segunda-feira, 1 de outubro de 2018

Fernando Gabeira: Primeiros dias do novo mundo

- O Globo

Período que vem por aí é muito difícil. Você não inveja os vencedores, a economia patina, o Congresso não se renova

Outro dia, uma simpática leitora me escreveu, dizendo que eu estava em cima do muro. Não é exatamente isso o que acontece. Estou na mesma posição que estarei depois das eleições: independência crítica.

Não gosto de muros, tanto que, quando caiu o de Berlim, mudei-me para lá com a família, para acompanhar as consequências. Nem todo muro dá para aceitar. Nas eleições municipais do Rio, recusei a alternativa que a maioria dos eleitores me apresentou.

Recusá-la agora não significa desrespeito às grandes multidões que escolhem Lula ou Bolsonaro. Pelo contrário, uma oposição consciente pode ser uma forma de valorizar essa escolha.

A amiga pede que eu rejeite apenas Bolsonaro. É ameaçador para a democracia. Ela leu nos jornais que o PT, ao contrario, tem um forte compromisso com a democracia.

Respeito sua posição e a dos jornalistas. No entanto, era deputado federal no período do mensalão. Discutir com fantoches comprados pelo governo era para mim um arremedo de democracia.

Creio que passa por aí nossa divergência. No meu entender, a ameaça à democracia não se resume hoje ao clássico golpe militar, com tanques na rua. Ela pode ser subvertida por dentro, envenenada aos poucos.

Ana Maria Machado: Aquilo deu nisto

- O Globo

Como se alimentou essa exacerbação das discordâncias, em nível tão hostil e raivoso? A escalada verbal corrói a política

Em uma conjuntura eleitoral em que a retórica irresponsável insinua fraudes e ameaças de golpe, e se soma a mentiras em cascata, repete-se a pergunta: como chegamos a este ponto?

É que as coisas têm consequências concretas. É claro que escolhas levianas causam efeitos desastrosos. A falta da reforma política impede a renovação. O Congresso votou absurdo atrás de absurdo. O STF desencavou firula após firula para não deixar mudar nem punir poderosos. Inevitavelmente, de erro em erro, aquilo lá atrás deu nisto aqui.

Veja-se o incêndio do Museu Nacional. Não se trata de apontar culpados e crucificar o reitor ou propor a privatização das universidades, como os melindres distorceram as análises frias. Mas é impossível não atentar para prioridades equivocadas quando, como calculou a BBC, toda a verba aplicada este ano no museu daria para cobrir os gastos de 15 minutos do Congresso Nacional — ainda que ninguém esteja propondo seu fechamento. Alguma coisa está errada nisso. Que tal comparar? Que percentual coube a todos os nossos museus, em relação ao que o BNDES deu a Joesley Batista? Como não perceber que tantas carências fundamentais têm a ver com a desastrosa “nova matriz econômica” de Dilma e Mantega?

Cacá Diegues: O voto da semana

- O Globo

A democracia é o único sistema possível numa civilização respeitável. E ela não é a imposição do modo de vida da maioria

Estamos a uma semana da eleição mais tensa e histérica do Brasil moderno. Não é que as outras tenham sido sempre saudáveis. Mas essa pode se tornar o clímax de todos os erros que cometemos antes, desde o Império, quando o imperador isento e bonachão deixava que os dois partidos, o Liberal e o Conservador, ficassem dando golpes um no outro.

Nasci sob o Estado Novo ditatorial de Getúlio Vargas. Só já maduro fui descobrir que, na primeira eleição depois de sua queda, o Brasil havia eleito, como presidente da redemocratização, o Ministro da Guerra do ditador. Depois, na eleição seguinte, foi o próprio ex-ditador, responsável por crimes hediondos, que voltou ao poder, por votação democrática. Embora, devido à idade, ainda não votasse, em 1955 me engajei com entusiasmo adolescente na campanha de Juscelino Kubistchek, o rei da simpatia.

A primeira eleição em que tive idade para votar de fato foi a de 1960. Fui um dos poucos de minha turma politizada que votou no marechal Lott e não em Jânio Quadros, como quase todo mundo. Diziam que até o presidente da UNE, líder e responsável pela frente popular mais vasta na história do movimento estudantil, havia se encantado com o demagogo farsante que, com sua inexplicável renúncia, atirou o Brasil numa crise que gerou o golpe militar de 1964.

A ditadura militar durou 21 anos. Quando veio a nova redemocratização, a sequência política ficou parecida com a de Vargas: o presidente da redemocratização tinha sido presidente do partido da ditadura. Na primeira eleição direta e democrática que tivemos a seguir, elegemos outra vez um aventureiro, que outra vez deixou o governo antes de completar o mandato legal. Só que, agora, a Justiça é que o tirava do trono que não merecia ocupar.

E então, numa graça inesperada, vieram dezoito anos de euforia pública, durante Itamar, FHC e Lula. O Brasil se tornava uma nave de esperança, flutuando na direção que sempre pretendemos para nós – um país menos desigual, com mais oportunidades para todos, acabando com a inflação endêmica, tratando melhor a habitação, a educação e a saúde de seu povo, fiel a um sistema democrático que nunca tentou violar, se dando ao respeito universal.

Marcus André Melo: Levitsky e o Brasil

- Folha de S. Paulo

O autor analisa o caso brasileiro de forma inconsistente com seu argumento

O debate brasileiro tem sido influenciado pelos argumentos de Steven Levitsky, co-autor de “Como as Democracias Morrem”, Zahar). O livro tem recebido avaliações bastante críticas. A principal delas é que há um viés de seleção nos casos que examina. Os dois principais preditores da sobrevivência da democracia —renda e experiência anterior com regimes semicompetitivos— não são levados em consideração.

O foco do livro são os EUA sob Trump. Mas Levitsky examina outros países não comparáveis com os EUA (Rússia, Peru, Nicarágua) e casos históricos, argumentando que há lições a serem extraídas.

O principal argumento é que hoje a democracia não desaparece devido a golpes, mas pela “erosão” progressiva das instituições: “É assim que subvertem a democracia —aparelhando tribunais e órgãos independentes, comprando a mídia e o setor privado e reescrevendo as regras da política para mudar o mando de campo e virar o jogo contra oponentes”. (p. 19) E mais: isso ocorre atualmente sem recurso explícito ao autoritarismo, que se consolida ex post.

Os autores então perguntam-se “até que ponto a democracia norte-americana é vulnerável a essa forma de retrocesso? Suas fundações são sem dúvidas mais fortes do que as de países como Venezuela, Turquia ou Hungria. Mas serão fortes o bastante?”. Passado mais um ano desde que o livro foi concluído, e dado o acúmulo de derrotas de Trump, muitos críticos têm concluído que o alerta era exagerado: não há morte à vista.

O livro não trata do Brasil, mas em colunas nesta Folha, Levitsky tem estendido a análise ao nosso país de forma inconsistente com seu próprio quadro argumentativo.

Vinicius Mota: Conspiradores alucinados

- Folha de S. Paulo

Uma minoria de militantes e comentaristas radicalizados nestas eleições padece da psicose que projeta no adversário monstruosidades ainda não praticadas

Cássio, Brutus e Casca integram a turma de oligarcas desesperada para tirar a República romana da rota da destruição. Concluem que assassinar Júlio César é o certo a fazer.

Os conspiradores, na encenação de Shakespeare, têm um problema. Não há prova de que César vá subverter a ordem republicana para tornar-se ele mesmo um monarca.

Daí brota a sacada do dramaturgo inglês sobre a psicologia por trás da violência na política. “Como a luta não carrega a cor daquilo que ele é”, diz Brutus a um criado sobre César, “então combinemos isto: que o que ele é, se fosse aumentado, desaguaria em tais e tais extremidades”.

É preciso imaginar, projetar no futuro, as desgraças ainda a serem perpetradas pelo inimigo a fim de nutrir o convencimento para a ação imediata. Criar uma ficção e acreditar nela. César será massacrado no Senado não pelo que ele é, mas pelo que poderia ter sido.

Foi Shakespeare, não George W. Bush, quem inventou a doutrina do ataque preventivo. Até a alegoria muito repisada nessas horas, o ovo da serpente, está lá, na fala de Brutus. É mais fácil esmagá-la enquanto está encapsulada, argumenta o homicida em formação.

Celso Rocha de Barros: Bolsonaro fará guerra aos pobres

- Folha de S. Paulo

Achei que a ideia do anti-Lula fosse contra o que Lula tinha de ruim, não de bom

Em um tuíte de 2014 —publicado pelo jornal carioca Extra em 4 de outubro de 2016 (e depois apagado sem explicações)—, Carlos Bolsonaro defendeu que o Bolsa Família só seja oferecido a quem aceitar se submeter a laqueaduras (que impediriam as brasileiras pobres de terem filhos) ou vasectomias (que impediriam os brasileiros pobres de terem filhos).

A ideia, portanto, era que as mulheres pobres que quisessem ter filhos morressem de fome com seus filhos no colo.

A principal proposta de Bolsonaro para reduzir a mortalidade infantil, a propósito, é mandar as mulheres escovarem os dentes. Pois é, ele fala essas coisas.

Mas se não tiver jeito e o pobre acabar nascendo e sobrevivendo de algum jeito, a família Bolsonaro também tem duas sugestões para ele: trabalhar ganhando menos e morrer sem ver o filho formado.

A esquerda gosta de lembrar que Bolsonaro —cujo partido, o PSL, é o mais fiel a Temer nas votações no Congresso— votou a favor da reforma trabalhista. Isso não é nada, amigos.

Bolsonaro defende a criação de uma carteira de trabalho verde-amarela, diferente da azul porque não garante nenhum direito ao trabalhador.

Os trabalhadores mais pobres, que têm menos poder de barganha, acabariam sendo obrigados a aceitar a carteira verde-amarela e perderiam seus direitos.

Essa segmentação do mercado de trabalho arrisca aumentar de novo a distância entre os pobres e a classe média, distância que caiu durante o governo Lula.

Bruno Carazza: O PT nos empurrou para a ditadura de Bolsonaro

- Folha de S. Paulo

Não basta a Haddad fazer uma nova “Carta aos Brasileiros” para conquistar o centro

Em editorial de capa no domingo (30), a Folha conclamou Jair Bolsonaro e Fernando Haddad a firmarem compromissos explícitos com a democracia brasileira. Preocupa não apenas a crescente polarização da sociedade, mas sobretudo a postura dos candidatos líderes nas pesquisas de flertar com soluções autoritárias como saídas para a crise.

A se confirmarem as previsões, teremos no segundo turno das eleições presidenciais deste ano o ápice de um processo que levou a confiança da população brasileira nas instituições políticas a seus níveis mais baixos. A exposição das vísceras do nosso sistema político pela Operação Lava Jato, uma recessão econômica quase sem precedentes e a incapacidade do Estado de prover serviços de qualidade (a começar pelos mais básicos, como segurança, saúde e educação) nos colocam em uma encruzilhada histórica.

Baseados no trabalho do germânico-espanhol Juan Linz, os cientistas políticos Steven Levitsky e Daniel Ziblatt, de Harvard, apresentam no recém-lançado “Como as Democracias Morrem” um roteiro para identificar comportamentos políticos antidemocráticos.

O teste pode ser resumido em quatro perguntas direcionadas a partidos ou políticos: 1) Eles rejeitam as regras do jogo?; 2) negam a legitimidade dos seus adversários?; 3) são tolerantes com a violência?; 4) defendem medidas que restrinjam liberdades civis?

Fernando Limongi: A ameaça fantasma

- Valor Econômico

Estratégia suicida da centro-direita abriu espaço para Bolsonaro

Bolsonaro estagnou, enquanto Haddad continua a crescer. Os demais candidatos estacionaram. No segundo turno, Bolsonaro perde para todos.

A direita está presa à sua candidatura. Não tem para onde correr. Geraldo Alckmin já não cola, mas já fez sucesso. Em 2014, virou governador de São Paulo no primeiro turno. Em 2016, noutro momento de glória, elegeu o poste Doria prefeito da capital - poste do tipo traíra, mas poste mesmo assim. No última Datafolha, Geraldo não passou de 16% - até Ciro subiu mais - entre os paulistas.

A estratégia suicida da centro-direita criou esta terra arrasada pela qual Bolsonaro ascendeu. No início de 2015, Fernando Henrique Cardoso alertou seus pares para as consequências do desatino. O impeachment, advertiu, seria como a bomba atômica: servia para dissuadir, mas nunca para disparar. Foi o que bastou para que O Antagonista o desancasse, levantando suspeitas de que estaria a soldo de banqueiros norte-americanos. Cardoso, no final das contas, se esqueceu das lições de Ulysses Guimarães e se juntou à nau dos insensatos, que liderou o impeachment. A partir de então, a irracionalidade encontrou ambiente ótimo para se desenvolver. Bolsonaro foi o único representante da direita capaz de sobreviver neste terreno radioativo. Como as pesquisas indicam, mesmo o mutante morrerá na praia. Chegará ao segundo turno em decomposição.

Internado, Bolsonaro soltou vídeos e concedeu entrevistas a jornalistas escolhidos a dedo, tentando passar imagem mais humanizada. Não faltaram lágrimas e referências à intervenção divina que o teria salvado do atentado a faca. "Um milagre", repetiram vezes sem conta o candidato e seus filhos.

Bolsonaro crê que Deus o salvou, mas que as mãos que o alvejaram teriam obedecido a desígnios terrenos. Em entrevista à "Jovem Pan", declarou que não acredita neste 'papinho' de que seu agressor teria agido sozinho. Fiel às suas teorias conspiratórias, o candidato tem certeza de que os investigadores estão fazendo tudo para abafar o caso "porque o que está em jogo é o poder. Eu chegando lá, nós quebramos o sistema. Não é na ignorância não, é na lei, é na lei."

*Denis Lerrer Rosenfield: Entre a prisão e o hospital

- O Estado de S.Paulo

Candidatura da 'direita' é uma resposta à corrupção, à insegurança que grassa pelas ruas e ao politicamente correto

Do cárcere, um ex-presidente condenado por crimes de corrupção e lavagem de dinheiro manipula o processo político via processos ditos jurídicos, agindo por interposta pessoa, no caso, o candidato Fernando Haddad. No hospital, um candidato atacado, vítima de um ato cruel, sobreviveu e se manteve presente politicamente via redes sociais. O primeiro representa uma esquerda degenerada que descambou para o crime e para o aparelhamento dos Poderes constituídos. O segundo representa o antipetismo, tão ancorado na sociedade brasileira, seja por reação ideológica, seja pela necessidade de uma limpeza da vida pública.

Considerar, agora, uma terceira alternativa não é uma proposta séria, por partir de completo desconhecimento da realidade. Esta está dada, e atente pelo nome da oposição entre petismo e antipetismo, entre defesa da corrupção e seu combate. As artimanhas das últimas semanas, permeadas por ideias de uma terceira via, mais servem para apaziguar consciências desnorteadas que, em nome do politicamente, correto, procuram uma fuga da realidade. Para além da iniciativa tardia, imagine-se a confusão nas urnas eletrônicas, com candidatos que lá estariam e não estariam mais!

Como máscara a acobertar uma suposta “justificativa”, aparece a defesa da democracia contra o “fascismo” e outras bobagens do gênero. De repente, num toque de magia, todos se tornaram “democratas”, até mesmo aqueles cuja longa trajetória se caracterizou pela defesa das ditaduras castrista, de Chávez e de Maduro e, de modo geral, do “socialismo bolivariano”. São democratas da mais alta estirpe, certamente! Isso para não falar da corrosão das instituições democráticas, das investidas contra a Lava Jato e da apropriação de empresas públicas, sendo o caso da Petrobrás o mais emblemático.

*Almir Pazzianotto Pinto: Precarização do emprego, fantasia e realidade

- O Estado de S.Paulo

Se desconhecer a 4.ª Revolução Industrial, o Brasil será dizimado pelo desemprego

Operários e máquinas jamais mantiveram boas relações de amizade. A 1.ª Revolução Industrial (1780-1914), deflagrada com utilização de novas ferramentas e equipamentos, resultou na possibilidade de um só operário substituir dezenas ou centenas, condenados ao desemprego. Nas palavras do historiador W. O. Henderson, “as máquinas britânicas que mais impressionaram os contemporâneos foram as que estimularam a expansão da indústria algodoeira.

Em 1840, uma fábrica de algodão, empregando 750 operários e usando uma máquina a vapor de 100 hp, podia fazer trabalhar 50 mil fusos e produzir tanto fio quanto 200 mil operários que usassem fiandeiras manuais. Uma máquina de estampar tecido de algodão, dirigida por um único homem, podia produzir tantos metros de estampado por hora quanto 200 homens produziam imprimindo à mão” (W.O. Henderson, A Revolução Industrial, Ed. Verbo-USP, 1979).

A Revolução Industrial enriqueceu os empresários pioneiros na utilização das novas tecnologias e provocou o nascimento da classe operária. Homens, mulheres e crianças foram arrebanhados da zona rural para trabalhar em oficinas insalubres, mediante o pagamento de míseros salários.

A violência organizada contra as máquinas surgiu com o movimento ludista, cujo auge foi alcançado na Inglaterra entre 1811 e 1812. Liderado por produtores artesanais de meias do condado de Nottingham, exigiu o retorno aos métodos manuais de fabricação, pois a utilização de máquinas aumentava a produção e diminuía a renda, “tornando mais dura a vida dos operários”. “Quebram centenas de ferramentas, saqueiam as residências dos mestres, alcançam as regiões vizinhas. necessária uma intervenção militar para restabelecer a ordem”, escreveu o historiador Jean-Pierre Rioux em A Revolução Industrial (Pioneira Editora, 1975). As batalhas travadas pelos trabalhadores contra a máquina eram violentas, sangrentas, cruéis, amplamente dispersivas e, naturalmente, não alcançaram sucesso, registrou Jürgen Kuczynski no livro Evolução da Classe Operária (Ed. Guadarrama, Madri, 1967, tradução livre).

Cida Damasco: Na vida real

- O Estado de S.Paulo

No vale-tudo virtual, sobram‘soluções’ para a economia. Mas realidade desafia governo

A uma semana do primeiro turno das eleições presidenciais, parece que dois Brasis convivem em torno das principais candidaturas. Um deles, desenhado principalmente nas redes sociais, que preconizam o inferno ou o paraíso na economia do País, dependendo de quem for o vitorioso – o mergulho na recessão ou a volta à era da prosperidade. O outro Brasil, do mundo real, em que as dificuldades são mostradas na sua verdadeira dimensão e, por isso mesmo, deixam à vista, para quem quer enxergar, que não há solução simples e rápida.

É verdade que, nesta campanha eleitoral, as divisões se amplificam com espantosa velocidade pelas redes sociais, surpreendendo até mesmo quem já se considerava preparado para a perda de influência dos meios tradicionais de exposição dos candidatos, como o tempo de propaganda na TV. A vida real, porém, é uma só e desafia o novo ocupante do Planalto. Vamos a pelo menos seis pontos que comprovam a vulnerabilidade do quadro econômico e indicam que reverter esse quadro não é tarefa para amadores.

Angela Bittencourt: #elenão elimina zona de conforto na boca da urna

- Valor Econômico

Ibope, FSB/BTG Pactual e RealTime/ Record saem nesta 2ª

As mulheres tiraram os brasileiros da zona de conforto. As manifestações por #elenão contra o candidato a presidente da República Jair Bolsonaro (PSL) reuniram multidões em grandes e pequenas cidades do país. O movimento manteve-se apartidário, com alguns deslizes, mas sem incidentes. A mobilização do último sábado atualizou 2013 e 2016. De expressão incomparável, em 2013 cerca de 1 milhão de brasileiros foram às ruas para demonstrar insatisfação com um pouco de tudo: governantes, corrupção, sistema político, educação, saúde e uso do dinheiro público em obras da Copa do Mundo. Semearam aquele movimento, protestos de estudantes contra tarifas de transporte público. Em 2016, o desgoverno de Dilma Rousseff foi alvo dos protestos em escala menor.

O #elenão, anos depois, espalhou vibração e nesse clima os brasileiros chegarão às urnas daqui a cinco dias. No sábado, ocorreram também manifestações por #elesim. No domingo, carreatas pró-Bolsonaro agitaram várias capitais.

A eleição de 2018 é singular pelos atos que ocorreram no fim de semana, por outros tantos pulverizados em poucas semanas, e por marcar o encerramento formal do 2º mandato da ex-presidente Dilma Rousseff, afastada definitivamente do cargo em agosto de 2016 por crime de responsabilidade. Não tivesse o Brasil caído no atoleiro onde está, o próximo titular no Palácio do Planalto receberia, em 1º de janeiro de 2019, a faixa presidencial de Dilma. Seria ela a anfitriã no Parlatório, mas Michel Temer passará a faixa.

Temer, ex-vice de Dilma, não foi eleito presidente. Tornou-se presidente para cumprir o prazo regulamentar da chapa que integrava e saiu vitoriosa das urnas nas eleições de 2014. Mas, em menos de dois anos foi desfalcada, para assombro de uns e alívio de outros.

Ricardo Noblat: Eleição só acaba quando acaba

- Blog do Noblat | Veja

Emoção na veia

De amanhã até domingo, o Instituto Datafolha divulgará o resultado de novas pesquisas de intenção de voto para presidente da República. O Ibope também.

O último debate entre os candidatos será travado na quinta-feira e transmitido pela TV Globo. Candidato à reeleição em 2006, Lula faltou ao debate e os demais candidatos ganharam com isso.

Se respeitar a recomendação médica, Jair Bolsonaro (PSL) não irá ao debate, embora diga que irá ou que pretende ir. Se não for, estará presente na memória e nas palavras dos seus adversários.

Bolsonaro só tem duas opções: apanhar e responder ao vivo, ou apanhar e responder nas redes sociais como fez nesta madrugada ao fim do debate promovido pela TV Record.

Com ele ou sem, o script será o mesmo: todos contra Bolsonaro e o PT. E Ciro Gomes (PDT), Geraldo Alckmin (PSDB) e Marina Silva (REDE) com mais chances do que os outros.

A encruzilhada de Alckmin
Qual teria sido a melhor escolha de Geraldo Alckmin (PSDB) para credenciar-se a disputar o segundo turno?

Esperar que o cenário ficasse mais claro? Logo de saída, bater em Bolsonaro para evitar que ele crescesse? Ou bater no PT?

Alckmin escolheu bater em Bolsonaro que lhe tomava votos. Só recentemente deu-se conta de que seu adversário era o PT.

Ganha eleição quem comete menos erros. Foi sempre assim, e sempre será.

O dia seguinte: Editorial | O Estado de S. Paulo

Há que se relativizar a ideia amplamente propagada de que foi o processo eleitoral que dividiu a Nação segundo os dois extremos do espectro político-ideológico. Primeiro, porque não é verdade. Além disso, a divisão política que ocorre com a sociedade no processo eleitoral não é um mal por si só. Ao contrário, é esperada no curso de uma campanha eleitoral democrática. Uma eleição contrapõe visões distintas sobre os rumos de um país e é de sua natureza opor opiniões e crenças diferentes, mas num dissídio que cessa assim que são apurados os votos – e não quando os “inimigos” são dizimados, como na guerra.

A julgar pelos resultados das pesquisas de intenção de voto, observa-se que, de fato, diante dos nomes sob escrutínio, os candidatos que compõem o chamado centro político – não o “centrão”, mas uma zona onde o compromisso é a saída natural dos dissídios – têm sido preteridos por candidatos que representam valores e ideias que, até recentemente, eram pouco aceitos pela maioria dos eleitores. Viceja o discurso sectário, a negação do diálogo para a construção de um compromisso nacional em torno das medidas a serem adotadas para tirar o Brasil da atual crise política, econômica e moral.

Censura de toga: Editorial | Folha de S. Paulo

Decisão que proibiu esta Folha de entrevistar Lula atropela o ordenamento jurídico e a liberdade de imprensa

Numa deplorável sequência de erros, o ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal, cassou decisão de seu colega Ricardo Lewandowskique autorizava esta Folha a entrevistar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, preso após condenação em segunda instância por crime de corrupção passiva e lavagem de dinheiro.

Lewandowski havia entendido que impedir a entrevista seria uma violação à decisão da corte quando julgou a Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental 130/DF, assegurando a plena liberdade de imprensa como categoria jurídica proibitiva de qualquer tipo de censura prévia.

Além disso, o Judiciário, em inúmeras oportunidades, já havia garantido o direito de pessoas custodiadas pelo Estado falarem a veículos de comunicação.

Afora tratar-se de prerrogativa constitucional, a entrevista com Lula reveste-se de incontestável interesse público e jornalístico. Como se sabe, o petista é personagem relevante da disputa presidencial.

Mesmo preso, liderou pesquisas de intenção de votos e, uma vez impedido de concorrer, logrou transferir parte considerável de seu patrimônio eleitoral ao candidato de seu partido, Fernando Haddad.

Este, como é notório, mantém-se em estreito contato com o ex-presidente, cujos conselhos admite que continuará levando em conta caso venha a assumir a Presidência da República.

Que conselhos serão esses? Como o mentor de Haddad se posiciona hoje acerca de temas fundamentais para o futuro do país?

Falta empenho para reduzir a burocracia: Editorial | O Globo

Mesmo quando promessas são cumpridas neste campo, os resultados não têm vida longa

Se há algo comum entre os 13 candidatos à Presidência da República é a promessa de redução do peso da burocracia na vida dos brasileiros. Não chega a ser novidade, pois tem sido assim através dos tempos, pelo menos desde a descoberta de que o sistema administrativo do serviço público é terreno politicamente perfeito para se plantar funcionários e colher impostos.

No caso brasileiro, sobressaem peculiaridades. Uma delas é a recorrência à promessa independentemente das eleições. Executivo, Legislativo e Judiciário periodicamente anunciam a intenção de racionalizar as exigências aos usuários dos serviços públicos—no regime militar criou-se até um Ministério da Desburocratização, de vida curta.

Outra particularidade é o rotundo fracasso dos Três Poderes em tornar menos infernal a vida dos cidadãos e das empresas, ou seja, aqueles que contribuem e sustentam o Estado.

Soluções ainda insuficientes para conter o déficit público: Editorial | Valor Econômico

O Tesouro Nacional informou na semana passada que o déficit da regra de ouro das contas públicas para este ano, que estava em quase R$ 99 bilhões, já está equacionado, com uma sobra de R$ 0,6 bilhão. Segundo o secretário Mansueto Almeida, o dispositivo constitucional que define que o governo só pode elevar o seu endividamento para fazer investimentos, será cumprido em 2018 sem necessitar dos recursos provenientes do lucro auferido pelo Banco Central.

Para o ano que vem, contudo, o rombo previsto soma R$ 260,5 bilhões, caindo para R$ 91,2 bilhões quando se incorpora na conta os R$ 169,3 bilhões de lucro do BC no primeiro semestre deste ano e que foi depositado na conta única do Tesouro neste mês. Ou seja, o próximo governo ainda terá um déficit enorme para resolver.

Este rombo de 2019 pode acabar sendo equacionado com mais tranquilidade caso finalmente o futuro presidente consiga destravar o leilão das áreas da cessão onerosa do pré-sal (que pode render R$ 100 bilhões). E, obviamente, se o crescimento econômico finalmente sair da letargia, uma grande incógnita no momento.

O grande problema é que as soluções para o cumprimento da regra de ouro são temporárias. Os desafios para os anos seguintes continuam e, infelizmente, o governo de Michel Temer pouco conseguiu fazer para enfrentar essa questão.

A realidade é que, mais que tapar o buraco da regra de ouro, espelho contábil dos monumentais déficits nominal e primário que o país tem registrado, o Brasil precisa de uma completa revisão de sua estrutura fiscal, o que parece não ser uma preocupação de primeira ordem dos candidatos à Presidência da República.

Repúdio a candidato nas ruas é inédito

Daniel Rittner, Cristiano Zaia, Cesar Felicio, Thais Carrança, Luiz Henrique Mendes, Marcos de Moura e Souza, Marina Falcão, Juliana Schincario | Valor Econômico

BRASÍLIA, SÃO PAULO, BELO HORIZONTE, RECIFE E RIO - Os atos realizados no sábado contra o candidato do PSL à Presidência da República, Jair Bolsonaro (PSL), se transformaram no maior conjunto de manifestações, em um único dia, desde a sucessão de protestos pelo impeachment de Dilma Rousseff (PT) há pouco mais de dois anos.

Os números de manifestantes são incertos porque, em muitas cidades, a Polícia Militar evitou divulgar estimativas. Organizadores dos atos calculam que 600 mil pessoas foram às ruas em todo o país.

O dado contrasta com a surpreendente falta de mobilização por ocasião da prisão do então líder nas pesquisas presidenciais, Luiz Inácio Lula da Silva, em abril deste ano. Repetidas vezes o PT e seus aliados prometeram tomar as ruas quando se concretizasse a prisão do petista, mas nada aconteceu de realmente significativo.

Com o sinal trocado, Bolsonaro continua mobilizando. Nunca houve ato massivo de repúdio a um candidato a presidente na história recente do país. A manifestação do sábado indica que as ruas começarão a falar ao longo da campanha no segundo turno.

Para o cientista político Fábio Wanderley Reis, professor emérito da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), os protestos foram de "grande visibilidade" e tiveram "forte viés de esquerda". Ele acredita que Fernando Haddad (PT) e, marginalmente, Ciro Gomes (PDT) podem ser beneficiados. "Estamos vendo uma tendência de ascensão do Haddad, que deve ser fortalecida com isso", afirma o professor, esperando um reflexo favorável ao petista ainda no primeiro turno.

Os presidenciáveis aproveitaram para demonstrar sintonia com o sentimento de repúdio a Bolsonaro. "Ele foi derrotado pelo que há de mais sadio na sociedade brasileira. Graças a Deus e ao valor da mulher brasileira", disse Ciro, em São Paulo, voltando a criticar a "polarização odienta" entre PT e Bolsonaro. "Eles estão querendo trazer para dentro do Brasil essa confusão que está descambando para a guerra civil na Venezuela. Está na hora de a gente desarmar essa bomba. O Brasil não aguenta essa confrontação", acrescentou.

Geraldo Alckmin (PSDB) disse que as manifestações contra Bolsonaro mostraram que a população não concorda com a intolerância. E usou o lema dos protestos para atacar o PT, que considera o outro extremo nas eleições. "Sou daqueles que defende o 'ele não e nem o outro'. O caminho não é nem um, nem o outro. Eles têm grande rejeição e vão ter dificuldade de governar."

PSDB deve ficar neutro entre Haddad e Bolsonaro

Raymundo Costa | Valor Econômico

BRASÍLIA - A campanha de Geraldo Alckmin está com infiltração bolsonarista no telhado e nas paredes, mas o PSDB deve liberar o voto de seus militantes no segundo turno, se o candidato do partido ficar pelo caminho. Tanto Jair Bolsonaro (PSL) como Fernando Haddad (PT), os dois mais prováveis litigantes do segundo turno, segundo as pesquisas, têm dificuldades para conseguir o apoio tucano - isso muito embora Haddad tenha simpatizantes entre os mais velhos e Bolsonaro, a de quem está na rinha eleitoral.

"O Jair é complicado, principalmente para os mais velhos", afirma um dos fundadores do partido, "mas os problemas que o PT criou no governo não nos ajudam a apoiar o Haddad". O PSDB, com raras exceções, evita falar abertamente sobre o fracasso da candidatura Alckmin, até porque em 2014 já consideravam morto o candidato Aécio Neves, mas o senador mineiro virou sobre Marina Silva (Rede) nas 72 horas que antecederam a eleição.

É consensual, no entanto, que a chance de Alckmin é quase zero e ele dificilmente estará no segundo turno, o que coloca desde já o partido diante do impasse de decidir entre o apoio a Bolsonaro ou Haddad. O mais provável é que os tucanos voem para cima do muro, o lugar que mais gostam e caracterizou o partido nos últimos anos.

O PSDB histórico não vai apoiar o candidato do PSL, apesar da ampla infiltração bolsonarista, devido a oposição dele em relação a bandeiras caras ao partido, como a defesa do direitos humanos e das minorias, só para citar dois exemplos. A matriz autoritária da candidatura de Bolsonaro também assusta.

Paes pede voto para Haddad em Maricá, cidade que já depreciou

Cabos eleitorais do ex-prefeito do Rio entregam panfletos com apoio de petistas em Maricá

Sérgio Rangel | Folha de S. Paulo

RIO DE JANEIRO - O ex-prefeito Eduardo Paes (DEM) está pedindo voto para o petista Fernando Haddad em Maricá, cidade citada numa das maiores gafes políticas da sua carreira.

Na tarde de quarta (26), na reta final do primeiro turno, cabos eleitorais de Paes entregavam panfletos da aliança inusitada.

O folheto de quatro páginas estampava o rosto do ex-prefeito carioca na capa e a frase: “No meu governo, Maricá terá a atenção que merece”.

Em 2016, o líder nas pesquisas de intenção de voto no Rio desagradou os moradores de lá ao classificar o município como "uma merda de lugar" em conversa telefônica com o ex-presidente Lula, gravada com autorização judicial.

No panfleto, com tiragem de 100 mil exemplares, o carioca aparece também junto com os petistas Lindberg Farias, que tenta reeleição ao Senado, e Washington Quaquá.

Candidato a uma vaga na Câmara dos Deputados, Quaquá foi prefeito da cidade e presidente do PT fluminense. Desde que a conversa com Lula se tornou pública, os moradores da cidade, de cerca de 100 mil eleitores, não escondem o ressentimento com o político.

Distante 60 km do Rio, Maricá é um conhecido reduto petista no Rio. Em 2014, Dilma Rousseff venceu lá com 58,28% dos votos, 6,64% a mais que no restante do país.

Os panfletos têm registrado o CNPJ da campanha de Paes e também de uma gráfica que já recebeu R$ 900 mil do candidato nessa eleição.

Radicalismos podem aumentar o desemprego e a pobreza no Brasil, adverte Geraldo Alckmin

Com informações da assessoria do candidato/Adriana Vasconcelos

Durante debate entre os presidenciáveis promovido pela TV Record, na noite deste domingo (30), o candidato à Presidência da República Geraldo Alckmin (PSDB) saudou as mulheres brasileiras pelo exemplo de civismo demonstrado no último sábado (29) nas ruas do País contra o radicalismo de direita. Para o tucano, o Brasil enfrenta um momento estratégico e precisa evitar o pior.

“Esta semana é decisiva. Nem os radicais de esquerda, nem os de direita. Metade da população não quer nem um nem outro. São os dois com maior rejeição. Os radicalismos podem aumentar o desemprego, a pobreza e a retomada do crescimento brasileiro. União é a palavra do momento. Acredito na virada nesta semana”, afirmou. No final, concluiu que “Eles não!”

Reforma política e do Estado
Geraldo Alckmin reiterou seu compromisso com a reforma política e do Estado.

“Sou favorável às reformas. O Brasil não muda sem elas. A primeira é a política. Não podemos deter 35 partidos. É evidente que precisa da reforma, número de ministérios, cargos comissionados, 146 estatais, um terço delas criadas pelo PT. Como a do trem bala, que não existe nada, e a TV do Lula que não tem audiência, mas está aí. Grande parte delas dando prejuízo. Redução do Senado. No passado, eram dois por estado. EUA têm dois. Diminuir assembleias e Câmara Federal”, defendeu (veja aqui  o programa de governo do candidato).

O PPS integra a coligação “Para Unir o Brasil” (PSDB, PTB, PP, PR, DEM, SOLIDARIEDADE, PPS, PRB e PSD) que apoia à candidatura do ex-governador de São Paulo.

Emprego e renda
Outra prioridade de Geraldo Alckmin será aumentar emprego e renda.

“São 13 milhões de desempregados. Herança do PT, Dilma e Temer. É impressionante como o PT esconde a Dilma, mas ela é criação do Lula. Não vamos chegar à terra prometida com voluntarismo. Vamos trazer investimentos para o Brasil. Reformas como simplificação tributária. Não vou criar imposto novo. Pérsio Arida propôs reduzir imposto para um só, o IVA. Um grande canteiro de obras como fiz em São Paulo, através de PPP [Parceria Público-Privada] e concessões. Saneamento é emprego na veia”, disse o candidato.

Centro sinaliza união e ataca ‘radicalismo’ de Haddad e Bolsonaro

Em debate na TV, Alckmin, Meirelles, Marina, Alvaro Dias e Ciro Gomes criticaram os candidatos do PSL e do PT, que estão na frente nas pesquisas

Candidatos do centro se uniram ontem, no penúltimo debate antes do primeiro turno da eleição presidencial, para atacar os líderes das pesquisas, Jair Bolsonaro (PSL), que recebeu alta do hospital após 23 dias internado, mas não compareceu ao evento realizado pela TV Record por indicação médica, e Fernando Haddad (PT). Bolsonaro, mesmo não estando presente, tornou-se uma espécie de participante oculto do encontro. Sinalizando união, Ciro Gomes (PDT), Geraldo Alckmin (PSDB), Henrique Meirelles (MDB), Marina Silva (Rede) e Alvaro Dias (Podemos) se apresentaram como representantes do eleitorado que não quer nem o “radicalismo” de direita nem o de esquerda, em referência a Bolsonaro e Haddad. O petista voltou a ser alvo de Ciro, que tenta arregimentar votos nos dois polos da disputa. O primeiro turno ocorre no próximo domingo. Enquanto os candidatos do bloco intermediário das pesquisas de intenção de voto se ofereciam como uma “terceira via”, Haddad mais poupou do que criticou Bolsonaro, seguindo a estratégia de levar o confronto para um eventual segundo turno.

Centro faz união tácita contra PT e Bolsonaro

Adriana Ferraz Pedro Venceslau / O Estado de S. Paulo

Candidatos do centro se uniram ontem, no penúltimo debate antes do primeiro turno da eleição presidencial, para atacar o líder das pesquisas, Jair Bolsonaro (PSL), e também o petista Fernando Haddad. Bolsonaro, que recebeu alta do hospital após 23 dias internado, mas não compareceu ao evento realizado pela TV Record por indicação médica, se tornou uma espécie de participante oculto do encontro entre os presidenciáveis.

Ciro Gomes (PDT), Geraldo Alckmin (PSDB), Henrique Meirelles (MDB), Marina Silva (Rede) e Alvaro Dias (Podemos) se apresentaram como representantes do eleitorado que não quer nem o “radicalismo” de direita nem o de esquerda, em referência a Bolsonaro e a Haddad.

O petista voltou a ser alvo de Ciro, que tenta arregimentar votos nos dois polos da disputa.

O primeiro turno ocorre no próximo domingo. Enquanto os candidatos localizados no bloco intermediário das pesquisas de intenção de voto se ofereciam como uma “terceira via”, Haddad mais poupou do que criticou o candidato do PSL, seguindo a estratégia de levar o confronto para um eventual segundo turno contra um adversário – os levantamentos indicam neste momento potencial de vitória do petista.

Rivais sobem tom contra Bolsonaro e Haddad em penúltimo debate na TV

Deputado, ausente na Record, foi chamado de autoritário; ex-prefeito foi associado a Lula

Catia Seabra , Marina Dias , Talita Fernandes e Joelmir Tavares | Folha de S. Paulo

SÃO PAULO - Líderes nas pesquisas, Jair Bolsonaro (PSL) e Fernando Haddad (PT) se tornaram alvo de adversários no debate na Record, neste domingo (30). O deputado se ausentou por estar em recuperação após sofrer uma facada durante a campanha.

O debate foi o penúltimo antes do primeiro turno. O da Globo será na quinta-feira (4).

Ciro Gomes (PDT) pediu a Marina Silva (Rede) para comentar a "frase assustadora" do capitão reformado de que não aceitará "resultado diferente" do que sua eleição.

"O Bolsonaro tem uma atitude autoritária. Com essa frase, ele também desrespeita a Constituição, o jogo democrático. Não se pode entrar no jogo se for para você ganhar de qualquer jeito", disse Marina.

A ex-senadora seguiu, em recado ao PT: "Nós temos que enfrentar dois projetos autoritários. Aqueles saudosistas da ditadura e aqueles que fraudaram a eleição de 2014".

Um discurso recorrente entre os presidenciáveis foi o de que tanto Bolsonaro quanto Haddad representam extremos e devem ser rechaçados. Marina sustentou que “PT e Bolsonaro são cabos eleitorais um do outro”.

Na sequência de ataques, Ciro falou que o militar reformado dá "declarações anti-povo, anti-pobre". O pedetista cobrou indiretamente a presença do deputado e disse que não deixou de comparecer ao debate do SBT, na semana passada, mesmo com sonda após uma cirurgia na próstata. Bolsonaro tem recomendação médica de fazer repouso.

Em dobradinha com Henrique Meirelles (MDB), Ciro citou números de violência e da crise econômica para se voltar contra "essa onda que vulgarizou a barbárie". "O Bolsonaro interpreta isso, mas infelizmente o outro lado também aperfeiçoa."

Em penúltimo debate, rivais elevam o tom contra Bolsonaro e Haddad

Por Vandson Lima e Fabio Murakawa | Valor Econômico

SÃO PAULO - No penúltimo debate entre os presidenciáveis na televisão antes do primeiro turno das eleições deste ano, Jair Bolsonaro (PSL) e Fernando Haddad (PT) foram alvos preferenciais dos outros candidatos, que elevaram o tom das críticas na reta final da campanha.

No encontro organizado pela Rede Record na noite de domingo (30), Bolsonaro não compareceu. Ele se recupera de uma facada que levou em 6 de setembro em sua casa, no Rio de Janeiro. Mas nem por isso o líder nas pesquisas foi poupado.

Logo no início do debate da Record, Ciro Gomes (PDT), Marina Silva (Rede), Henrique Meirelles (MDB) e Alvaro Dias (Podemos) “levantaram a bola” um ao outro para que fossem feitas diversas censuras ao comportamento de Bolsonaro e suas propostas.

“Eu, no outro debate, vim com uma sonda pendurada na perna. Bolsonaro felizmente já teve alta. É candidato e se recusa a vir ao debate, fazendo declarações anti-povo, anti-pobre, nem dá ao povo direito de ouvi-lo”, atacou Ciro.

Marina, na sequência, seguiu na mesma linha. “PT e Bolsonaro são cabos eleitorais um do outro”, criticou. Para Marina, Bolsonaro busca justificativas para a futura derrota ao dizer que não reconhecerá o resultado das urnas se não for o vencedor. “Bolsonaro tem atitude antidemocrática. Fala muito grosso, mas tem momentos em que ele amarela. São palavras de quem prevê a derrota. Brasil não precisa ficar entre a espada da corrupção ou a cruz do Bolsonaro”.

Meirelles também entrou no jogo e afirmou que “nenhum país democrático tem um Bolsonaro como presidente”. Por fim, Alvaro Dias (Podemos) previu que “as pessoas de bem haverão de sacudir o país nesses últimos dias, evitando o retorno da organização criminosa que assaltou o Brasil [referindo-se ao PT] e também a marcha da insensatez”.

Isolado e participando do debate apenas no fim do primeiro bloco, Geraldo Alckmin (PSDB) tentou pegar carona no tema, lembrando os protestos contra Bolsonaro, mas sem força. “As mulheres deram grande exemplo de civismo. Metade da população brasileira não quer nem os radicais de esquerda, nem de direita. União é a palavra nesse momento”.

Em debate na TV, rivais investem contra polarização

Líderes nas pesquisas de intenção de voto, os candidatos Jair Bolsonaro (PSL), ausente, e Fernando Haddad (PT) viraram alvo dos adversários no penúltimo debate na TV, realizado ontem à noite. Os rivais deles se empenharam em tentar romper a polarização e evitar uma definição antecipada da eleição.

Presidenciáveis apelam contra polarização

Diante do cenário que indica segundo turno entre Bolsonaro (PSL) e Haddad (PT), adversários usam discurso semelhante se apresentando como terceira via; capitão, que não foi ao debate, e petista foram alvo de todos

Bernardo Mello, Fernanda Krakovics e Bruno Góes | O Globo

Uma estratégia uniu ontem adversários na sucessão presidencial: sete dos oito candidatos, em debate na TV Record, se posicionaram contra a polarização, indicada pelas pesquisas eleitorais. Em sua maioria, apontaram Jair Bolsonaro (PSL) e Fernando Haddad (PT), os mais bem colocados nas pesquisas, como um risco à democracia. Mesmo ausente, Bolsonaro foi lembrado com mais frequência do que em outros debates que ocorreram depois de ser alvo de atentado em Juiz de Fora (MG). Todos fizeram referências às eleitoras, em alusão clara às manifestações do “Ele Não”, organizadas pelas mulheres contra o candidato do PSL.

O capitão da reserva foi criticado numa dobradinha entre Henrique Meirelles (MDB) e Ciro Gomes (PDT). Depois, Marina Silva (Rede) associou Bolsonaro a Haddad, e disse que ambos representam projetos autoritários. Haddad foi criticado por Marina e Ciro pela proposta de “criar condições” para convocar uma Assembleia Constituinte, que consta em seu programa de governo.

Marina fez sua crítica após ser questionada por Ciro sobre a desconfiança levantada por Bolsonaro em relação às eleições . O candidato do PSL declarou, semana passada, que só uma fraude impediria sua vitória nas urnas.

Angela Maria: Gente humilde (Chico Buarque, Vinicius de Moraes e Garoto)

Vinicius de Moraes: Poema dos olhos da amada

Ó minha amada
Que os olhos teus
São cais noturnos
Cheios de adeus
São docas mansas
Trilhando luzes
Que brilham longe
Longe nos breus ...
Ó minha amada
Que olhos os teus
Quanto mistério
Nos olhos teus
Quantos saveiros
Quantos navios
Quantos naufrágios
Nos olhos teus...
Ó minha amada
Que olhos os teus
Se Deus houvera
Fizera-os Deus
Pois não os fizera
Quem não soubera
Que há muitas eras
Nos olhos teus,
Ah, minha amada
De olhos ateus
Cria a esperança
Nos olhos meus
De verem um dia
O olhar mendigo
Da poesia
Nos olhos teus.