Chegamos a esse auspicioso resultado sem
termos recorrido a formas exasperadas de luta, sequer, como nos anos 1980 a manifestações massivas de protestos, mas por meio de um movimento
da opinião pública que foi tomando forma na medida em que encontrava respaldo
na ação dos nossos mais altos tribunais, especialmente no STF e em setores da
imprensa, que asseguraram a vigência da Constituição, e, fundamentalmente, a
defesa do calendário eleitoral, terreno propício à manifestações da vontade
democrática.
Aberta a competição eleitoral, logo se estampou o tamanho do dissídio entre o governo e a população aferido pelos institutos especializados nas disputas eleitorais, quando se teve notícia do caráter singular desse pleito ao revelar que o voto denunciava ser determinado por duas questões fundamentais, a da perversa distribuição de renda no país e a das mulheres, objeto do secular patriarcalismo que as mantém em submissão. As desigualdades regionais também afloraram com força, indicações eloquentes de que nessas eleições bem mais do que uma simples mudança de governo, estão vindo à luz os temas pertinentes ao aprofundamento da democracia brasileira.