terça-feira, 18 de outubro de 2016

Opinião do dia – Alberto Aggio*

Todas essas proposições estão fadadas ao fracasso. Elas não enfrentam seriamente o problema e não empreendem verdadeiramente uma ultrapassagem do PT. O tempo exige uma “outra esquerda”, plural, democrática e reformista que possa superar as visões finalistas e ingressar no século 21 com corpo e alma novos.

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*Historiador, é professor titular da UNESP. ‘O que resta para a esquerda?’ O Estado de S. Paulo, 18/10/2016

Correntes petistas pressionam por mudanças

• Tendências à esquerda querem antecipar escolha da direção partidária

Isabel Braga - O Globo

-BRASÍLIA- Após o fracasso eleitoral nas eleições municipais, grupos de deputados da bancada do PT se reuniram ontem para tentar discutir saídas que garantam a reconstrução do partido. Disposto a cobrar mudanças profundas na legenda, parlamentares que integram o Muda PT (movimento que reúne deputados das cinco maiores correntes de esquerda) discutiram alternativas, incluindo a criação de uma outra sigla ou fusão partidária. Mas o único consenso foi o de chamar, para 3 e 4 de dezembro, um encontro nacional do movimento.

A maior pressão do Muda PT é pela antecipação da eleição que mudará a direção partidária, prevista para o segundo semestre do próximo ano. O movimento quer a convocação do congresso do PT e a rediscussão da forma de eleição da nova diretoria. Alguns integrantes do Muda PT começaram a verbalizar a possibilidade de deixar a legenda, o que incomodou outros integrantes. Para o deputado Paulo Pimenta (PT-RS), a mudança tem que se dar no próprio partido:

— Quero a realização do Congresso do PT o quanto antes, quero eleger um novo comando do PT, mas não quero sair do PT. Não participo de qualquer movimento com esse objetivo — afirmou Pimenta, da corrente Mensagem.

Segundo Pimenta, as conversas estão em andamento e, na próxima quinta-feira, integrantes do Muda PT conversarão com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Esse encontro se dará um dia antes da realização de reunião da Executiva Nacional do PT, em São Paulo. O Muda PT reúne, segundo Pimenta, cerca de 30 deputados federais.

Também houve ontem reunião de deputados da corrente majoritária do partido, a CNB (Construindo um Novo Brasil). Assim como os deputados de tendências mais a esquerda, os integrantes da CNB admitem que é preciso reorganizar o partido. Mas defendem que isso seja feito com tranquilidade.

— Estamos em uma situação conjuntural muito complicada, mas nossa avaliação é que temos que ter uma certa tranquilidade para fazer análise e não deixar que as emoções pautem nossas decisões — disse o deputado Valmir Prascidelli (PT-SP), acrescentando: — Temos que admitir os nossos erros, superar os problemas, mas isso não se dá apenas trocando a direção.

Segundo Prascidelli, há saídas individuais e coletivas.

— As individuais são as que algumas lideranças já estão defendendo: criar partido, constituir frente,ir para partido pequenos. Nós queremos uma saída coletiva que resgate as conquistas que tivemos.

Ex-presidente tenta evitar divisão do PT

• Impasse sobre escolha do novo comando da legenda preocupa Lula, que pede para dirigentes se concentrarem em fazer oposição a Temer

Vera Rosa – O Estado de S. Paulo

/ BRASÍLIA - O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva já avisou aos dirigentes das principais correntes do PT que não será candidato ao comando da legenda e está pedindo às tendências uma “repactuação” interna para superar a maior crise da história do partido.

Lula não esconde a apreensão com o racha no PT e insiste em que é preciso deixar de lado as disputas entre grupos, fazer uma autocrítica e assumir o papel de oposição “propositiva” ao governo do presidente Michel Temer.

A cúpula petista está preocupada com a possibilidade de prisão de Lula, que é réu na Lava Jato, e com a sobrevivência política do partido. Nos bastidores, dirigentes dizem que o governo Temer teria orientado a Polícia Federal a “aniquilar” o PT para impedir que a legenda volte ao poder em 2018.

‘Lula preso’ mobiliza militância

• Boato sobre prisão de petista leva militantes a fazer uma vigília em São Bernardo do Campo

Gilberto Amendola – O Estado de S. Paulo

Boatos sobre a prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva têm frequentado o universo das redes sociais desde antes de sua emblemática condução coercitiva, em março. A frase “Lula preso amanhã” transformou-se em um meme de sucesso, compartilhado por apoiadores e detratores de Lula com a mesma paixão e convicção.

Apesar da seriedade inquestionável do tema e de seus desdobramentos imprevisíveis, a “prisão” anunciada pelas redes nunca foi tomada como verdade – servindo apenas para alimentar os ânimos já acirrados do ambiente político virtual. Pelo menos era assim...

Até que na última sexta-feira, o cenário mudou. Importantes dirigentes petistas pareciam acreditar que o “Lula vai ser preso” tinha algum fundamento, criando uma onda de “agora é pra valer”. A suposta prisão iminente fez com que figuras importantes do partido entrassem em contato com jornalistas e, invertendo os papéis costumeiros, perguntassem: “E aí, vocês estão sabendo de algo?”.

Sob ameaça de deixar PT, descontentes dão ultimato ao partido

Catia Seabra – Folha de S. Paulo

SÃO PAULO - Reunidos nesta segunda-feira (17), cerca de 40 parlamentares petistas, em sua maioria deputados federais, decidiram divulgar um manifesto em que cobrarão a antecipação das eleições internas do partido.

. Intitulando-se "Muda PT", o grupo exigirá a realização de um encontro partidário no mês de dezembro para convocação de um congresso da sigla.

Esse foi o único consenso de uma reunião que consumiu a manhã e invadiu a tarde. Temendo o peso da marca do PT nas próximas eleições, os parlamentares admitiram até a criação de uma nova sigla, o que permitiria uma saída coletiva.

Como a fundação de uma legenda exige tempo, o grupo decidiu se dedicar, por enquanto, à criação de uma frente ampla, que nasceria da fusão do PT com outros partidos.

Manifestantes pró-Lula fazem vigília em frente à casa do ex-presidente

- Folha de S. Paulo

SÃO PAULO - Manifestantes fizeram uma vigília na madrugada desta segunda-feira (17) na casa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em São Bernardo do Campo, região metropolitana de São Paulo. No auge, o encontro chegou a reunir cerca de 80 pessoas.

O evento aconteceu após a divulgação de um boato na internet de que Lula será preso "a qualquer momento".

Para Luiz Fux, é possível separar contas de Dilma e Temer no TSE

- Valor Econômico

BRASÍLIA - O ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF), considera possível dividir as contas de campanha da ex-presidente Dilma Rousseff e do presidente Michel Temer, para haver julgamentos separados do processo no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que pede a cassação da chapa.

O pedido para separar as contas foi feito pela defesa de Temer. Segundo os advogados do presidente, as irregularidades ficariam todas na metade de Dilma, livrando Temer de perder o mandato recém conquistado por irregularidades na campanha. “Tendo em vista preceito constitucional de que a pena não passa da pessoa do infrator, eu acho que não é irrazoável separar as contas prestadas”, declarou Fux.

Procuradores apuram empréstimos do BNDES de R$ 101 mi a amigo de Lula

• Liberação de recursos para o Grupo São Fernando, de Bumlai, teve participação do BTG, BVA e Bertin

Procuradores do DF e da Lava Jato apuram empréstimos do BNDES a amigo de Lula, à beira da falência

• Liberação de R$ 101 milhões para usinas do Grupo São Fernando, em 2012, com participação direta e indireta do BTG Pactual, BVA e Bertin, é alvo de investigação conjunta; força-tarefa de Curitiba compartilhou documentos apreendidos com pecuarista amigo de Lula e banco abriu auditoria interna

Ricardo Brandt, Julia Affonso e Fausto Macedo – O Estado de S. Paulo

O Ministério Público Federal, no Distrito Federal, em conjunto com a força-tarefa da Operação Lava Jato, investiga se o pecuarista José Carlos Bumlai, amigo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, foi beneficiado em empréstimos concedidos pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), entre 2008 e 2012. O Grupo São Fernando, de usinas de álcool, recebeu mais de R$ 500 milhões em três operações com o banco nos governos Lula e Dilma Rousseff. As participações do BTG Pactual, do falido BVA e do Grupo Bertin também estão sob suspeita.

A principal frente de investigação concentra-se na concessão de R$ 101,5 milhões em 2012. O valor foi contratado em nome da São Fernando Energia 1 – unidade do grupo que geraria energia com o bagaço da cana-de-açúcar -, no plano de reestruturação financeira do Grupo São Fernando. A operação foi feita de forma indireta, via bancos BTG Pactual e Banco do Brasil, que assumiram os riscos como agentes financeiros do repasse.

As empresas do pecuarista amigo de Lula – preso desde novembro de 2015, em Curitiba, por ordem do juiz federal Sérgio Moro – entraram com pedido de recuperação judicial, um ano depois de obter esse terceiro e último empréstimo do BNDES, principal alvo da apuração em conjunto dos procuradores do DF e da Lava Jato.

Em 2015, o BNDES e o Banco do Brasil pediram a falência das empresas de Bumlai por inadimplência. Prestes a ser condenado no esquema de corrupção da Petrobrás, pelo juiz da Lava Jato, em Curitiba, Sérgio Moro, o amigo de Lula tinha uma dívida de R$ 1,2 bilhão. Toda operação financeira do grupo com os bancos estatais envolvem o Grupo Bertin – também alvo da Lava Jato, como o BTG e o BVA.

Margem dos bancos com crédito cresce 60% em 2 anos e BC pede redução

• Diferença entre o custo de captação dos bancos e o que eles cobram nos empréstimos passou de 25,3 pontos porcentuais em 2014 para 40,7 pontos este ano; para diretor do Banco Central, instituições precisam mudar o relacionamento com os clientes

Fabrício de Castro, Adriana Fernandes - O Estado de S. Paulo

O diretor de Relacionamento Institucional e Cidadania do Banco Central, Isaac Sidney, disse ao Estado que os bancos precisam diminuir a diferença entre as taxas que cobram nos empréstimos e a que pagam na captação dos recursos, o chamado spread bancário. “Precisamos reduzir o custo do spread bancário ao cidadão, para o Estado, para o País e as instituições financeiras poderem dar sua parcela de contribuição.”

Mercado se mostra dividido sobre tamanho do corte da taxa de juros

Eulina Oliveira – Folha de S. Paulo

SÃO PAULO - A maioria dos investidores prevê que o Banco Central vai reduzir a taxa básica de juros da economia nesta semana, mas há dúvidas sobre o tamanho do corte e, portanto, a velocidade do ciclo de redução dos juros que pode se iniciar.

A taxa Selic, hoje em 14,25%, será analisada pelo Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central na reunião que termina nesta quarta (19). Se for confirmado, o corte da taxa será o primeiro desde outubro de 2012.

A maior parte dos analistas do mercado aposta num corte de 0,25 ponto percentual, mas há quem veja espaço para uma redução ainda maior, de 0,5 ponto percentual.

PMDB e PSDB unem-se por reforma tributária

Por Raphael Di Cunto – Valor Econômico

BRASÍLIA - O deputado Luiz Carlos Hauly (PSDB) será o relator do projeto de reforma tributária em discussão na Câmara dos Deputados. A escolha do tucano, parlamentar há sete mandatos, ex-secretário da Fazenda do Paraná e relator da Lei Geral das Micro e Pequenas Empresas no governo Lula, é parte da estratégia de aproximação entre PSDB e PMDB.

O presidente da comissão, deputado Hildo Rocha (PMDB-MA), convenceu o antigo relator, o líder do governo, André Moura (PSC-SE), a desistir da função devido o acúmulo de trabalho como interlocutor do Palácio no Congresso e optou por Hauly para tentar fazer avançar o projeto.

Mercado diminui projeções para inflação e prevê um corte maior de juro em 2016

Por Ana Conceição - Valor Econômico

SÃO PAULO - Após a surpresa de setembro, com o IPCA mais baixo para o mês desde 1998 (0,08%), a inflação continua comportada em outubro, ainda beneficiada pela queda dos preços de alguns alimentos, segundo dados divulgados pela Fundação Getulio Vargas (FGV). A desaceleração dos preços nas últimas semanas tem contribuído para melhorar as expectativas para o IPCA deste e do próximo ano e, agora, também promoveu um ajuste para baixo na perspectiva para os juros em 2016.

O boletim semanal Focus, do Banco Central, divulgado ontem, informou que, depois de ter permanecido por oito semanas em 13,75%, a mediana das previsões dos analistas de mercado para a Selic caiu a 13,50%. A taxa básica está atualmente em 14,25%, a mais alta desde 2006. A aposta é que o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central faça um corte de 0,25 ponto percentual amanhã. Seria o primeiro recuo da Selic em quatro anos. Depois, haveria mais redução de 0,50 ponto na reunião de novembro. Esse ciclo seguiria até setembro de 2012, quando a Selic chegaria a 11%.

Planalto intervém contra divisão na base aliada às vésperas de votações

Daniel Carvalho, Marina Dias – Folha de S. Paulo

BRASÍLIA - O Planalto precisou intervir nesta segunda-feira (17) para evitar um racha na base aliada às vésperas de importantes votações de medidas econômicas na Câmara.

Em uma semana em que o presidente Michel Temer está fora do país e a pauta política tendia a esfriar, virou polêmica um jantar promovido pelo líder do PTB e postulante ao comando da Câmara, Jovair Arantes (GO), com líderes do chamado centrão.

Coube ao ministro Geddel Vieira Lima (Secretaria de Governo) atuar pessoalmente para contornar mal-estar criado durante o dia.

O encontro do centrão, grupo que inclui principalmente PSD, PR, PP, PTB e PRB, estava marcado desde a semana passada, mas, ao longo do dia, ganhou contornos de tentativa do grupo para atrair o apoio do PMDB, partido de Temer e maior bancada da Casa –com 67 parlamentares–, para a candidatura à sucessão de Rodrigo Maia (DEM-RJ).

FH defende reforma

Para o ex-presidente, é importante aprovar a reforma política para conter a fragmentação partidária e resolver o problema de financiamento das campanhas eleitorais.

País precisa avançar na reforma política

• Fernando Henrique defende cláusula de desempenho, voto distrital e regras para doações de empresas

- O Globo

A evolução do número de votos nulos e em branco nas últimas eleições, as dificuldades de captar recursos para as campanhas sem a doação de empresas e a proliferação de pequenos partidos dão o tom de urgência para que o Congresso Nacional e a sociedade discutam e encontrem soluções para a crise de representação na democracia brasileira. É o que pensa o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, convidado a debater as propostas de reforma política na terceira edição do encontro “E agora, Brasil?”, promovido pelo GLOBO com apoio da Confederação Nacional do Comércio (CNC), no Rio. O evento foi mediado por Míriam Leitão e Merval Pereira, com a presença de empresários e de editores e colunistas do GLOBO.

Democracia vive crise de representação

• FH: falta de referências e insatisfação crescente são desafios contemporâneos

- O Globo

As questões enfrentadas pelo sistema político brasileiro são, na verdade, efeitos de uma crise da democracia representativa que afeta o mundo inteiro. A ressalva é necessária, diz Fernando Henrique Cardoso, porque ajuda a entender o desafio que os atores políticos precisam enfrentar. Durante o encontro “E agora, Brasil?”, o ex-presidente alertou para a distância entre o cidadão e seus representantes políticos:

— Há um sentimento crescente de que “eles”, o setor que se interessa por política, é diferente de “nós”, aqui da vida real.

Ao mesmo tempo, os partidos perderam o status de referência, diante de uma sociedade composta por muitas identidades.

— Ainda estamos com as formas tradicionais de representação política na cabeça. Olhamos o futuro com um olhar do passado. Tem mais ingredientes (na sociedade) do que ser de esquerda, centro, direita.

FH alerta, inclusive, para o avanço da direita no país. Porém, diz que não existe base para uma direita tradicional:

— Existe esse pensamento na cultura. É uma direita comportamental. Não é intrinsecamente reacionária. É um atraso, que começa a ter presença, mas não está estruturado.

O cerne da questão, diz ele, é a falta de referências demandadas pela população.

— Hoje você não sabe os nomes dos generais, o que é bom, mas também não sabe o dos cardeais — afirma. — A sociedade contemporânea vive um vazio de coesão. Paradoxalmente, o papel da liderança cresce. Quando não tem nada estável, onde se segurar? Como explicar a permanência da Marina (Silva) nas pesquisas eleitorais? É a referência.

Para FH, a crise representativa tem origem nos anos 1970, quando se consolidou o debate sobre liberdades individuais, e não mais de classes. A globalização não resolveu questões importantes nesse sentido, o que provoca insatisfação crescente.

— O Brexit expressa a voz dos perdedores da globalização. (Donald) Trump sabe disso. No passado, quando isso aconteceu, deu no fascismo. Vai acontecer agora? Não sei. Mas alguma coisa vai acontecer.

‘Seria puro oportunismo atacar o governo’

• Fernando Henrique diz que o PSDB não deve se descolar de Temer, a quem chamou de ‘macaco velho’

- O Globo

O clima no auditório da Maison de France durante o terceiro encontro “E agora, Brasil?” foi tomado pela esperança quando o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, ao lembrar da implementação do Plano Real, sentenciou:

— Meus assessores diziam que era impossível fazer qualquer coisa. Mas, (a situação) só muda quando está tudo ruim. É possível mudar na crise, desde que haja liderança.

Diante das semelhanças com a crise atual, a afirmação foi repetida como conselho ao presidente Michel Temer, com quem FH almoçou dias antes do debate promovido pelo GLOBO com apoio da Confederação Nacional do Comércio (CNC). Fernando Henrique disse que o presidente tem de “se jogar” para fazer as reformas que o país precisa — entre elas a política e a da Previdência. A ampla vitória do governo na Câmara dos Deputados na votação da PEC 241, que estabelece um teto para os gastos públicos, indicou para o ex-presidente que Temer tem condições de levar adiante esta agenda.

— Vou usar uma expressão um pouco vulgar (sobre Temer): é “macaco velho”. Ele sabe mexer com o Congresso. O exemplo, ele deu agora. Foi uma votação forte — afirmou o ex-presidente.

FH afirma que lula foi ‘absorvido pelo clientelismo’, mas que não quer vê-lo preso

- O Globo

Em 2003, após a vitória do PT nas eleições presidenciais do ano anterior, o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva tomou uma decisão que, para seu antecessor, Fernando Henrique Cardoso, mostrou-se crítica para o atual estado de fragmentação partidária e colapso do presidencialismo de coalizão. Em vez de formar inicialmente uma aliança com o PMDB, lembra FH, o petista priorizou a composição com muitas legendas pequenas.

Na visão do tucano, a atitude de Lula aumentou a pressão sobre o governo pela distribuição de cargos sem respeitar necessariamente critérios programáticos, o que aprofundou o fisiologismo do sistema político brasileiro e, no limite, levou ao mensalão, esquema de compra de votos no Congresso.

— Para meu desgosto, o Lula foi absorvido pela cultura tradicional brasileira: clientelismo, corporativismo, favoritismo e um pouquinho de corrupção. Houve uma transformação até íntima dele. Pouco a pouco, o PT começou a usar os instrumentos tradicionais e deixou de renovar — criticou FH. — Em qualquer democracia, um poder não se sustenta só com ideias. Existe um jogo, ninguém é ingênuo. Mas esse “dá lá, toma cá” tem limites também. Quando você deixa tudo se transformar nisso, perde a virtude. Ninguém pensa que só existe virtude, mas é preciso ao menos um predomínio dela.

Tucanos enfrentam desafio de construir unidade

• Fernando Henrique diz que seu papel é evitar que o PSDB ‘se esfacele’ em disputas internas para escolher candidato à Presidência em 2018

- O Globo

Foi com tom ameno e comentários bem-humorados que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso falou sobre a eventual disputa interna em seu partido, o PSDB, para formar uma chapa na disputa à Presidência da República, em 2018. FH, que participou da fundação do partido em 1988, disse que não encara a multiplicidade de presidenciáveis tucanos — “três candidatos, pelo menos” — como prenúncio de cisão na legenda. O senador Aécio Neves, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, e o ministro José Serra (Relações Exteriores) são considerados potenciais nomes do partido para a disputa nas urnas.

Perguntado sobre o assunto durante a terceira edição do encontro “E agora, Brasil?”, promovido na última sexta-feira pelo GLOBO e pela Confederação Nacional do Comércio (CNC), o ex-presidente reconheceu que seu papel no PSDB é tentar evitar que a pluralidade de vozes internas se transforme em falta de unidade. Para ele, no atual cenário político, o PSDB se diferencia dos demais partidos.

— Não é que o PSDB está dividido. Tem três candidatos, pelo menos. Quem mais tem? O PSDB sempre teve esse problema. De alguma maneira, minha função no PSDB tem sido evitar que o partido se esfacele. Vamos ser capazes ou não? Não sei. Vamos tentar construir algum tipo de unidade, apesar das aspirações legítimas de pelo menos três. Não é seguro, mas no passado fomos capazes de manter alguma unidade.

Ele disse que não é contra as prévias que já começam a ser discutidas no partido:

— Se houver muita divergência, o partido deve realizar prévias. Não é um bicho de sete cabeças.

Debate amplo pode viabilizar a reforma

• Mobilização da sociedade é vista como crucial por participantes do encontro

- O Globo

Participantes do encontro “E agora, Brasil?”, promovido pelo GLOBO com apoio da Confederação Nacional do Comércio (CNC), concordaram com os argumentos do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso em favor da reforma política. Embora o tema suscite diferentes pontos de vista, houve consenso entre os convidados sobre a importância da reforma para o futuro do país. Todos acham que a sociedade deve participar ativamente deste debate.

— O Congresso, movido pela sociedade, certamente haverá de fazer esta reforma. Independentemente de querer ou não. O país, nas condições em que está, é ingovernável. É preciso buscar uma solução. Alguns vão perder, não há dúvida, mas é preciso que todos nós tenhamos consciência da importância desta reforma — avaliou Adelmir Santana, vice-presidente da CNC.

O diretor de Redação do GLOBO, Ascânio Seleme, destacou que o encontro tinha como propósito justamente trazer à tona a importância da reforma:

— Nós, jornalistas, temos que ajudar a iluminar os caminhos para que as pessoas tomem decisões importantes. O papel da imprensa é abrir esse debate em todos os segmentos da sociedade.

O encontro, realizado na última sextafeira, teve a presença de lideranças empresariais e de personagens com bagagem no mundo político. Albano Franco, ex-governador de Sergipe e ex-presidente da Confederação Nacional da Indústria, ressaltou a importância desta união:

—É o que forma o consenso necessário para o Brasil sair da crise — avaliou.

Entre os pontos da reforma política defendidos por FH, a cláusula de barreira encontra maior possibilidade de aceitação no Congresso atualmente, na avaliação do colunista do GLOBO Merval Pereira. Isso porque o grande número de legendas representadas no Congresso produz uma disputa ferrenha por recursos do Fundo Partidário, situação que não agrada às maiores siglas.

Para o colunista, uma alternativa para garantir mudanças em regras que elegeram muitos dos atuais parlamentares, como as coligações partidárias, as doações de empresas e o próprio sistema de votação, seria criar uma Constituinte exclusiva da reforma política.

— É interessante porque você tira essa decisão do Congresso, que tende a não mudar as regras pelas quais foi eleito, e passa para um grupo temporário. Fazer uma reforma para melhorar a representação política é um bom apelo para a sociedade. Os resultados nas urnas acrescentam urgência, porque demonstram que o eleitorado não se sente representado — avaliou Merval.

Bernardo Cabral, ex-ministro da Justiça e consultor da presidência da Confederação Nacional do Comércio, argumentou que é preciso difundir na sociedade as alternativas no âmbito da reforma política para que ganhem força em Brasília.

— Sem uma massificação da compreensão de que as reformas são necessárias, não iremos a lugar algum.

O ex-ministro da Fazenda Ernane Galvêas, consultor econômico da CNC, destacou a importância de todos os atores políticos e sociais no processo:

— Fernando Henrique trouxe uma experiência muito construtiva. Com apoio do Congresso e da sociedade, é possível tomar medidas importantes, duras.

Para o editor de Opinião do GLOBO, Aluizio Maranhão, o alto número de votos nulos, em branco e abstenções nas eleições municipais indica uma crise de representação que pode ser resolvida, entre outras medidas, com cláusula de barreira:

— É um debate travado desde sempre, e o grande número de não votos nas eleições municipais significa que chegou a hora de levá-lo à frente.

O que resta para a esquerda? - *Alberto Aggio - O Estado de S. Paulo

- O Estado de S. Paulo

• O tempo exige outra, plural, democrática, que entre no século 21 com corpo e alma novos

No início da década de 1990, Norberto Bobbio chamou a atenção para o fato de que, se era constatável a morte do comunismo, seria necessário admitir que as razões da sua existência permaneciam vivas, na medida em que se faziam presentes, ao redor do mundo, as marcas da desigualdade. Guardadas as situações e identidades diferenciadas, o argumento de Bobbio talvez possa ser útil na reflexão sobre a situação que se impôs depois do desastre eleitoral do PT. Os resultados eleitorais indicam, se não o fim do PT, ao menos o fim da era eleitoral de predomínio do petismo. Contudo as razões que marcaram a simbologia desse partido ainda se fazem presentes, além de outras que vão seguramente além do PT. Não à toa, voltou-se a falar em “refundação do PT”, em “nova esquerda” e mesmo numa “outra esquerda”.

Facilidades penais - Merval Pereira

- O Globo

É um absurdo que a legislação penal brasileira seja tão leniente a ponto de permitir que um preso receba o indulto após cumprir ¼ da pena. Mas seria um absurdo maior se a lei não fosse aplicada ao ex-ministro José Dirceu por ser ele quem é. Assim pode ser entendida a decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luís Roberto Barroso, que acatou o indulto ao ex-ministro da Casa Civil, extinguindo a pena imposta a ele no processo do mensalão.

Para ser beneficiado pelo indulto de Natal, que foi concedido pela ex-presidente Dilma, o preso precisa ter sido condenado a menos de 8 anos (Dirceu foi condenado a sete anos e 11 meses no mensalão), ter cumprido ¼ da pena (Dirceu já cumpriu um ano em regime fechado na cadeia e um ano no regime domiciliar), não pode ter cometido “falta disciplinar de natureza grave”, necessitando atestado de “bom comportamento”.

A educação que educava - Eliane Cantanhêde

- O Estado de S. Paulo

  • Saudade dos tempos em que a escola pública gestava grandes profissionais


Reunião de velhos colegas de 50 anos atrás, do antigo ginásio, clássico, científico e normal do também antigo Instituto de Educação Presidente Kennedy, da cidade de Americana (SP), revelou uma preciosidade diante da triste realidade da educação brasileira de hoje, em que o ensino público virou isso que está aí e mesmo alunos de caras escolas particulares muitas vezes chegam lamentavelmente ignorantes ao ensino médio e às universidades – quando não abandonam precocemente os estudos.

A base e o ajuste - Luiz Carlos Azedo

- Correio Braziliense

• Temer está sendo posto à prova por duas outras variáveis: a primeira é a crise fiscal; a segunda, a Operação Lava-Jato

O principal cacife político do presidente Michel Temer é uma base parlamentar sólida, tecida durante a crise política que levou ao impeachment a presidente Dilma Rousseff, da qual o peemedebista era o sucessor legal. O impeachment gerou um campo de forças centrípeto, para o qual foram atraídos os principais partidos de oposição, que hoje integram o bloco formado também pelo PMDB e por outros partidos que estavam no governo.

Essa base foi formada em decorrência de quatro fatores: a inapetência de Dilma Rousseff para negociar com os seus aliados, a começar pelo próprio vice-presidente da República; o fracasso do seu modelo de desenvolvimento, a chamada “nova matriz econômica”; o escândalo da Petrobras, que atingiu principalmente o PT; e, principalmente, a mobilização da sociedade a favor do impeachment. No primeiro momento, esses fatores desagregaram a antiga base de Dilma no Congresso; depois, provocaram um reagrupamento de forças a favor de Temer, o que se reflete na composição do atual ministério.

O lobo e o cordeiro – Bernardo Mello Franco

- Folha de S. Paulo

A Igreja Católica prega "doutrinas demoníacas". As religiões orientais abrigam "espíritos imundos". As tradições africanas permitem "toda sorte de comportamento imoral, até mesmo com crianças". A mulher cristã que se casa com um hindu está sujeita a ser "possuída por espíritos".

A coleção de insultos e preconceitos está no livro "Evangelizando a África". O autor é o senador Marcelo Crivella, bispo da Igreja Universal e líder na corrida à Prefeitura do Rio.

A duas semanas da eleição, o candidato do PRB passou a ser confrontado com os disparates que escreveu. Em outras passagens do livro, reproduzidas no domingo (16) pelo jornal "O Globo", ele definiu a homossexualidade como uma "conduta maligna" e um "terrível mal".

Resistir à tentação - Fernando Exman

- Valor Econômico

• Proposta busca manejo sustentável do Orçamento

A aprovação em primeiro turno na Câmara dos Deputados da proposta de emenda constitucional que limita o crescimento das despesas federais garantiu ao presidente Michel Temer mais do que uma demonstração inconteste de força política. O resultado da votação abriu caminho para o estabelecimento do que, no governo, já é visto como o "novo normal" do Brasil: o retorno de uma responsabilidade fiscal que crie as condições estruturais necessárias à recuperação da confiança no país, à retomada do investimento e do emprego e, consequentemente, ao reaquecimento da economia.

Na avaliação de autoridades do Executivo, apesar do receio de que o mercado de trabalho deva levar mais tempo para reagir do que o esperado inicialmente e a reforma da Previdência seja alvo de uma avalanche de questionamentos judiciais, a popularidade de Temer depende hoje muito mais de uma melhora do ambiente econômico.

A PEC anda - José Paulo Kupfer

- O Estado de S. Paulo

• Debate se intensifica e ajuda a aliviar rigidez da proposta do governo

Uma situação no mínimo curiosa e não tão comum entre nós estabeleceu-se com a aprovação, em primeira votação, na Câmara dos Deputados, da proposta de emenda constitucional que fixa um teto para os gastos públicos. Em lugar de arrefecer, ante a ampla vitória do governo, o debate público ganhou intensidade e deu sinais de aproximar defensores e críticos da PEC do teto de gastos.

Ao mesmo tempo em que ficou sem sentido, diante da reiterada explicitação dos desequilíbrios fiscais, recusar qualquer tipo de controle de despesas, a rígida defesa das propostas originais da PEC tem perdido adeptos.

A nova e sensata política de preços da Petrobras – Editorial / O Globo

• Dar transparência à formação do custo ao consumidor dos combustíveis, ligando-o ao mercado mundial, ajuda a empresa a vender ativos

O presidente da Petrobras, Pedro Parente, começou a praticar o que defende — a variação dos preços de combustíveis ser uma “decisão empresarial”, sem interferência política do governo, e haver uma paridade entre eles e as cotações internacionais. A partir desses parâmetros, a estatal anunciou na sexta-feira a primeira queda nos preços médios de gasolina e diesel, em sete anos, 3,1% para o primeiro, 2,7% no caso do segundo.

Como há uma cadeia de custos entre a refinaria e o posto da esquina, ainda não se podia afirmar ao certo, no fim de semana, de quanto será o reflexo da medida no orçamento familiar do consumidor. A informação interessa a todos, no momento principalmente ao BC, que hoje e amanhã reúne o Conselho de Política Monetária (Copom) para discutir a possibilidade de um corte nos juros básicos. E, nesta avaliação, saber a tendência dos preços efetivos dos combustíveis é essencial.

Temer e a balança – Editorial / Folha de S. Paulo

Enquanto o peso de sua base aliada garante vitórias folgadas no Legislativo, o governo de Michel Temer (PMDB) sem dúvida acompanha com apreensão o que se passa no Poder Judiciário.

Avançaram as conversas que o Ministério Público Federal mantém com a Odebrecht no intuito de contar com a delação premiada de executivos da empreiteira.

Negociava-se a princípio a colaboração de 53 executivos, incluindo o ex-presidente e herdeiro do grupo baiano, Marcelo Odebrecht, preso há um ano e quatro meses em Curitiba. Envolvidos de alguma forma no esquema de corrupção investigado pela Operação Lava Jato, buscam um acordo como forma de amenizar suas penas.

Os juros e a prudência – Editorial / O Estado de S. Paulo

O chanceler José Serra deu ao Banco Central (BC) mais um motivo para manter os juros em 14,25% na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) marcada para hoje e amanhã. Pode-se defender com outros argumentos a manutenção da Selic, a taxa básica, pelo menos até a deliberação prevista para o fim de novembro. Mas a fala de um dos ministros de maior prestígio – figura apontada, há alguns meses, como possível ocupante de um ministério econômico – tem peso especial, ainda mais depois do destaque atribuído a suas palavras em grandes meios de comunicação. A autoridade monetária tem procurado preservar a imagem de autonomia operacional. Poderá agir, agora, como se nada tivesse ocorrido?

Valorização do câmbio corta rentabilidade do exportador – Editorial / Valor Econômico

O bom desempenho da balança comercial vem chamando a atenção ao longo do ano e é um dos principais fatores que explica o surpreendente ajuste das contas externas, que vai sair de um déficit de 3,3% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2015 para um superávit estimado em 1% do PIB neste ano. Em setembro, a balança comercial registrou superávit de US$ 3,8 bilhões, o melhor em dez anos para o mês. No acumulado do ano, o superávit chega US$ 36,17 bilhões, o maior da série histórica. Há várias indicações, porém, de que os ventos estão mudando. A balança continuará no azul, positiva, mas deve deixar para trás os resultados superlativos.

Inicialmente, o desempenho extraordinário foi creditado à redução das importações, causada por um fator negativo, o segundo ano consecutivo de recessão econômica. Mas nota-se uma ligeira desaceleração no recuo das importações. De janeiro a setembro, as importações totalizaram US$ 103,19 bilhões, com queda de 23,9% em comparação com igual período de 2015; em agosto, a queda acumulada no ano era de 25,5%. A perspectiva é que as exportações aumentem à medida que a economia reagir. Reforça esse argumento a desaceleração já notada da queda da importação de bens intermediários, que foi de 2,3% em setembro, categoria que engloba componentes da produção industrial.

A Solidão e sua porta - Carlos Pena Filho

Quando mais nada resistir que valha
a pena de viver e a dor de amar
E quando nada mais interessar
(nem o torpor do sono que se espalha)

Quando pelo desuso da navalha
A barba livremente caminhar
e até Deus em silêncio se afastar
deixando-te sozinho na batalha

Arquitetar na sombra a despedida
Deste mundo que te foi contraditório
Lembra-te que afinal te resta a vida

Com tudo que é insolvente e provisório
e de que ainda tens uma saída
Entrar no acaso e amar o transitório.

Roberta Sá - A Flor e o Espinho