sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

OPINIÃO DO DIA – Antonio Gramsci: otimismo e pessimismo

Meu estado de espírito sintetiza estes dois sentimentos e os supera: sou pessimista com a inteligência, mas otimista com a vontade. Em cada circunstância, penso na hipótese pior, para pôr em movimento todas as reservas de vontade e ser capaz de abater o obstáculo. 

Antonio Gramsci

Manchetes de alguns dos principais jornais do país

O GLOBO
Governo reduzirá custo de todas as empresas
Itamaraty agora promete fim de segredo
UFRJ teve nota de corte mais alta
Dos banquetes às quentinhas

FOLHA DE S. PAULO
SP tem 661 mil pedidos médicos na fila de espera
Haddad dá cargos a sete afilhados políticos de Maluf
Após evangélicos, associação gay quer passaporte especial
Governo pretende fazer 4 leilões de energia neste ano
Reféns morrem em ação do Exército da Argélia

O ESTADO DE S. PAULO
Petrobrás terá de elevar investimentos após revisão da ANP
Dilma vai ao Nordeste recuperar apoio político
Mantega pede e tarifa de metrô sobe só a partir de abril
Lançamento de satélite em parceria com a China é adiado
Médico denuncia falta de material em cirurgia

VALOR ECONÔMICO
Novas concessões de rodovias têm disputa acirrada
BNDES pode se tornar sócio da CSN
Sigilo nas Ilhas Cayman perto do fim
Apesar das críticas, Dilma vai manter Mantega no governo

BRASIL ECONÔMICO
De 28 projetos de hidrelétricas no país, 20 estão atrasados ou parados
Insegurança trava os investimentos em infraestrutura
Barack Obama sobe o tom no início do segundo mandato

CORREIO BRAZILIENSE
Sites põem à venda versão falsificada de suplemento
Vale tudo contra o dragão
BB pode até estatizar o Votorantim
UnB inova teste de balística e a perícia criminal
PT reúne só 80 no galeto para os mensaleiros

ESTADO DE MINAS
Sacolinhas liberadas
Ditadura: MP abre inquérito sobre morte de militante em BH
Ribeirão das Neves: Primeiro presídio privado do país começa a receber detentos

O TEMPO (MG)
Com reajuste da gasolina, álcool voltará a ser vantajoso
Deputados estaduais não vão abrir mão do auxílio-moradia
Sequestro em campo de gás na Argélia termina em mortes

GAZETA DO POVO (PR)
Preço do litro da gasolina deve passar de R$ 3 em Curitiba
Crise vira o ouro da publicidade
Prefeitura deixa de pagar pelo lixo
Nem o circo escapa da crise internacional

ZERO HORA (RS)
Quadrilhas miram o mercado de joias e impõem medo ao RS
Mobilização tenta garantir 8,4 mil vagas para projeto
Sistema Penal: Como será a primeira prisão privada do país
Jantar de petistas reúne 70 convidados

JORNAL DO COMMERCIO (PE)
Capibaribe navegável antes da Copa de 2014
Mais álcool
Lei seca será reforçada nas praias de veraneio e prévias de Carnaval
Ministério da Saúde orienta a fiscalização sobre plantões médicos

O que pensa a mídia - editoriais de alguns dos principais jornais do país

http://www2.pps.org.br/2005/index.asp?opcao=editoriais

Cabral diz respeitar Eduardo Cunha e o apoia para a liderança do PMDB

Governador também defende, mesmo após denúncias, Henrique Alves

Juliana Castro

RIO e SÃO PAULO - Pela primeira vez desde que o deputado federal Eduardo Cunha (PMDB-RJ) começou sua campanha para se eleger líder do partido na Câmara, o governador Sérgio Cabral falou abertamente sobre seu apoio à candidatura do parlamentar. Cabral e Cunha se aproximaram há poucos meses.

- Por mais que, do ponto de vista político, não tenhamos uma convivência mais próxima, temos respeito um pelo outro - disse Cabral, que participou ontem de um almoço dos deputados federais do Rio em apoio à candidatura de Henrique Eduardo Alves (PMDB) à presidência da Câmara.

A aproximação entre Cabral e Cunha teria vindo com a operação política para blindar, na CPI do Cachoeira, Fernando Cavendish, ex-presidente da construtora Delta e de quem os dois são amigos.

- O deputado Eduardo Cunha tem experiência. Com todo respeito a um goiano e a um gaúcho, apoio um carioca - disse Cabral em entrevista, referindo-se a Sandro Mabel (GO) e Osmar Terra (RS), rivais de Cunha na disputa.

A candidatura de Cunha preocupa a presidente Dilma Rousseff, que tentou "cortar as asas" do polêmico parlamentar desde o início de sua gestão, retirando indicados do deputado do setor elétrico e da Petrobras. Cunha é um dos investigados em inquérito aberto pela Procuradoria Geral do Estado, remetido ao STF, que apura suposto crime de sonegação fiscal, envolvendo ainda um sócio e um ex-dirigente da Refinaria de Manguinhos.

No almoço, ao qual compareceram 22 dos 46 deputados da bancada fluminense, Henrique Alves recebeu o apoio de colegas do partido e aliados, após a publicação de denúncias, como a de que suas emendas parlamentares beneficiaram a empresa de Aluizio Almeida, que era seu assessor na Câmara desde 1998. Almeida pediu exoneração após o episódio.

- É algo que me parece muito mais uma disputa do processo eleitoral interno e ele (Alves) me parece que tem se posicionado muito bem - disse Cabral, que chegou junto com o vice-governador Luiz Fernando Pezão e não cumprimentou seu desafeto, o deputado federal Anthony Garotinho (PR-RJ).

O prefeito Eduardo Paes também compareceu.

Perguntado se o episódio envolvendo seu assessor foi um erro, Alves disse que esse é um questionamento natural:

- Ele é meu assessor há 13 anos, estava fora da empresa e realizou comigo um bom trabalho. Ele mesmo percebeu que estava gerando distorções políticas, um embaraço. Ele saiu, vou nomear outro. Virou a página.

Ao discursar no evento, fechado à imprensa, Alves não tocou na questão da divisão dos royalties do petróleo. E defendeu o chamado orçamento impositivo, que obriga o presidente da República a cumprir o Orçamento aprovado pelo Congresso sem mudanças e contingenciamento. Dessa forma, o Executivo seria obrigado liberar as emendas individuais, geralmente o primeiro alvo dos cortes. Alves prometeu trabalhar para acelerar a tramitação de três propostas de emenda à Constituição sobre tema:

- Não pode continuar essa humilhação, o parlamentar ficar a conta-gotas daquilo que é direito dele, a emenda individual - disse Alves.

Maluf e Alckmin apoiam Alves

Mais tarde, em São Paulo, Alves reuniu-se com lideranças do PSDB da Câmara dos Deputados e recebeu o apoio do governador Geraldo Alckmin. Em encontro, no Palácio dos Bandeirantes, os tucanos cobraram do candidato que inclua na pauta, se presidir a Câmara, temas como o novo pacto federativo, a reforma política, o fundo de participação dos estados e a redistribuição do ICMS.

Participaram da reunião dirigentes do PSDB de São Paulo, Pernambuco, Acre e Rio Grande do Norte. Alves teve como cicerone o vice-presidente Michel Temer, principal padrinho da sua candidatura.

- Sempre defendo a proporcionalidade na Mesa. Acho que a disputa política se faz no plenário, no voto, nas posições políticas. A Mesa deve retratar todos os partidos, seguindo a proporcionalidade da eleição. E me parece natural que o PMDB, que é o maior partido, tenha a presidência - disse Alckmin.

O deputado Paulo Maluf (PP-SP), que participou de jantar em apoio a Alves, afirmou que seu partido não se constrange em apoiar um nome envolvido em recentes denúncias, mas afirmou que toda investigação é bem-vinda.

-Não constrange partido nenhum, porque tem muito padre que é acusado de pedofilia e nem por isso eu deixo de ser católico. Tenho absoluta certeza que essas denúncias aparecem em toda véspera de eleição, contra todo mundo. Creio plenamente na inocência de Henrique Eduardo Alves. Eu o conheço e conheço a sua família - afirmou Maluf.

Fonte: O Globo

Eduardo sugere apoio a Delgado

Afirmando que a disputa na Câmara Federal é própria dos parlamentares, governador deixa, nas entrelinhas, que apoia o deputado socialista mineiro na eleição da Casa

Carolina Albuquerque

Sem dizer com todas as palavras, o governador Eduardo Campos (PSB) deixou nas entrelinhas que apoia a candidatura do deputado mineiro Júlio Delgado (PSB) à presidência da Câmara Federal. "Na verdade, o PSB já o apoia. Essa é uma eleição própria dos parlamentares. Não é o caso de partidos, ao meu ver, nem governadores, prefeitos ou presidente. Ninguém vai se intrometer. Mas o que todos sabem é que se eu fosse deputado federal, eu com certeza votaria em Júlio", declarou o governador. Em ritmo de campanha, o parlamentar desembarcou ontem no Recife para uma reunião fechada com Eduardo Campos, a bancada federal socialista e de outros partidos.

A conversa pareceu ter sido boa e rendeu, no mínimo, o convite para participar do ato de assinatura da ordem de serviço para implantação do projeto de navegabilidade dos rios Beberibe e Capibaribe. Ao final, Delgado se disse bastante satisfeito. "Eu alcancei tudo que pretendia em relação ao governador Eduardo Campos. Ele acabou dizendo que não teria como, se fosse deputado, não votar no nome da bancada. Se a bancada está unânime, eu fico totalmente satisfeito. Saio daqui endossado e referido para continuar essa nossa caminhada para a vitória", declarou. Segundo Delgado, o sentimento favorável da maioria da bancada pernambucana e não só socialista à sua candidatura tem o dedo do governador. "Por que eu pensaria que isso não seria feito por uma ação ou intenção do nosso governador?"

É sob o argumento, de que existe muita insatisfação na base aliada, que Delgado se gabarita para desbancar o mais cotado, Henrique Alves (PMDB-RN), candidato do Planalto e que já possui o apoio das bancadas de peso: PSDB e PT. Nos bastidores, comenta-se que com o comando da Câmara, o PSB se tornaria um aliado imprescindível para Dilma Roussef (PT) na sua reeleição, desbancando em parte a supremacia do PMDB.

Fonte: Jornal do Commercio (PE)

PV quer Gabeira no Planalto

Legenda tenta se desvencilhar da imagem de apenas lutar pelo meio ambiente e aposta em temas como a defesa dos direitos humanos. Meta é diversificar o discurso e convencer o ex-deputado a concorrer pela Presidência em 2014

Amanda Almeida

O Partido Verde deu ontem o primeiro passo de uma tentativa de descolar sua imagem da ex-senadora Marina Silva para mostrar que não depende dela para conquistar votos. Ao acrescentar outras bandeiras ao discurso, como a luta contra a homofobia, em propaganda televisiva em rede nacional, a legenda tenta convencer o ex-deputado Fernando Gabeira (RJ) a se candidatar novamente à Presidência da República, em 2014 — em 1989, ele concorreu e obteve 0,18% dos votos. Ele é considerado o único nome do PV hoje capaz de angariar votos e, em trecho da propaganda, diz que está à disposição do partido.

Com um discurso que passa por conquistas do passado, mas destaca preocupações com o futuro, o PV tentou mostrar ontem que não defende apenas o meio ambiente, causa identificada à trajetória de vida de Marina Silva e que ganhou holofotes durante sua candidatura ao Palácio do Planalto em 2010. Na propaganda, deu espaço a temas como mobilidade urbana, tráfico de drogas e homofobia. O discurso tratou também de direitos humanos, com ênfase para a vice-prefeita de Salvador, Célia Sacramento (PV), primeira mulher negra a se eleger como vice na capital da Bahia.

"Estamos buscando bandeiras que, em algum momento, se perderam no caminho do partido", diz o vice-presidente nacional do PV, Eduardo Brandão, confirmando que a legenda não quer mais ser conhecida como defensora do meio ambiente — principal causa de Marina Silva, que conquistou 19,6 milhões de votos em 2010 e, em meio a uma disputa interna com a cúpula do partido, deixou o PV no ano seguinte. "A passagem de Marina pela legenda foi importante para os dois, que cresceram juntos", avalia Brandão, evitando atacar a ex-senadora.

Bandeiras

Gabeira é a tentativa de virar a página. Conhecido como defensor dos direitos humanos, na propaganda ele fala sobre o que o partido fez durante seus 27 anos e aponta para o futuro, citando as novas lutas do PV e dizendo que está à disposição da legenda para brigar por elas. Nos bastidores, ele ainda se mostra reticente à candidatura à Presidência. De olho na expressiva votação que teve à Prefeitura do Rio em 2008 — disputou o segundo turno e perdeu por apenas 1,66% dos votos —, a direção nacional do PV quer convencê-lo a entrar na briga.

Gabeira é jornalista, integrou a luta armada contra o regime militar nos anos 1960, ficando conhecido como um dos sequestradores do embaixador norte-amerticano Charles Elbrick, em 1969. Foi exilado por 10 anos e esteve em vários países, entre eles Chile, Suécia e Itália. "O partido já colocou como meta ter uma candidatura própria para 2014. Se é o Gabeira ou não, ainda será decidido", diz Brandão. Além do ex-deputado e da vice-prefeita de Salvador, o presidente do PV, José Luís Penna, e o deputado federal Sarney Filho participaram da propaganda.

Fonte: Correio Braziliense

O futuro de Marina

Sem partido há quase dois anos, a ex-ministra do Meio Ambiente e ex-senadora Marina Silva se articula para criar uma legenda até outubro, prazo para os futuros filiados poderem disputar cargos no ano que vem. Além da possibilidade de concorrer novamente à Presidência da República, a chance de entrar na briga pelo Governo do Distrito Federal chegou a ser ventilada entre os "marineiros". A ex-senadora já teria conquistado 14 parlamentares para a nova sigla, ainda sem nome.

O futuro de Marina em disputas de cargos eletivos ainda é uma incógnita. Embora a possibilidade de concorrer no Distrito Federal seja cogitada por apoiadores, ela negou, em nota, que tenha a intenção de se candidatar. "Não vou mudar meu domicílio eleitoral (Acre)", disse. Em 2010, ela recebeu a maior parte dos votos (41%) no primeiro turno de 2010, deixando a presidente Dilma Rousseff e José Serra (PSDB) para trás no DF.

O partido de Marina defenderá o meio ambiente. A luta contra a corrupção é outra temática de preferência. Entre os deputados sondados por pessoas ligadas a Marina, estão Alessandro Molon (PT-RJ), Reguffe (PDT-DF), Walter Feldman (PSDB-SP) e Alfredo Sirkis (PV-RJ). Os senadores Randolfe Rodrigues (PSol-AP) e Cristovam Buarque (PDT-DF) também estão na lista. Na próxima terça-feira, Marina se reúne com integrantes do Movimento Nova Política – grupo informal que a apoiou em 2010 –, em São Paulo, para discutir a nova legenda. (AA)

Fonte: Correio Braziliense

Rachado, PDT pode deixar base e lançar nome em 2014

Vera Rosa

BRASÍLIA - O racha no PDT deverá custar caro à presidente Dilma Rousseff. Em rota de colisão com o ministro do Trabalho, Brizola Neto, o presidente do PDT, Carlos Lupi, defende a saída do partido da base aliada governista e o lançamento de candidatura própria ao Palácio do Planalto, em 2014.

Os dois disputam o controle do PDT, que renovará sua direção em março. Defenestrado do Ministério do Trabalho no fim de 2011, após denúncias de irregularidades, Lupi ainda tem força no partido: nos Estados, 18 comissões provisórias da sigla estão sob seu domínio. Candidato a novo mandato, ele tem dito que "falta diálogo" no governo Dilma e prevê o rompimento mais à frente. "Muita gente quer candidatura própria no PDT", afirma.

Brizola Neto vai na linha oposta e tem certeza de que o partido apoiará o projeto de reeleição de Dilma. "É como um rio que corre para o mar", compara. Sucessor de Lupi, o ministro é o único representante do PDT na Esplanada. Na linha de frente da dissidência pedetista, Brizola Neto diz que o partido não pode ser um ajuntamento "cartorial". "O PDT tem raízes profundas, que não estão ao sabor das conveniências pessoais."

Sob o argumento de que o governo Dilma representa o projeto do PDT, Brizola Neto trabalha para que seu grupo vença a disputa pelo comando do partido e defende com veemência um segundo mandato para a presidente. "Não se trata de pôr o PDT como satélite da candidatura do PT, porque Dilma extrapola o PT, assim como o ex-presidente Lula. Ela é a parte do Lula que se confunde com a história dos movimentos sociais", comenta, ao lembrar que a presidente, ex-guerrilheira, foi fundadora do PDT gaúcho.

Para o deputado Miro Teixeira (PDT-RJ), que foi ministro das Comunicações no governo Lula, a disputa entre os dois grupos só vai acabar se houver eleições diretas no partido. "Eu gostaria de ver o PDT apoiando a Dilma em torno de um projeto, e não em tomo de cargos."

O senador Cristovam Buarque (PDT-DF) não se mostra entusiasmado em concorrer mais uma vez ao Planalto, como fez em 2006. Apesar de ter posto seu nome à disposição, o ex-ministro da Educação confidenciou a interlocutores não ter a intenção de ser candidato de um partido rachado.

Fonte: O Estado de S. Paulo

Para presidente do PSDB, crítica de ministro a Aécio é dispensável

BRASÍLIA - O presidente do PSDB, deputado Sérgio Guerra (RN), reagiu aos ataques do ministro Paulo Bernardo (Comunicações) ao senador Aécio Neves (PSDB-MG) e afirmou que as críticas do petista são "dispensáveis". O auxiliar da presidente Dilma Rousseff deveria continuar de férias, afirmou o dirigente tucano.

Em entrevista à Folha, publicada na edição de ontem, Bernardo, que está trabalhando informalmente, afirmou que o PSDB é a sigla dos banqueiros, "dos juros altos" e que a oposição torce pelo "pibinho" e pelo "apagão".

As críticas ocorreram após reunião de Aécio, pré-candidato à sucessão da presidente petista Dilma Rousseff, com economistas que trabalharam para o governo Fernando Henrique Cardoso.

"Este governo anda maquiando resultados [fiscais], vai aumentar o preço da gasolina; reduziu a Petrobras drasticamente; já viveu neste ano seis apagões e lidera em atraso na América Latina. Já não somos a economia que trazia resultados substanciais", disse o presidente do PSDB.

Fonte: Folha de S. Paulo

Dilma teria pedido apoio a Eduardo Campos para tentar reeleição

Presidente afirmou a aliados que pretende concorrer à reeleição e contar com o apoio do PSB

Jeferson Ribeiro

BRASÍLIA - A presidente Dilma Rousseff, em conversa com o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), disse nesta quinta-feira, 18, que concorrerá à reeleição em 2014 e pediu apoio ao aliado socialista. As informações são segundo fontes do partido.

A conversa entre Dilma e Campos foi franca, e a presidente disse ao governador que compreende os movimentos do partido aliado, o crescimento eleitoral da legenda, mas que isso não interfere na relação com o governo, segundo relato de um dos socialistas ouvidos pela Reuters, que pediu anonimato.

Depois de fazer esse preâmbulo, Dilma disse ao aliado que concorrerá à reeleição e gostaria de continuar contando com o apoio do PSB, presidido por Campos. Essa disposição de Dilma foi confirmada à Reuters por outro socialista, que também pediu para não ter seu nome revelado e conversou com Campos depois do encontro com a presidente.

Desde que chegou à Presidência, Dilma nunca assumiu publicamente que concorreria à reeleição, mas ao dizer que será candidata a um aliado que pode ser seu adversário mostra que começou a montar a estratégia para a reeleição. Dentro do PT, no entanto, sempre se manteve a possibilidade do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva tentar retornar ao posto em 2014.

Ex-chefe de gabinete de Lula entre 2003 e 2010, o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, já chegou a afirmar que o ex-presidente estava no "banco de reservas" e poderia ser convocado.

Depois de ouvir de Dilma sobre seus planos, Campos lembrou a longa parceira do PSB com o PT e disse que é legítimo o anseio de seu partido, diante do crescimento eleitoral, de vislumbrar a possibilidade de um projeto próprio de poder, segundo as fontes.

"Mas ele foi sincero e disse à presidente que o partido continuará sendo fiel à aliança, ajudará o governo a enfrentar as dificuldades, mas que sobre 2014 só deveriam tratar em 2014", disse uma das fontes ouvidas pela Reuters.

Na saída do encontro no Planalto, Campos usou o mesmo discurso de deixar 2014 para 2014 ao ser questionado por jornalistas, esquivando-se de falar sobre qualquer compromisso com uma aliança para a reeleição.

O nome de Campos para a disputa presidencial ganhou força após as eleições municipais em 2012, quando o PSB elegeu mais de 440 prefeitos e chegou ao comando de cinco capitais. Desde então, Dilma já se reuniu pelo menos quatro vezes com o governador pernambucano.

A conversa da segunda-feira foi marcada pela presidente, ainda durante suas férias na Bahia, período em que os dois também se encontraram.

Preferência do PMDB. Antes do desempenho acima do esperado nas eleições municipais, os socialistas articulavam para que Campos conseguisse ocupar o lugar de vice na chapa de Dilma em 2014, tirando o posto do PMDB. Essa articulação perdeu força depois do desempenho do PSB nas eleições municipais e do fortalecimento da aliança entre PT e PMDB no período eleitoral.

Dentro da atual aliança, o PMDB segue como parceiro preferencial, limitando um aumento de espaço do PSB no governo petista. A presidente vem mantendo reuniões mais regulares com o vice-presidente Michel Temer e com o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), um movimento que também pode indicar a articulação de Dilma para 2014.

Horas antes do encontro com Campos, por exemplo, Dilma se reuniu com os dois peemedebistas. Temer teria inclusive incentivado a presidente a se manter próxima de Campos, segundo um integrante do PMDB que pediu anonimato.

Esse mesmo peemedebista disse, depois da conversa entre Dilma e Campos, que ela ainda não manifestou claramente a decisão de concorrer à reeleição a Temer, mas que desde o ano passado, depois das eleições municipais, tem manifestado o desejo de que em 2013 o governo comece a apresentar resultados e preencher sua vitrine com vistas a 2014. Nessas conversas, segundo esse peemedebista, Dilma não verbalizou, no entanto, que seria candidata.

A perspectiva de ter Campos como adversário na disputa pela Presidência em 2014 já faz com que petistas pensassem em um acordo em que o PT abriria mão de encabeçar a chapa em 2018, privilegiando Campos.

"Acho que vamos ter que fazer uma negociação forte com o PSB sobre as perspectivas de se manter dentro da (atual) aliança", disse um membro da cúpula do PT no ano passado, sob condição de anonimato.

Essa negociação, segundo a fonte, envolveria o apoio do PT a Campos para a Presidência em 2018, quando a presidente Dilma Rousseff completaria seu segundo mandato, se reeleita em 2014.

Fonte: O Estado de S. Paulo

A face conservadora do Bolsa Família - Roberto Freire

Anunciado há dez anos como principal programado governo Lula para o combate à pobreza no Brasil, o Fome Zero não decolou e acabou sucedido pelo Bolsa Família.

Uma década depois, enquanto as autoridades e os militantes do PT cantam em prosa e verso o sucesso do “maior programa de transferência de renda do mundo”, o que se vê em algumas das cidades mais miseráveis do país é que, apesar de as condições de vida terem melhorado, a população pobre não consegue sobreviver dignamente por meio de sua própria renda.

Em Guaribas, no Piauí, onde uma comitiva de ministros de Lula esteve em fevereiro de 2003 prometendo aos moradores que em breve viveriam uma nova realidade, 87% dos 4.401 habitantes são beneficiários do Bolsa Família e não têm outro tipo de renda para o próprio sustento.

Em dez anos, o município avançou nos indicadores sociais, é verdade, mas as condições objetivas de vida da população permanecem precárias. Em Itinga, no norte de Minas Gerais, outra cidade visitada por Lula e seus ministros no início da década passada, a situação atual é igualmente desoladora. Segundo o jornal O Estado de S.Paulo, 2.194das 3.457 famílias registradas no cadastro do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome recebem o Bolsa Família, mas 31% da população do município não sabe ler nem escrever, enquanto 73% das pessoas com 10 anos ou mais não têm nenhuma instrução ou cursou apenas parte do ensino fundamental.

A renda per capita, que em 2000 era de R$ 328,52, hoje não passa de R$ 314,81. Anunciado pelo governo do PT como suprassumo das políticas sociais, o Bolsa Família nada tem de progressista ou verdadeiramente transformador. Ao contrário: o programa reforça o coronelismo tradicionalmente arraigado em várias regiões do Brasil mais profundo, além de funcionar como escandaloso instrumento eleitoral.

Basta constatar que o maior índice dos votos governistas nas últimas eleições esteve concentrado nas regiões mais atendidas. No pleito de 2010, Dilma Rousseff teve votos suficientes para que fosse eleita já no primeiro turno em nove dos dez estados onde o programa atinge sua maior cobertura.

Ao contrário do que querem fazer crer os áulicos do governo, as críticas à face conservadora do Bolsa Família não partem de uma fantasiosa “mídia golpista” ou da “direita reacionária” — até porque os coronéis estão todos ao lado do governo Dilma, como estiveram com Lula, agora vestidos sob a roupagem de neossocialistas.

Na verdade, é a própria população brasileira que já percebe os problemas estruturais do programa. Segundo dados de estudo recente da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), 58,9% da população discorda, total ou parcialmente, da afirmação de que o Bolsa Família “tira muita gente da pobreza”. Seja em Guaribas, Itinga ou em centenas de outras paupérrimas cidades espalhadas pelo país, o cenário é o mesmo. 

Centenas de famílias deixaram a miséria absoluta, mas hoje, sem alternativas concretas, estão condenadas à pobreza inescapável, sustentada pela funcionalidade conservadora de um programa que melhora o presente para, no fundo, deixar tudo rigorosamente igual, comprometendo o futuro.

Deputado federal por São Paulo e presidente nacional do PPS

Fonte: Brasil Econômico

Com périplo de Dilma ao Nordeste, PT tenta conter avanço político de Campos

Diagnóstico da direção da sigla de que é preciso recuperar o espaço político que agora está sob forte influência do governador de Pernambuco coincide com viagens da presidente e de Lula à região

Julia Duailibi e Leonencio Nossa

A presidente Dilma Rousseff desembarca nesta sexta-feira, 18, no Piauí diante da constatação do PT de que a recuperação do prestígio político da sigla no Nordeste, região sob forte influência do governador e presidenciável Eduardo Campos (PSB), é crucial para o projeto de reeleição em 2014. Até o início de março, Dilma deve visitar ao menos seis Estados da região.

A avaliação dos petistas é que o partido precisa melhorar a articulação política com governadores e prefeitos na região, principalmente após o resultado das eleições de 2012, da qual o PSB saiu fortalecido. Além disso, o Planalto precisa driblar o desgaste político gerado pela paralisação nos canteiros de obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) na região.

O giro de Dilma pelo Nordeste inclui ainda Pernambuco, Ceará, Alagoas, Paraíba e Rio Grande do Norte. A região também está na mira do ex-presidente Lula. O Nordeste tem sido tradicionalmente um reduto eleitoral do PT. Nas últimas três eleições presidenciais (2002, 2006 e 2010), deu ampla margem de vitória para os candidatos do partido - Lula e Dilma. Em 2010, a petista teve 10,7 milhões de votos a mais na região que José Serra (PSDB).

A direção do PT acredita que poderia ter se saído melhor na disputa pelas prefeituras do Nordeste na eleição do ano passado - avalia também ter patinado em algumas costuras políticas. O PT perdeu duas capitais importantes, Recife e Fortaleza, e não emplacou seu candidato em Salvador. Venceu apenas em João Pessoa, com Luciano Cartaxo. Além do prestígio de Campos e do PSB na região, o PT teme efeitos da retomada de poder da oposição de redutos emblemáticos, como a volta do DEM a Salvador, com Antonio Carlos Magalhães Neto.

Em 2008, 24% das prefeituras obtidas pelo PT estavam no Nordeste. Em 2012, o porcentual subiu para 30%, mas o partido perdeu espaço político nas capitais.

A direção do PT avalia que é preciso começar agora a preparar o terreno para 2014, quando poderá se dar um embate entre Dilma e Campos, um dos governadores mais bem avaliados do País. Não por acaso o PT marcou a reunião do Diretório Nacional, em março, em Fortaleza.

Os movimentos políticos de Eduardo Campos são observados com lupa pelo PT e pelo PMDB. O governador não descarta uma candidatura em 2014, mas aliados asseguram que a prioridade do PSB seria ocupar a vice de Dilma em 2014 e só tentar uma candidatura presidencial solo em 2018. O PMDB, por sua vez, afirma ter garantida a vaga de vice de Dilma numa eventual reeleição em 2014.

Obras atrasadas. A chegada da presidente nesta sexta no Piauí foi calculada para evitar mal-estar, já que há várias obras federais em atraso. Nas seis horas de visita a São Julião e Teresina, ela permanecerá longe do traçado da ferrovia Transnordestina, um dos maiores gargalos da política de infraestrutura do governo. Dos 1.280 quilômetros da ferrovia, 387 quilômetros estão no Piauí. Há dois anos, Dilma afirmou que pretendia entregar a ferrovia até 2013.

A construção do trecho de Eliseu Martins da ferrovia, no sertão piauiense, a Salgueiro, no semiárido pernambucano, estava prevista inicialmente para ser entregue em 2010. Pelos cálculos de técnicos do governo, só 20% dos trilhos foram colocados. "A situação das obras do PAC no Piauí estão na normalidade da média no Brasil", diz Mirocles Veras, coordenador do programa no Estado.

Nesta sexta, Dilma pretendia inaugurar pelo menos o Sistema Adutor de Piaus, nos municípios de São Julião e Pio IX, no sul do Estado, previsto para ser entregue no primeiro semestre do ano passado. O Planalto chegou a receber a informação de que as adutoras estavam quase prontas. O Ministério da Integração Nacional, no entanto, não conseguiu terminar a obra. A assessoria de comunicação do Planalto manteve o deslocamento de Dilma a São Julião, mas anunciou que será apenas uma "visita" à obra, que, pela última previsão, será entregue em março ou abril.

Fonte: O Estado de S. Paulo

Marina Silva reúne militantes para discutir novo partido

Roldão Arruda

A formação de um novo partido, para disputar as eleições presidenciais de 2014, é o tema da reunião que a ex-senadora Marina Silva realiza em São Paulo, no dia 22 (terça-feira). Ele quer ouvir sobretudo os militantes do Movimento Nova Política – uma articulação informal de pessoas que a apoiaram na eleição de 2010 e desde então vem conversando sobre uma nova legenda. A reunião será aberta.

A ex-senadora, que ficou em terceiro lugar na corrida presidencial, com quase vinte milhões de votos, reuniu-se nos últimos dias com parlamentares de diferentes partidos. De maneira geral, segundo seus assessores, tem sido estimulada a deflagar logo a criação do partido. Alguns prometeram declarar apoio imediato. Outros, por questões de vínculo partidário, pretendem se manifestar só na fase final.

Para por o partido em pé, Marina e seus apoiadores precisam recolher cerca de 500 mil assinaturas até o início do mês de outubro. É uma tarefa difícil, mas viável, dizem os defensores da nova sigla.

A ex-senadora Heloísa Helena, amiga pessoal de Marina, tem dito que a decisão já foi tomada e que ela deve deixar o PSOL para se filiar à sigla. Mas, segundo Basileu Margarido, um dos assessores mais próximos da ex-ministra do Meio Ambiente, o diálogo ainda está aberto. “Ela quer ouvir mais opiniões sobre fundar o partido ou continuar articulando um movimento político suprapartidário”, afirma.

Fonte: O Estado de S. Paulo

Vaquinha petista - Merval Pereira

Juntos, os 25 réus condenados pelo mensalão terão que pagar uma multa de mais de R$ 22 milhões, a preços de 2003 a 2005 que serão ainda atualizados pela inflação. A cúpula do PT condenada no processo deve junta cerca de R$ 1,8 milhão de multas, assim distribuídos: José Dirceu, R$ 676 mil; José Genoino, R$ 468 mil; Delúbio Soares, R$ 325 mil; e João Paulo Cunha, R$ 370 mil. Um grupo de militantes denominado Juventude Petista do DF, que tem Delúbio como mentor (não é ironia, é verdade), começou ontem à noite, com um jantar em uma galeteria brasiliense, com convites que variavam de R$ 100 a R$ 1.000, movimento para angariar doações a fim de ajudar a pagar essas multas.

É uma solidariedade partidária que seria natural, não fossem as acusações contra esse grupo de petistas condenados. A "juventude petista" se mobilizar, assim como alguns petistas de grosso calibre, como o governador de Sergipe, Marcelo Deda, dá a manifestações como essa, que pretendem replicar pelo país, tom de apoio oficial aos condenados.

O PT não apenas não fez autocrítica como continua apoiando os condenados no processo do mensalão. É uma atitude meramente política, para tentar dar a impressão de que houve um julgamento parcial, de exceção. O PT faria melhor se tratasse de sua vida esquecendo esse episódio, que só faz marcá-lo negativamente. Ao contrário, sua atitude aprofunda essa ligação com os condenados e com os próprios crimes cometidos no mensalão.

É um absurdo que o PT como partido incorpore essas práticas criminosas de fazer política com o apoio tácito aos condenados. O PT perde a cada dia a oportunidade de se refundar, embora alguns petistas importantes como o governador Tarso Genro, do Rio Grande do Sul, defendam essa necessidade, e não é de hoje. Mas não é esse o espírito geral do partido, que continua dominado pelo grupo do ex-ministro José Dirceu, considerado "o chefe do esquema criminoso" e condenado por formação de quadrilha e corrupção ativa pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

Essas atitudes refletem uma realidade política: o partido continua nas mãos daquela cúpula que foi condenada no processo do mensalão. O triste papel dessa "juventude petista" repete a atuação de entidades estudantis chapas-brancas como a União Nacional dos Estudantes (UNE), que desde a chegada do PT ao poder apoia os projetos do Palácio do Planalto, em troca de benesses variadas, entre as quais uma verba de R$ 40 milhões para a construção de uma nova sede na Praia do Flamengo, no Rio. Vários desses "benefícios" oficiais estão sob investigação do Tribunal de Contas da União (TCU).

O governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro, integra uma corrente minoritária no PT, Mensagem ao Partido, que tem em torno de 40% dos delegados, e quer que o partido passe por uma "profunda renovação", de métodos e de práticas políticas. Genro faz todas as ressalvas do mundo sobre o julgamento, critica a utilização da tese do "domínio do fato" para a condenação de José Dirceu, mas alerta: "Tendo ocorrido ilícitos penais ou não, os métodos de composição de maiorias e de formação de alianças que nós utilizamos foram os mesmos métodos tradicionais que os partidos que nós criticávamos adotavam."

Esses "métodos tradicionais" herdados da República Velha teriam que ser substituídos, e o governador do Rio Grande do Sul diz que a maneira como Dirceu está enfrentando a condenação "é equivocada" porque "tende a estabelecer uma identidade dos problemas que ele está enfrentando com o problema do PT, com o conjunto, e trazendo para a sua defesa o partido como instituição". Essa "identidade forçada dele em conjunto com o partido" é uma coisa "que não existe", afirma Genro.

Exista ou não, o fato é que o partido é dominado pela facção Construindo um Novo Brasil, que une Lula e José Dirceu, e não tem o menor pudor de defender os condenados pelo mensalão, uma mácula permanente na história do Partido dos Trabalhadores.

Fonte: O Globo

O rei - Eliane Cantanhêde

Chega a ser patética a foto de Lula no gabinete do prefeito de São Paulo, sentado entre Fernando Haddad e a vice Nádia Campeão, dando ordens, mostrando quem é o chefe. Pobre Haddad.

Não satisfeito em impor seus candidatos à Presidência e à Prefeitura de São Paulo, não satisfeito com as duas vitórias espetaculares e não satisfeito com a percepção geral sobre quem manda e quem obedece, Lula quer mais: quer oficializar publicamente a tutela dos pupilos.

Chegou de férias num dia, assumiu a prefeitura no dia seguinte e já determinou que a prioridade é conter as enchentes e as chacinas na capital. Os efeitos no marketing e na popularidade são muito danosos...

Reduzido a pau-mandado, Haddad não vai poder reclamar quando os secretários despacharem diretamente com Lula, assim como os ministros de Dilma fazem fila na porta dele quando realmente importa.

Lula tenta se apossar, na prática, do mandato da sucessora, que sofre críticas (pibinho, inflação, temor de racionamento e maquiagem de números oficiais). Ela reage. Convocou pesos-pesados da indústria, reduziu tarifas de luz, baixou juros de moradia para a classe média alta e negociou o adiamento do reajuste de ônibus em São Paulo e no Rio.

No final, vai a Lula, provavelmente no dia 25, próxima sexta-feira, prestar contas e aprender melhor que, entre o que é necessário e a popularidade, cuide-se da popularidade...

Com Haddad e Dilma instruídos e sob controle, Lula estará livre para retomar as "Caravanas da Cidadania", tão importantes para sua vitória em 2002. Vai de região a região reaquecer a adoração popular por ele.

Além de buscar uma cara promissora e com credibilidade para depois tutelar no governo de São Paulo -uma nova Dilma, um novo Haddad-, tanta mobilização sugere que é cedo para descartar Lula em 2014.

Ele fala em destravar a economia, o governo e a Dilma, mas o problema dela é o oposto: travar o Lula.

Fonte: Folha de S. Paulo

Crônicas do fim do mundo - Fernando Gabeira

Feliz fim de mundo dizia a manchete do jornal venezuelano Tal Cual no dia de dezembro marcado para ser o último, com base no calendário maia. De certa forma, o mundo acabou e, de tão felizes, não nos demos conta.

Como baratas que sobrevivem ao inverno nuclear, o PMDB prepara-se para assumir o controle do Congresso Nacional. São os mesmos de sempre, como diz o personagem de Beckett ao perguntarem quem lhe deu uma surra na rua.

O calendário de Marco Maia terminou com uma ação importante: a compra de 1.500 iPads para os deputados. Medida econômica destinada a poupar montanhas de papel. Acontece que os iPads serão pregados nas mesas. É compreensível o medo de serem subtraídos. Tantos recursos, conhecimento e inovação foram gastos para criar uma tecnologia móvel e os deputados vão usá-la pregada. A esquerda no poder sempre pode argumentar: se a aristocracia reacionária pregou Cristo na cruz, qual o problema de pregar uma conquista tecnológica? O problema é que, se fizessem um aplicativo para celular, poderiam economizar os iPads, montanhas de papel e, naturalmente, os pregos. Todos os deputados têm celulares e do bolso dos assessores brotam celulares como dinheiro amassado do bolso dos bicheiros.

Do iPad vamos para o Photoshop. É um programa, com muitas funções, para tratar imagens. Com o Photoshop, os políticos sempre parecem mais novos do que sua idade real e as contas, mais arrumadinhas do que autoriza a crise real. Algumas rugas em forma de débito foram suprimidas. Dizem as notícias que as manobras feitas pelo governo para formalizar a maquiagem, mobilizando estatais e o BNDES, deram um prejuízo de R$ 4,7 bilhões, via mecanismo, forçado pela urgência, de comprar ações na alta e vendê-las na baixa.

Na energia, Edison Lobão é a cara do fim do mundo. Ele aconselhou a usar energia à vontade num momento em que os reservatórios estão baixos, as empresas hidrelétricas se desidratam na Bolsa e as térmicas a todo vapor emitem milhões de toneladas de gases de efeito estufa. Em todo o mundo, o conselho dos dirigentes é usar energia com critério e procurar economizá-la sempre que possível.

Lobão é generoso. Como Dilma, que nos promete uma redução de 20% na conta de luz, nesta conjuntura complicada. Como as térmicas encarecem a energia, a única saída será subsidiar uma parte da redução. Parte do que Dilma nos dá com toda a pompa devolvemos silenciosamente ao pagar a conta.

O sistema brasileiro é considerado bom por muitos analistas do setor. Precisa de investimento e gestão. Hidrelétrica fechada há quase 20 anos e central eólica funcionando sem linhas de transmissão para distribuir a energia são sinais de desgoverno. Costumo dizer que Barack Obama escolheu um Prêmio Nobel de Física para a pasta de Energia; quis o destino, graças à coligação vitoriosa, que nosso ministro fosse Lobão. Os vitoriosos impõem-nos condições constrangedoras. No passado, decisões brasileiras com repercussão continental eram pelo menos comunicadas às Comissões de Relações Exteriores do Congresso. Em alguns casos, falava-se até com a oposição.

A Venezuela está sendo governada por aparelhos. Eles são o vínculo de Hugo Chávez com a vida. Os chavistas poderiam respeitar a Constituição e eleger Nicolás Maduro dentro de um mês. Resolveram suprimir esse caminho, afirmando ser apenas uma formalidade constitucional.

Um assessor especial brasileiro viaja para Havana, discute com cubanos e venezuelanos e afirma: a posição do Brasil é apoiar o adiamento das eleições na Venezuela. Os vitoriosos não deveriam poder tudo. A política externa do Brasil não precisa coincidir totalmente com a do PT. Ela é o resultado de um pacto com a maioria que elegeu Dilma. E quando se trata de decisão de peso é preciso ao menos comunicar à oposição.

Marco Aurélio Garcia encarnou o PT, o governo e o Brasil. Que viagem! Enquanto espera as malas na esteira, proclama: a posição do Brasil é pelo adiamento das eleições na Venezuela.

Com o esfacelamento da oposição, os vitoriosos deixaram de fazer política. Desfilam solitários. Um partido substitui o País, que, por sua vez, é substituído por um assessor especial.

Na crise energética de 2001, fazíamos comissões, íamos ao Planalto, chamávamos o Pedro Parente, responsável pela gestão do problema, ao Congresso. Hoje está tudo morto por lá. E o PMDB prepara-se para roer os escombros. Esses dois momentos em que um setor vital como a energia invade a agenda revelam a devastadora decadência da política no Brasil.

Aos vencedores, as baratas. Pena que a paisagem na oposição seja também tão desoladora. O calor do debate político poderia levar-nos a pensar numa alternativa para tudo isso. A alternativa não é fácil. Os grandes partidos da oposição parecem não se interessar por ela. No mínimo, estariam se reunindo, discutindo os temas, lançando notas sobre a energia, a posição do Brasil nas eleições da Venezuela, a maquiagem das contas públicas.

Se a imprensa se tornou o único setor que questiona tudo isso, melhor talvez fosse distribuir os iPads aos repórteres. De que vale ser eleito como oposição e não realizar a tarefa?

Um certo mundo acabou. Ainda não apareceram aquelas brumas do amanhecer nos rios do Pantanal. Elas nos dão a ilusão de uma nova gênese, um outro mundo despontando gradualmente da névoa. Não espero nenhum paraíso. É pedir muito que o Brasil tenha um ministro da Energia à altura da importância do tema, que a política externa seja mais democraticamente exercida, que as contas públicas não sejam maquiadas? E que o Congresso funcione, a oposição se oponha?

Começam pregando iPads, daqui a pouco vão comprar aviões para a linha de ônibus Madureira-Central do Brasil, desativando sua capacidade de decolar. Começam com o ministro da Energia estimulando o consumo e, daqui a pouco, o da Saúde aconselhará a fumar.

O mundo acabou de certa forma. De tão felizes, não percebemos que está de pernas para o ar.

Fonte: O Estado de S. Paulo

Falha humana - Cristovam Buarque

As autoridades governamentais, inclusive a presidente Dilma Rousseff, têm dito que os recentes cortes de luz decorrem de falhas humanas. Ela tem razão de que cortes sucessivos decorrem de falha humana dos responsáveis pela política no setor. Esta falha se agrava quando os responsáveis não apenas descuidam de suas obrigações, mas também tratam com ironia os alertas dos que tentam evitar o problema.

A arrogância das autoridades às levam a relevar as críticas e os alertas. Talvez a maior falha de um governante, depois da corrupção, seja a falta de modéstia e de respeito pelo interesse público que o leva a ignorar as críticas, preferindo a bajulação.

Ninguém pode ter certeza de que caminhamos para um apagão, mas isso não dá direito a um governante de ignorar os alertas que estão sendo dados há meses, com base em fatos concretos, a não ser que as autoridades prevejam estagnação do nosso PIB e em consequência, também, da demanda por energia. Se o PIB crescer há possibilidade de a capacidade instalada não atender a demanda ampliada. E esta parece ser a grande falha humana dos dirigentes. Viram que nos últimos anos a economia ia bem e deixaram de ver que ela carregava o risco de não continuar indo bem. Não viram que o aumento fabuloso e positivo no número de passageiros criou recente apagão nos aeroportos, nem perceberam que criou também apagão de mão de obra e de rodovias.

Não ver tudo isso é não perceber a complexidade da dinâmica do sistema econômico, na qual muitas das boas notícias no presente carregam riscos embutidos para o futuro. Da mesma forma que o positivo aumento do PIB tem carregado apagões de energia, de mão de obra, de rodovias, o positivo aumento no número de passageiros criou apagão nos aeroportos. Outros indicadores positivos da economia carregam riscos, se não houver uma gestão estratégica reduzindo metas ou aumentando investimentos estruturais.

O número de turistas brasileiros que hoje compram em Nova Iorque é uma prova da força de nossa moeda. Mas isso não é um indicativo de solidez da economia. Basta lembrar que, há poucos anos, eram os argentinos que compravam nossas praias no Sul, depois os espanhóis e portugueses, no Nordeste. Não ver este risco é uma grave falha humana. Tão grave que só há uma explicação: satisfazer nossas ilusões com o presente mesmo abandonando o futuro.

A forma como a inflação vem sendo freada, no limite da banda superior da meta, graças ao controle no preço de combustível e isenções fiscais sobre bens industriais, vai cobrar um alto preço por causa da falha humana de não prever suas consequências. Resolver a crise fiscal e sua consequência sobre o superávit, por meio de ginásticas contábeis e de uso dos recursos do Fundo Soberano, pode enganar por algum tempo, mas a um alto custo adiante pela perda de credibilidade na administração das finanças.

A economia ainda está bem, embora já não tanto quanto alguns anos atrás, mas, quando observamos os riscos adiante, ela não parece que irá ficar bem. Não ver isso é dar razão à presidente, quando diz que os apagões são decorrência de erros humanos, do grande erro humano da falta de previsão, de planejamento, de gestão e do adiamento das medidas necessárias para corrigir nossas deficiências. Sobretudo, a maior das falhas humanas: a arrogância de não ouvir críticas e alertas de quem olha o futuro e não apenas a euforia do presente.

Cristovam Buarque é professor da UnB e senador pelo PDT-DF

Fonte: Jornal do Commercio (PE)

Alckmin diz que poderá adiar reajustes a pedido de Mantega

Tarifa de metrô e trem de São Paulo costumam subir em fevereiro

Gustavo Uribe

Apelo. Alckmin disse que vai avaliar com "boa vontade" o pedido para ajudar a segurar a inflação

SÃO PAULO - O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, admitiu ontem que poderá atender o pedido do ministro da Fazenda, Guido Mantega, e deixar para abril o reajuste das tarifas do metrô e da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), serviços que historicamente têm os preços corrigidos em fevereiro.

Como fizera na quarta-feira, quando confirmou que o governo federal tinha pedido para que adiasse para o segundo trimestre o aumento das passagens do metrô e dos trens, Alckmin fez suspense e disse que ainda não há uma decisão. Mas comprometeu-se a verificar a questão com "boa vontade".

- Vamos avaliar a hipótese de não fazê-lo (o reajuste) no primeiro trimestre, para ajudar a segurar a inflação. Não tem ainda uma decisão tomada, mas vamos levar em consideração o apelo do Ministério da Fazenda e verificar para quando vamos transferir ( o reajuste) - disse o governador de São Paulo.

Reservadamente, assessores de Alckmin dizem que ele, de fato, está considerando a ideia de postergar os reajustes. As passagens dos transportes administrados pelo governo paulista são corrigidas anualmente, sempre em fevereiro. No ano passado, as tarifas do metrô paulistano e da CPTM foram reajustas em 12 de fevereiro, passando de R$ 2,90 para R$ 3.

A tolerância do governo federal com a inflação - que fechou 2012 em 5,84%, pelo segundo ano seguido, mais próxima do teto do que do centro da meta de 4,5% - e o afrouxamento da disciplina fiscal têm sido muito criticados pelos analistas econômicos, e também por parlamentares da oposição, especialmente do PSDB, partido de Alckmin, no Congresso Nacional.

Na quarta-feira, o governador tucano confirmara publicamente que, como aconteceu com o prefeito paulistano Fernando Haddad (PT), o governo federal também lhe pedira para segurar os reajustes do metrô e do trem.

O mesmo pedido foi feito ao prefeito do Rio, Eduardo Paes (PMDB), que, como Haddad, já decidiu deixar para junho o reajuste das tarifas de ônibus municipais. Alckmin, contudo, continua dizendo que analisa a questão.

O governador paulista ainda negou que lhe tenha sido oferecida alguma compensação por parte do governo federal em troca do adiamento dos reajustes no estado.

- Não tem nenhuma troca, foi apenas uma conversa com o ministro da Fazenda, que exteriorizou uma preocupação com o pico inflacionário no início do ano. E que, se (o reajuste) fosse após o primeiro trimestre, ajudaria a diluir e evitar esse pico inflacionário. Não tem nada em troca e nós não decidimos ainda. Nós vamos verificar isso com boa vontade - afirmou.

Outros preços não serão afetados

Segundo Alckmin, o pedido do governo federal também não envolve outras áreas com preços administrados pelo estado.

- Foi exclusivamente à área de mobilidade urbana. Nós não pretendemos fazer nenhum reajuste, por exemplo, na Sabesp (estatal de saneamento) neste momento - explicou.

Fonte: O Globo

PIB crescerá no máximo 2,9% neste ano, prevê Ibre

SÃO PAULO - Com o mesmo tom cauteloso dos boletins mais recentes, a equipe do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da Fundação Getulio Vargas (FGV) projeta uma alta entre 2,8% e 2,9% para o Produto Interno Bruto (PIB) em 2013 - abaixo, portanto, das expectativas de mercado, que apontam alta de 3,2%, segundo o Boletim Focus, do Banco Central. A alta mais comedida deve ser puxada por uma débil retomada dos investimentos produtivos, além de um carregamento estatístico estimado em 0,8%. "É um começo de ano de recuperação trôpega. O investimento não vem no primeiro trimestre e a inflação segue salgada", diz a coordenadora técnica do Boletim Macro, Silvia Matos.

O risco de a economia crescer ainda menos, mais perto de 2% ou 2,3% no ano, não está descartado. "Uma recuperação dos serviços com uma indústria ainda parada levaria a esse quadro", diz Silvia. Uma variação negativa da atividade econômica no primeiro trimestre, contudo, está fora de questão. A explicação, afirma, é que a indústria pode até parar no primeiro trimestre, mas é pouco provável que ela se contraia.

Segundo Silvia, a possibilidade de uma queda do PIB nos três primeiros meses do ano só existiria diante de um quadro mais grave, de escassez de energia, por exemplo, com preços disparando e empresas deixando de produzir - o que está fora do campo de visão central do Ibre. "O temor atualmente não são números negativos. É mais um marasmo mesmo", diz Silvia.

A frustração, afirma a economista, continua do lado da indústria, que custa a reagir mesmo em meio a estímulos vindos do governo e câmbio desvalorizado. A expectativa é que o setor tenha ficado parado no quarto trimestre de 2012 em relação ao trimestre anterior. Já para o setor de serviços, a previsão é que ele deve ter apresentado alguma melhora depois de um terceiro trimestre sem mostrar reação. "Mas com a pressão do mercado de trabalho ainda forte é difícil pensar no setor de serviços crescendo muito, como vimos no passado", diz Silvia.

Segundo o documento, um dos maiores obstáculos à indústria são os estoques ainda elevados nos primeiros meses do ano, os quais podem adiar um pouco mais a retomada do investimento, cuja recuperação era esperada em meio a juros mais baixos. Para Silvia, é possível que o crescimento da Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) seja baixo em 2013, justamente porque vem de um carregamento estatístico muito ruim, ainda que segmentos como o de caminhões e ônibus já apresentem melhora significativa. "O fato é que a gente vem de uma contração de 4,5% [na FBCF] em 2012, o que sinaliza que já começamos mal."

Para exemplificar o quão complexo é o quadro, a pesquisadora afirma que, se os investimentos ficassem estagnados neste primeiro trimestre do ano, com uma alta ao redor de 1,5% nos trimestres seguintes, o crescimento no ano seria zero. Apostando em um cenário menos pessimista, a equipe avalia que a FBCF deve subir 3% em 2013, com um ritmo um pouco melhor no segundo semestre, puxado por investimentos em infraestrutura.

Outro ponto de preocupação destacado pelo Boletim Macro do Ibre é a inflação. "É inquietante porque começamos um ano com preços pressionados não só pelo setor de serviços, o que já era esperado, mas também por bens manufaturados", diz Silvia. Ela lembra que toda a inflação de duráveis ficou concentrada no último trimestre, o que indica que um item que ajudou bastante no ano passado, já começa 2013 bem pressionado.

Segundo Silvia, em meio às incertezas acerca dos impactos de elevação dos preços em itens como transportes e combustíveis, é possível prever apenas que a inflação será alta ou muito alta neste começo de ano, sem cravar um número. "A inflação deve ficar entre 0,7% e 1% em janeiro e uma inflação de 1% em janeiro sinaliza 6,2% em 12 meses". Para Silvia, mesmo diante do que chama de "tentativas artificiais" do governo de segurar os preços, a inflação em 2013 está mais para 6% - acima dos 5,53% projetados pelo mercado.

Segundo ela, o governo até poderia tentar retomar a trajetória de queda dos juros diante da recuperação mais lenta da economia, mas descarta a possibilidade justamente em razão da inflação mais alta. Para Silvia, a melhor saída para esta questão hoje seria o câmbio. "É claro que a estabilidade cambial ajuda, mas o ideal mesmo seria a valorização do real, o que é algo difícil porque bate em outra restrição, a indústria."

Nem tudo no cenário do Ibre, porém, é frustração. "Algumas coisas estão progredindo, como a sondagem de bens de capital, que aponta uma melhora no médio prazo, e as concessões que devem deslanchar em algum momento." Para Silvia, o setor público vai entrar pesado, motivando os investimentos em infraestrutura. "Esse é o motor e um estímulo para investimentos em outras frentes. A bola está com o governo". (FL)

Fonte: Valor Econômico

Reajuste de servidor causa impasse no governo

Edna Simão e Eduardo Campos

BRASÍLIA - Um impasse se instalou na Esplanada dos Ministérios. A dúvida é se os reajustes concedidos aos servidores públicos no ano passado poderão ser pagos em janeiro, já que a peça orçamentária de 2013 ainda não foi aprovada. A previsão é que a matéria seja apreciada pelos parlamentares somente em fevereiro, quando acaba o recesso.

Diante da confusão, cada poder está fazendo uma leitura diferente da situação.

No Executivo e no Ministério Público da União (MPU), a decisão é pagar os salários com reajuste. Já os concursados da Câmara e do Senado deverão esperar a aprovação do Orçamento deste ano para começar a receber o aumento. Nesse caso, o percentual de reajuste será pago retroativamente a partir da confirmação da peça orçamentária.

A tendência é que o Judiciário siga o mesmo entendimento do Legislativo. No Supremo Tribunal Federal, o reajuste não será pago. O mesmo vale para o Tribunal de Contas da União (TCU).

O não pagamento está fundamento no parágrafo único do Artigo 7º da Lei 12.776, de 2012, que dispõe sobre o quadro de pessoal e plano de carreira do TCU. O artigo diz que o reajuste fica condicionado à sua expressa autorização em anexo próprio da lei orçamentária. No caso do STF, a previsão legal é a mesma e está contida no artigo 4º da Lei 12.771, de 2012.

A Câmara vai respeitar o limite orçamentário de dezembro de 2012. "Não haverá aumento de despesa enquanto não for aprovado o Orçamento de 2013", informou a assessoria de imprensa da Casa. A mesma posição, segundo um funcionário do setor de pagamentos, vai ser adotada no Senado.

Para pagar os salários em janeiro já com reajuste, o Ministério do Planejamento se apoia no Inciso I do Artigo 50 da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), que autorizaria a execução provisória de projetos, que preveem aumento salarial, já aprovados pelo Congresso Nacional. O MPU também aponta essa base legal para os pagamentos.

No fim de dezembro, a ministra do Planejamento, Miriam Belchior, explicou que, quando o Congresso não vota o Orçamento em tempo hábil, há uma autorização prévia para despesas de custeio referentes a 1/12 do indicado no Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA). Esse montante é automaticamente liberado para fazer face, por exemplo, à folha de pagamentos. Na ocasião, ela disse ainda que todos os acordos assinados com os representantes dos servidores em agosto, e que tiveram os projetos de lei enviados ao Congresso, estariam com os reajustes assegurados a partir de janeiro. Mas as categorias que negociaram depois teriam de aguardar a votação do Orçamento.

Em 2012, a União fechou acordo com 1,69 milhão de servidores do Executivo, ou 93% do total. Esse reajuste de salários terá impacto de R$ 8,9 bilhões em 2013.

No Legislativo, Senado, Câmara e TCU, o reajuste será de 15,8% ao longo de três anos, com custo de R$ 285 milhões. O mesmo percentual de reajuste e prazo foi acertado com o Judiciário e com o MPU, custando R$ 964 milhões e R$ 123 milhões respectivamente.

Fonte: Valor Econômico

Do frio ao morno - Míriam Leitão

O IBC-Br de novembro em 0,4%, divulgado pelo Banco Central, foi melhor do que o esperado, mas há grande risco de o PIB do quarto trimestre decepcionar de novo. As projeções apontam para uma taxa abaixo de 1%. Há quem preveja até menor que os 0,6% do terceiro tri. Os investimentos terão a sétima queda trimestral seguida. O primeiro trimestre de 2013 pode também ser fraco.

Se for confirmado o 1% do PIB em 2012, o governo Dilma chegará à metade do mandato com crescimento médio de 1,85%. O primeiro governo FHC cresceu 3,25%, em média, nos dois primeiros anos. No segundo mandato, cresceu 2,25%, na mesma comparação. No primeiro de Lula, deu 3,4%, e no segundo, 5,55%, também nos dois primeiros anos.

As previsões mais frequentes são de que o PIB pode crescer em torno de 3% em 2013, mas persistem as mesmas incertezas que levaram a economia a minguar em 2012. O economista Armando Castelar, da FGV, acha que as mudanças na área de energia provocarão um primeiro trimestre de paralisia de investimento. A queda do preço não muda isso, segundo ele, porque há dúvidas sobre o suprimento e o preço elevado no mercado spot pode levar eletrointensivos a revenderem suas sobras, em vez de aumentarem a produção.

Os números mostram que a economia brasileira está num processo de desaceleração contínuo desde o terceiro trimestre de 2010, quando saiu de uma taxa de 7,6% de alta e desceu a 0,9% no terceiro tri de 2012. Nada indica reversão no final do ano passado. A esperança é de que mude durante 2013.

O dado oficial do PIB de 2012 só será divulgado no dia primeiro de março, pelo IBGE. Mas os números até aqui não são bons. A produção industrial, até novembro, está com queda de 2,6%. A balança comercial fechou o ano com o pior saldo dos últimos 10 anos. A formação bruta de capital fixo, sinônimo de investimentos, caiu 3,9% de janeiro a setembro.

Para o quarto trimestre, a Tendências Consultoria estima alta de 0,4% no PIB, menos que os 0,6% do terceiro. Alguns indicadores, já divulgados, decepcionaram. O fluxo de caminhões pesados nas estradas ficou 1% menor, na comparação com o terceiro tri. A expedição de papelão ondulado, termômetro das encomendas industriais, caiu 0,5%. Mas o consumo de energia subiu 2,1%, na mesma comparação.

O economista Fábio Silveira, da RC Consultores, estima que os investimentos terão nova queda no quarto trimestre, de 1,2%, que seria a sétima retração trimestral consecutiva. A capacidade ociosa da indústria continua alta e ela tem peso de mais de 50% nos investimentos. Se há máquinas paradas, não há razão para os empresários aumentarem a capacidade de produção.

- Até dezembro, eu acreditava que os investimentos pudessem se recuperar no primeiro semestre deste ano. Mas isso só vai acontecer no segundo semestre. Há ainda ociosidade na indústria - disse Silveira.

O que mais ajudou no último trimestre foi a produção de veículos, que subiu 4%. Mas ela foi impulsionada pelas vendas do IPI reduzido. Uma notícia boa é que os empresários continuam confiantes. O HSBC tem um indicador que mede a confiança dos empresários e ele se manteve acima de 50 pontos entre setembro e dezembro, o que significa otimismo e crescimento. A FGV também faz pesquisa parecida e ela subiu 1,9% no quarto trimestre. Ainda assim, isso é pouco para dizer que a economia recuperou o vigor.

Para o ano de 2012, a Tendências estima que o crescimento será de 0,8%. A indústria, que no cálculo do PIB engloba também a construção civil, deve cair 0,8%. Os investimentos devem fechar com queda de 3,7%. A agropecuária, com retração de 1,2%, porque houve quebras de safras no início do ano. Puxando a economia, continuam o setor de serviços, o consumo das famílias e os gastos do governo.

A crise externa explica apenas uma parte do baixo crescimento. A economista Monica de Bolle, da Galanto Consultoria, lembra que o quadro no começo deste ano é bem melhor lá fora. Há sempre a dúvida fiscal americana, mas a Europa saiu da beira do abismo e os EUA estão em um início de retomada do crescimento.

Nossas principais travas ao crescimento mais forte continuam sendo internas. O cenário é de o Brasil sair de uma economia fria, para um nível de atividade morna ao longo do ano. Podem haver surpresas, mas, segundo Monica, mais risco de ter surpresas para menos do que para mais.

Fonte: O Globo

Começa complicado - Celso Ming

Na sua primeira reunião do ano, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, presidido por Alexandre Tombini, reconheceu que foi surpreendido tanto por uma inflação alta demais como por uma recuperação da atividade econômica (crescimento do PIB) "menos intensa do que a esperada".

Ou seja, a inflação deste ano está embicando para acima dos 4,9%. E vai pintando um crescimento do PIB inferior aos 3,3% (nos 12 meses terminados em outubro de 2013) - magnitudes projetadas no último Relatório de Inflação, editado em dezembro.

Desta vez não dá para culpar a crise internacional pelo agravamento das condições físicas da economia. Seu impacto sobre o Brasil já estava computado e, de lá para cá, não houve piora significativa. Como geralmente ocorre, as causas do problema estão aqui dentro.

No caso da inflação, o fator mais relevante é a atual incapacidade do governo de cumprir as metas fiscais, especialmente o superávit primário de 3,1% do PIB (cerca de R$ 140 bilhões em 2012), que é a sobra de arrecadação destinada ao pagamento da dívida. É dinheiro demais despejado no consumo que puxa a inflação.

Alguns analistas, entre os quais o ex-ministro da Fazenda Delfim Netto, argumentam que, nas atuais circunstâncias, um superávit de 2,0% do PIB (ou seja, de cerca de R$ 90 bilhões), em vez desses 3,1% do PIB a que se comprometera o governo, já estaria de bom tamanho. E que, no momento, o que mais importa é a transparência da administração das contas públicas, tão prejudicada ao longo de 2012.

O problema é que a definição e o não cumprimento do superávit de 3,1% do PIB têm implicações em outras áreas da administração da economia, como o do próprio controle da inflação.

O Banco Central, por exemplo, deixou claro em seus documentos, especialmente no Relatório de Inflação e nas Atas do Copom, que, entre as condições necessárias para entregar uma inflação na meta (ou alguma coisa acima disso), estão a obtenção do superávit de 3,1% do PIB e o reajuste zero nos preços dos combustíveis. Se o governo não pode mais garantir nem um nem outro, fica prejudicado também o controle da inflação n os níveis a que se comprometeu o Banco Central.

As coisas ficaram mais complicadas porque mudou a relação, sempre delicada, entre Banco Central e Ministério da Fazenda. Ao longo da administração Lula, o Banco Central olhava para as lambanças na condução das contas públicas e as tomava como fato consumado, um dado da realidade. Com base nisso, calibrava os juros de maneira a empurrar a inflação para dentro da meta. No governo Dilma, o Banco Central recebeu a ordem de derrubar os juros para os 7,25% ao ano onde estão hoje e, em troca, tinha como garantido o superávit primário de 3,1% do PIB pelo Ministério da Fazenda.

O Banco Central fez sua parte no acordo. No entanto, no meio do caminho, se viu traído pelo pessoal da Fazenda, que não cumpriu (ou não conseguiu cumprir) o combinado.

Na próxima Ata do Copom, cuja divulgação está programada para a próxima quinta-feira, o foco das atenções será a nova expectativa do Banco Central para o crescimento econômico, para as metas de austeridade fiscal e para os reajustes dos combustíveis. Mas o desempenho da economia brasileira em controle da inflação e crescimento do PIB começa o ano fortemente comprometido.

Fonte: O Estado de S. Paulo

Racionalizações do fiasco - Rogério Furquim Werneck

O governo vem digerindo com dificuldade a previsão de que taxa de crescimento do PIB, depois dos pífios 2,7% de 2011, deverá ser inferior a 1% em 2012. Surpreendida por esse desempenho, a equipe econômica, pressionada pelo Planalto, se vê agora obrigada a engendrar racionalizações de última hora que possam explicar o fiasco.

Artigos do ministro da Fazenda e do presidente do BNDES, publicados no final do ano, bem ilustram o contorcionismo fantástico que tem pautado esse esforço desesperado de racionalização. O ministro Guido Mantega abraçou-se a uma explicação completamente estapafúrdia. "Tenho procurado alertar para os paradoxos da fase de transição vivida pela economia brasileira. As mudanças na taxa de juros e no câmbio não têm efeitos imediatos. A economia brasileira estava "viciada" em juros altos e real sobrevalorizado. É necessário, portanto, um processo temporário de "desintoxicação"" ("O Estado de S. Paulo", 23/12/2012).

Nessa mesma edição do "Estado", Luciano Coutinho publicou artigo intitulado "Desafios e oportunidades do crescimento desequilibrado", com um subtítulo prolixo e pomposo: "Uma homenagem a Albert Hirschman, que nos permite uma visão promissora do que hoje parece uma situação de baixo dinamismo econômico."

Menções a Hirschman, de quem tive a sorte de ter sido aluno há quase 40 anos, são sempre bem-vindas. Era um economista com ideias extraordinariamente interessantes. Morreu há pouco mais de um mês, com bem vividos 97 anos. Tinha um talento admirável para fazer inferências surpreendentemente férteis com base em fatos isolados, sem medo de "se expor à dupla acusação de excesso de generalização e insuficiência de documentação", como ele mesmo alegava.

A ideia de crescimento desequilibrado, que defendeu em meados dos anos cinquenta, opunha-se à noção de que o processo de crescimento deveria envolver expansão harmônica de todos os setores da economia. Hirschman arguía que essa harmonia, que se detectava no crescimento dos países desenvolvidos, era muito difícil de ser assegurada em economias subdesenvolvidas (como então se dizia).

Por contar com escassa capacidade de tomar decisões de investimento, tanto no setor privado como no governo, essas economias estavam fadadas a ter um crescimento marcado pela expansão desequilibrada dos seus vários setores. O que implicava interminável sucessão de gargalos, desabastecimentos e racionamentos temporários, decorrentes, de um lado, do aproveitamento defasado de oportunidades de investimento pelo setor privado e, de outro, da necessidade de esperar que as pressões políticas atingissem nível suficientemente crítico para que os esforços requeridos de investimento público, afinal, pudessem ser viabilizados.

A ideia de crescimento desequilibrado é inegavelmente interessante. Permite, por exemplo, entendimento mais claro da desordenada expansão da economia brasileira nos anos cinquenta. O quadro caótico que esse desordenamento trazia à então capital do País foi bem satirizado em uma conhecida marchinha de carnaval de 1954: "Rio de Janeiro/Cidade que me seduz/De dia falta água/De noite falta luz."

O que causa espanto é que, passados 60 anos, o governo tenha decidido agora desenterrar a ideia de crescimento desequilibrado, para racionalizar o desempenho medíocre da economia. De um lado, porque ela em nada ajuda a entender a estagnação de 2012, a não ser que a intenção do governo seja usá-la para um mea culpa sobre o investimento entravado.

De outro, porque não se pode esquecer que a campanha eleitoral da presidente Dilma Rousseff foi toda baseada nos supostos talentos administrativos da candidata, apresentada como "mãe do PAC" e restauradora de práticas de planejamento que levariam a um crescimento rápido e harmônico, liderado por um programa de investimentos que permitiria expansão ordenada de capacidade, a tempo e a hora. Empenhado em justificar o fiasco, o governo parece não ter percebido que seu malcozido discurso do crescimento desequilibrado é a negação frontal de tudo isso.

Rogério Furquim Werneck é economista e professor da PUC-Rio.

Fonte: O Globo e O Estado de S. Paulo

Renata Bueno candidata ao Parlamento italiano

Por: assessoria do PPS

Renata Bueno é a nossa candidata a deputada nas eleições italianas de 24 e 25 de fevereiro próximo. Ela morou quatro anos na Itália, onde fez o seu mestrado, além de cursos na área de Direitos Humanos. Na matéria abaixo, mais informações sobre as eleições na Itália e, na entrevista que segue, a candidata fala sobre sua relação com o país europeu, a inciativa de se candidatar a uma vaga no Parlamento, a importância de o Brasil ter uma representação forte na política italiana, como funciona o processo eleitoral, entre outros temas.

Renata Bueno (PPS-PR), integrante do Diretório Nacional do PPS, pode se tornar a primeira brasileira eleita deputada no Parlamento da Itália. Na última semana, durante reunião da Executiva Nacional do partido, em São Paulo, ela recebeu o apoio da legenda à sua candidatura.

As eleições acontecem nos dias 24 e 25 de fevereiro. Os italianos que moram no Brasil ou brasileiros descendentes de italianos devem receber as cédulas de votação em suas casas, pelo correio, já no próximo dia 6 de fevereiro.

Renata, que já tem experiência parlamentar como vereadora em Curitiba, será candidata por uma lista cívica independente denominada União Sul-Americana de Emigrantes Italianos (USEI), que oferece quatro vagas de deputados e duas de senadores a representantes dos países da América do Sul. Só em São Paulo, há 115 mil italianos em condições de votar (é o maior colégio eleitoral do país, seguido por Paraná e Santa Catarina). Vencerá a eleição quem tiver o maior número de votos pela lista cívica.

Desde 2006, a Itália abre espaço para candidaturas de representantes de outros países. A integrante do PPS conta com o apoio do ex-senador italiano Edoardo Pollastri, uma das figuras mais respeitadas da política local, que disputará uma das vagas no Senado. Com dupla nacionalidade, Renata Bueno morou quatro anos na Itália, onde fez pós-graduação e mestrado, além de cursos na área de Direitos Humanos. Na entrevista abaixo, a candidata fala sobre sua relação com o país europeu, a iniciativa de se candidatar a uma vaga no Parlamento, a importância de o Brasil ter uma representação forte na política italiana, como funciona o processo eleitoral, entre outros temas.

O amor pela Itália

Já tenho dez anos de namoro com a Itália. Fiz pós-graduação e mestrado no país. No período em que morei lá, busquei a origem da minha família e isso fortaleceu muito os meus laços com a Itália. Fiquei quatro anos morando lá e voltei ao Brasil há seis anos, mas continuei esse trabalho. Quando fui vereadora, trouxe para Curitiba vários projetos que achei interessantes na Itália e que pudemos aplicar aqui, como a Virada Cultural, por exemplo. E tivemos vários projetos na área de convênios entre universidades, na área da economia, com parcerias entre bancos, empresas privadas, etc. Brasil e Itália são países-irmãos que devem estreitar cada vez mais seus laços.

Surgimento da candidatura

Como vereadora, comecei a cruzar muitos pontos de interesse com a Itália e com a política do país. E o PPS tem esse perfil internacionalista muito forte em sua atuação política e sua história. A Argentina, por exemplo, é muito organizada na política italiana, mas aqui no Brasil nós não somos muito organizados e ainda temos uma representação muito fraca lá. A partir dessa aproximação, algumas lideranças políticas começaram a conversar comigo. Com a queda do governo (de Mario) Monti (primeiro-ministro que renunciou ao cargo em dezembro do ano passado), o senador (Edoardo Pollastri) me procurou para fazer parte da União Sul-Americana de Emigrantes Italianos (USEI). É uma lista cívica onde a gente pode representar os interesses dos italianos que moram em outros países e dos seus descendentes. Em relação ao senador, nós, do PPS, já havíamos apoiado sua candidatura em 2006 e 2008, e ele já tem este vínculo com uma política de centro-esquerda.

Atuação no Parlamento

Nós nos alinharemos ao governo de centro-esquerda. Para que se componha um bom governo, vamos continuar nessa linha ideológica. O Partido Democrático (PD) tem uma relação histórica com o PPS, há uma cooperação mútua entre ambos. Nós já somos parceiros e aliados há muito tempo.

Momento atual da política italiana

É um momento muito delicado e de muita mudança. Na verdade, o mundo todo vem passando por esse processo de reflexão, e na Itália não é diferente, até pelo fato de o país estar passando por uma crise econômica. O cidadão italiano é muito politizado e isso gera uma expectativa muito grande para essa eleição. Acredito que vai ser um momento importantíssimo. E não podemos nos esquecer que a Itália é um país que reflete na economia mundial, o que torna essa eleição ainda mais importante.

A importância da candidatura

Esse é um ponto de destaque na nossa campanha. Nosso esforço é conscientizar essas pessoas, mostrar a importância desse voto e mostrar que é um direito nosso. Fui atrás de toda a história da minha família. Hoje, é muito comum o jovem buscar isso, a gente se apega a essa nossa origem. E estou muito feliz por ser a representante brasileira na eleição. Nosso projeto para o PPS não é só participar das eleições, mas ajudar na organização da política italiana e na consolidação da participação brasileira.