Eu & Fim de Semana / Valor Econômico
O
que está em jogo neste domingo é o marco civilizatório que regulará nosso
destino como nação
Qualquer que seja o resultado da eleição de
30 de outubro, o Brasil da manhã de segunda-feira já não será o mesmo da
véspera. Se vencer Bolsonaro, o país amanhecerá com um desafio de, nas sombras
de seu obscurantismo, se reconstruir, no marco das tradições inconformistas e
poéticas do povo brasileiro. O de reencontrar-se como nação da esperança a
partir dos valores e possibilidades da Constituição de 1988.
Se vencer Lula, ele, o PT e os grupos
também democráticos não petistas terão que compreender os complexos desafios de
superar o autoritarismo residual da ditadura de 1964. E viabilizar o diálogo
entre a sociedade civil e as Forças Armadas, para que se convençam de que sua
missão histórica não é a de tutelar a sociedade nem tratá-la como inimiga do
Estado.
O Brasil não é um quartel, não é uma
confraria religiosa, não é um curral político, não é um cercadinho de
bajuladores de porta de palácio. A imensa maioria do povo brasileiro é
constituída de gente que trabalha e pensa, para a qual o verde e amarelo não é
o da cueca e da veste carnavalesca, mas o do coração.
Para que nos reencontremos na consciência de que a sociedade é a unidade do diverso e da retidão e não a desunião do único e da linha reta.