sexta-feira, 29 de junho de 2012

OPINIÃO DO DIA – Raimundo Santos: A passeata da Avenida Rio Branco

Parte integrante da Rio + 20, a passeata da semana passada na Av. Rio Branco mostrou, na presença dos jovens e militantes das Ongs, a maioria também jovem, um fato novo do momento brasileiro. Os milhares de jovens vieram à cena pública na sequência dos pequenos protestos contra a corrupção de meses atrás. Agora, com sindicalistas e movimentos sociais, compuseram uma mobilização que adquiriu valor em si. Ali, na Av. Rio Branco, os manifestantes derrogaram constrangimentos da Era Lula que imobilizam parcelas importantes do associativismo, inclusive áreas muito ativas. A passeata também veio interpelar os discursos dos ativistas situados, na Av. Rio Branco, à sua frente. A linguagem uniclassista com que os oradores do carro de som do ato de encerramento na Cinelândia queriam conduzir a movimentação plural não era homóloga à variedade das suas reivindicações que vêm colorindo e dando alento ao campo democrático brasileiro.

Raimundo Santos. O novo na passeata da Rio Branco, cf. Portal da UFRRJ.

Manchetes de alguns dos principais jornais do Brasil

O GLOBO
Rumo às urnas - TSE recua e libera contas sujas já nestas eleições
PSD de Kassab poderá fazer propaganda eleitoral na TV
FH alfineta Lula e diz que não fará campanha para Serra
Agência rebaixa nota de oito bancos brasileiros
Planos sobem, no Brasil, muito além da inflação
Ideólogo do PT deixa Mercosul na crise paraguaia

FOLHA DE S. PAULO
Supremo assegura tempo de TV a partido de Kassab
TSE libera candidatura de ‘contas-sujas’ nas eleições
Paraguai fica livre de sanções econômicas do Mercosul
BC derruba projeção de crescimento da economia
Justiça valida lei de saúde e dá força a Obama nas eleições
Eike troca chefia de petroleira após tombo bilionário
Promotoria abre inquérito para investigar outro auxiliar de Kassab
Radar de R$ 9 mi contra neblina não opera em Cumbica

O ESTADO DE S. PAULO
Servidores ligados à CUT ameaçam greve geral
Paralisação afeta hospital universitário
Em 2 dias, empresas de Eike perdem R$ 13,3 bilhões
Banqueiros são citados em relatório da PF
Mercosul decide isolar Paraguai até a eleição

VALOR ECONÔMICO
Cai investimento das empresas do Brasil no exterior
Mobilidade urbana dá o tom da eleição
Itália e Espanha bloqueiam cúpula para obter socorro

BRASIL ECONÔMICO
BC reduz estimativa do PIB e revela divergência no governo
"Não estamos à venda.Somos compradores"

CORREIO BRAZILIENSE
Acesso a salários leva CUT à Justiça
Paraguai deve sofrer apenas sanção política
ANS autoriza alta de 7,98% para planos de saúde
Crise mundial: PIB desaba e já abala otimismo para 2013
Justiça: Contas sujas vão disputar eleições

ESTADO DE MINAS
Vai doer também no seu bolso
Pornografia infantil leva 33 à cadeia
TSE autoriza candidatos contas-sujas nas eleições
Paraguai tem punição leve

ZERO HORA (RS)
O avanço da divulgação dos salários federais
Paraguai está fora até abril de 2013
Só uma nova obra iniciada em junho

JORNAL DO COMMERCIO (PE)
PF ataca rede de pedofilia
Plano de saúde terá aumento de 7,9%

O que pensa a mídia - editoriais dos principais jornais do Brasil

http://www2.pps.org.br/2005/index.asp?opcao=editoriais

Biografia de Gramsci será lançada no Brasil

A. Veiga Fialho

A recente biografia Vida e pensamento de Antonio Gramsci (1926-1937), escrita por Giuseppe Vacca e lançada pela Ed. Einaudi na Itália, aparecerá também em edição brasileira nos próximos meses, ainda em 2012.

Já considerada um marco nos estudos gramscianos, a narrativa de Vacca é uma reconstrução sistemática das vicissitudes da vida e da reflexão de Gramsci nos anos cruciais do cárcere. Para tanto, expõe, com base em documentos em boa parte inéditos, os dilemas variados que assediaram o prisioneiro, desde o silêncio epistolar da esposa russa, as desconfianças sobre os comunistas italianos nas tentativas de libertação, até as divergências políticas com seu próprio partido e a Internacional Comunista. Têm proeminência na reconstrução a esposa Giulia e suas irmãs Tania e Eugenia, além do pai Apollon Schucht, sem falar nas figuras-chave de Palmiro Togliatti e Piero Sraffa.

O livro será uma coedição entre Fundação Astrojildo Pereira, Editora Contraponto, Fundação Instituto Gramsci e o site Gramsci e o Brasil, dentro da coleção Brasil & Itália.

FONTE:: GRAMSCI E O BRASIL

BC vê crescimento de apenas 2,5% este ano

Crise no exterior prejudica economia brasileira, diz. Caem projeções para agricultura, indústria e consumo das famílias

Gabriela Valente

BRASÍLIA . O Banco Central (BC) admitiu que a crise internacional é mais grave que o previsto anteriormente e, por isso, o crescimento do Brasil será ainda menor este ano. A estimativa recuou de 3,5% para 2,5% - abaixo dos 2,7% registrados no ano passado. Ontem, o BC traçou um cenário mais pessimista para indústria, agricultura e setor de serviços, com o investimento e o consumo das famílias menores que o esperado. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, anteontem, também já revisara a projeção para 2,5%.

No relatório trimestral de inflação divulgado ontem, o BC indicou ainda que os cortes dos juros, feitos desde meados do ano passado, têm demorado mais tempo que o normal para incentivar a economia por causa das incertezas internacionais. No entanto, a autarquia se esforçou para não contaminar ainda mais as expectativas e indicou que o crescimento vai se acelerar, chegando a 4% na virada do ano.

- A projeção está representando a recuperação frágil da economia. O lado bom é que esse número contempla recuperação - disse o diretor de Política Econômica, Carlos Hamilton de Araújo. -A economia brasileira não está em crise. A fragilidade econômica brasileira é assimétrica e está concentrada em alguns segmentos.

Os números do BC mostram o oposto: desempenho pífio dos primeiros meses do ano fez com que a autarquia diminuísse as perspectivas dos principais setores da economia no relatório de inflação.

O corte na previsão de crescimento para a agropecuária foi drástico: queda de 1,5% este ano. A redução de quatro pontos percentuais deveu-se aos efeitos da seca no início do ano.

Para a indústria, a expansão estimada é de 1,9%, 1,8 ponto percentual abaixo do previsto em março. O crescimento do setor de serviços foi revisto de 3,3% para 2,8%. Já a previsão de investimento desabou de 5% para 1% em 2012, enquanto a estimativa para o consumo das famílias recuou de 4% para 3,5%.

Por outro lado, o BC manteve a estimativa para o consumo do governo em 3,2%. O relatório foi concluído antes do anúncio, na quarta-feira, do aumento das compras governamentais para impulsionar a economia.

- O governo está fazendo tudo certo. Está fazendo seu papel de gastar mais e ser mais otimista que o mercado, mas está claro que a economia vai crescer menos porque a primeira metade do ano foi muito negativa - afirmou o professor da UFRJ João Saboia. - Talvez fosse a hora de o governo pensar em diminuir o superávit primário.

Estimativa para inflação subiu a 4,7%

Mas o BC trabalha com a premissa de que o país economizará o acordado para este ano - cerca de 3,1% do Produto Interno Bruto (PIB) - sem usar a prerrogativa de abater os gastos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) da meta de superávit primário. A autarquia apontou ainda mudança no padrão de crescimento dos emergentes, com revisões para baixo tanto na América Latina como na Ásia. O economista-chefe do Bradesco, Octávio de Barros, ressaltou, porém, que isso deve aliviar a pressão sobre os preços.

Mesmo assim, o BC elevou a projeção de inflação oficial (pelo IPCA, Índice de Preços ao Consumidor Amplo) de 4,4% para 4,7%, acima do centro da meta, de 4,5%. A justificativa foi o aumento do dólar, que encarece insumos e produtos importados.

- Você deve ter percebido a alta do caviar - brincou Araújo.

Para 2013, o BC espera inflação de 5%, contra 5,2% antes.

FONTE: O GLOBO

Agência rebaixa nota de oito bancos brasileiros

Depois de rebaixar grandes bancos americanos e europeus, ontem foi a vez de a agência Moody"s revisar a nota de oito bancos no Brasil, além da BM&F Bovespa: Bradesco, Itaú Unibanco, Banco do Brasil, Votorantim, HSBC Bank Brasil, Santander Brasil, Safra e ING Bank. A principal justificativa para a reclassificação foi a excessiva quantidade de títulos públicos em carteira desses bancos. O Banco Central reduziu a previsão de crescimento do PIB deste ano para 2,5%.

Nem bancos brasileiros escapam

Moody"s rebaixa oito instituições por alta exposição a títulos federais. Ações caem

Daniel Haidar, Germano Oliveira*

RIO, SANTANDER (Espanha) e SÃO PAULO - O Brasil não passou incólume à revisão da classificação de risco de bancos feita pela agência Moody"s em todo o mundo. Depois de rebaixar grandes grupos internacionais, como o Bank of America, Goldman Sachs, Santander e HSBC, ontem foi a vez de oito instituições financeiras brasileiras terem a nota reduzida. Itaú, Bradesco, Banco do Brasil (BB), Santander, Safra, HSBC, Votorantim e ING Bank, mais a BM&FBovespa, caíram até três níveis para ficarem mais próximos da avaliação dos títulos públicos brasileiros. Todos continuaram sendo considerados grau de investimento, qualificação dada a países e empresas seguros de se investir. A revisão teve impacto nas ações negociadas na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) e fez os papéis de quatro bancos fecharem em queda.

Segundo a Moody"s, a mudança ocorreu depois que depois que a agência aprendeu, nas crises financeiras recentes, que os bancos são altamente atrelados ao grau de confiança nos títulos públicos dos países onde estão sediados. Isso porque os papéis dos governos são alvo de grandes parcelas de investimentos das instituições.

- Entendemos agora que os ratings dos bancos ou de instituições financeiras não podem estar muito acima dos seus governos, porque a correlação de risco de crédito de um país e dos seus bancos é muito forte - explicou Ceres Lisboa, vice-presidente de crédito da Moody"s no Brasil e última responsável pelo estudo que revisou notas de bancos brasileiros.

Apenas Itaú, Itaú BBA e Bradesco continuaram com notas superiores à da dívida brasileira. Os três caíram três níveis, de "A1" para "Baa1". BB teve a qualificação equiparada ao do país ("Baa2"), por ser público e pela elevada dependência do Tesouro brasileiro. O Safra foi rebaixado de "Baa1" para "Baa2". Já HSBC e Santander sofreram os reflexo da piora nas suas matrizes no exterior e caíram dois níveis, de "A3" para "Baa2".

Captações podem ficar mais caras

A subsidiária do holandês ING no Brasil caiu também por reflexo da piora da avaliação de sua controladora. Apenas o Banco Votorantim, um dos que mais sofreram recentemente com a alta da inadimplência, ficou com nota inferior ao Brasil e perdeu um nível, de "Baa2" para "Baa3". Essas notas consideram apenas a solidez financeira dos bancos - não são avaliados eventuais apoios do governo ou de suas matrizes.

Desde que a revisão da Moody"s começou em 24 de fevereiro deste ano, 84 bancos em todo o mundo foram colocados em análise. Para ilustrar a exposição dos bancos brasileiros a títulos públicos, a Moody"s citou que, em média, os bancos têm aplicados em títulos federais o equivalente a 167% de seu patrimônio de referência de nível 1 (considerado o mais seguro).

"Nossa revisão indica que existem poucas razões para acreditar que esses bancos possam ficar isolados de uma crise de dívida pública", diz o relatório da Moody"s.

Na Bolsa, as ações unit do Santander Brasil recuaram 0,52%, enquanto a ação ordinária (ON, com direito a voto) do BB perdeu 0,21%. O papel preferencial (PN, sem direito a voto) do Bradesco recuou 0,82%. Itaú Unibanco PN perdeu 0,95%, enquanto o Ibovespa, principal índice da Bolsa brasileira, caiu 0,86%, aos 52.652 pontos.

Segundo João Augusto Salles, analista da consultoria Lopes Filho, a piora das notas pode tornar mais caro para os bancos captarem recursos nos mercados externo e interno.

- Quanto pior o rating , a percepção de quem empresta recursos para esses bancos é de que o banco ficou com risco mais elevado. Logo cobra-se um juro maior - diz João Augusto Salles, analista da consultoria Lopes Filho.

Santander diz que foi ajuste técnico

O presidente do Santander no Brasil, Marcial Portela, minimizou a decisão. Segundo ele, a medida foi mais um ajuste técnico do que uma revisão decorrente da piora das condições dessas instituições.

- Os bancos brasileiros nunca estiveram tão sólidos - disse o presidente do Santander.

Para ele, o sistema bancário brasileiro é um dos mais sólidos do mundo.

- O Santander está com um nível de capitalização muito bom, perto de R$ 60 bilhões em Bolsa, enquanto o Itaú está com R$ 118 bilhões e o Bradesco, com R$ 95 bilhões - explicou o executivo, em entrevista a jornalistas brasileiros na Espanha.

Procurados, Itaú Unibanco, Bradesco, HSBC e BB informaram que não iriam se pronunciar sobre a mudança em suas notas.

Pedro Galdi, analista-chefe da SLW Corretora, admitiu que o rebaixamento assustou num primeiro momento, mas que depois ficou claro ter se tratado muito mais de um ajuste metodológico.

- Na prática, não mudou nada em relação ao Brasil. Os bancos grandes do país estão num bom momento.

Carlos Hamilton de Araújo, diretor de Política Econômica do Banco Central, concorda:

- Eles não estão enxergando nenhum problema. É um procedimento generalizado. Certamente, essa crise recente ensinou alguma coisa e eles mudaram esse procedimento.

FONTE: O GLOBO

Dívida das famílias bate recorde no país

Segundo BC, endividamento já corresponde a 43% da renda no ano. Alta reflete avanço do crédito imobiliário

Gabriela Valente

BRASÍLIA. O brasileiro nunca esteve tão endividado. De acordo com o Banco Central (BC), o valor das dívidas corresponde a 43,3% da renda das famílias no ano. É recorde histórico desde quando a autarquia começou a registrar os dados em 2005. Nessa época, o endividamento era de apenas 18,4% dos ganhos anuais. O dado mais recente, de abril, mostra uma alta em relação ao mês anterior quando o indicador estava em 42,9%.

De acordo com o diretor de Política Econômica do BC, Carlos Hamilton, a escalada do endividamento das pessoas reflete uma alta do crédito imobiliário e isso é um bom sinal já que o financiamento de imóveis é considerado mais seguro porque tem uma garantia real. Além disso, no Brasil, esse tipo de operação financeira ainda é muito pequeno em relação ao tamanho do país.

- Em termos comparativos, estamos abaixo do nível de endividamento de muitas economias do mesmo porte do Brasil - argumentou Hamilton.

Ele ressaltou que um outro indicador importante que mostra a situação financeira das pessoas já dá sinais de que deve melhorar daqui para frente. O comprometimento da renda das famílias com o serviço da dívida se estabilizou na casa de 22%, desde o quarto trimestre do ano passado. O número mostra o peso das dívidas no orçamento familiar.

Para Hamilton, a tendência desse comprometimento das receitas é cair porque os juros ao consumidor estão em queda e a renda do trabalhador continua a crescer.

O economista-chefe da Confederação Nacional do Comércio (CNC) e ex-diretor do BC, Carlos Thadeu de Freitas, espera que a postura mais cautelosa dos bancos - adotada depois de amargarem um nível de calote maior por causa da crise - também deve ajudar a reduzir tanto o endividamento quanto o comprometimento de renda das famílias.

Ele aposta que o crédito mais difícil e a própria cautela do trabalhador - que já se mostra mais preocupado com a manutenção do emprego e da renda por causa da crise - ajudarão a diminuir o tamanho da dívida das famílias brasileiras.

- A gente espera um aumento do consumo somente no fim do ano como é de costume. E até lá, também vamos ver uma queda da inadimplência - previu o economista.

Atualmente, o nível de atraso das prestações acima de 90 dias das pessoas físicas está em 8%. É o maior patamar desde novembro de 2009 durante a crise mundial. No entanto, o BC justifica que esse número reflete operações antigas e que deve melhorar.

- Não há qualquer elemento que justifique que há problema no mercado de crédito brasileiro - afirmou o diretor Carlos Hamilton.

FONTE: O GLOBO

Servidores ligados à CUT ameaçam greve geral

Em reunião encerrada ontem à noite, servidores das dez agências reguladoras declararam-se em estado de greve a partir de segunda-feira. Com isso, aumenta o risco de a presidente Dilma Rousseff enfrentar uma greve geral dos funcionários públicos. A maioria das categorias j á paradas ou com indicativo de greve quer correção dos salários em 2013.

O secretário-geral da Confederação dos Trabalhadores no Serviço Público Federal, Josemilton Costa, avalia que cerca de 300 mil servidores já cruzaram os braços. A greve, segundo ele, pode alcançar 500 mil funcionários. "A construção é a greve geral", disse Costa, filiado à CUT, braço sindical do PT. Ontem, a ministra Ideli Salvatti (Relações Institucionais) insistiu em que não haverá aumentos de salário para o funcionalismo neste ano. A colega do Planejamento, Miriam Belchior, encarregada de negociar com os servidores, optou por não se manifestar

Servidores ameaçam greve geral se Dilma mantiver resistência a reajuste

Presidente está irredutível e alega que crise internacional recomenda austeridade; sindicato prevê que até 500 mil cruzarão os braços

Marta Salomon e Lisandra Paraguassu

BRASÍLIA - A insatisfação dos servidores públicos com a intransigência da presidente Dilma Rousseff em conceder reajustes salariais, diante do cenário de crise econômica internacional, aumentou o risco de o governo enfrentar uma greve geral do funcionalismo. O último movimento grevista importante no Brasil ocorreu ainda no primeiro mandato do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Em reunião encerrada nesta quinta-feira, 28, à noite, servidores das dez agências reguladoras declararam-se em estado de greve a partir de segunda-feira. A maioria das categorias já paradas ou com indicativo de greve quer correção dos salários em 2013.

Personagem das mobilizações, o secretário-geral da Confederação dos Trabalhadores no Serviço Público Federal (Condsef), Josemilton Costa, avalia que cerca de 300 mil servidores já cruzaram os braços. A greve, segundo ele, pode alcançar 500 mil servidores. "A construção é a greve geral", adiantou.

A Condsef é filiada à Central Única dos Trabalhadores (CUT) - braço sindical do PT, que apoia a greve geral do funcionalismo.

"O governo não consegue apresentar uma contraproposta, só faz protelar a discussão", criticou o diretor da CUT Pedro Arnengol. As categorias têm reivindicações diferentes, mas a maioria quer reajuste de 22% dos salários.

Os servidores têm ouvido que o governo terá uma resposta até 31 de agosto, prazo final para o envio ao Congresso da proposta de lei orçamentária de 2013.

Nesta quinta, a ministra Ideli Salvatti (Relações Institucionais) insistiu que não haverá aumentos de salário para o funcionalismo neste ano. "Se as greves forem mantidas, vão gerar um impasse sem eficiência e sem eficácia. Não há possibilidade, principalmente em um momento de crise, de executar novas despesas não previstas", afirmou a ministra.

A colega do Planejamento, Miriam Belchior, encarregada de negociar com os servidores, optou por não se manifestar. Sua assessoria informou que o processo de negociação está em curso e não há data para a apresentação de uma contraproposta.

O ministério informou ainda não ter um mapa da dimensão do movimento grevista. Nesta quinta, houve uma nova manifestação em frente ao prédio do Planejamento. O ato reuniu representantes de 22 categorias de servidores públicos.

"O governo mais uma vez protelou", destacou o presidente do Sindicato Nacional dos Servidores das Agências Nacionais de Regulação (Sinagências), João Maria Medeiros de Oliveira, após a plenária concluída quinta à noite. Nela, a categoria que reúne 7 mil funcionários, resolveu parar a partir do dia 17, por tempo indeterminado, se a negociação não avançar até lá. Além das dez agências reguladoras, que tratam de vigilância sanitária, petróleo, aviação civil e energia elétrica, por exemplo, também aderiu ao movimento do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), que cuida das autorizações de pesquisa e lavra no País.

Professores. A greve mais longa em curso é a dos professores universitários, parados há 43 dias. Segundo balanço dos sindicatos, das 59 universidades, 56 estão paradas. Dos 38 Institutos Federais de Educação, 36 também aderiram à greve. Os professores pedem, entre outras coisas, aumento do piso salarial para R$ 2.329,35 para 20 horas semanais de trabalho. Hoje, o valor é de R$ 1.597,92.

Nesse período, houve apenas uma reunião com o governo. Uma segunda reunião de negociação, marcada para 18 de junho, foi desmarcada pelo Ministério do Planejamento.

Nesse mesmo dia, os auditores fiscais da Receita Federal - que integram as categorias com salários mais altos no serviço público iniciaram uma operação-padrão por reposição salarial de 30,18%. A partir de 1º de agosto, os auditores poderão parar.

A Polícia Federal, outra integrante do grupo de servidores com salários mais altos, também discute cruzar os braços. "Decidimos que não vamos mais participar de reuniões para marcar mais uma reunião. Já apresentamos o que queremos, o Planejamento reconhece os nossos pleitos, mas não apresenta uma forma para resolver", disse Jonas Leal, presidente do Sindicato dos Policiais Federais (Sindipol).

Num movimento inédito, funcionários do Ministério de Relações Exteriores também entraram em greve há dez dias. O sindicato contabiliza a adesão em 129 embaixadas, consulados ou postos de representação no exterior. Nesta quinta, representantes da categoria foram recebidos no Ministério do Planejamento, mas não há sinal de volta ao trabalho.

FONTE: O ESTADO DE S. PAULO

Paralisação afeta hospital universitário

A greve de professores e técnicos das universidades federais também afeta a saúde. Ao menos 16 hospitais vinculados a essas universidades suspenderam parte do atendimento, como consultas e cirurgias eletivas, e não fazem novos agendamentos. Consultadas pelo Estado, 42 universidades federais que possuem cursos de medicina estão em greve

Greve das federais afeta atendimento em pelo menos 16 hospitais públicos

Embora o atendimento de urgência e emergência continue sendo realizado pelos hospitais, vários deles cancelaram consultas e cirurgias eletivas

Fernanda Bassette e Ocimara Balmant

A greve de professores e técnicos das universidades federais, que já dura 42 dias, deixou de ser um problema exclusivo da educação e passou a afetar também a saúde. Isso porque ao menos 16 hospitais públicos vinculados a essas universidades suspenderam parte do atendimento.

Embora o atendimento de urgência e emergência continue sendo realizado pelos hospitais, vários deles cancelaram consultas e cirurgias eletivas e decidiram não fazer novos agendamentos por tempo indeterminado.

O Estado ligou para as 42 universidades federais que possuem cursos de medicina e que, teoricamente, têm um hospital universitário vinculado. Todas estão em greve, mas nem todas possuem hospital próprio.

O Hospital de Clínicas vinculado à Universidade Federal do Paraná (UFPR), por exemplo, informou que a greve atingiu diversos serviços, principalmente na área de exames de diagnóstico. Desde segunda-feira, a unidade suspendeu todas as consultas ambulatoriais agendadas – assim, 1,3 mil pacientes deixarão de ser atendidos diariamente.

A medida foi necessária, segundo o hospital, porque a não realização dos exames de diagnóstico impossibilitam o acompanhamento correto do paciente ambulatorial. Ao todo, cerca de 770 exames por dia não estão sendo feitos, entre eles raio-X, tomografia, ultrassom, endoscopia e de análises clínicas.

O Hospital Universitário da Universidade Federal do Rio Grande (Furg) também está com o atendimento reduzido: só funcionam as UTIs os serviços de urgência e emergência.

Helena Vaghetti, diretora-geral do hospital, diz que o atendimento ambulatorial está sendo feito parcialmente – 40% das consultas foram canceladas e são priorizados os casos graves.

Cirurgias eletivas também estão suspensas – o local fazia ao menos 200 procedimentos cirúrgicos por mês. Os exames dos pacientes internados são feitos por meio de um rodízio dos profissionais, para que o serviço não seja totalmente interrompido.

"As equipes de médicos e enfermeiros estão se revezando para dar conta do atendimento. A gente está negociando com o comando de greve para que eles entendam que o hospital é um serviço essencial que não pode ser interrompido", diz Helena.

Sem atender. A situação no Hospital Universitário da Universidade Federal de Sergipe (UFS) também é preocupante. Segundo Ângela Maria da Silva, diretora-geral, o hospital está funcionando com apenas 30% da capacidade. "A greve nos afetou substancialmente", afirmou.

A unidade realiza cerca de 10 mil consultas por mês. As consultas estão suspensas e só pacientes que recebem medicamento de uso contínuo estão sendo atendidos (casos de epilepsia, aids ou doenças psiquiátricas). Das quatro salas cirúrgicas, apenas uma está funcionando e dos 20 leitos, apenas sete estão ocupados. "Essa greve terá um impacto imenso no atendimento. Até o final do ano estamos com a agenda comprometida. Se a greve entrar no mês de julho, com certeza teremos impacto no ano que vem", afirmou Helena.

O hospital vinculado à Universidade Federal de Alagoas (Ufal) também já enfrenta problemas por conta da greve. Um acordo com os grevistas mantém o atendimento das urgências, mas a marcação de novas consultas e cirurgias eletivas estão suspensas. O problema é que a agenda de cirurgias já está cheia até o final deste ano e a não realização das eletivas provocará um impacto no atendimento em 2013.

No Hospital de Clínicas vinculado à Universidade Federal da Bahia (Ufba) – que atende cerca de 22 mil pessoas por mês em consultas eletivas – a situação é semelhante: desde o início do mês a unidade não está fazendo novos agendamentos de consultas e cirurgias. Por enquanto, os funcionários do hospital estão se revezando para garantir o atendimento do que já estava previamente agendado.

Impacto. Em Campina Grande, na Paraíba, o hospital ligado à universidade cancelou as consultas que seriam realizadas por professores da instituição. "Das oito mil consultas que realizamos ao mês, apenas mil são efetuadas pelos professores em greve, então o impacto não é tão grande", diz a diretora geral do Hospital Universitário Alcides Carneiro, Berenice Ferreira Ramos. Segundo ela, "como a greve e seus motivos estão sendo muito divulgados, a população está entendendo a causa".

No estado vizinho, a pró-reitora de gestão de pessoas da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Miriam Dante dos Santos, explica que a paralisação de metade dos 1.200 funcionários dos 4 hospitais vinculados à instituição vai ser sentida pela população a partir da próxima segunda.


"Até agora, negociamos com o comando de greve para que consultas e cirurgias agendadas fossem realizadas. Mas, em julho, isso não mais acontecerá. Num Estado como o nosso, em que a situação da saúde já não é boa, essa greve vai fazer muita diferença na vida das pessoas."

Por lá, só serão mantidos os serviços de urgência: UTI, pronto atendimento das maternidades e cirurgias de alta complexidade.

Em Recife, o Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), que realiza cerca de 20 mil consultas e 470 cirurgias ao mês, cancelou consultas e cirurgias por conta da greve de professores e funcionários. Estão mantidos apenas os procedimentos de urgência para os pacientes que já estão internados e as consultas de pré-natal de alto risco, oncológicas, asma grave e crianças com alergia alimentar.

Colaborou Luis Carrasco

FONTE: O ESTADO DE S. PAULO

Impasse continua em Belo Monte, após reunião

Índios permanecem acampados à espera de nova rodada de negociação. Operários voltam ao trabalho, diz empresa

BRASÍLIA. Após a primeira reunião de negociação entre o presidente da Norte Energia, Carlos Nascimento, e os líderes indígenas da região, realizada ontem em Altamira, no Pará, os cerca de 200 índios das etnias arara, xicrin e juruna decidiram permanecer acampados na Ilha Marciana, área anexa ao Sítio Pimental. As conversações teriam, no entanto, garantido a volta ao trabalho dos operários da usina hidrelétrica de Belo Monte, segundo a empresa.

Os índios vão aguardar a nova rodada de negociações no próximo dia 9, quando a empresa deverá responder às reivindicações apresentadas pelo grupo. Os representantes da Funai também participaram da reunião, que foi realizada na sede da Norte Energia, em Altamira.

O Consórcio Construtor de Belo Monte (CCBM) tentou junto à Justiça, no fim de semana passado, uma liminar para que os indígenas desocupassem a usina. Os empresários entraram com uma liminar com pedido de reintegração de posse, mas a solicitação foi negada. A juíza federal substituta Priscilla Pinto de Azevedo determinou que a Norte Energia encontrasse uma saída negociada, com a participação da Funai.

Índios cobram cumprimento de condições

A maior parte das reivindicações dos indígenas diz respeito, principalmente, ao cumprimento de condições para a construção da usina, determinadas quando as licenças prévia e depois a de instalação foram concedidas, para que as obras de fato começassem. Entre elas estão a demarcação de terras indígenas, a construção de estradas asfaltadas até as aldeias, em substituição as vias fluviais que não podem mais ser utilizadas por causa do desvio do Rio Xingu, que irá secar com hidrelétrica.

Os índios querem também a distribuição de suprimentos para as aldeias afetadas. E indenizações aos indígenas pela perda de suas terras. Outra reclamação é de que existe uma demora na implementação no Plano Básico Ambiental (PBA) na parte que se refere as áreas indígenas. Eles cobram também a instalação do hospital em Altamira para os indígenas. E, ainda, a capacitação do índios como agentes de saúde e professores de escolas.

Infraestrutura para as aldeias também são reivindicadas, como casas de alvenaria com banheiro interno e telha; energia, nas condições do programa "Luz para Todos"; escolas equipadas com computador, internet e curso até o ensino médio; atendimento à saúde e quando for necessário, ambulância.

Os índios também pediram a instalação de orelhões e torres de celular. Outro item que consta da lista de reivindicações de algumas das aldeias é a instalação de postos de saúde. Eles pedem ainda veículos de trabalho para circular entre as aldeias e se deslocar até Altamira.

Os xikrins querem apoio para a criação, instalação e funcionamento da Associação Bebô Xinkrin do Bacajá (ABEx). As instalações, reivindicam os índios, deverão contar com energia e telefone, além de ser montado um escritório de apoio.

FONTE: O GLOBO

TSE libera candidatura de ‘contas-sujas’ nas eleições

Tribunal recua e libera candidatos "contas sujas"

Político que teve conta de campanha reprovada pode disputar eleição

Em março, TSE havia decidido que candidato sem aprovação ficaria inelegível até que termine a legislatura

BRASÍLIA - O TSE (Tribunal Superior Eleitoral) voltou atrás e decidiu, por 4 votos a 3, que candidatos que tiveram as contas eleitorais reprovadas, os chamados "contas-sujas", poderão participar das eleições municipais deste ano.

Em março, a corte havia editado uma resolução, dizendo que tais candidatos seriam inelegíveis.

Ontem, o tribunal finalizou a análise sobre um pedido de reconsideração feito pelo PT, acompanhado por 13 outros partidos, que havia sido interrompida na última terça-feira, por um pedido de vista do ministro José Antonio Dias Toffoli, quando o placar estava empatado em 3 a 3.

A mudança de orientação aconteceu pois Toffoli entrou no lugar do colega Ricardo Lewandowski, que deixou a presidência do tribunal e sua cadeira no TSE em abril. Ele havia votado pela inelegibilidade dos candidatos com contas eleitorais reprovadas.

O voto de Toffoli, porém, considerou que a legislação eleitoral apenas determina que o candidato tem que apresentar suas contas de campanha para ficar quite com a Justiça Eleitoral, não sendo necessário que elas sejam aprovadas.

Após disputar uma eleição, todo candidato tem obrigação de apresentar uma prestação de contas dos recursos arrecadados e gastos na campanha. Essas contas podem ser aprovadas ou reprovadas pelos tribunais eleitorais.

A resolução de março foi aprovada por 4 votos a 3. O pedido de reconsideração foi relatado pela ministra Nancy Andrighi, que havia votado a favor resolução anterior.

Segundo seu voto proferido na última terça, os políticos que não têm as contas aprovadas devem sofrer a mesma punição dos que não apresentam as contas, ou seja, ficar inelegível até o fim da legislatura que disputou.

"Todas as situações de irregularidades na prestação de contas terão a mesma consequência ao candidato [ficar inelegível]", disse Andrighi.

Os ministros Marco Aurélio Mello e Cármen Lúcia, presidente do tribunal, votaram com a relatora.

"Penso que amanhã a Justiça Eleitoral será excomungada pela opinião pública [se mudarmos a resolução]. O tribunal está considerando o certo por errado", disse o ministro Marco Aurélio, também na última sessão.

FONTE: FOLHA DE S. PAULO

PSD de Kassab poderá fazer propaganda eleitoral na TV

PSD de Kassab ganha direito ao tempo de TV

Supremo já deu 7 votos, do total de 11, favoráveis à decisão; legenda aumenta pressão por vaga de vice de Serra

Carolina Brígido

BRASÍLIA e SÃO PAULO . O PSD, fundado ano passado pelo prefeito paulistano Gilberto Kassab, vai participar do horário eleitoral gratuito no rádio e na televisão nas eleições deste ano, a partir de 21 de agosto. Segundo a lei eleitoral, só têm "direito de antena" os partidos que participaram da última eleição para deputado federal (2010) - mas, com a decisão de ontem, o Supremo Tribunal Federal muda esse entendimento. Sete dos onze ministros entenderam que partidos fundados após a última eleição também podem aparecer na propaganda da mídia eletrônica.

Apesar do placar definido, a Corte ainda não concluiu o julgamento: a ministra Cármen Lúcia, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), vai votar hoje. A decisão é aplicada não só ao PSD mas a outros partidos em situação semelhante. E vale não só para as eleições deste ano, mas para a divisão do tempo de propaganda partidária nos anos sem eleição.

Segundo a Lei Eleitoral, dois terços do total do tempo da propaganda gratuita devem ser divididos entre os partidos que elegeram representantes na Câmara dos Deputados nas últimas eleições. O outro um terço é dividido entre estes e os que não conseguiram eleger deputados.

O entendimento do STF foi firmado no julgamento de uma ação proposta pelo DEM e outros seis partidos. Eles queriam excluir totalmente o PSD do rateio deste ano, já que ele não participou das últimas eleições.

O relator, ministro Dias Toffoli, defendeu que partidos registrados após a eleição de 2010 possam participar do rateio de dois terços do tempo, assim como os partidos com representação na Câmara. O tempo do PSD será calculado com base no número de deputados federais que participaram da fundação da legenda, e não levando em consideração o tamanho da bancada hoje. O PSD tem hoje 52 deputados, com 48 em exercício, e é a quarta maior bancada na Câmara.

Concordaram com ele os ministros Luiz Fux, Rosa Weber, Ricardo Lewandowski, Gilmar Mendes, Celso de Mello e Carlos Ayres Britto. O TSE precisa decidir como será o tratamento ao PSD em relação à divisão do fundo partidário. O dinheiro é rateado conforme as mesmas regras da divisão do tempo de TV.

Os ministros Cezar Peluso e Marco Aurélio Mello foram além: votaram pelo fim da regra de divisão do tempo de rádio e televisão com base no número de deputados federais filiados. Segundo eles, a Constituição dá aos partidos o direito de igualdade de armas na disputa eleitoral. Para eles, o tempo deveria ser dividido entre todos os partidos com candidatos, igualmente.

Com a decisão de ontem, o PSD vai aumentar a pressão para indicar o vice do candidato do PSDB à prefeitura de São Paulo, José Serra. O prefeito Kassab negou que a decisão será usada para pressionar o PSDB, mas admitiu ser contrário a uma chapa puro-sangue de Serra:

- Por a aliança ser ampla, é natural que o vice seja de um outro partido, já que o candidato já é do PSDB.

Em nota, o presidente municipal do PSDB, Julio Semeghini, defendeu que o partido tem nomes fortes. São cotados o ex-secretário estadual da Cultura Andrea Matarazzo e o coordenador-geral da campanha de Serra, Edson Aparecido. A chapa puro-sangue tem prós e contras para Serra. Ao mesmo tempo em que pacifica o PSDB, dará carga ao discurso dos adversários de que ele teria intenção de abandonar o mandato antes do término, por isso a escolha de um colega de partido para ficar em seu lugar.

Colaborou Sérgio Roxo

FONTE: O GLOBO

FH alfineta Lula e diz que não fará campanha para Serra

FH diz que vota em Serra, mas sem fazer campanha

Para ex-presidente, pedir voto é papel "indevido"

BELO HORIZONTE . O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) disse ontem que não fará campanha pela eleição de José Serra (PSDB) em São Paulo. Num recado ao ex-presidente Lula, que prometeu "morder a canela" dos adversários pela vitória de Fernando Haddad (PT), ele argumentou que pedir votos é um papel "indevido" a um ex-mandatário. Sobre a declaração de Lula, ele ironizou:

- Eu não sei morder canela. Não acho que seja apropriado ao ser humano.

Em entrevista após falar a empresários no 84º Encontro Nacional da Indústria da Construção, em Belo Horizonte, o ex-presidente afirmou que votará em Serra, sem se engajar na campanha.

- Eu nunca participei de campanha nenhuma desde que deixei a presidência da República. E, quando era presidente, tampouco participava. Dizia em quem iria votar, mas não participava porque achava indevido .

Esta semana, Lula foi multado pela Justiça Eleitoral por campanha antecipada para Fernando Haddad.

FONTE: O GLOBO

'Morder canela não é para humanos', diz FHC

Ex-presidente ironizou Lula, que prometeu "morder a canela" de adversários para eleger Fernando Haddad

Marcelo Portela

BELO HORIZONTE - O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso ironizou ontem a frase de seu sucessor Luiz Inácio Lula da Silva - que, ao falar de seu apoio ao candidato petista à Prefeitura de São Paulo, Fernando Haddad, prometeu "morder a canela dos adversários" para levá-lo à vitória. "Eu não sei morder canela. Não acho apropriado para um ser humano", disse FHC, após palestra a empresários do setor da construção, em Belo Horizonte (MG).

FHC falou também sobre a escolha do vice para o pré-candidato tucano, José Serra, advertindo que o PSDB deve avaliar com cuidado a viabilidade de uma chapa puro-sangue entre Serra e o ex-secretário de Cultura Andrea Matarazzo. "A questão não é só ganhar (a eleição)", afirmou. Há o "problema político" de ter maioria na Câmara. "Na democracia, não se governa sem apoio."

FHC afirmou ainda que Matarazzo "foi excelente secretário, mas o problema é político". "Dá para governar depois?", perguntou. Ele lembrou que, graças ao Plano Real, poderia ter concorrido à Presidência sem uma grande aliança e "eventualmente ganhar sozinho". "Eu não quis isso. Ganho e não governo. Na democracia, você não governa sem apoio."

FHC ressaltou, porém, que política é feita "no ferro quente" e, por não estar diretamente envolvido na campanha de Serra, não teria condições de avaliar a melhor possibilidade para a chapa. "Não conheço a situação concreta da Câmara e o cálculo que o (José) Serra e o Geraldo (Alckmin) estão fazendo para ver se dá para ir sozinho ou não. Não é só porque quer ou não quer (chapa puro-sangue)", observou.

Para 2014. FHC admitiu que, hoje, "não há muitos nomes" do PSDB em condições de disputar a Presidência em 2014. E confirmou a possibilidade de candidatura do senador Aécio Neves (PSDB-MG), que "depende basicamente dele", embora precise "criar condições" para alavancar a própria candidatura. "Ninguém pode ser candidato de si mesmo", disse o ex-presidente.

E acrescentou: "O PSDB deverá ter um candidato. Não há muitos nomes. Não sei qual é a posição do governador de São Paulo, torço para que o Serra seja eleito, mas não sei como vai ser. São os nomes que estão aí, a não ser que apareça outro."

FONTE: O ESTADO DE S. PAULO

Crise entre PT e PSB chega a Belo Horizonte

Amanda Almeida

BELO HORIZONTE. Depois de romper em Recife e Fortaleza, PT e PSB se estranham em Belo Horizonte, com a pressão petista por uma coligação na chapa de vereadores. O PT ameaça implodir a aliança que, em 2008, uniu ainda o PSDB para a eleição de Marcio Lacerda (PSB). Se o partido do prefeito aceitar a exigência dos petistas, os tucanos prometem deixar Lacerda. Envolvidas numa complexa negociação, as três legendas esticam a corda até amanhã, último dia para convenções.

Temeroso com a possibilidade de rachas e sem saber o que é pior - perder o PSDB e o palanque com o senador Aécio Neves (PSDB) ou o PT, com forte votação em áreas mais pobres da cidade -, Lacerda tenta costurar um acordo.

O PT teme perder cadeiras na Câmara Municipal e estabeleceu como condição para apoiar Lacerda a coligação proporcional com o PSB. Rachados, já que uma ala da sigla defendia candidatura própria, os petistas tinham garantido o vice, o deputado federal Miguel Corrêa Júnior. Na negociação, o PSDB ficaria com a presidência da Câmara.

Na noite de quarta-feira, a Executiva municipal do PSB aprovou resolução que sinaliza o veto à coligação proporcional com os petistas. Mas, preocupado com um agravamento das relações entre PT e PSDB em âmbito nacional, o presidente do PSB-MG, Walfrido Mares Guia, ainda não descarta a possibilidade de ceder aos petistas.

FONTE: O GLOBO

PC do B apoia Haddad, mas não deixa cargos

Vice de petista defende que sigla mantenha Secretaria da Copa na gestão de Kassab

Bernardo Mello Franco

SÃO PAULO - Nova candidata a vice-prefeita de São Paulo na chapa do petista Fernando Haddad, a presidente estadual do PC do B, Nádia Campeão, disse ontem à Folha que seu partido não vai entregar os cargos que mantém na gestão do prefeito Gilberto Kassab (PSD).

Ela também saiu em defesa da aliança com Paulo Maluf (PP), que levou sua antecessora Luiza Erundina (PSB) a abandonar a campanha com críticas ao que julgou excesso de pragmatismo do PT.

No governo Kassab, o PC do B comanda a Secretaria de Articulação da Copa de 2014, com Gilmar Tadeu. O prefeito tem sido criticado por Haddad e apoia seu principal adversário, José Serra (PSDB).

"No que depender de nós, o PC do B permanece na secretaria. O candidato é o Serra, não o Kassab", disse Nádia, que foi secretária de Esporte na gestão da petista Marta Suplicy (2001-2004).

Ela classificou a gestão do prefeito de "mediana": "Nota cinco, com boa vontade".

A nova vice de Haddad sustentou que o tempo de TV não será o único benefício da aliança com o PP e defendeu que a chapa também saia em busca dos votos de Maluf.

"É importante que o eleitor do Maluf na zona norte, no Ipiranga (zona sul), nas áreas onde existe um voto mais conservador, pense e avalie nossas propostas", disse.

Mais cedo, ao ser apresentada em ato público com Haddad, ela afirmou que não vê problema na aliança.

"Nós temos que lidar com o fato de que é importante ter um outro partido na aliança, o PP. Concordo com o que já disse o Haddad: não é o caso de personificar o apoio do PP. Mas não vejo problema, não."

Nádia disse que a sigla reivindicará atuação "expressiva" no governo caso Haddad seja eleito. Entre as áreas cobiçadas citou Habitação, Saúde, Cultura e Educação.

"Nós crescemos, e o PT compreende o papel que podemos ter. Acho que a gente terá uma participação maior."

Forçado a desistir da pré-candidatura a prefeito pelo PC do B, o vereador Netinho de Paula era aguardado no ato de ontem, mas não compareceu. Nádia atribuiu a falta ao trânsito, e a assessoria dele endossou a versão. Na segunda-feira, o vereador disse estar com o "coração ferido" por deixar a disputa.

FONTE: FOLHA DE S. PAULO

Em Curitiba, Ducci oficializa Rubens Bueno (PPS) como vice

Ao lado de Rubens Bueno e Beto Richa, prefeito destaca a “coerência” de seu grupo político em contraposição a quem “muda de lado”

O prefeito de Curitiba, Luciano Ducci (PSB), apresentou ontem quatro armas para a campanha de reeleição. Um candidato a vice com densidade eleitoral, o deputado federal Rubens Bueno (PPS). O apoio maciço da máquina estadual. Um lema: a promessa de erradicar a miséria na capital. E a estratégia para atacar Gustavo Fruet (PDT), escolhido como o principal adversário: exaltar a coerência da aliança consolidada ontem – embora a coligação de Ducci possa ela própria ser alvo de questionamento nesse sentido, pois o PSB é aliado do PT no plano federal e do PSDB no estadual.

Fruet foi um dos principais nomes do PSDB na oposição ao governo Lula na Câmara dos Deputados. Mas, sem espaço no PSDB para concorrer à prefeitura, migrou no ano passado para o PDT. E hoje conta com o apoio do PT para ser eleito.
Renata Bueno e Ducci
A palavra “coerência” estava escrita no cartaz que serviu de pano de fundo do anúncio oficial do vice de Ducci, no Hotel Bourbon, no Centro de Curitiba. E deve dar o tom da campanha. “Jamais vamos violentar nossa consciência para vencer eleição a qualquer custo”, afirmou o governador Beto Richa (PSDB), presente no evento, sem citar diretamente Fruet. “Nossa alma não está à venda e não compramos ninguém. Jamais vamos perder a vergonha na cara para vencer a qualquer custo. Até porque esse custo, às vezes, é muito alto. Vários políticos trocaram de lado, sem explicação, e até hoje pagam por isso”, enfatizou Richa. Ducci também aproveitou para dar sua alfinetada no adversário do PDT: “[A cobrança de coerência] é um recado para quem muda de lado de uma hora para outra, sem explicação”.

A presença de Richa, juntamente com vários assessores, mostrou ainda que o grupo que está no governo estadual dará apoio maciço à campanha do prefeito.

Ficha não caiu

Ontem, Rubens Bueno disse que não estava totalmente investido no papel de candidato a vice. “A ficha ainda não caiu”, disse ele. O deputado também explicou que aceitou ser o candidato a vice atendendo a um pedido de Richa. “Recebemos um chamado para o projeto capitaneado pelo governador Beto Richa e aceitei em nome da compreensão desse momento da vida política da cidade”, disse Bueno. Ele exerce atualmente a liderança do PPS na Câmara Federal e ocupa posição de destaque na bancada da oposição na CPMI do Cachoeira – funções que, a partir de agora, serão divididas com os compromissos de campanha.

Questionado se se tornar vice não seria um retrocesso em sua carreira política, Bueno negou. Disse ter “espírito público para servir ao projeto político em qualquer função”. Também afirmou que na vida pública é preciso saber atuar taticamente “Tem o momento de recuar para avançar com mais força. Hoje, o Paraná tem um eixo político que nós não podemos desorganizar.”

Bueno negou, no entanto, que o convite para assumir a candidatura a vice inclua um acerto para viabilizar sua candidatura ao Senado em 2014 pelo mesmo grupo. “Não houve nada disso”, desconversou. Para ser vice de Ducci, o PPS teve de desistir de lançar a vereadora Renata Bueno, filha de Rubens Bueno, à prefeitura.

Carro-chefe

O prefeito Ducci afirmou que a erradicação da miséria será o carro-chefe de um novo mandato – objetivo idêntico ao do governo da presidente Dilma Rousseff. Dados do IBGE mostram que Curitiba tem cerca de 16 mil pessoas em situação de extrema pobreza. “É possível fazer isso”, disse.

Preteridos mostram frieza ou silenciam

A escolha de Rubens Bueno (PPS) para vice de Luciano Ducci (PSB) frustrou a expectativa dos outros políticos que pleiteavam a vaga ou eram cotados para compor a chapa de reeleição. O descontentamento maior é o do deputado federal Fernando Francischini (PSDB). Ele diz que a escolha de Bueno pode influenciá-lo a aceitar o convite para presidir no Paraná o Partido Ecológico Nacional (PEN), sigla recém-criada. “Estou propenso a aceitar pois me dá oportunidade de ocupar um espaço que estou perdendo no PSDB”, afirma. Porém, Francischini ressalta que, caso mude de partido, continuará apoiando o governo estadual.

Uma das razões para a saída do deputado do ninho tucano seria o acordo que garantiria à vereadora Renata Bueno (PPS), filha de Rubens Bueno, a vaga para a candidatura a deputada federal, em 2014, com apoio privilegiado da prefeitura e do governo. Renata nesta semana por pouco não comprometeu a indicação do pai a vice ao afirmar que só Rubens Bueno “salvaria esse governo [de Ducci]”. O caso foi contornado com uma retratação e ontem Renata e Ducci fizeram questão de aparecer juntos.

Poucas palavras ou silêncio foi a estratégia de outros preteridos à vaga de vice. O deputado estadual Ney Leprevost (PSD) não compareceu ao evento de ontem e disse que prefere manter o silêncio a respeito da escolha de Bueno. “Conversei com a direção estadual e nacional do meu partido e ainda estamos avaliando o quadro político”, disse, lacônico.

Apenas dois dos preteridos estiveram presentes ao anúncio oficial da candidatura: os deputados estaduais Osmar Bertoldi (DEM) e Mauro Moraes (PSDB). Bertoldi deixou o evento sem falar com a imprensa. Já Moraes disse que defendia um tucano na composição, mas que aceitou a decisão tomada.

Prefeito e Rubens Bueno não vão se licenciar dos cargos para a campanha

O deputado federal Rubens Bueno (PPS), candidato a vice prefeito, disse ontem que não vai se licenciar do cargo durante a campanha municipal. Ele afirmou que já passou por momento parecido. “Fui candidato em 1992 [a prefeito de Campo Mourão, no interior do Paraná] sem me licenciar. E, quatro dias antes da eleição, estava em Brasília votando a favor do impeach¬¬ment do [ex-presidente Fernando] Collor”, disse Bueno. O prefeito Luciano Ducci (PSB) também assegurou que não pretende se licenciar para a campanha – o que significa que terá de pedir votos fora do horário de expediente. Ele disse não ver problemas em eventuais ausências de seu vice e em ter de fazer campanha em horários limitados. O prefeito acredita que essa dificuldade será superada pela militância dos partidos que formam a aliança: “São 15 partidos unidos, com cerca de 500 candidatos a vereador”. (SM)

FONTE: GAZETA DO POVO (PR)

Júlio (PSB), apresentado e respaldado em Recife

Com a força de uma ampla coligação e a bênção de Eduardo Campos, Geraldo Júlio tem sua primeira aparição como protagonista

Sheila Borges

Com o respaldo de uma coligação de 14 partidos, o administrador e especialista em gestão pública Geraldo Júlio (PSB) foi apresentado ontem como o candidato a prefeito do Recife da Frente Popular pelo governador Eduardo Campos. O chefe do Executivo estadual frisou que Júlio é o nome de sua total confiança por ter as condições técnicas e políticas para colocar a capital pernambucana “no rumo do desenvolvimento do Estado”. Júlio, por sua vez, estreou em um ato político, como principal protagonista, ressaltando que é movido a desafios. E, ao ser convocado por Eduardo e pelas demais legendas da Frente, aceitou participar do que ele mesmo chamou de uma “campanha histórica”.

“Vamos construir um novo Recife. Sinto-me preparado e disposto. Para isso, é fundamental trabalho, unidade, dedicação, luta e paz política. Seremos o primeiro a acordar e o último a dormir”, discursou Júlio, revelando a sua vontade de ganhar as ruas, já que a campanha começa oficialmente na próxima sexta-feira (6). Diante de um auditório lotado, Eduardo convocou os aliados a cair em campo para que Júlio possa ser conhecido pela população.

O governador disse que a campanha tem duas fases: antes e depois do guia eleitoral. Na primeira, as siglas precisam promover reuniões e debater de casa em casa para falar do projeto da Frente. Na segunda, o investimento maior será no guia de TV e rádio, já que a Frente deve ter 15 minutos.

Para quem o rotulava de um técnico sem jogo de cintura político, Geraldo Júlio foi logo avisando que sempre militou. Começou com os pais, na campanha do ex-governador Miguel Arraes em 1986, quando o avô de Eduardo foi eleito governador pela segunda vez. De lá para cá, atuou em todas as campanhas da Frente. Está no PSB desde a década de 80. Lembrou que a presidente Dilma Rousseff (PT) foi sempre uma técnica, antes de ser eleita em 2010.

“Vamos construir um governo popular, cuidando daqueles que mais precisam. Isso é inegociável”, falou, frisando que vai contar com as parcerias de Dilma e do governador. Em relação à gestão do prefeito João da Costa (PT) da qual o PSB participa com o vice-prefeito Milton Coelho, Geraldo Júlio frisou que será respeitoso, não atacará, uma vez que os dois estão no mesmo campo. “Será uma campanha bonita. Não entraremos em brigas. Não vamos nos perder.”

Apesar de Júlio ter adotado um tom diplomático com o PT, para dizer que não fará oposição ferrenha, Eduardo e o senador Armando Monteiro (PTB) – que falou em nome dos partidos da Frente –, teceram críticas. “O Recife, infelizmente, ainda é palco de carências estruturas que nos desafia. É possível construir um modelo de gestão que permita novos avanços”, disse Armando, referindo-se à candidatura de Júlio.

Ao falar sobre o contexto que gerou a candidatura alternativa à do PT, Eduardo argumentou que essa atitude não foi tomada contra ninguém, mas a favor do Recife. “Todos compreendemos que na vida, às vezes, a gente perde as condições de fazer determinadas tarefas. O PT perdeu. Essa atitude (de lançar outro candidato) foi tomada com tranquilidade. Conversei com Lula (o ex-presidente) hoje (ontem). Não queria vir pra cá, só falando por telefone. Olhei nos olhos e disse que somos os mesmos. Não vão fazer intriga”, frisou, citando o diálogo que teve com o ex-presidente ontem em São Paulo.

FONTE: JORNAL DO COMMERCIO (PE)

Em Recife, Raul Jungmann (PPS) não é mais candidato

O ex-deputado Raul Jungmann (PPS) decidiu retirar sua pré-candidatura à Prefeitura do Recife, ontem, durante plenária com as principais lideranças do partido. De acordo com a presidente estadual do PPS, Débora Albuquerque, a decisão foi tomada em consenso pelos presentes que entenderam que os acontecimentos dos últimos dias alteraram a conjuntura política do Recife e que, diante deste novo cenário, o mais racional seria a desistência da candidatura própria.

Jungmann explicou o porquê desta decisão do PPS, que ainda não sabe, a menos de dois dias do prazo final das convenções partidárias, com quem vai rumar na eleição majoritária do Recife. “Decidimos retirar a nossa candidatura por causa das mudanças no tabuleiro político. O PPS criou uma comissão que vai definir para onde o partido vai. Temos convites dos mais diversos. Vamos analisar qual o melhor caminho a seguir e ver o que vamos fazer da vida”, afirmou Raul. Perguntado se haveria possibilidade de sair candidato à Câmara de Vereadores do Recife, Jungmann foi taxativo. “Isto não está em questão.”

Débora Albuquerque acredita que o PPS resolva o seu posicionamento até hoje. “Vamos nos reunir e espero que consigamos chegar a uma decisão conjunta. Todos já estão cansados desta indefinição”, disse a presidente da sigla. Depois de quase três meses investindo na pré-candidatura do campo oposicionista, o mais provável é que os pós-comunistas sigam junto com o candidato do PSB. Raul Jungmann preferiu não adiantar nenhuma informação, mas em outras oportunidades já falou que agora a polarização é entre o PT e o PSB e que o PPS já admite a possibilidade de marchar junto com os socialistas.

FONTE: JORNAL DO COMMERCIO (PE)

O grande eleitor: Michel Zaidan Filho

A mídia especializada na cobertura política dessas próximas eleições municipais anda perplexa diante da instabilidade do quadro das pré-candidaturas à Prefeitura do Recife, acostumada como está de vislumbrar um certo grau de arrumação nos partidos e candidatos ao pleito municipal. Dessa vez, as coisas se complicaram porque as instancias municipais de decisão foram literalmente esvaziadas pela ação de outros eleitores qualificados que passaram a definir esse e quadro, em função de seus interesses e à revelia dos partidos e de seus eleitores. O que se viu nas últimas semanas aqui em Pernambuco, mas não só em Pernambuco, foi uma verdadeira desestabilização do quadro político-eleitoral pela ação de atores e personagens que, embora não estando diretamente ligados ao pleito, passaram a ter um poder de decisão e de interferência sobre a vida dos partidos, como nunca se viu.

Como se explica que um político, sequer filiado a um partido, possa ter uma influencia tão grande na definição das pré-candidaturas desse partido, a ponto de desagregar a organização e depois resolva lançar um candidato às eleições municipais pelo seu próprio partido? E as manobras dissuasórias para evitar que a oposição lance seus candidatos? Estamos diante de uma esfera pública dominada por uma espécie de coronelismo que pensa ter a iniciativa política na sociedade, para isso desestabilizando totalmente o quadro partidário, desagregando os partidos e cooptando a oposição. Esse cenário lembra, curiosamente, a atitude de ex-governador peemedebista, hoje cooptado, diante dos partidos políticos em Pernambuco, quando derrotou o avô do atual governador. A história se repete. O vencedor desagrega os partidos aliados e coopta os de oposição. Fica o eleitor com a impressão que o seu poder de decisão e o da instancia interna dos partidos não vale nada. Ele se limita a convalidar uma escolha já feita por outros, em outras instâncias, e inspirada por outros interesses.
Certamente, podemos arguir que se se deve à fragilidade dos partidos e ao alto grau de mandonismo pessoal que ainda caracterizam as nossas instituições políticas. E que isso tudo poderia ser consertado com uma inadiável e necessária reforma política. Infelizmente, estamos diante de um caso em que a mera reengenharia institucional não resolve. Aqui, o peso das tradições oligárquicas, patrimonialistas ou neo-´coronelistas, ainda que travestida de modernas ou gerenciais, é muito grande. A falta de densidade institucional dos partidos, sua precária democracia interna, a inexistência de coerência doutrinária ou programática se casam à perfeição com a personalização dos partidos, a falta de princípios nas alianças e coligações e as negociatas de todo tipo entre as agremiações. Do Poder Judiciário, poderiam vir normas estabilizadoras das regras do jogo eleitoral. Mesmo assim, esse poder tem limites para fixar regras e deliniamentos legais. O Poder Legislativo tem reclamado através de ações de inconstitucionalidade junto aos Tribunais Superiores.

De todo forma, é preocupante a falta de segurança e nitidez do quadro político-partidário, na proximidade das eleições. Essa falta de visibilidade e critério permitem um "vale-tudo" na política, inclusive que petistas e malufistas se dêem as mãos, sob a benção dos socialistas do PSB. Imagine o que não vai ainda acontecer no cenário eleitoral de 2014?

Michel Zaidan Filho, sociólogo, professor da UFPE.

Chico Buarque - Construção

Petrobras nas mãos de Lula :: Roberto Freire

"É uma história a ser aprendida, a ser escrita e lida pela companhia, de tal forma que ela não seja repetida", a presidente da Petrobras, Graça Foster, se referia à construção da refinaria Abreu e Lima em parceria com a PDVSA da Venezuela de Chave, mas serve também como síntese perfeita de toda a gestão da Petrobras no governo Lula e no primeiro ano de Dilma.

Graça Foster apresentou na segunda-feira o plano de negócios da companhia para o período de 2012 a 2016. Como resultado, as ações da Petrobras caíram 8% num só dia de pregão. Foram revisadas as metas de produção, baixando 700 mil barris por dia na produção estimada para 2020.

Para ela, as metas eram descumpridas sistematicamente desde 2003 por serem irrealistas.

A verdade é que, desde então, a Petrobras foi gerida de forma irresponsável, já que serviu a diversos interesses, menos ao interesse da própria companhia e do Brasil.

A Petrobras foi impedida de subir os preços dos combustíveis para não gerar inflação, arcando com a diferença dos preços internacionais para os domésticos, num claro subsídio. Tanto é que Graça fez questão de anunciar que este plano de negócios está condicionado à paridade dos preços internacionais aos domésticos, com o fim dos subsídios. Ou seja, haverá aumento dos preços dos combustíveis.

Com estardalhaço, o presidente Lula -pura bazófia- anunciou em abril de 2006 que havíamos conquistado a autossuficiência em petróleo. No entanto, a Petrobras não conseguiu fazer os devidos investimentos para manter aquela situação mesmo após as descobertas do pré-sal. A realidade é que em maio importamos 800 mil barris por dia e por essa razão é necessário acompanhar os preços internacionais para o equilíbrio financeiro da empresa.

A Petrobras foi usada como palco de campanha para Lula anunciar obras faraônicas que foram inauguradas e reinauguradas como navios que não navegam, e como a refinaria Abreu e Lima, que deveria estar pronta em 2011 e entrará em operação, segundo a nova estimativa, somente em novembro de 2014, com um custo nove vezes acima do previsto inicialmente.

Outras duas refinarias anunciadas por Lula, uma no Maranhão e outra no Ceará, voltaram ao rol de projetos em avaliação, sem data para entrada em operação.

As diretorias da Petrobras e de suas subsidiárias foram usadas no governo Lula como moeda de troca política, tendo sido inteiramente aparelhada pelos partidos da base aliada. Não houve gestão profissional e técnica.

O resultado: a Petrobras, patrimônio de todos os brasileiros, vai perdendo seu valor.

Esse é sempre o resultado do aparelhamento do Estado por partidos políticos: má gestão, desperdício de recursos, péssimos serviços públicos e corrupção. No entanto, o valor da educação, da saúde e da segurança não está na Bovespa para ser facilmente medido, mas é sentido pelo povo em perdas humanas irreparáveis.

Passou da hora de termos gestão profissional não só das empresas estatais, mas de todo a máquina pública brasileira.

A reforma democrática do Estado precisa voltar imediatamente para a agenda, com a diminuição de cargos de livre provimento e critérios claros e técnicos para seu preenchimento.

Deputado federal (SP) e presidente do PPS

FONTE: BRASIL ECONÔMICO

Retrocessos:: Merval Pereira

A "judicialização" da política produziu ontem duas decisões que terão influência importante na nossa vida partidária, e não necessariamente para o seu aperfeiçoamento. Por quatro votos a três, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) liberou o registro de candidaturas para os políticos com as contas sujas, num recuo provocado pela pressão dos partidos.

Em março último, o TSE decidira que não poderiam ser candidatos políticos que tivessem contas de campanhas reprovadas .

Por sua vez, decisão de ontem do Supremo Tribunal Federal (STF), que na prática concedeu ao PSD o tempo de propaganda eleitoral no rádio e na TV proporcional à sua bancada na Câmara, tem um efeito perverso que vai além do fortalecimento imediato da nova sigla criada pelo prefeito paulistano, Gilberto Kassab.

O novo PSD ganhará um reforço nas negociações políticas para alianças ainda nesta eleição municipal, sem dúvida, e o partido mais diretamente afetado será o DEM, de onde veio a grande maioria de seus fundadores e atuais membros.

O tempo de propaganda migrará do DEM para o PSD, enfraquecendo um e fortalecendo o outro. Mas, além do resultado imediato, a interpretação do STF traz com ela um efeito deletério para a já desgastada organização partidária do país.

Não foi à toa que o ministro Joaquim Barbosa propôs que a ação não fosse nem julgada, já que o tema deveria ser tratado "em abstrato", mas na realidade o centro da discussão era o PSD, mesmo que a sigla não fosse citada diretamente, o que, para ele, gerará uma consequência que "não será boa" para o quadro partidário.

Já os ministros Cezar Peluso e Marco Aurélio Mello, antevendo os perigos para a democracia que a decisão pode gerar, foram além e votaram pelo fim da regra de divisão do tempo de rádio e televisão com base no número de deputados federais filiados.

Como a Constituição garante aos partidos o direito de igualdade na disputa eleitoral, o tempo da propaganda deveria ser dividido igualmente entre todos os partidos com candidatos.

Os votos do ministro Marco Aurélio Mello são exemplares da confusão que está sendo instalada no quadro partidário.

Ele votou no Tribunal Superior Eleitoral contra a formação do PSD, pois considerou que a legislação não foi observada integralmente, mas, diante da aprovação da sigla, viu-se na obrigação de votar a favor do direito do novo partido de receber sua parcela proporcional do Fundo Partidário.

Para não se comprometer com o erro, o ministro Marco Aurélio Mello votou ontem no Supremo pelo fim da distribuição do tempo de acordo com as bancadas da Câmara, pois considera que esse sistema de divisão provoca a formação de partidos de aluguel que vivem de seus tempos de propaganda eleitoral.

A questão incomodava tanto aos partidos que a ação no TSE foi feita pelo DEM e por mais 20 outros partidos políticos, que foram todos derrotados pela maioria do Supremo, para onde a ação acabou sendo encaminhada antes do final do julgamento no TSE, para que a questão fosse decidida "em abstrato", a fim de valer para qualquer partido que tenha sido ou venha a ser criado depois da eleição de 2010, até que a próxima eleição, em 2014, possa definir a bancada partidária das novas legendas.

Os ministros que concordaram com a tese de que os partidos formados dentro da legislação da fidelidade partidária, que permite a mudança de legenda para a formação de um novo partido, têm o direito ao tempo de seus membros basearam-se na realidade criada pela legislação.

Mesmo que jamais tenha disputado uma eleição, esse partido teria que ter meios de subsistir até a próxima eleição e tempo de propaganda eleitoral correspondente à bancada que formou - no caso do PSD, uma das maiores da Câmara, com 52 deputados.

Na verdade, a decisão do Supremo, além de estar em contradição com uma decisão anterior do Tribunal Superior Eleitoral que definiu que a votação recebida por um parlamentar pertence ao partido, e não ao candidato, pode significar a institucionalização da venda do tempo de televisão.

A mais recente realização nesse campo foi a aliança entre Lula e Maluf para dar mais um minuto e 30 segundos para a campanha eleitoral do candidato petista Fernando Haddad em São Paulo.

Esse mercado eleitoral, que já é fartamente conhecido de todos, ganhará agora novas variantes de chantagem. Se de repente um grupo de deputados está em dificuldades políticas em um partido, pode ameaçar sair para criar outro, levando consigo o tempo de televisão.

Ou um grupo pode derrubar o tempo de um candidato às vésperas da eleição. Alguns políticos consideraram que o Supremo está mudando a regra das eleições depois de os partidos já terem escolhido seus candidatos, provocando uma insegurança jurídica brutal às vésperas da eleição.

É improvável, no entanto, que a decisão de ontem mude radicalmente as alianças políticas já firmadas, mas, do ponto de vista dos partidos, é um fato gravíssimo, que pode ameaçar a oposição em pleitos futuros.

Pontualmente, terá influência em algumas alianças. O DEM, por exemplo, perdeu o único argumento político forte que tinha contra o PSD, e, embora o presidente do partido, senador Agripino Maia, tenha garantido ontem que todas as alianças feitas pelo partido estão mantidas, é evidente que pode haver repercussões nos próximos dias, até a formalização oficial dos acordos e da escolha dos candidatos, prazo que termina no início de julho.

O duro golpe que o PSD recebera quando o procurador-geral eleitoral, Roberto Gurgel, votara contra suas pretensões em relação ao tempo de televisão, agora foi sentido pelo DEM, que contava com o revés do adversário para se fortalecer e até mesmo receber de volta muitos dos que haviam abandonado a legenda para criar o PSD. Agora, é possível que novas defecções aconteçam.

FONTE: O GLOBO

Braços dados com o poder:: Eliane Cantanhêde

O PSD do prefeito Gilberto Kassab passa, desde ontem, a ter direitos e prerrogativas e a pesar no tabuleiro partidário e eleitoral.

O Supremo decidiu que os deputados federais de novos partidos valem para a contagem do tempo de TV e para o rateio do Fundo Partidário. Evita, assim, um estouro da boiada no PSD antes da eleição municipal e abre uma promissora janela para a formação de novas siglas -em tese, até para um novo quadro partidário.

O PSD é a quarta maior bancada da Câmara, com 48 deputados. Em vez de 54 segundos, passa a ter (ou a ceder aos candidatos aliados) dois minutos e dois segundos no rádio e na TV. E, em vez de R$ 43 mil, terá R$ 1,6 milhão mensais do Fundo Partidário. Tudo à custa das sete legendas que perderam quadros para ele, principalmente o DEM.

Em São Paulo, não há mudança objetiva para José Serra (PSDB), pois ele ganha do PSD, basicamente, o tempo de TV que perde do DEM. Mas há efeitos políticos: Kassab e o PSD têm agora armas para guerrear contra a chapa puro-sangue (tucano-tucano) e disputar a vice.

A aliança Serra-Kassab parece uma soma de rejeições, mas é também de interesses. Nos 45 dias de TV, o PT será algoz de Kassab, e Serra, o seu grande advogado. Kassab espera sair da eleição com mais popularidade do que entrou, dê no que dê. A ver.

Mas os efeitos mais diretos do PSD continuam sendo sobre o minguado DEM, e quem mais perde são os candidatos Rodrigo Maia e ACM Neto. O PSD apoia o PMDB de Sérgio Cabral e Eduardo Paes, no Rio, e o PT de Jaques Wagner e Nelson Pellegrino, em Salvador. Qual o critério? A ideologia do poder: o bebê PSD vem ao mundo de olho vivo, só se alia com quem tem mais chances de ganhar.

Aliás, Jorge Bornhausen se encontrou ontem com Eduardo Paes, e a senadora Kátia Abreu (TO) desceu a rampa no Planalto de braços dados com Dilma. Bornhausen é mentor e Kátia é a cara do PSD.

FONTE: FOLHA DE S. PAULO

O pacto de 2014:: Maria Cristina Fernandes

No calendário da política nacional, a campanha presidencial se inicia depois de contado o último voto das disputas municipais. Pelo açodamento com que os partidos se posicionam para a contenda de outubro, porém, parece não haver dúvidas de que é uma dupla campanha que se inicia oficialmente neste sábado com o fim das convenções.

Concorrem para isso a candidatura em São Paulo de um eterno postulante à Presidência, a atuação desmedida de um ex-ocupante do cargo e o avanço estratégico de um partido aliado ao governo que se posiciona decididamente a partir para alcançar o Planalto.

É dos êxitos e tropeços destes e de muitos outros que se pintam para a guerra em 5.565 municípios que se traçará o mapa sucessório de 2014. Uma boa parte do combustível que tem esquentado antecipadamente os motores da sucessão presidencial, no entanto, vem do gabinete instalado no terceiro andar do Palácio do Planalto.

Os mandatos presidenciais custam a definir sua cara de tantos recuos que protagonizam. O governo Dilma Rousseff ainda não chegou à primeira metade de seu mandato, mas já se mostrou. A face que, para público interno e externo, vem à tona é de um governo de embates.

Compra briga com os bancos pelos juros, enfrenta seu partido e aliados na recomposição do comando de algumas estatais, como a Petrobras, feudo de interesses longamente encastelados, e dá a partida para a busca da verdade nas entranhas da história e das planilhas da administração pública.

Das leis que a reeleição lavrou nos costumes, uma que parece ser cumprida à risca é que ninguém compra tanta briga assim se pretende se reeleger. Some-se a isso o cerco aos gastos desde os escândalos de corrupção que teria travado o governo e aumentado a insatisfação. Vai mais uma pitada de dificuldade em se fermentar o PIB e tem-se pronta a receita de tanto apetite pelo poder.

A estratégia para conter as ambições que se avolumam está traçada. A reeleição, inexistente no léxico presidencial, vai dar suas caras. A quem interessar possa, Dilma vai deixar claro que disputará 2014.

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva continua sendo seu principal conselheiro na política. Mas, ainda que as intenções de Lula não tenham ficado claras, o entorno mais próximo da presidente sabe que seu antecessor não truca ao dizer que pretende se apresentar, se a titular se retirar do jogo.

As pesquisas internas do Planalto respondem com os seguintes percentuais à pergunta "se as eleições fossem hoje, em quem você votaria para presidente?": 70% em Lula e 60% em Dilma.

Foram as brigas que a indispuseram com seus aliados, que, em parte, puseram Dilma na condição de poder roçar os calcanhares de seu mítico antecessor. Não convém, portanto, abandoná-las. Os percentuais exibem a tropa da comandante e ajudam a entabular a negociação.

Aos aliados mais afoitos de sua coligação, o recado é: vamos juntos em 2014, que dali a quatro anos o espaço lhes será franqueado. Em português para petista entender, o mote é "para ter a hegemonia não é preciso ocupar a cabeça de chapa". Tem outro ainda, também capaz de desnortear a quem se guia pela estrela vermelha: "Não temos um projeto de partido, mas de país". E esse projeto, numa cantiga feita para embalar potenciais adversários, "pode estar num aliado de nosso campo".

A mais bem-sucedida experiência do PT com essa alternância de poder no mesmo campo se dá em Belo Horizonte, onde um prefeito do PSB sucedeu a um do PT e partirá para a reeleição em aliança sem divisar adversários à frente.

Essa aliança pode prosseguir em 2014 com a candidatura do prefeito Márcio Lacerda ao governo, mas ainda não há acordo que elimine a postulação do ministro Fernando Pimentel. Esse e outros acordos são parte da construção da aliança pela reeleição presidencial.

Para além das alterosas, o casamento nem sempre dá certo. Na terra do presidente do PSB, por exemplo, o caldo entornou. O presidente do PT, Rui Falcão, e o ex-ministro José Dirceu resolveram confidenciar aos microfones e ao papel aquilo que só vinham dizendo em privado.

Falcão usou todas as letras: "Eles [o PSB] querem se firmar em cima do PT. Sobre a dinâmica do PT decidimos nós, não o governador Eduardo Campos" (Valor, 26/06). No seu blog, Dirceu foi além: "O PSB e a oposição em geral elegeram a região como ponta de lança de sua estratégia para barrar o fortalecimento político-eleitoral do PT. Quem não entendeu o processo esquece que em 2002 o deputado Anthony Garotinho foi candidato a presidente pelo PSB" (www.zedirceu.com.br).

Não é uma dupla que jogue unida em todas, mas fazem uma indissolúvel dobradinha quando se trata de manter o PT no poder até o apocalipse.

Por isso, a estratégia que está sendo cultivada ao pé do ouvido presidencial passa pela tomada do poder nas eleições internas do PT em 2013.

A aposta na renovação petista começou a ser feita no início do mandato, com a escolha de Marco Maia para a Presidência da Câmara, e ganhou corpo com a definição de lideranças do governo e de partido mantidos à borda na era lulista.


Dilma precisa deles para ter um PT alinhado com seu jogo na reeleição, e eles precisam da presidente para ganhar espaço no partido e no governo. As bravatas da semana com votações que desagradaram ao Planalto são parte do ajuste dessa aliança tácita que demandará concessões de parte a parte.

Preocupa o Planalto o açodamento desse grupo em relação à disputa pela Presidência da Câmara. Desalojar Henrique Eduardo Alves na disputa pelo cargo não está entre as brigas que a presidente pretende encampar.

Também não vê por que o PMDB tenha que cair fora da vice em 2014. A relação da presidente com o governador de Pernambuco não é e nem será jamais tão estreita quanto a de Lula, mas Dilma admira a gestão e lhe reconhece o tino. Por isso não acredita que Eduardo Campos queimaria caravelas pela vice. Ganharia mais fazendo um acordo com o PMDB para 2018. A conversa de Lula com Campos ontem em São Paulo, que precedeu a do ex e de sua sucessora, visitou este roteiro.

Como último, mas não menos importante capítulo da estratégia presidencial, o país tem que crescer o suficiente para abrigar os eleitores que entrarão no mercado até 2014. Como não dá para combinar com o resto do mundo, a questão é definir o preço de bilheteria capaz de manter a plateia do circo e o emprego do adestrador.

FONTE: VALOR ECONÔMICO