O impacto da fala desastrada de Lula nos
juros
O Globo
Descompromisso com as metas fiscais revelado
pelo presidente dificulta a missão do Banco Central
A penúltima reunião de 2023 do Comitê de
Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) começa amanhã com o mercado
num clima de dúvida. O encontro acontece quatro dias depois de o presidente
Luiz Inácio Lula da
Silva ter declarado
que a meta fiscal de 2024 dificilmente será zero. Ao ser questionado
hoje sobre o tema, o ministro da Fazenda, Fernando
Haddad, reiterou seu compromisso com a meta assumida pelo governo:
“Minha meta está estabelecida: vou buscar o equilíbrio fiscal de todas as
formas justas e necessárias para que tenhamos um país melhor”.
A declaração desastrada de Lula vai além de desautorizar publicamente quem ele próprio escolheu para cuidar da economia. Lula volta a agir como se fosse um comentarista econômico, não um ator com poder de influenciar expectativas do mercado. Com isso, só contribui para dificultar o desafio do BC. Haddad tentou aliviar o clima, e a maioria dos analistas acredita que o BC cortará os juros em meio ponto percentual (para 12,25%). Mas cresceu a dúvida sobre quando terminará o ciclo de queda iniciado em agosto.