domingo, 18 de maio de 2014

Opinião do dia: Luiz Werneck Vianna

Sem conhecer a prática da associação no mundo civil, o social se manifesta como matéria-prima em estado bruto, tal como toma conta das ruas desde as jornadas de junho. O governo do PT, em nossa história política, tem sido de fato o partido que mais se aplicou, na prática e em sua retórica, à questão social.

Contudo, como na famosa parábola do Evangelho, condicionou vinho novo em odres velhos, trazendo os movimentos sociais para o interior do Estado à moda do velho corporativismo. Com essa operação anacrônica, inibiu a plena maturação deles, rebaixados em sua autonomia pelos seus vínculos com o Estado que, velada ou abertamente, os abriga. E, sobretudo, desanimados da vocação para se expandirem. Como é visível a olho nu, esse meio não tem sido pródigo em produzir lideranças políticas relevantes nem dá conta do que se passa nas ruas.

Luiz Werneck Vianna, professor-pesquisador da PUC-Rio. ‘O vinho novo e os velhos odres’. O Estado de S. Paulo, 17 de maio de 2014.

TCU pode convocar Dilma para explicar Pasadena

• Tribunal nunca chamou um presidente da República para audiência;

• Procedimento pode gerar desgaste político

Vinicius Sassine – O Globo

BRASÍLIA - A presidente Dilma Rousseff corre o risco de sofrer um forte desgaste político no curso da campanha eleitoral por conta da compra da refinaria de Pasadena, no Texas: o Tribunal de Contas da União (TCU) poderá convocá-la para uma audiência com o propósito de que explique a polêmica aquisição do empreendimento pela Petrobras, feita no momento em que a petista presidia o Conselho de Administração da estatal. O TCU abriu um processo para investigar o negócio, e o parecer final dos auditores deve chegar ao gabinete do ministro relator, José Jorge, ainda neste mês.

A informação corrente no TCU é a de que o ministro pretende chamar Dilma para uma audiência. Se isso ocorrer, será a primeira convocação de um presidente da República para que preste esclarecimentos nesse tipo de procedimento, segundo fontes ouvidas pelo GLOBO. Questionado sobre eventual decisão de convocar Dilma, José Jorge limitou-se a responder:

— O processo se encontra na unidade técnica. Portanto, não existe decisão ainda.

Não existe qualquer impeditivo, seja jurídico ou regimental, para um presidente ser convocado para uma audiência de instrução de um processo, segundo o TCU. A audiência é o instrumento mais comum para ouvir membros de Conselhos de Administração de empresas públicas que passam a ser investigados pelo TCU, segundo um levantamento de casos obtido pelo GLOBO.

Quando um ministro relator opta pela audiência, antes de levar o voto a julgamento em plenário, ele parte do pressuposto de que o citado não tem responsabilidade por um dano financeiro, mas por uma determinada irregularidade ou por má gestão. Em caso de explicações pouco convincentes, o relator sugere uma multa ao responsável, o que é avaliado em plenário. Já a identificação da necessidade de ressarcimento aos cofres públicos leva à citação dos investigados, e as justificativas também são levadas em conta na elaboração do voto a ser apreciado pelo colegiado.

O ministro José Jorge pode optar também por eximir os conselheiros que exerceram a função na época da compra de Pasadena (entre 2006 e 2012) de qualquer responsabilidade no negócio. O mais comum no TCU é o relator seguir as orientações do relatório final da auditoria. No caso do pente-fino na compra da refinaria, os próprios auditores estariam divididos sobre a responsabilidade dos conselheiros.

José Jorge é ex-senador pelo PFL (hoje DEM) de Pernambuco, foi candidato a vice-presidente na chapa de Geraldo Alckmin (PSDB) em 2006 e é um dos ministros do TCU mais críticos às gestões do PT no governo federal. Ele se aposentará do cargo em novembro. O ministro tem mantido o silêncio sobre o processo de Pasadena. Ele acompanha de perto o trabalho de auditoria conduzido pela Secretaria de Controle Externo (Secex) de Estatais, que fica no Rio.

PT obtém mais doações que PSDB, PMDB e PSB juntos

• Empresas deram R$ 80 mi ao partido de Dilma, recorde em ano sem eleição

• Contratadas por União, Estados e municípios, as construtoras foram mais uma vez as líderes em contribuições

David Friedlander, Ricardo Mendonça – Folha de S. Paulo

SÃO PAULO - Tradicionais doadoras de dinheiro para partidos políticos, empresas com negócios no setor público entregaram ao PT no ano passado quase o dobro do que pagaram a PSDB, PMDB e PSB juntos.

O partido da presidente Dilma Rousseff, candidata à reeleição, levou R$ 79,8 milhões. Os outros três conseguiram R$ 46,5 milhões.

A liderança do PT na captação já ocorria em anos anteriores, mas a diferença para os demais partidos não para de aumentar. A vantagem em relação às três siglas saltou em quatro anos de R$ 9,4 milhões para R$ 33,2 milhões.

O movimento ocorreu num período em que as contribuições empresariais bateram recorde para anos em que não há eleição, segundo as prestações de contas já divulgadas pela Justiça Eleitoral (em anos eleitorais, as verbas para os partidos são maiores).

As grandes construtoras, mais uma vez, dominaram o ranking dos maiores financiadores. Odebrecht, Queiroz Galvão, Camargo Corrêa e OAS foram as campeãs.

Todas elas fazem obras para o governo federal, Estados e municípios. Estão entre os maiores fornecedores da Petrobras. E ganharam concessões para explorar aeroportos, metrô e estradas.
As doações detalhadas nos gráficos ao lado foram feitas às claras, registradas. Empresas e partidos costumam dizer que elas são importantes para fortalecer as siglas. Apesar da justificativa legítima, é difícil encontrar quem fale abertamente do assunto.

Amigos do poder
Nos últimos dias, a Folha conversou com um consultor, um tesoureiro de partido, um empresário e dois executivos de construtoras. Eles só aceitaram falar anonimamente.

Segundo eles, é difícil não dar preferência ao PT, que ocupa a Presidência. Como Dilma estava muito à frente nas pesquisas, a força da sigla para captar era ampliada.

Caso a disputa presidencial fique mais acirrada, como sugerem as últimas pesquisas, a divisão de verbas tende a se equilibrar. "Quem trabalha com governo não tem preferência", diz um alto executivo de uma grande construtora. "Precisa ser amigo de quem estiver no poder."

Um consultor com muitos anos de experiência em arrecadação define assim: "Para as empresas, a doação funciona como um investimento para ter acesso aos candidatos que elas ajudam a eleger".

As últimas prestações revelaram uma diferença marcante no fluxo de contribuições. Até 2013, as grandes doações eram feitas apenas em época de campanha. Fora dos períodos eleitorais, as doações eram menores.

O cenário mudou em 2013 (ano não eleitoral) e os principais partidos passaram a receber bem mais do que antes. Profissionais envolvidos afirmam que alguns doadores foram convencidos a ampliar suas contribuições para ajudar a quitar dívidas das campanhas para prefeito de 2012.

Outros combinaram antecipar parte das doações programadas para este ano, para não chamar tanto a atenção nas prestações futuras.

Por fim, as doações também parecem maiores porque vários doadores teriam passado a contribuir legalmente. Motivo: o risco de ter o nome envolvido no submundo dos doleiros e do caixa dois parece cada vez maior.

As últimas prestações trouxeram uma curiosidade. Grandes construtoras, como a Galvão Engenharia e a OAS, passaram a contribuir mensalmente, algo que não ocorria antes. Procuradas, não quiseram explicar o motivo.

Colaborou Gabriela Terenzi, de São Paulo

Aécio adota 'vacinas' para rebater temor de 'retrocesso' social

• Tucano apresenta e apoia projetos no Congresso no qual assume compromisso com programas e aumento de renda do trabalhador

Eduardo Bresciani, Ricardo Della Coletta - O Estado de S.Paulo

BRASÍLIA - O senador Aécio Neves (MG), pré-candidato do PSDB à Presidência, tenta se "vacinar" contra o discurso petista segundo o qual sua vitória seria um retrocesso, principalmente na área social e no aumento da renda dos trabalhadores. Para isso, utiliza projetos de lei apresentados e apoiados no Congresso Nacional.

O tucano vem criando, desde o ano passado, uma espécie de carta-compromisso com esses projetos. Primeiro, propôs que o Bolsa Família, principal bandeira eleitoral do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva também usada pela sucessora, Dilma Rousseff, se tornasse uma política de Estado. Ou seja, quer garantir em lei que o benefício não possa ser abandonado pelo governo da vez. Depois, estendeu a intenção de criar garantias legais para as políticas de aumento do salário mínimo do atual governo e de reajuste da tabela do imposto de renda. Há ainda iniciativas nas áreas da educação e da saúde.

Os compromissos legislativos assumidos por Aécio para neutralizar o discurso dos adversários - que o associam à elite - lembram a iniciativa de Lula em 2002 de colocar no papel garantias de que manteria contratos vigentes e não mexeria nos pilares macroeconômicos. Naquela eleição, vencida pelo petista, o temor era que houvesse retrocesso nos avanços do Plano Real do governo Fernando Henrique Cardoso. Por isso, Lula lançou sua "Carta ao Povo Brasileiro".

O discurso petista segundo o qual uma vitória tucana seria um retrocesso, que já vinha tomando forma nos últimos meses, ficou explícito com a propaganda partidária do partido que foi ao ar na semana passada na TV. Na peça assinada pelo marqueteiro de Dilma, João Santana, a legenda da presidente apelou à tentativa de incutir medo no eleitor, citando a ameaça da volta dos "fantasmas do passado". Isso num contexto em que FHC é um dos principais apoiadores da pré-candidatura de Aécio.

A propaganda petista também mirou o outro pré-candidato da oposição, o ex-governador Eduardo Campos (PSB), dizendo que o eleitor também não poderia dar "um salto no escuro", já que o pernambucano é pouco conhecido.

Áreas-chave. A tática tucana de apostar na apresentação e no apoio de medidas com apelo social se fez presente, por exemplo, em discussões em andamento no Legislativo como o Plano Nacional de Educação (PNE). O PSDB deu apoio imediato aos movimentos da área que são favoráveis à reserva de 10% do Produto Interno Bruto (PIB) para o setor. O governo inicialmente propôs 7%, mas concordou com os 10% após garantir recursos de royalties e incluir entre as despesas gastos com o ensino superior, em especial o ProUni - programa de bolsa para universitários carentes em instituições particulares.

No Senado, durante a votação da proposta do governo que fixava em 15% da receita corrente líquida da União o porcentual dos investimentos em saúde a ser atingido em cinco anos, o senador tucano Cícero Lucena (PB) tentou elevar o montante a 18% e reduzir em um ano o prazo da meta. A medida não prosperou, mas o PSDB acredita ter marcado posição.

Origem. Além de tentar transformar o Bolsa Família numa política de Estado, os tucanos pretendem lembrar, durante a campanha, que o programa criado por Lula é, na verdade, uma união de vários outros programas criados pelo antecessor tucano. "Não é apenas se antecipar, mas reafirmar a nossa identidade com um programa que começou com o governo Fernando Henrique Cardoso - com outro nome - e institucionalizá-lo", diz o líder do PSDB no Senado, Aloysio Nunes Ferreira (SP), um dos nomes cotados para ser vice de Aécio.

Com a aliança com o Solidariedade, partido liderado pelo deputado Paulinho Pereira da Silva (SP), Aécio e seu grupo fizeram movimentos para se defender de ataques na pauta trabalhista. Após Dilma usar a rede nacional de rádio e TV para anunciar um reajuste - via medida provisória - de 4,5% na tabela do Imposto de Renda, o pré-candidato tucano correu para apresentar uma emenda propondo a correção pelo índice oficial de inflação, que em 2013 ficou em 5,9%. Com isso, governo e oposição travam uma batalha legislativa em torno do tema.

Já em reação a outra promessa de Dilma - a de manter a política de valorização do salário mínimo, que garante a reposição da inflação e a variação no ritmo do crescimento da economia - os aliados de Aécio aprovaram no plenário da Câmara requerimento do líder tucano na Casa, Antonio Imbassahy (BA), para dar urgência a um projeto de Paulinho que prorroga a política até 2019.

Os aliados do Planalto perceberam a movimentação e prometem explorar as "contradições" do adversário. A ideia do PT é argumentar que o PSDB era opositor dessas medidas e que tampouco as implantou quando esteve no governo.

Aécio defende início de novo ciclo de crescimento e confiança

• Construção de um novo ambiente político e econômico

• Aécio lembrou que existe um sentimento de mudança forte

SÃO PAULO (SP) – O presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves , defendeu na última sexta-feira (16/05), a construção de um novo ambiente político e econômico no Brasil, onde o poder público e o setor privado trabalhem estimulados para o crescimento econômico e melhores serviços à população.

Em palestra na Câmara Americana de Comércio (Amcham), em São Paulo, Aécio disse que é papel do governo garantir qualidade e avanços nas áreas fundamentais da educação, saúde e segurança e trabalhar por um ambiente de confiança e estímulo na economia.

“O Estado precisa ser parceiro. Lutar para alcançar um ambiente fértil que garanta o desenvolvimento da economia”, afirmou o pré-candidato do PSDB à presidência da República.

Cerca de mil pessoas acompanharam a palestra de Aécio. Os integrantes da Amcham entregaram ao senador um conjunto de sugestões de programa de governo baseados em três eixos principais: a melhoria do ambiente de negócios no Brasil, a inserção do país na cadeia global de valor e o aumento da produtividade brasileira.

Ao apresentar o senador para o público, o presidente da entidade, Gabriel Rico, disse que: “É um homem público de extensa carreira política e currículo invejável”. Ele afirmou Aécio no governo de Minas Gerais fez “uma gestão exemplar”.

Novo ciclo para o Brasil
O presidente do PSDB destacou que as gestões do PT, em seus quase 12 anos de vigência, não conseguiram apresentar as reformas que o Brasil precisava. Segundo ele, as consequências surgem nos resultados no comércio exterior, que atualmente, mostram patamares próximos aos anos de 1950.

“Lula e o PT tinham à disposição um conjunto de três fatores raros de estarem juntos: uma conjuntura internacional favorável, uma base de apoio grande no Congresso e uma ampla popularidade. E mesmo assim, não evoluíram”, disse.

Aécio lembrou que existe um sentimento de mudança forte no país, exposto pelas pesquisas de opinião divulgadas nas últimas semanas – e este quadro, segundo o senador, diferencia o panorama atual do encontrado nas eleições de 2010.

“Em outubro, faremos uma escolha entre dois caminhos: um que está aí e trouxe poucos resultados ao país e ficou marcado pelo aparelhamento, e outro, diferente desse, que pretende trazer um novo ciclo de desenvolvimento e racionalizar o Estado brasileiro”, apontou.

Custo Brasil
Aécio e os integrantes da Amcham discutiram alguns dos problemas enfrentados pelo empresariado no Brasil. O tucano disse que o PSDB tem propostas para reverter o quadro, como a simplificação da política tributária, identificada por Aécio, entre as prioridades do plano tucano de governo.

O senador mencionou que é necessária uma “guerra ao custo Brasil”, caracterizada por combate à burocracia, investimentos em logística e na melhoria da qualificação dos trabalhadores, entre outras ações.

Aécio mencionou a importância do fortalecimento de parcerias entre o Brasil e países do exterior. “[Firmar] acordos bilaterais deve ser uma obsessão para o Brasil”, disse o presidente do PSDB.

Para Aécio, há três pontos fundamentais para a melhoria da gestão pública sustentados na reforma política: a prática da cláusula de barreira, o estabelecimento de um mandato único com cinco anos, sem direito à reeleição, e o voto distrital misto.

Participaram do encontro o presidente do diretório estadual do PSDB de São Paulo, deputado federal Duarte Nogueira, o vice-presidente nacional da legenda; o ex-governador Alberto Goldman, o secretário-geral do partido; o deputado federal Mendes Thame (SP); o líder do PSDB no Senado, Aloysio Nunes (SP); os deputados federais José Aníbal (PSDB-SP), Otavio Leite (PSDB-RJ), William Dib (PSDB-SP) e Luiz Carlos Hauly (PSDB-PR), e o subsecretário de Energias Renováveis de São Paulo, Milton Flávio, que é presidente do diretório do PSDB na cidade de São Paulo.

Rede confirma Marina Silva como vice de Eduardo Campos

• Ato simbólico homologou indicação de ex-ministra

• Segundo ela, Rede e PSB já acertaram que terão candidatos próprios a governador em 12 estados

Luiza Damé – O Globo

Marina Silva durante coletiva no Congresso Nacional da Rede Ailton de Freitas/Agência O Globo
Em um ato simbólico, na tarde deste sábado, a Rede homologou a candidatura da ex-senadora e ex-ministra Marina Silva a vice-presidente na chapa do ex-governador Eduardo Campos. Segundo o coordenador executivo da Rede, Bazileu Margarido, a decisão foi tomada por aclamação, e a Rede apresentará a decisão na convenção do PSB, no fim de junho.

Segundo Marina, a Rede e o PSB já acertaram que terão candidatos próprios a governador em 12 estados e estão discutindo a situação nos demais.

— Estados importantes como Rio de Janeiro, já temos candidatura própria; em São Paulo, temos a decisão da candidatura própria e estamos apenas discutindo quem é o melhor perfil para protagonizar o projeto político do estado; em Minas Gerais, estamos progredindo bastante com a ideia da candidatura própria — disse, negando divergências entre a Rede e o PSB:

— De sorte que aquilo que as pessoas imaginam que é um tensionamento entre a Rede, o PSB e o PPS não é nada disso. Muito pelo contrário. Há um esforço e a maior parte desse esforço está sendo feita pelo PSB e pelo governador Eduardo Campos. Eles estavam em uma trajetória, com uma série de composições anteriores à coligação, e agora, com uma nova realidade, estão reposicionando.

Posso dizer que é um esforço mão a mão dos partidos que compõem a aliança.

O apoio à candidatura de Eduardo Campos reúne a Rede, o PSB, o PPS e PPL. Marina disse que, além do programa, os partidos estão trabalhando para ter uma base de sustentação para viabilização das propostas, de forma a não ser "mera literatura".

Em São Paulo, a Rede levou o PSB a desistir de uma composição com o PSDB para apoiar a reeleição do governador Geraldo Alckmin e decidir pela candidatura própria. Os nomes para concorrer a governador pela aliança PSB, PPS e PPL são Ricardo Young (PPS); João Paulo Capobianco ou Célio Turino (Rede) e Márcio França (PSB).

— Temos a decisão da candidatura e uma quantidade de candidatos. Então, vamos usar o desfibrilador para outra coisa — afirmou.

A homologação das candidaturas nos estados para as eleições majoritárias e à Câmara Federal será discutida neste domingo, Congresso da Rede Sustentabilidade. As decisões da Rede são simbólicas porque o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) negou registro ao partido. A maioria dos seguidores da Rede estão no PSB.

Marina defende composição com partidos para governar

• Pré-candidata a vice-presidência afirmou que eleições não podem ser feitas na base do ‘toma lá-dá-cá’

Luiza Damé – O Globo

BRASÍLIA - Na abertura do 1o. Congresso da Rede Sustentabilidade, neste sábado, a ex-senadora e ex-ministra Marina Silva, pré-candidata a vice-presidente na chapa do PSB, defendeu a composição partidária para governar mas atacou o aparelhamento do Estado e as coligações para aumentar o tempo de televisão dos candidatos. Criticando o “atraso na política”, Marina disse que as alianças partidárias precisam ser construídas com base em propostas de governo.

- Não é errado governar compondo com outros partidos. Ninguém governa sozinho, mas não pode ser em nome de um pedaço do Estado para chamar de seu. Tem de ser com o compromisso de implementar um programa. Nas democracias desenvolvidas é assim que acontece: quem é convidado para compor um governo vai lá para implementar uma agenda de educação, de energia limpa, do que for, mas é uma composição de ideias. Se conseguirmos fazer isso no Brasil, a gente dá a grande contribuição que precisamos para não perder o que ganhamos e para encarar os desafios que ainda não enfrentamos - afirmou.

Segundo Marina, o apoio da Rede ao PSB “não acrescenta para o candidato um segundo de televisão”, mas se baseia em compromissos programáticos. Ela não citou nomes de políticos nem de partidos, mas a crítica se dirige tanto ao PT como ao PSDB que disputam o apoio de legendas menores para aumentar o tempo de propaganda eleitoral. O PP, por exemplo, é disputado por petistas e tucanos.

Em um discurso de menos de 20 minutos, ela disse que a Rede não tem registro, mas é um partido de fato, como base espalhada por todo o país e propostas para "renovar a política brasileira". Para ela, a renovação nas instituições políticas é uma demanda do mundo inteiro.

- O futuro e o presente estão ameaçados pelo atraso na política. O atraso na política tem de ser vencido por todos nós. A renovação não pode ser só da rede. Eu espero que se renovem todos os partidos que tenham uma visão democrática do processo político para que compreendam o que esse novo sujeito político está nos dizendo, e nós os políticos não os representamos - afirmou.

A Rede está reunida em Brasília, neste fim de semana, para discutir as eleições de outubro e a organização do partido, eleger o novo Diretório Nacional e homologar suas candidaturas. Neste sábado, os delegados, após debater a conjuntura nacional, vão homologar a pré-candidatura de Marina a vice-presidente, na chapa do ex-governador de Pernambuco, Eduardo Campos. No domingo, está programa a escolha da nova direção nacional e a homologação das demais candidaturas.

Candidata ao Senado pelo PSN da Bahia, a ex-ministra Eliana Calmon, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), também defendeu mudanças nas instituições políticas. Sem citar nomes, ela afirmou que o Poder hoje é tomado por “aproveitadores” que não representam a sociedade brasileira.

- Estamos tomando os espaços que nos foram tirados por quem está no poder, mas não têm qualidade para nos representar. Aproveitadores que não estão fazendo a política para o povo brasileiro. Temos de retomar esses espaços públicos tomados por pessoas inadequadas. Pode ser até que não cheguemos lá, mas estamos mostrando o caminho. Não não é possível que as eleições sejam feitas na base do toma lá-dá-cá e de dinheiro que sai dos cofres públicos - afirmou Eliana, acrescentando que a legislação eleitoral dificulta o acesso dos novos à política:

- É uma legislação absolutamente feita para que as coisas não aconteçam em termos de renovação.

PMDB exige resposta de Lula

• Maior aliado do governo federal, partido insiste que ex-presidente defina mais rápido a atuação nos palanques e nas campanhas estaduais

Grasielle Castro – Correio Braziliense

Nem mesmo a ala do PMDB satisfeita com a aliança do partido com o PT ficou imune às declarações do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre palanques. Até ele, que tinha um bom trânsito no maior partido aliado, conseguiu azedar ainda mais a relação. No Encontro Nacional do PT, organizado para reforçar a pré-candidatura à reeleição da presidente Dilma Rousseff, Lula disse que não está sujeito aos acordos feitos pelo presidente do PT, Rui Falcão. "Temos um pequeno problema para resolver que é o seguinte: a Dilma, por conta dos acordos da aliança, não vai poder ir a vários lugares. Eu não sou presidente do PT. Então, não estou subordinado aos acordos que o Rui Falcão fez. Aonde tiver candidato do PT, eu estarei lá", disse.

Desde o encontro, feito há cerca de duas semanas, os peemedebistas mais conciliatórios buscam, ainda sem sucesso, acertar a relação. Outros, mesmo sinalizando apoio à manutenção da chapa de Dilma com o vice-presidente, Michel Temer, assim como os dissidentes, não querem saber de conversa. O argumento é que o ex-presidente está agindo como o PT, sem atenção com as alianças, e que o peso do PMDB é essencial para a vitória da Dilma.

Para os peemedebistas, há o entendimento de que a imagem de Lula — que na sexta-feira disse ser babaquice ter metrô até os estádios da Copa — é fundamental em alguns estados. Uma fonte do partido ressalta que o fator político de Lula como cabo eleitoral é tamanho que é usado como suporte para a presidente Dilma Rousseff. "A figura dele é fundamental em alguns estados, por isso essa presença precisa ser conversada. E está sendo. É preciso estabelecer padrões", disse.

Peso
Ao Correio, o presidente em exercício do PMDB, Valdir Raupp (RO), minimizou o peso das declarações de Lula, mas disse esperar que o aliado saiba como agir. "Lula é uma pessoa muita política. Tenho certeza de que ele não vai fazer nada que possa criar atrito com os aliados", afirmou. Na contramão, estão deputados, como o carioca Leonardo Picciani, que dizem não acreditar na aliança e na preocupação do PT em manter a parceria. A maior reclamação desses peemedebistas é que, segundo eles, a falta de espaço dentro do governo está evidente também na formação das chapas e na preparação para a campanha. Na avaliação de Picciani, dar palanque para a aliança nacional é enfraquecer a estadual e fortalecer o adversário.

Líder do PT na Câmara, Vicentinho (SP) afirma que, embora o PMDB esteja preocupado, o petista diz que não há motivo. Segundo ele, a forma como Lula falou foi apenas uma maneira de dar conforto e fortalecer os próprios petistas, sem ataques aos que estão juntos nessa caminhada. "Lula também vai subir em outros palanques, que vão dar apoio a Dilma, mesmo que ele tenha falado isso. No fundo, foi uma forma de dar uma palavra de carinho ao PT", salientou.

Divergências
As rusgas entre as legendas viraram tema de discussão na última reunião da Comissão Executiva Nacional do partido, na quarta-feira. A indicação do vice-presidente, Michel Temer, para compor novamente a chapa com Dilma, foi sinalizada a duras penas. Embora os estados confirmassem a aposta no nome dele, extraoficialmente os peemedebistas defendiam um racha. O problema é que, a essa altura do campeonato, seria inviável mudar de posição. A reunião, considerada uma prévia da convenção, no início do ano, no auge da crise com o Planalto, foi usada como instrumento para pressionar os petistas.

Rose Noronha chantageou autoridades do governo Dilma, diz revista

• Revelada mensagens de celular da ex-chefe de gabinete da Presidência ameaçando autoridades do governo e antigos amigos do PT

- O Globo

SÃO PAULO - A ex-chefe de gabinete da Presidência da República em São Paulo, Rosemary Noronha, indiciada pela Polícia Federal pelos crimes de formação de quadrilha e corrupção em 2013, ameaçou envolver autoridades do governo Dilma Rousseff no escândalo para obter recursos que lhe garantisse o pagamento de advogados e até para investimentos em seus negócios privados, como a compra de uma franquia de escola de inglês, segundo denúncia publicada na edição desta semana da revista Veja.

A reportagem mostra mensagens de celular trocadas por Rose Noronha com interlocutores fazendo as ameaças de envolvimento de autoridades do governo Dilma, como o secretário geral da Presidência, Gilberto Carvalho, e o chefe de gabinete de Dilma, Beto Vasconcelos, entre outros. Tudo começou em 2013, no auge das investigações contra ela, quando ainda lutava para provar sua inocência no inquérito desenvolvido pela PF sobre uma quadrilha que vendia facilidades no governo.

Ela foi flagrada atuando com a quadrilha quando foi demitida e indiciada. Temendo ser presa e abandonada pelo PT, Rose tentou envolver os antigos amigos. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que sempre a protegeu, não atendia mais suas ligações. E o ex-ministro José Dirceu estava mais preocupado em salvar a própria pele no caso do mensalão no Supremo Tribunal Federal.

Segundo a revista, Rose concluiu que a única maneira de chamar a atenção dos antigos parceiros era ameaçar envolver figuras importantes do governo no escândalo do qual era alvo. Mensagens de celular trocadas por Rose com pessoas próximas mostram como foi tramada a reação da ex-chefe de gabinete da Presidência em São Paulo. Numa das conversas, em abril do ano passado, ela ameaça envolver a então ministra da Casa Civil Gleisi Hoffmann.

Rosemary: “Tão chamando a ministra da Casa Civil (Gleisi Hoffmann) de Judas!!! Ela bem que merece!!”. Interlocutor: “Ela vazou a porcaria toda. Vamos em frente”. Eles se referiam ao vazamento da investigação feita pela Controladoria-Geral da União. Rose acreditava que o próprio Palácio do Planalto estava por trás das revelações sobre o desfecho da sindicância contra ela. A “porcaria toda” incluía o seu enriquecimento ilícito no cargo em São Paulo.

Como estava cada vez mais encrencada, Rosemary resolveu arrastar junto figuras centrais do governo, se possível a própria presidente da República Dilma Rousseff. A estratégia era a de constranger os antigos colegas de governo, pressionando-os a depor no processo que tramitava na Controladoria-Geral da União.

Rosemary: “Beleza. Quero colocar o Beto (Vasconcelos, chefe de gabinete da presidente) e a Erenice Guerra (ex-ministra da Casa Civil do governo Lula)”. Interlocutor: “Você quer estremecer o chão deles?”. Rosemary: “Sim”. Interlocutor: “Porque vai bombar. Gilberto Carvalho (ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência) também?”. Rosemary: “O.K.”. Interlocutor: “Vai rolar muito stress. Vão bater na porta da Dilma. Vão ficar assustados”.

O plano de Rose tinha por objetivo restabelecer as suas ligações com “Deus”, como a ex-secretária costuma se referir ao ex-presidente Lula. Em outra troca de menagens de celular, um interlocutor diz à Rose que, com a indicação das testemunhas - Gilberto Carvalho, Beto Vasconcelos e Erenice Guerra - no processo da CGU, “o momento é oportuno para aproximação com Deus”. Mas ela se mostra cética. “Vai ser difícil. Ele está com muitas viagens. Não posso depender dele”, diz Rose em outra mensagem à qual “Veja” teve acesso.

Mas acabou dando certo a estratégia de Rose, ao ponto de Paulo Okamoto, diretor do Instituto Lula e um dos mais próximos assessores do ex-presidente, ter cuidado pessoalmente de algumas necessidades da família de Rose durante o processo na CGU. Além de conseguir ajuda para bancar dezenas de bons advogados, a ex-secretária reformou a cobertura onde mora em São Paulo e conseguiu ingressar no mundo dos negócios. Comprou uma franquia da rede de escolas de inglês Red Balloon. Para evitar problemas com o Fisco e a PF, colocou a franquia no nome das filhas Meline e Mirelle, além do ex-marido José Cláudio Noronha. Tudo para despistar as autoridades, que, no entanto, já haviam apreendido em 2012, no início das investigações, documentos que revelavam o projeto de compra da franquia.

O negócio com a franquia foi avaliado em R$ 690 mil, dinheiro que Rose e a família não tinha. A revista pergunta como o dinheiro foi obtido à Meline Torres, a filha de Rose. Ela disse que tinha economias. “Eu trabalhei muito durante a minha vida (ela tem 29 anos). Trabalho desde os 18 anos com registro em carteira e tenho poupança. Meu pai também está me ajudando com recursos dele, aliás, do trabalho de uma vida”, explicou Meline à Veja. Rose não quis se pronunciar.

Pizzolato é ouvido sobre citação a Lula

• Procurador italiano tentou, sem sucesso, esclarecer referências a ex-presidente feitas por homem apontado como operador de Berlusconi

Jamil Chade - O Estado de S. Paulo

NÁPOLES - O Ministério Público da Itália interrogou no fim de março o ex-diretor de Marketing do Banco do Brasil Henrique Pizzolato para tentar colher informações que auxiliem uma investigação de indícios de corrupção envolvendo Valter Lavitola – que está preso no país europeu sob a acusação de extorsão – e o ex-premiê Silvio Berlusconi em negócios com empresas italianas no Brasil.

O que levou os italianos a buscar Pizzolato foi uma carta datada de 13 dezembro de 2011 e endereçada a Berlusconi. Nela, Lavitola cita o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O italiano é apontado como o “operador” do ex-premiê. Ele fala de uma concessão para a exploração de madeira na Amazônia que teria adquirido e sugere que Lula o teria ajudado a chegar a um acordo com uma empresa. Essa empresa, não identificada, teria comprado parte da concessão. Lavitola lamenta, porém, que, naquele momento, o ex-presidente brasileiro não estaria mais ajudando.

“O calor do processo judiciário está determinando um compreensível, mas odioso, ostracismo em minha relação. Ninguém quer assinar nada que tenha a ver comigo e infelizmente o presidente Lula (que se confirmou como um verdadeiro amigo) já não conta quase nada”, escreveu na carta endereçada a Berlusconi.

O italiano morou no Brasil e, em 2008, obteve um visto de residência. Documentos do Banco Central obtidos pelo Estado revelam, por exemplo, que Lavitola estava registrado no órgão, chegou a ter importações financiadas e até mesmo um CPF.

A correspondência de 13 de dezembro de 2013 foi usada como base do processo que condenou Lavitola à prisão por tentar extorquir Berlusconi em 5 milhões de euros.

O Ministério Público italiano está convencido de que Lavitola guarda “importante segredos” em relação ao ex-primeiro-ministro. Por isso, no dia 19 de março deste ano, o procurador de Nápoles, Vincenzo Piscitelli, decidiu ouvir Pizzolato na prisão de Módena, no norte da Itália, onde está desde 5 de fevereiro e aguarda o processo de extradição para que possa cumprir sua pena de 12 anos e 7 meses de prisão imposta pelo Supremo Tribunal Federal por seu envolvimento com o esquema do mensalão – a audiência sobre a extradição está marcada para 5 de junho.

O ex-diretor do Banco do Brasil fugiu para a Itália no ano passado antes de ser preso. Em fevereiro, depois de cinco meses foragido, ele foi capturado em Maranello, próximo de onde está detido agora. Ele usou documentos falsos de um irmão morto há mais de 30 anos para sair do Brasil e circular pela Europa.

Negócios. Em 22 de abril, o Estado noticiou o depoimento prestado por Pizzolato. Tanto o Ministério Público italiano quanto a Polícia Federal brasileira afirmam que há possibilidade de haver “negócios conjuntos” de Lavitola com o ex-diretor do Banco do Brasil envolvendo interesses de empresas de telecomunicações. O objetivo principal da oitiva de Pizzolato na prisão de Módena, porém, era mesmo entender a citação a Lula. Segundo o procurador Piscitelli, o brasileiro não deu qualquer tipo de resposta quando foi questionado sobre o assunto.

O documento que deu origem ao depoimento de Pizzolato foi encontrado nos computadores apreendidos de um outro suspeito de fazer parte de esquemas de corrupção, o ítalo-argentino Carmelo Pintabona.

O Ministério Público italiano afirma que tem provas sobre os negócios de Lavitola no Brasil. Há, de fato, uma madeireira ligada ao italiano, a Maremma. A holding tem sede oficial em Nova York. Mas seus escritórios ficam em Roma. Ela faz parte do Bonaventura group llcc, empresa de Lavitola que centraliza todos seus negócios e que, segundo a Justiça, chegou a acumular ativos de 5 bilhões de euros no auge do poder de Lavitola. No Brasil, porém, a madeireira que explora a concessão usa um outro nome, não revelado pela Justiça italiana à reportagem do Estado. Todas elas já foram confiscadas pela Justiça italiana, no último dia 28 de abril. O Estado não conseguiu identificar, portanto, os contratos de concessão de extração de madeira na Amazônia ligados a Lavitola.

Laranjas. Os documentos que estão com o Ministério Público italiano também apontam para um esquema suspeito de ser o de estabelecimento de “laranjas” para atuar em nome de Lavitola no Brasil. O italiano passou parte das ações de sua empresa com sede em Nova York para duas brasileiras: Neire Cássia Pepes Gomes, de Manaus, e Danielle Aline Louzada. Ambas passaram a ter o direito de assinar em nome da holding.

Na carta de 2011, de 20 páginas, escrita no Rio, Lavitola lista favores que já havia prestado ao Berlusconi e cobra do ex-primeiro-ministro ajuda financeira. Lavitola já estava sendo investigado e temia ser preso, como acabaria acontecendo.

A primeira cobrança é de que, se um dia saísse da prisão, Lavitola contaria com Berlusconi para poder viver no Brasil. “É necessário que, quando eu sair da prisão, que eu vá viver no Brasil”, escreveu ao ex-premiê.

É no capítulo sobre seus negócios no Brasil que Lavitola cita Lula e mais precisamente em seus empreendimentos no setor de explosão de madeira. A menção sugere que o ex-presidente teria atuado para favorecer o italiano em uma disputa. “Ele (Lula) só conseguiu obter da direção da companhia compradora que, com uma sentença (obviamente concordada) de uma Corte Arbitral, venha impor a eles um acordo comigo”, escreveu.

Procurado por meio do Instituto Lula, a assessoria do ex-presidente disse que ele nunca ouviu falar de Lavitola.

Versões. Depois de ter admitido em uma primeira audiência nos tribunais italianos que a carta era dele, Lavitola mudou sua versão em diversas oportunidades. Em 2012, ele declarou que não chegou a mandar a carta a Berlusconi. Agora, seu advogado, Antonio Cirilo, diz que a carta é falsa e que alguém do “serviço secreto americano” a escreveu.

Pintabona, em uma audiência diante do procurador Piscitelli, confirmou a veracidade da carta. No mesmo interrogatório, Pintabona afirma que Lavitola foi quem o apresentou a Berlusconi durante a viagem do ex-premiê ao Brasil. Lavitola é investigado por ter promovido, naquela viagem, uma festa em São Paulo para Berlusconi com a presença de prostitutas.

O advogado de Pizzolato no processo de extradição, Alessandro Sivelli, disse que “é destituída de qualquer fundamento” a notícia de que seu cliente “teria sido interrogado pela autoridade judicial italiana e, em particular, pela Procuradoria da República de Nápoles, pelo crime de lavagem de dinheiro cometido em conjunto com notáveis da política italiana.”

Facilitador. Valter Lavitola foi acusado pela Justiça italiana de ter facilitado uma série de esquemas financeiros comprometendo Berlusconi.

Apontado como o operador de Berlusconi, Lavitola vivia no Rio de Janeiro em 2011, quando fugiu para o Panamá depois de ser indiciado naquele mesmo ano na Itália. Mas se entregou em 2012 e retornou para Roma. Ex-editor do jornal Avanti, Lavitola é acusado de ter pago US$ 24 milhões em propinas às autoridades do Panamá para que o governo centro-americano fechasse um acordo para a compra de radares e outros equipamentos militares da gigante italiana Finmeccanica.

Lavitola também foi acusado e condenado por extorsão contra Berlusconi, exigindo 5 milhões de euros por seu silêncio em relação às atividades do ex-primeiro-ministro italiano.

Luiz Werneck Vianna: Por que a situação do país anda esquisita?

- O Globo – Coluna do Ancelmo Gois

Esquisita, não; está esquisitíssima. O cenário, antes percebido como alvissareiro e estimulante para indivíduos e empresas, cedeu lugar a um panorama de desconfiança e descrença quanto ao futuro do país, aqui e alhures.

Em vão, devem-se procurar as razões do mal-estar que nos afeta na chamada questão social, na gangorra dos indicadores econômicos ou em chave cultural, embora o tema do ressentimento, tão disseminado pelas mídias, não seja inocente nesse mau humor que grassa por aí. Elas estão em outro lugar, precisamente na política.

Na concepção dominante nos idos dos anos 80, as agendas da igualdade e da liberdade não deveriam ser apartadas: os objetivos e os ideais igualitários deveriam se encaminhar para o interior dos canais da democracia representativa e da participativa, inclusive dos abertos no Poder Judiciário.

Esse resultado não nos caiu do céu. Foi conquistado nas ruas por multidões que demandavam direitos sociais e de participação, as mesmas que, hoje, são palco de manifestações de protesto e da ira popular.

Algo mudou a partir das práticas de governo do PT, embora as origens desse partido estivessem na sociedade civil, quando se introduziu uma mutação nesse desenho institucional. A questão social foi capturada pelo Estado e os movimentos sociais passaram a gravitar em torno dele, resultando em perda de energia e de legitimação diante do que seria o seu público. As atuais greves em que categorias de trabalhadores desconhecem as diretrizes de suas lideranças sindicais são exemplares desse estado de coisas.

Mas é muita sociedade para pouco Estado. Nada de estranho, então, que uma sociedade de massas carente de direitos, ao não encontrar portas de acesso a eles, venha a descobrir o caminho das ruas. Na verdade, ela está como que procurando realizar a agenda da igualdade por suas próprias mãos. Cabe, nessa hora, reapresentá-la à agenda da liberdade e de suas instituições.

Luiz Werneck Vianna, sociólogo, professor da PUC-Rio

Dora Kramer: Desordem e regresso

• Ministro alerta para risco da perda de noção de que a democracia exige ordem

– O Estado de S. Paulo
Segurança Pública, violência crescente, domínio de territórios pela criminalidade são variantes de uma temática que ocupa parte significativa das preocupações de Aldo Rebelo.

Muito antes de ocupar o posto de ministro dos Esportes, à parte as manifestações que mais recentemente passaram a degenerar em depredações, independentemente da Copa do Mundo. Em relação ao campeonato propriamente dito, aliás, esta é menor de suas aflições.

Na opinião dele, o aparato de segurança preparado pelo governo será de tal ordem que não haverá espaço para insegurança. Durante o mês do Mundial, o Estado marcará presença de maneira contundente. Além disso, argumenta o ministro, a classe média que deu volume às manifestações do ano passado tem medo da violência e não irá às ruas. "Vai preferir curtir os jogos na santa paz".

Os grupos eventualmente movidos por propósitos políticos eleitorais não partirão para o confronto porque, além de minoritários numericamente, na concepção do ministro durante a Copa tendem a ser desestimulados por aqueles que porventura os estiverem estimulando. "Essa identificação não interessa a eles, seja quem forem, porque é contraproducente do ponto de vista popular".

O problema, portanto, não é o mês da Copa. É mais complicado, transcende as insatisfações pontuais e, na interpretação do ministro, vem de longe. Resulta de um passivo criado pelos governos do período pós-redemocratização que não enfrentaram o tema da segurança na moldura condizente com o novo regime.

Aldo Rebelo não diz novidade, nem fala nada que os ex-presidentes Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio da Silva já não tenham dito em forma de autocrítica. Ambos reconheceram que falharam no enfrentamento (ou na falta de) do tema. Mas a omissão continuou e prevalece no ambiente da campanha eleitoral em que nenhum dos candidatos, de governo ou de oposição, aborda essa questão, a não ser de maneira superficial.

E qual é o problema de fundo? A visão geral de que o Estado é o vilão e que, sendo assim, toda forma de ataque é válida. Tudo vale contra o governo. Isso até pode ser verdade quando o regime é de caráter autoritário. Ilegítimo. Mas, não se aplica a regimes legitimados pelas regras da democracia - entre as quais está a delegação da força ao Estado na defesa da sociedade. Nestes, a ordem necessariamente precisa ser preservada e o direito da maioria, garantido.

O que ocorre hoje, na prática? O Estado tem receio de ser carimbado como autoritário - desconhecendo a própria legitimidade decorrente da delegação democrática - e deixa que o direito da maioria seja submetido a uma agenda imposta pela violência.

A polícia se torna desacreditada, o que é ruim para todos. "Um policial espancado, um coronel da PM vira tocha humana na mão dos bandidos e ninguém se comove com isso", diz o ministro que, filiado ao PC do B, é das raríssimas vozes aliadas às correntes de esquerda a criticar o cacoete herdado da confusão entre o combate ao autoritarismo do Estado e a defesa do Estado democrático na manutenção dos limites da ordem.

Noves fora. Se o PMDB vier a rejeitar a aliança formal com o PT na convenção do próximo dia 10, a candidatura da presidente Dilma Rousseff perderá o tempo do partido no horário eleitoral (de quatro a cinco minutos distribuídos em dois blocos) que serão divididos entre as demais legendas.

Na prática, é isso. No tocante às eleições. Com coligação ou sem, os pemedebistas atuarão como bem entenderem nas disputas regionais
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Já em relação aos meses que faltam de governo Dilma, o partido terá de decidir se fica ou se deixa os ministérios que ocupa. Em 1998, o PMDB integrava o governo Fernando Henrique, rejeitou participar da aliança pela reeleição, mas continuou no ministério.

Elio Gaspari: O governo da gerentona está tonto

• Sempre falando em nome do andar de baixo, cada ministro diz uma coisa, e no fim quem ganha é o sonegador

- O Globo

A doutora Dilma deveria chamar os ministros Aloizio Mercadante e Guido Mantega para saber se é verdade que seu governo está represando tarifas e preços de combustíveis. Um diz que está, para o "bem da sociedade". O outro diz que não. Essa pode ser uma discussão interminável, sobretudo se depender da retórica de sábios como Mercadante e Mantega. Ambos patrocinam mais uma versão do Refis (pode me chamar de Bolsa Sonegador). Na sua oitava temporada, ele ressurgiu no entulho da medida provisória 627. Trata-se de um mecanismo pelo qual quem deve à Receita Federal inscreve-se no programa, livra-se de multas e parcela o débito a perder de vista. O Congresso aprovou um absurdo, esquecendo-se até mesmo de estabelecer um prazo para a quitação. A doutora Dilma vetou a maracutaia, mas sua essência tramita numa nova MP, a 638. Os beneficiários desse mimo serão, sobretudo, grandes empresas. Nas versões anteriores, bancos e multinacionais safaram-se de autuações que chegavam a R$ 680 bilhões. A Vale ganhou um desconto de R$ 45 bilhões. A Companhia Siderúrgica Nacional livrou-se de um espeto de R$ 5 bilhões, e a petroquímica Braskem limpou uma conta de R$ 1,9 bilhão.

Em 12 anos de governo, com sucessivas versões do Refis, o comissariado criou uma segunda porta nas relações com o fisco. Numa, quem deve paga. Nessa modalidade estão pequenos empresários apanhados num pulo de gato ou num erro. Grandes empresas, com serviços financeiros (e advogados) de primeira, aprenderam que o governo se assusta quando fica sem caixa e, para raspar o tacho, reduz suas cobranças a preços camaradas. Assim, o melhor negócio é não pagar o que a Receita cobra, à espera do próximo Refis.

Bola na rede
A doutora Dilma cobrou e marcou. Vetou o contrabando incluído na medida provisória 627 que aliviava as operadoras de planos de saúde do pagamento das multas por negativa de serviços contratados pelos quais recebem.

Era uma verdadeira gracinha. Quanto mais procedimentos a operadora negasse, menor seria o custo unitário da multa. Um claro estímulo à delinquência. Fica um mistério: quem pôs o gato na tuba e conseguiu aprovar a medida na Câmara e no Senado. O deputado Eduardo Cunha, relator da MP, diz que não foi ele. Quem foi, não diz. Informa apenas que discutiu o assunto com comissários da Casa Civil e do Ministério da Saúde. Sabe-se que pelo menos uma grande operadora achou que aquilo era uma maluquice. Sabe-se também que o próprio Cunha teria advertido os interessados que o truque ia dar bolo.

O lobo de Trilussa
Vendo-se a fala de Lula propondo que o PT recupere "o orgulho" no combate à corrupção, sai da tumba do poeta italiano Trilussa (1871-1950) uma de sua fábulas:

"Um lobo disse a Deus:

-Algumas ovelhas dizem que eu roubo muito. Precisamos acabar com essa maledicência.

E Deus respondeu:

-Roube menos."

(A fábula vale para qualquer cacique que venha com o mesmo discurso.)

A grande refinaria
De um sábio:

"Pela tradição, as CPIs em torno da Petrobras dão em nada ou em denúncias envolvendo quinquilharias. Se essa nova comissão trabalhar a sério, vai-se perceber que a refinaria de Pasadena é mixaria se comparada com o que aconteceu na Abreu e Lima, de Pernambuco."

Eremildo, o idiota
Eremildo é um idiota e há anos insiste em proclamar que se faz uma injustiça quando se diz que Paulo Maluf tinha milhões de dólares no exterior. O deputado nega que esse dinheiro fosse dele e tem razão. O ervanário é do idiota, que está pronto para assumir a paternidade das contas.

Agora, um tribunal suíço revelou que a Alstom depositou US$ 2,7 milhões numa conta controlada por Robson Marinho e sua mulher.

Ele foi chefe da Casa Civil no governo tucano de Mário Covas e hoje é conselheiro do Tribunal de Contas do Estado de São Paulo. O doutor diz que nunca recebeu dinheiro da Alstom.

É verdade, de novo. O ervanário era do cretino.

Se a Justiça aceitar o pleito de Eremildo, resolve-se uma parte do problema, pois ninguém precisará perguntar para onde ia o dinheiro depois que a Alstom pingava os capilés.

Pedra cantada
O senador Aécio Neves sabia perfeitamente em que água navegava quando orgulhou-se de ter no Solidariedade o primeiro partido a apoiar sua candidatura.

Se não lhe bastasse a sombra do mensalão mineiro, aproximou-se da rede de influência do doleiro Alberto Youssef, que estava restrita ao PT e ao PP. O deputado Luiz Argôlo, do Solidariedade, trocou 1.411 mensagens com o doleiro.

Refis-piloto
Nos próximos quatro domingos o signatário estará ausente deste espaço, integralmente dedicado ao projeto-piloto de um novo tipo de Refis. Em vez de trabalhar e pagar impostos, continuará pagando o que lhe cobram, mas ficará sem trabalhar. Se der certo, muda a história do mundo.

Celso Daniel volta a assombrar o PT
O sequestro e assassinato de Celso Daniel parecia esquecido. O prefeito de Santo André era o coordenador da campanha de Lula em 2002, foi capturado na saída de um restaurante e dois dias depois seu corpo apareceu numa estrada deserta, com 11 tiros. Segundo a polícia paulista, o sequestro foi coisa de uma quadrilha que o confundiu com outra pessoa. A execução teria sido praticada por um menor de idade.

Parte da família de Celso Daniel não acredita nessa conclusão. Passados 12 anos, coisas esquisitas aconteceram: seis pessoas envolvidas no caso foram assassinadas a tiros e uma promotora que investigava o caso sofreu um acidente automobilístico, mas sobreviveu.

Os inquéritos da polícia foram contestados pelo Ministério Público, mas a iniciativa foi travada na Justiça, iniciando-se um litígio que está no Supremo Tribunal Federal. Os promotores acusam de envolvimento no crime o empresário Sérgio Gomes da Silva, o Sombra, que dirigia o carro do prefeito quando ele foi sequestrado. Se essa tese prevalecer, não houve delito comum, mas outra coisa, mais grave.

A deputada Mara Gabrilli (PSDB-SP), filha de um empresário de transportes de Santo André, diz a quem quiser ouvir que seu pai era extorquido por uma quadrilha anexa à prefeitura que levava o dinheiro ao comissário José Dirceu. Segundo ela, Celso Daniel queria desmontar o bando.

Assim como o tucanato desafiou a sorte mantendo o caso do cartel da Alstom em banho-maria, o comissariado poderá perceber que a procrastinação do julgamento do empresário foi manobra temerária.

Gabrilli pergunta: "Porque "Sérgio Sombra" não foi julgado?".

Se o STF destravar o processo, é difícil, mas pode até acontecer de Sombra ir a julgamento antes da eleição.

Eliane Cantanhêde: Fim do "paz e amor"

- Folha de S. Paulo

Lula e Dilma saíram do torpor e da perplexidade diante do clima negativo e da consequente queda das pesquisas e partiram para a briga. E eles são bons de briga.

Em 2006, quando Alckmin chegou com todo gás ao fim do primeiro turno, Lula reuniu a tropa, os marqueteiros decidiram apelar e o segundo turno foi um vareio.

É o que tentam repetir. Lula fala pelos cotovelos sobre qualquer coisa, ganhando um espaço, sobretudo na internet, como nunca antes neste país um ex-presidente teve.

Dilma viaja num dia, janta com jornalistas no outro, desandou a falar e escrever, acelerou as solenidades para anunciar verbas. E os marqueteiros voltaram a apelar.

Desde as quedas, Dilma já fez pronunciamento "gratuito", ganhou as manchetes com um mero pré-lançamento de sua candidatura, estrelou o programa do PT na TV, está no ar de manhã, de tarde e de noite. Até ensinando que os turistas estrangeiros não vão levar na mala aeroportos e viadutos, mas o "calor" do povo brasileiro. É um reconhecimento de que está tudo atrasado e desengonçado, e daí?

Enquanto isso, qual o espaço de Aécio Neves e de Eduardo Campos? Eles se esgoelam para mendigar um segundo daqui, quatro linhas dali. E, quando Aécio consegue uma mísera manchete, depois de longa abstinência, há uma enxurrada de cartas de "independentes" para constranger o jornal.

Depois de estancar a queda, pois, Dilma deve voltar a subir. Na marra. Não significa, porém, que a eleição será fácil. Ela vinha caindo em todas as faixas, enfrenta dissidências no PMDB, no PP, no PSD. E só não vê que a população está insatisfeita e desconfortável quem não quer.

Irado, Lula abandonou o "paz e amor" e reencarnou o líder sindical no ataque. O risco é ele e Dilma perderem os votos não petistas e voltarem ao piso histórico do PT --que, como Lula sabe melhor que ninguém, é insuficiente para ganhar eleições.

João Bosco Rabello: Segundo turno em cena

– O Estado de S. Paulo

Feita a conta com base nas pesquisas mais recentes, a presidente Dilma Rousseff tem presença garantida no segundo turno, o que assenta o otimismo de parcela da oposição em sentido contrário, mais em uma aposta na tendência de queda da candidata do que na realidade da hora.

Mesmo em queda no Norte e no Nordeste, Dilma mantém-se nessas regiões num patamar de 53%, um desempenho ótimo para qualquer candidato. Mas é 34%, pouco mais de um terço do eleitorado nacional ,enquanto no resto do país (Sudeste, Sul e Centro-Oeste) onde ele é de 65% , seu porcentual é de 30%.

Esses números, que orientam as campanhas, determinam a concentração dos analistas partidários no cenário de segundo turno, no qual a possibilidade de Dilma repetir o desempenho de 2010 nos quatro principais colégios eleitorais - São Paulo, Minas, Rio e Bahia -, é considerada remota.

Naquela ocasião, ela obteve nesses Estados 26,3 milhões de votos - 4,4 milhões a mais que seu adversário, José Serra. Mesmo que reproduza o feito em São Paulo, o que é improvável, em Minas avalia-se que ela perderá por uma diferença de 3 milhões de votos. O isolamento do PT no Rio, pode levá-la a sair do Estado com 1 milhão a menos e, na Bahia, um cálculo otimista lhe dá a vitória por 1 milhão, bem menos do que na eleição anterior.

Essa estimativa, embora informal, e guardada sua imprecisão, daria à presidente 55% dos votos da Bahia, 46%, do Rio e de São Paulo e 40% de Minas. Para garantir a vitória, teria que repetir o desempenho de 2010 nos demais Estados e melhorar os índices nesses maiores colégios eleitorais.

Mais conhecido e mais crítico ao governo, até aqui, o senador Aécio Neves explora melhor as adversidades do governo e ganhou a dianteira em relação a Eduardo Campos (PSB-PE), que se movimenta com o visível cuidado de preservar o eleitor insatisfeito do PT.

Campos possivelmente se baseia na premissa de que o desejo por mudanças reflete uma rejeição maior à Dilma que ao PT, o que uma pesquisa qualitativa específica, ainda não conhecida, esclareceria melhor.

Ainda conspira contra Dilma a prioridade dada por PMDB e PT às disputas regionais, decisivas para o aumento das bancadas federais, mas que reduz o engajamento das militâncias pela aliança nacional.

Nesse contexto, O PT exibe comportamento errático, de que são exemplos a surpreendente campanha que inverte a síntese vitoriosa em 2003, da esperança contra o medo, e o descontrole do ex-presidente Lula, que investiu contra a mobilidade urbana, desdenhando o metrô e sugerindo que doravante andemos a pé.

Luiz Carlos Azedo: Quem vai pagar a conta?

• Ou o governo gasta menos e foca, ou tira mais do bolso do contribuinte, cujas prioridades não são sequer consideradas. Estão aí os gastos da Copa

- Correio Braziliense

O jogo é jogado. O PT optou pela tática de disseminar o medo de mudança entre os eleitores porque essa é a lei do menor esforço para conservação do poder. Como se sabe, porém, o temor em relação ao futuro alimenta o status quo. É uma velha tática do conservadorismo, que o transformismo petista abduziu depois de quase 12 anos de poder. O problema é que o governo não conseguiu dar conta das obras de infraestrutura indispensáveis à retomada do crescimento, o que provocou generalizada insatisfação do setor produtivo, e enfrenta ampla insatisfação da população em relação aos serviços prestados pelo Estado, principalmente nas áreas de transportes, segurança, saúde e educação.

Como não há tempo para resolver essas demandas, o Palácio do Planalto procura desqualificar a oposição. É do jogo. O cerne da estratégia do medo é acusar os pré-candidatos Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB) de propor o desemprego e o arrocho nos salários para reduzir a taxa de inflação. "Um desempregozinho", como disse o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, aproveitando-se do senso comum do trabalhador assalariado, cuja psicologia conhece bem, pois foi metalúrgico e líder sindical. É óbvio que qualquer assalariado prefere garantir o emprego, mesmo com a perda de poder aquisitivo, do que ter estabilidade de preços sem salário para receber no fim do mês.

Essa lógica, porém, não resolve a equação estabilidade com crescimento, que é única maneira de garantir os empregos e os salários, simultaneamente, bem como gerar investimentos em infraestrutura e melhorar a qualidade dos serviços públicos. No longo prazo, a inflação continuará ascendente, porque se torna inercial, e aí os empregos começam a ir para o espaço com os salários. A fórmula para resolver esse problema, na situação atual, é uma taxa de juros que mire os 4,5% do centro da meta; um superavit primário que reduza a dívida pública em relação ao Produto Interno Bruto (PIB) e uma taxa de câmbio que garanta o equilíbrio das contas externas. Fora disso, nada impede que tudo possa piorar na economia.

Voluntarismo
Ocorre que a presidente Dilma Rousseff resolveu jogar esse "tripé" pela janela ao concluir que garantiria mais capacidade de investimento do Estado e maior produtividade da economia reduzindo a taxa de juros a fórceps. Como crescer com inflação baixa não era apenas uma questão de vontade política, a "nova matriz" não emplacou: os juros voltaram a subir, a economia avança a passos de cágado e a economia começa a dar sinais de que não conseguirá, pela inércia, manter o atual nível de emprego.

Há mais exemplos de como o voluntarismo fez a presidente Dilma Rousseff tropeçar nas próprias pernas: o Brasil poderia ter mais 10 mil quilômetros de ferrovias, mas somente conseguiu dar sequência à construção de 3 mil quilômetros da Transnordestina e da Norte-Sul. Motivo: o modelo de concessão adotado é considerado uma roubada pelas empresas interessadas no setor, que fogem das licitações. É mais ou menos o que aconteceu com as estradas, até que governo decidiu recuar. Construir ferrovias, porém, demora mais e custa mais.

Outro exemplo de que nem tudo depende de um ato de vontade: o truco nas empresas do setor elétrico, que o governo quebrou ao jogar as tarifas para baixo, sem garantir as margens de lucro necessárias aos investimentos e à própria operação. Agora, transfere recursos do Tesouro para garantir o funcionamento do sistema com a promessa de recuperá-los em 2015, quando, inevitavelmente, haverá um choque tarifário. A mesma coisa acontece com a Petrobras: o governo segura o preço dos combustíveis para manter a inflação na órbita dos 6,5% do teto da meta, mesmo que o preço disso seja a absurda desvalorização da empresa e o comprometimento de seus investimentos. É uma espécie de estelionato eleitoral.

Deixemos de lado os escândalos envolvendo ex-diretores da empresa, que há meses ocupam as páginas dos jornais. Para crescer 4% ao ano — e assim garantir o emprego e a renda familiar —, o Brasil precisa de taxas de investimento de 22% a 24% do PIB, mas a sua poupança está entre 14% e16%. De onde sairá esse dinheiro? Ora, só há duas maneiras: ou o governo gasta menos e foca, ou tira mais do bolso do contribuinte, cujas prioridades não são sequer consideradas. Estão aí os gastos da Copa.

PS: vou curtir 20 dias de férias, volto à coluna em 10 de junho.

Para sociólogo, protestos contaminam forma de avaliar política

Sérgio Roxo - O Globo

Autor do livro Nas ruas: a outra política que emergiu em junho de 2013, o sociólogo e cientista político Rudá Ricci tem participado de debates para discutir a onda de manifestações e acredita que os protestos só vão atrair mais público se houver uma derrota precoce na Copa.

Qual sua avaliação sobre os eventos da última quinta-feira?
Tivemos a confluência de três blocos de protestos. Um é o pessoal liderado pelos comitês populares da Copa, que têm como questão central defender os atingidos pelas obras. A eles, se agregam os anarquistas e os meninos de junho. O segundo é composto por organizações do século XX, os sindicatos. O funcionalismo público vem tomando a frente do movimento sindical. Existe uma disputa de outras centrais, ligadas ao PSOL e ao PSTU, com a CUT, que liderava esses sindicatos de funcionalismo público. Por isso, eles (os sindicatos) estão raivosos, com medo das oposições crescerem, e têm radicalizado. E o terceiro bloco são os movimentos sociais dos anos 1980, principalmente o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST).

Quais são os conflitos entre eles?
O MTST faz uma política que não rompe com o campo tradicional. Eles sempre se dirigiram ao Estado, negociaram com governantes e entraram no jogo fazendo uma espécie de mediação, porque os meninos de junho colocaram a culpa em todos os governos. Há uma disputa entre esses dois grupos pela liderança das lutas sociais. Como o MTST faz uma leitura classista, acha que não pode atacar só o governo, que, embora na visão dele não seja uma maravilha, é mais à esquerda. Por isso que, na semana passada, antes dessa manifestação do 15 de maio, que eles já sabiam que iria acontecer, se anteciparam e ocuparam em São Paulo várias sedes de empreiteiras. Foi uma forma de demarcar terreno.

Os sindicatos em greve não se apresentam contra a Copa. Esse grupo tem se aproveitado do momento?
Grande parte das greves tem a ver com uma disputa política no interior do sindicalismo. Quando você faz uma campanha salarial, se tem algum evento que cria constrangimento para seu contratante, você tenta fazer algo próximo, para deixá-lo o mais constrangido possível. No caso dos servidores públicos, quanto mais próximo da Copa, mais o governo vai ficar desesperado. Principalmente porque toda a política do lulismo foi para criar um ambiente de investimento. No governo Lula, tivemos diminuição de ocupações e de greves mais agressivas. Agora, essas greves, justo no momento em que estrangeiros olham para o Brasil, quebram complemente esse ambiente de paz. É uma faca no pescoço do governo.

Como a nova classe média reage aos protestos?
As manifestações estão influenciando a forma como os que ascenderam pelo consumo estão vendo a política. Até então, esse pessoal, que estava recebendo desde Bolsa Família até acesso ao crédito popular, tinha uma postura de indiferença. Desde junho, a impressão é que essas manifestações de rua desmontaram essa postura. Você percebe que a população começa a desconfiar de todo o sistema partidário. Por isso que estamos tendo um recorde de votos brancos, nulos e abstenções (segundo a última pesquisa Datafolha divulgada no dia 9 para presidente, 24% dos eleitores votariam em branco, nulo ou estão indecisos). Não são pessoas que saem às ruas, mas que pensam “esses governos são todos ruins; esses meninos exageram, mas eles estão falando algo que tem fundamento”. Os meninos estão arrastando a opinião pública para uma postura mais cética e mais crítica.

Como fica a situação nessa eleição?
Há um clima que é propício para a liderança carismática. Os candidatos muito identificados com a estrutura partidária estão no bojo dessa crítica e têm pouco espaço. Eles não merecem muita confiança desse eleitor insatisfeito. Os que têm perfil carismático são Lula e Marina. Acho que eles serão as eminências pardas desta eleição. Aécio Neves e Eduardo Campos são dois homens da política partidária, dois caciques, e a Dilma não tem carisma. Se Lula e Marina não entrarem na disputa, pode acontecer de tudo. Uma vitória da Dilma, porque não vão aumentar os votos da oposição e, com grande quantidade de brancos, nulos e abstenções, ela teria baixa legitimidade. Pode ter ainda segundo turno, e Aécio ou Campos vencerem, mas também com baixa legitimidade.

Por que só agora, às vésperas do começo da competição, surgem protestos contra a Copa?
Você não organiza manifestação de rua do dia para a noite. Tem que fazer contato com os atingidos. Eles precisam sentir que não é conversa mole para se mobilizarem.

O que faz com que agora as manifestações tenham muito menos gente do que em junho do ano passado se uma pesquisa do Datafolha mostrou que 55% da população acredita que a Copa trará prejuízos ao país?
O motivo mais importante é a violência, tanto do Estado como dos black blocs. Eu falei em muitas universidades depois que lancei o livro e ouço os jovens falando: eu saí em junho, mas acho que não vou sair mais porque a coisa desvirtuou, está tendo muita violência.

A tendência é que o público dos protestos aumente quando a Copa se aproximar?
O brasileiro pode não estar gostando (do que está acontecendo fora de campo), mas ele gosta de futebol. Se o Brasil perder a Copa, aí a humilhação pode dar vazão para aumentarem os protestos com multidão. Se não, vai ser isso que nós estamos vendo, só que com um grau muito mais intenso. Vamos ter o que aconteceu na última quinta-feira quase todos os dias.

Qual a outra política que emergiu dos protestos de junho que você cita no título do seu livro?
Nós estamos falando de jovens universitários, de 20, 30 anos, em que a infância e a adolescência foram forjadas em comunidades fechadas. Nos últimos 20 anos, a composição das famílias mudou de forma muito radical. Essas famílias têm cada vez menos tempo de convívio. Então, onde esses jovens aprenderam a falar e a se vestir? Nas tais tribos urbanas. Quando surgem os smartphones, essas comunidades ganham um lugar para se expressar. Foram essas comunidades que ocuparam as ruas em junho do ano passado. Eles não sabem o que é espaço público. Por isso, é muito comum os jovens fazerem confissões pessoais nas redes sociais. Eles têm esse sentimento de abandono. Eles se firmam contra a autoridade, contra os abusos e têm uma cultura muito mais próxima do anarquismo. O que vimos em junho é uma crítica profunda das organizações de liderança, verticais. Nós não conseguimos entender. Qual é a reivindicação? São todas aquelas que estão nos cartazes. Cada tribo somada dá uma multidão, mas cada tribo é uma manifestação em si.

O senhor faz um paralelo do momento atual do Brasil com o que aconteceu nos Estados Unidos nos anos 1950.
Nos anos 1950, os Estados Unidos criaram um potente mercado consumidor interno, com aumento das exportações. Houve uma melhora rápida da renda. Essa mobilidade acelerada gerou um incômodo das elites, que se sentiam seguras em relação aos pobres e negros. Essa mobilidade social pelo consumo gera uma instabilidade dos lugares. O que está acontecendo no Brasil é algo parecido. Numa jornada de 10 a 15 anos, nós tivemos 40 milhões que estavam à margem da sociedade e passaram a consumir. A ascensão social gerou uma autonomia muito maior. Em todas as eleições, quando se decompõe o voto, a gente percebe que a ideia de formador de opinião faliu. É o primeiro impacto da inclusão pelo consumo. Tem o segundo impacto, que é a reação das elites, que se incomodam que o analfabeto possa frequentar um restaurante.

Panorama –político – Ilimar Franco

- O Globo

Aliviados
A avaliação da inteligência do governo é de que os protestos da “superquinta” foram um fracasso. Os radicais patrocinaram uma superfria, com quebra-quebra e saques, afastando os manifestantes comuns que foram às ruas, em junho do ano passado, para reivindicar melhores condições de vida e salários. Além do isolamento, a PF concluiu o mapa dos radicais e monitora seus movimentos.

Sob controle
As manifestações dos movimentos sociais e dos sindicatos não preocupam o governo. Dificilmente, vão adquirir o radicalismo dos policiais de Recife, visto como uma exceção nesta onda de protestos sindicais

Bases amplas: para que te quero?
A oposição sempre questiona a amplitude da base parlamentar formada pelos governos. Os governistas (digamos) fiéis, no afã de terem mais cargos, também defendem a exclusão dos recalcitrantes. Sobre isso, quando era ministro, no governo Itamar Franco, Antônio Britto dizia que um governo precisa de uma base dilatada porque não pode contar com 100% dos seus em 100% dos casos. Por isso, qualquer governo precisa de gordura no Parlamento. Sempre haverá aliados que votarão contra por discordarem de conteúdos ou porque estes desagradam aos seus eleitores. Ou então, porque os financiadores ou as autoridades regionais, que os sustentam, não concordam.
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“As eleições conjuntas, à Presidência da República e aos governos estaduais, impedem que, na maioria dos partidos, seus quadros marchem unidos”
Francisco Dornelles
Senador (RJ) e presidente de honra do PP
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As prioridades
O presidente Lula, de acordo com a direção nacional do PT, vai concentrar suas energias na reeleição da presidente Dilma e na candidatura de Alexandre Padilha para o governo paulista. Os petistas estão otimistas. Garantem que o drama do abastecimento de água já afeta o desempenho do governador tucano Geraldo Alckmin

No garrote
Na conversa com Lula, o PMDB pediu que o PT controle seus candidatos no Rio e em Mato Grosso do Sul. Lindbergh Farias e Delcídio Amaral enfrentam peemedebistas. Reivindicou, também, que os petistas apoiem Junior da Friboi em Goiás.

Tudo por 37 segundos na TV
O tucano Aécio Neves e o socialista Eduardo Campos disputam uma coligação com o PV. O PSB acena com o apoio ao candidato verde ao governo paulista, Gilberto Natalini. Mas o presidente do partido, o deputado José Luiz Penna (SP), tem simpatia por uma aliança com Aécio e o governador Geraldo Alckmin.

O palanque
Depois de ciscar em todas as direções e flertar com alguns candidatos, o tucano Aécio Neves se rendeu à realidade. Nos próximos dias, ele deve anunciar que seu palanque no Rio será o do candidato do DEM ao governo, Cesar Maia.

Empurrando com a barriga
Os tucanos dizem que seu candidato ao Planalto,Aécio Neves, pode sair da convenção de 14 de junho, sem candidato a vice. O prazo legal para registrar a chapa é dia 30 de junho. A escolha pode ser delegada à Executiva Nacional.

DUAS CPIS DA PETROBRAS FORAM CRIADAS, mas o ímpeto investigativo dos parlamentares, do governo e da oposição, arrefeceu. Muito barulho por nada.

Brasília-DF - Denise Rothenburg

- Correio Braziliense

Arlindo troca tudo
Está uma guerra de foice no escuro dentro do PT. Tudo porque o novo vice-presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), demitiu todos os assessores da primeira vice-presidência da Casa que trabalhavam com o antecessor, André Vargas (sem partido-PR). Arlindo não o fez por qualquer desconfiança em relação aos servidores petistas, mas por precaução e muito zelo. Sabe como é, leitor, o tal do "vai que...". Como comentavam ontem alguns petistas ligados a Arlindo, "vai que algum servidor teve um contato mínimo que seja com o doleiro Alberto Youssef. Até que se explicasse que não foi bem assim, a confusão já estava criada". E, diante desse período em que tudo vira motivo de desgaste para a imagem do partido, Arlindo quer proteger a legenda. A turma que sempre defendeu Vargas dentro do PT não gostou.

A carta de 2014
Diante da campanha do PT de que a oposição não honrará os programas sociais, os oposicionistas começam a trabalhar o lançamento de uma espécie de "carta social aos brasileiros", algo parecido com aquela que o então candidato Luiz Inácio Lula da Silva editou em 2002 para dizer que, se eleito, não faria malabarismos com a estabilidade econômica, conquistada a partir do Plano Real. Por enquanto, eles tratam apenas como uma ideia. No caso de Lula, deu certo.

Prefeitos ou governadores?
Durou pouco a alegria do deputado Danilo Forte (PMDB-CE) como relator da Proposta de Emenda à Constituição 406, a PEC que aumenta os repasses de verbas do ICMS para os municípios. Dia desses, o deputado José Guimarães (PT-CE), adversário de Danilo no estado, avisou ao peemedebista que essa PEC não terá apoio do governo federal nem dos governadores. Danilo duvida: "Quero ver quem ficará contra prefeito em ano eleitoral".

Por falar em PMDB...
A ala jovem que promove o afastamento do governo Dilma Rousseff avisa que vai continuar balançando a aliança no sentido de deixar o partido livre de amarras. O argumento é que só Michel Temer tem a vice, e o partido não tem mais nada. A briga entre senadores e deputados será grande daqui até 10 de junho, data da convenção nacional que definirá o caminho do PMDB na eleição deste ano. A aposta geral: Dilma ganha o tempo de tevê, mas não leva o partido.

Convers@ de Domingo
O ministro do Turismo, Vinícius Lage, fala sobre as manifestações e a Copa. Confira no site www.correiobraziliense.com.br.

Herança disputada
Os parlamentares estão irados com a demora do governo em liberar as emendas individuais dentro da proposta de orçamento impositivo, em especial, os suplentes daqueles que, no ano passado, apresentaram emendas, mas não estão mais por ali para pressionar pela liberação do recursos. Agora, para tentar tirar qualquer dúvida, vem aí uma resolução do Congresso para dizer que os suplentes terão direito a herdar as emendas daqueles que faleceram ou perderam o mandato, caso dos mensaleiros.

CURTIDAS
Tem um camping aí?/ Nem só os hotéis preocupam as autoridades brasileiras e estrangeiras neste período pré-Copa. O embaixador do Chile, Jaime Gazmuri (foto), por exemplo, procurou o Ministério do Turismo para saber dos campings para cerca de 3 mil chilenos que se preparam para acompanhar os jogos no Brasil. A maioria vem de carro ou de ônibus, e o destino mais próximo é Cuiabá. O governo garante que não terá dificuldades em resolver.

Virou fã/ A presidente Dilma Rousseff gostou tanto do texto do jornalista Lyra Neto nos dois livros já publicados com a biografia de Getúlio que partiu para ler a de Padre Cícero, do mesmo autor. "Ali, a gente entende a admiração do povo pelo padre e um pouco mais da história da região", disse a presidente a políticos nordestinos.

Tucanos e socialistas/ Durou pouco o tempo de amizade eterna entre o senador Aécio Neves (PSDB-MG) e o ex-governador Eduardo Campos (PSB-PE). Foi só o tucano começar a subir mais para o socialista passar a atacar o PSDB.

Skaf, a noiva/ O PMDB ri à toa, apesar das preocupações de Michel Temer. Tudo porque Paulo Skaf entrou na disputa para governador de São Paulo como um azarão que não decolaria e nem apareceria. Hoje, por incrível que pareça, todo mundo se aproxima dele. Do PSD de Gilberto Kassab ao PSB de Eduardo Campos. O que não se veem são partidos dispostos a seguir com Alexandre Padilha (PT). Sinal de que, até aqui, o petista ainda não disse muito a que veio. Resta saber o que ocorrerá na hora do jogo, ou seja, depois da Copa.

Aliás.../ Em política, todo mundo agora só se refere ao "depois da Copa". A pausa para os jogos, tudo indica, começou mais cedo.