Será a maior recessão global desde a Grande Depressão de 1929, segundo os economistas da instituição
Por Marsílea Gombata | Valor Econômico
SÃO PAULO - O choque causado pelo coronavírus levará o mundo à maior recessão desde a Grande Depressão neste ano. Será a primeira vez desde então que economias avançadas, emergentes e em desenvolvimento estarão em recessão sincronizada, alerta o Fundo Monetário Internacional (FMI).
Em seu relatório Panorama Econômico Mundial (World Economic Outlook), divulgado nesta terça-feira, o Fundo afirma que, como resultado da pandemia, a economia global deverá contrair-se 3% neste ano, uma contração muito pior do que durante a crise financeira de 2008/09. Em sua projeção anterior, de janeiro, o Fundo esperava expansão de 3,3% para a economia global neste ano.
Uma queda de 3% no crescimento global é um cenário base, no qual se espera que a pandemia desapareça no segundo semestre do ano e que as medidas de contenção possam ser gradualmente levantadas e a atividade econômica, consequentemente, normalizada. Se isso ocorrer, a projeção é que o mundo cresça 5,8% em 2021.
No blog do Fundo, a economista-chefe do FMI, Gita Gopinath, observou que “desde a Grande Depressão tanto as economias avançadas quanto os mercados emergentes e as economias em desenvolvimento estão em recessão”.
Para este ano, a projeção é de contração de 6,1% nas economias avançadas e de 1% nos mercados emergentes. O Fundo espera contrações neste ano de 5,9% dos EUA, 7% da Alemanha, 7,2% da França e 9,1% da Itália. O FMI afirma que, em algumas partes da Europa a epidemia foi tão severa quanto na Província de Hubei, na China, onde o coronavírus começou.
O Japão deve ter crescimento negativo de 5,2% e o Brasil, de 5,3%. A China deve crescer 1,2%. Espera-se redução da renda per capita em mais de 170 países. A perda acumulada para o PIB global entre 2020 e 2021 pode chegar a US$ 9 trilhões.
No relatório, o Fundo afirma ainda que a crise atual – a qual chama de Grande Confinamento – é sem precedentes pela combinação de três características: a duração do choque, o alto nível de incerteza e os desafios dos governos. “Nas circunstâncias atuais, há um papel muito diferente para a política econômica. Em crises normais, os formuladores de políticas tentam incentivar a atividade econômica estimulando a demanda agregada o mais rápido possível. Desta vez, a crise é em grande parte consequência das medidas de contenção”, diz o documento.
No documento o Fundo afirma que, “embora sejam essenciais para conter o vírus, os bloqueios e restrições à mobilidade estão causando um impacto considerável na atividade econômica”. Além disso, ressalta, os efeitos adversos na confiança de empresários e consumidores provavelmente pesarão mais nas perspectivas econômicas.
FMI: Queda dos preços das commodities coloca mais pressão sobre emergentes
Com a crise do coronavírus, os mercados emergentes e as economias em desenvolvimento passaram a enfrentar não apenas uma crise de saúde, mas um forte choque da demanda externa, condições financeiras muito mais restritas e queda dos preços das commodities, que terão impacto importante na atividade dos países exportadores. O diagnóstico é do Fundo Monetário Internacional (FMI) em seu relatório Panorama Econômico Mundial (World Economic Outlook), divulgado nesta terça-feira.