura, Marta Suplicy.

Trata-se de uma versão mais objetiva do discurso que vem sendo adotado pelo PSB. Os socialistas vêm afirmando que a perspectiva de expansão do número de prefeitos, especialmente nas capitais, obrigará o governo a rever o tratamento dado ao partido. Os integrantes do PSB esperam que o governo passe a considerá-los o principal aliado. O PMDB, que hoje ocupa essa posição, também acha que tem muito pouco e espera expandir seus espaços. O líder do PT, Jilmar Tatto, minimiza a possibilidade de crise:

- Não vão ficar sequelas. Diferentemente de uma avaliação anterior, as relações estão boas. O PT atrai em função da sua força popular e social - diz Tatto, que acredita que a relação seguirá firme enquanto o governo estiver bem avaliado.

FONTE: O GLOBO

Em BH, clima de reta final


Lacerda e Patrus reúnem grande número de militantes em praças de BH, num sinal de que a campanha deve ficar mais acirrada nos próximos dias


Paula Takahashi


Lacerda fez caminhada da Praça da Liberdade à Praça da Savassi

Com o mote de entrada da primavera, o candidato à reeleição, prefeito Marcio Lacerda (PSB), realizou caminhada na manhã de ontem acompanhado por cerca de 1,5 mil apoiadores embalados por bateria de escola de samba, mestre sala e porta-bandeira. O candidato a vice, Délio Malheiros (PV), não participou da marcha, pois cumpria agenda de campanha no Vale do Jequitinhonha. A pé, Lacerda percorreu o trajeto que partiu da Praça da Liberdade e foi encerrado no encontro das avenidas Cristóvão Colombo e Getúlio Vargas, na Praça da Savassi. Durante todo o percurso ele segurou a faixa com os dizeres: "Marcio com as mulheres de BH."

Na Praça da Savassi, o prefeito falou sobre o plano de governo lançado na sexta-feira. "É um plano consistente com mais de 200 páginas que está disponível para acesso da população no nosso site", anunciou. Questionado sobre a prioridade que será dada à mobilidade urbana, Lacerda reforçou que o maior volume de investimentos na próxima gestão será destinado a área. "A mobilidade é o grande desafio que temos para as gestões seguintes. Os nossos maiores investimentos no segundo mandato serão na mobilidade", garantiu, sem detalhar os projetos previstos para o setor.

Quanto à origem dos recursos que serão utilizados para bancar os R$ 6 bilhões previstos no programa de governo, ele reafirmou que um terço virá da própria prefeitura. "O restante são financiamentos e repasses", disse. "A maioria desses financiamentos já está negociada, assinada ou em fase final de negociação. Ou seja, precisaremos de um adicional que representa uma parte menor do total", acrescentou. Ele garantiu ainda que, no caso de ser reeleito, detalhará, ainda este ano, como os 12 capítulos que correspondem às 12 áreas priorizadas no plano de governo, serão executados nos próximos quatro anos.

Sobre novas obras de revitalização da cidade, como a realizada na Praça da Savassi, ele garantiu que são importantes para tornar mais acolhedores os pontos tradicionais de BH. "É preciso limitar o espaço para os automóveis e deixar uma área mais agradável para as pessoas. Garantir espaço para o pedestre, bicicleta e para a convivência", afirmou.

Ao ser questionado sobre a possibilidade de restrição do espaço público, o prefeito rebateu. "Existe alguma restrição de uso da Praça da Savassi? Apenas se alguém quiser fazer um evento para milhares de pessoas, com som e ingressos. Aí sim precisa de ter licenciamento, mas o dia a dia aqui é absolutamente livre", afirmou. Ele finalizou a marcha dando a volta nos quatro cantos da Praça da Savassi e seguiu para outros compromissos de campanha.

FONTE: ESTADO DE MINAS

Serra e Haddad partem para o vale-tudo por vaga no 2º turno


Confronto em SP busca votos de antipetistas e de eleitores tradicionais

Thiago Herdy

SÃO PAULO - Com a liderança de Celso Russomanno (PRB) inabalada a duas semanas das eleições, José Serra (PSDB) e Fernando Haddad (PT) partiram para a canelada e iniciaram o vale-tudo pela outra vaga no segundo turno da disputa pela prefeitura de São Paulo.

O clima esquenta com Serra buscando garantir o voto antiPT na cidade, público que os petistas estimam em torno de 30% do eleitorado. Haddad corre atrás do eleitorado tradicional do partido, cerca de um terço dos eleitores.

O discurso da coordenação das duas campanhas é afinado quando o tema é Russomanno, dono de 35% dos votos, segundo o último levantamento do Datafolha: insistem que alguém precisará bater no primeiro colocado nas pesquisas para conseguir ir ao segundo turno. A análise leva em conta os votos roubados pelo político do PRB de tradicionais redutos do PT e do PSDB. Mas, enquanto nenhum dos lados levanta a espada contra Russomanno, os golpes certos dos próximos dias serão contra o adversário de sempre.

Munição petista contra Serra guardada para o fim da campanha está pronta para vir à tona. Os temas preferidos da coordenação de Haddad envolvem Paulo Preto, ex-diretor da Empresa de Desenvolvimento Rodoviário S.A do Estado de São Paulo (Dersa) e apontado por petistas como arrecadador informal da campanha de Serra à presidência em 2010; e o caso de Hussein Aref, ex-diretor do Departamento de Aprovação das Edificações de São Paulo suspeito de enriquecimento ilícito.

Aref foi nomeado na gestão de Serra na prefeitura e deixou a administração do prefeito Gilberto Kassab (PSD) neste ano.

- São muitos os temas para colocarmos na mesa. O que segura o Serra é uma âncora chamada Kassab. Vamos mostrar que o projeto político Serra-Kassab é um só - afirma um dos coordenadores petistas, citando o índice de rejeição do atual prefeito, de 44% dos eleitores, de acordo com o Datafolha.

FONTE: O GLOBO

Crescimento de tucano dá novo fôlego à campanha


Petista diz que mensalão não influencia eleitores do partido

SÃO PAULO - Os 21% de intenção de voto creditados a Serra contra 15% de Haddad, na última pesquisa Datafolha, deram ânimo extra à campanha do tucano. Desde a última semana, Serra centra ataques no petista, vinculando no rádio e na TV peças com menções ao julgamento do mensalão, aos problemas enfrentados pelo ex-ministro da Educação na condução do Enem e à sua passagem pela Secretaria de Finanças do governo de Marta Suplicy, para dizer que ele não é tão novo como apregoa a campanha petista.

Quando Serra chamou de "bilhete mensaleiro" a proposta de bilhete único para o transporte, que consta do programa de governo de Haddad, o petista respondeu de forma imediata e direta pelo rádio, acusando o adversário de agir de má-fé. O mesmo não acontecerá em relação às críticas sobre a condenação de petistas pelo STF no mensalão.

- Vamos responder tratando do comportamento ético do adversário, mas sem mencionar este episódio. Isso não tem atingido o nosso eleitor. Temos um foco, que é trazer o eleitor do PT de volta - afirma um coordenador petista.

Do lado dos tucanos a avaliação é outra:

- A superexposição do mensalão na mídia está forçando a sociedade a uma reflexão profunda do ponto de vista ético e moral. Os gurus políticos do Haddad estão sendo condenados pelo Supremo. Nossa estratégia (de confronto com Haddad) será mantida - garante um dos coordenadores do PSDB.

Os dois lados despistam a guerra declarada, alegando que não se trata de ataque, mas de prestação de serviço de utilidade pública ao paulistano. Correm atrás de outra unanimidade que domina o sentimento do eleitor paulistano hoje: a necessidade de mudança.

FONTE: O GLOBO

Marina adia planos para novo partido e preocupa aliados


Temor é o de que não haja tempo suficiente para legalizar a sigla com vistas às eleições de 2014

Gustavo Uribe

SÃO PAULO - Com um capital eleitoral de 20 milhões de votos, conquistados na eleição presidencial de 2010, a ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva pretende deixar para 2013 a discussão sobre a criação de um novo partido, o que tem causado preocupação entre seus aliados. Em conversas com parlamentares, ela, que deixou o PV no ano passado, disse que vai aguardar o fim destas eleições para avaliar melhor a questão. Essa demora tem levado aliados a temer o risco de a legenda não ser criada a tempo de concorrer em 2014.

Nas últimas semanas, deputados e senadores de PV, PT, PDT, PSOL, PSDB e PPS procuraram aliados de Marina para ajudar na fundação da sigla. Para concorrer, o novo partido precisa reunir, no mínimo, 482 mil assinaturas de apoio e ter seu pedido deferido pela Justiça Eleitoral até outubro de 2013. O PSD, criado pelo prefeito Gilberto Kassab, levou oito meses para cumprir os requisitos exigidos pela legislação eleitoral.

No ano passado, uma ala do PPS ofereceu a Marina a estrutura do partido para lançá-la à sucessão presidencial. Ela tem dito, porém, que só voltará à vida partidária se for numa sigla nova.

- Ainda não está clara a natureza desse partido e ainda não está clara a disposição da Marina Silva em criá-lo. Essa discussão vai se colocar depois das eleições municipais, porque, antes, está todo mundo focado no processo eleitoral - disse o deputado federal Alfredo Sirkis (PV-RJ).

Se não for possível criar a tempo uma nova legenda, aliados de Marina admitem duas alternativas: o Partido Ecológico Nacional (PEN), fundado este ano, e o Partido do Meio Ambiente (PMA), que já recolhe assinaturas. O presidente nacional do PMA, Jurandir Silvério, diz que a sigla já reuniu 128 mil assinaturas certificadas e espera conseguir as 354 mil restantes até abril. O dirigente da futura legenda relata que membros da sigla tem conversado com aliados de Marina e diz que a estrutura do partido está à disposição, caso ela queira disputar a sucessão presidencial em 2014.

- Há integrantes do nosso partido que têm conversado com aliados da ex-ministra e já fizeram o convite. O partido não só teria a Marina Silva como candidata, como modificaria a estrutura dos nossos diretórios para agregar os seus aliados. Cederíamos espaços na hierarquia da sigla - disse Silvério.

Há um mês, em encontro com os deputados federais Alessandro Molon (PT-RJ) e José Antônio Reguffe (PDT-DF), Marina disse que gostaria de contar com os parlamentares em sua nova empreitada. Na conversa, afirmou que a nova sigla, que poderia ser lançada em 2013, seria proveniente do movimento suprapartidário lançado por ela em 2011. Ela já conversou também com a vereadora Heloísa Helena (PSOL-AL) e o deputado federal Walter Feldman (PSDB-SP).

Ao GLOBO, Marina afirmou que, neste momento, pretende discutir apenas o seu movimento suprapartidário e reconheceu que há pessoas, que integram a iniciativa, defensoras da criação de uma nova legenda.

- É precipitado pensar em fazer um partido político com a lógica puramente eleitoral. Estou discutindo um movimento suprapartidário. O movimento é democrático. Uma parte, se quiser fazer o partido, pode fazê-lo, mas não será o movimento - disse Marina

FONTE: O GLOBO

Reeleições 'ad infinitum'? - Sergio Fausto


Cresce na América do Sul uma onda de supressão dos limites constitucionais a reeleições sucessivas. Essa onda é impulsionada pela ideia-força de que presidentes-redentores precisam permanecer no poder até que a sua missão esteja concluída. A defesa de reeleições sucessivas faz parte de uma narrativa épica e maniqueísta que opõe elites antinacionais a forças populares e nacionalistas.

Hugo Chávez, da Venezuela, tenta reeleger-se pela terceira vez em outubro próximo, depois de quase 14 anos no poder. Em 2009, contrariando resultado de referendo popular, arrancou a reeleição sem limites do Congresso. Em julho último, Rafael Correa confirmou que buscará um terceiro mandato nas eleições presidenciais do próximo ano. A Constituição do Equador permite apenas uma reeleição, mas Correa alega que seu primeiro mandato foi obtido sob a vigência da Constituição anterior. Se reeleito, terá assegurado dez anos de permanência no poder. Evo Morales, da Bolívia, vale-se do mesmo argumento para justificar a possibilidade de disputar um terceiro mandato nas eleições de 2015. Se reeleito, terminará seu terceiro mandato em 2020, 15 anos após a sua primeira vitória eleitoral.

A essa onda de supressão de limites a reeleições sucessivas se junta agora Cristina Kirchner. As próximas eleições presidenciais na Argentina só ocorrerão em outubro de 2015. Antes, porém, a presidente precisa mudar a Constituição para ter direito a disputar um terceiro mandato. Caso ela consiga seu intento de mudar a Constituição e se reeleja mais uma vez, a permanência dos Kirchners na Casa Rosada se estenderá por 16 anos, se contarmos o mandato de seu antecessor e marido, o falecido Néstor Kirchner.

O "reeleicionismo" de Cristina Kirchner vem acompanhado da ascensão de La Cámpora, organização de jovens dirigentes e militantes políticos que invoca o legado da antiga Juventude Peronista (JP). A JP foi a ala radicalizada do peronismo que se integrou parcialmente às organizações armadas de esquerda entre o final dos anos 1960 e o início dos anos 1970, e terminou massacrada pela extrema direita e pelos militares durante a ditadura argentina. Há sincero fervor ideológico entre seus militantes. Eles se veem como protagonistas de uma história épica, como fica claro neste trecho extraído do site da organização. "Debemos considerarnos privilegiados por la Historia: hoy tenemos que dar la batalla ideológica de todos los tiempos: un país para pocos o un país para todos. Tenemos la oportunidad de continuar la pelea histórica por la redistribución del ingreso y la justicia social". La Cámpora introduziu uma narrativa ideológica e mística que faltava ao kirchnerismo. A luta pela (re)reeleição de Cristina é um desdobramento lógico dessa visão da História argentina.

Claro que La Cámpora é diferente dos Batallones Revolucionarios de Hugo Chávez, assim como o "cristinismo" é distinto do "chavismo" e este do nacionalismo indigenista de Evo Morales. Existe, no entanto, um traço comum a esses líderes, partidos, movimentos e seus adeptos que nos permite agrupá-los numa mesma "família política", a despeito de diferenças importantes entre eles. A partir de uma leitura maniqueísta da História, todos se creem incumbidos da missão autoatribuída de redimir seus países de mazelas seculares. Se não eles, ora, quem mais teria virtude e vontade suficientes para fazê-lo?

No desempenho dessa missão, o líder ocupa um lugar único. A missão entrega-lhe uma legitimidade especial, acima das instituições democráticas. E ele ou ela se entrega à missão com suas qualidades supostamente excepcionais. A Venezuela é o caso extremo, mas não singular, de fusão entre líder e missão histórica. Nos demais países referidos, são cada vez mais fortes tendências na mesma direção. Nesse contexto, não surpreenderiam novas extensões - ao infinito, quem sabe - do direito à reeleição, como fez Hugo Chávez. Se a superação de mazelas seculares requer tempo e poderes excepcionais ao líder, por que não remover ou enfraquecer restrições à permanência e ao exercício do poder dos presidentes-redentores? Se a missão assim o requer, se a correlação de forças assim o permite, por que render-se ao "fetichismo institucional", como recém-escreveu Ernesto Laclau, o pai intelectual do kirchnerismo?

Esses processos não têm produzido ditaduras. Afinal, continuam a se realizar eleições periódicas e formalmente livres e o confronto de ideias permanece aberto. Mas implicam a coação judicial à oposição e à imprensa, o uso político e arbitrário dos instrumentos de fiscalização e repressão do Estado, o envenenamento da atmosfera política pela estigmatização dos adversários como "inimigos do povo e da nação". As maiores vítimas são práticas, instituições e culturas políticas democráticas, destruídas onde existiam e sufocadas onde poderiam germinar.

O Brasil, felizmente, está fora dessa onda (assim como o Chile, o Uruguai, o Peru e a Colômbia). Uma das razões dessa diferença está na ausência de bases políticas e culturais para articulação de uma narrativa política épica de permanente enfrentamento entre dois blocos políticos opostos. O "nunca antes na História deste país" de Lula veio sempre temperado pelo molho da conciliação e diluído pela peculiar lógica da metamorfose ambulante.

Articulou-se, isso sim, uma narrativa em torno do "golpe das elites" para uso em momentos "oportunos". Ela é retomada agora, quando parece certa a condenação de próceres do PT pelo Supremo Tribunal Federal. Com as candidaturas do partido claudicando nas principais capitais e uma até aqui mal explicada "denúncia" de Marcos Valério à revista Veja, PT e aliados emitiram sexta-feira uma nota acusando as oposições de "golpismo" e comparando a conjuntura atual à que precedeu o suicídio de Getúlio Vargas.

Mas essa não é uma narrativa épica e maniqueísta. É apenas grosseiramente falsa, embora não deixe de ser perigosamente antidemocrática.

Diretor executivo do iFHC; é membro do GACINT-USP

FONTE: O ESTADO DE S. PAULO