terça-feira, 24 de janeiro de 2023

Paulo Fábio Dantas Neto* - A busca da pacificação sem conciliação

No artigo da semana passada (Agendas de estado e de governo: linhas de giz e vasos comunicantes) incluí e depois retirei, para não perder o foco no tratamento equilibrado das duas agendas, algumas observações factuais que, segundo entendia, estavam em desacordo com a versão de que a tentativa de golpe de 8 de janeiro nasceu em incubadora de quartel. Foi-se o momento de analisar o ocorrido por esse ângulo. Acontecimentos da última semana, culminando na decisão do presidente Lula de substituir o comandante do Exército, parecem ter fixado, ao menos por ora, a convicção oposta, ou seja, a de que o quase golpe foi, sim, gestado, nasceu, viveu breves horas e morreu como um fato preponderantemente militar, que acaba de ser enterrado pela decisão presidencial. Inútil relativizar convicções. Para elas, relativização é veneno letal. Por isso convicções não baixam a guarda. Se viram senso comum (como é o caso) aí então que argumentos em contrário são perda de tempo. Combinou-se, pois, que o inegável fato da infiltração do bolsonarismo nas Forças Armadas leva diretamente ao veredicto de que o golpismo do dia 8 usou farda, tendo havido, assim, grave risco institucional, inclusive para o mandato de Lula.

Merval Pereira - Dificuldades adiante

O Globo

Bolsonarização ainda é muito profunda nos postos menos graduados do Exército

O novo comandante do Exército, general Tomás Ribeiro Paiva, assume o posto com as reverberações da intentona de 8 de janeiro ainda contagiando o meio militar. A delicadeza da situação sugere cautela, mas também medidas rigorosas contra os militares que proporcionaram, por leniência cúmplice ou incompetência seletiva, o clima para os acontecimentos nefastos à democracia brasileira.

O pivô da crise ainda em curso é o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Bolsonaro, que o acompanhou na viagem à Flórida nessa condição e foi nomeado no último dia de mandato para comandar o 1º Batalhão de Ações de Comandos (BAC) de Goiânia. A nomeação tem caráter de movimento estratégico de Bolsonaro, colocando num posto-chave do Exército um militar francamente adepto das teorias da conspiração bolsonaristas.

Carlos Andreazza - Esquinas obscuras do Brasil

O Globo

Não havia condições para golpe. Mas é preciso atentar para a percepção — o imaginário — dos milhares que se moveram contra a República. Viviam — vivem — num cosmo em que aquele ataque, a captura dos palácios, seria gancho para a tomada do Estado pelos militares.

Eram milhares ali; e milhões os que — sob graus variados de exposição ao discurso delirante — tinham contato diário com a pregação de que a derrubada do sistema, submetidos os Poderes, estaria próxima.

Não havia condições materiais para golpe; mas estavam emitidos os sinais à confiança em que a intervenção militar viria, o próprio estímulo a que os destruidores progredissem. Não ficariam sozinhos. O Exército logo chegaria. Essa era a fé.

Braga Netto — logo, Bolsonaro — não cifrara a que não perdessem as esperanças? A existência dos acampamentos, nas barbas dos quartéis-generais, era indicativa de que o apoio militar não faltaria na hora decisiva. Por meses, o comando do Exército abrigou e protegeu, em área militar, um universo paralelo golpista que incubaria até célula terrorista.

Luiz Gonzaga Belluzzo* - A bomba da dívida

O Globo

STF já julgou inconstitucionais outros calotes de precatórios. E o fará novamente, como ressaltam especialistas

No passado, comentei a rebeldia de Paulo Guedes em decidir não pagar precatórios, que levou ao calote chancelado pelo Congresso, vigente até 2026. À época, avisei que postergar o pagamento dos precatórios não teria nenhum sentido econômico ou jurídico. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, parece ter corretamente chegado à mesma conclusão.

Sob o aspecto econômico, a medida foi tão desastrosa quanto calculei. Descrente na capacidade do Brasil de honrar suas obrigações, o mercado reagiu: já àquela época, a curva de juros longa havia subido 1% — o que nos custa R$ 50 bilhões ao ano —, e o risco Brasil (CDS) chegou ao patamar de 184,5 pontos, um impacto de 6,6%. Em 2026, o Brasil será devedor de quase R$ 300 bilhões aos credores de precatórios — mais que o dobro do valor que a PEC de Transição autorizou a União a gastar.

Luiz Carlos Azedo - Não dá para não falar da Americanas

Correio Braziliense

O assunto econômico deste começo de ano não tem nada a ver com os planos do ministro Fernando Haddad para a economia. A dívida da Americanas chega a R$ 43 bilhões

O que não falta é assunto sobre a política, principalmente para a oposição ao governo Lula, da extrema direita à chamada terceira via. Na Argentina, no encontro com o presidente Alberto Fernandes, seu aliado das horas mais difíceis, Lula anunciou a criação de uma moeda virtual do Mercosul e que retomará os empréstimos do BNDES aos países vizinhos. Logo circulou uma fake news de que seria criada uma moeda única entre os dois países. Na verdade, o que se discute é uma “moeda de reserva”, virtual, que facilite as relações comerciais entre os países do Mercosul, sem a necessidade de dólares. Mais ou menos como está em discussão entre os países do Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul). Ou seja, não é verdade que o real será extinto.

Cristovam Buarque* - Federalização desde Brasília

Correio Braziliense

O Brasil debate a necessidade de federalizar a segurança no Distrito Federal, mas continua resistindo em debater a necessidade de federalizar a educação das crianças brasileiras. Com o vandalismo golpista em 8 de janeiro, percebeu-se o risco de deixar a segurança da capital de 210 milhões de brasileiros nas mãos de um governador eleito apenas por 2 milhões de brasilienses.

O Brasil desperta para o risco de deixar a segurança da República nas mãos de um governador eleito apenas pelos brasilienses, mas não percebe os riscos de deixar a educação de suas crianças nas mãos de prefeitos sem recursos suficientes, nem vontade para implantar um sistema municipal de máxima qualidade e equidade, independentemente da renda e do endereço da criança. Sem isso, os destroços sociais continuarão sendo provocados permanentemente. No lugar do vandalismo golpista terrorista de prédios públicos, móveis e obras de arte, que desrespeita as instituições, os destroços sociais da pobreza, desigualdade, ineficiência e injustiças destroem a cara e o futuro do país. Da mesma maneira que se defende a federalização da segurança no DF para evitar novos ataques aos prédios públicos, o Brasil precisa defender a federalização da educação que deixa o país vandalizado pelo analfabetismo, a educação de base inconclusa ou de má qualidade, deixando uma população despreparada para o mundo contemporâneo.

Hélio Schwartsman - Lula precisa enquadrar os militares

Folha de S. Paulo

Na democracia, exércitos precisam sujeitar-se às autoridades eleitas

Defendi aqui, duas semanas atrás, que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) enquadrasse os militares. Disse que seria preferível fazê-lo sem alarde, contornando crises, mas não foi possível. Quanto mais escarafunchamos as movimentações golpistas do bolsonarismo, mais evidentes ficam as omissões, ambiguidades e insubordinações da cúpula militar. E isso é intolerável.

Na democracia, exércitos precisam sujeitar-se às autoridades eleitas. Em hipótese nenhuma determinam o que o governo pode ou não fazer. Se, para fazer-se obedecer, o presidente precisar passar para a reserva cada um dos generais de quatro estrelas e sucedâneos, que o faça. É improvável que, descendo na escala hierárquica, não se encontrem oficiais verdadeiramente comprometidos com os valores democráticos.

Cristina Serra - Lula assume comando das Forças

Folha de S. Paulo

Arruda dera seguidas mostras de insubordinação à autoridade presidencial

Lula tem feito apelos à pacificação do país e é um conciliador. Mas esse perfil não pode ser confundido com falta de autoridade. Foi o que o presidente deixou claro ao assumir seu papel de comandante supremo das Forças Armadas e determinar a exoneração do general Júlio César de Arruda da chefia do Exército.

Arruda dera seguidas mostras de insubordinação à autoridade presidencial, desde que impedira o desmonte do acampamento de terroristas em frente ao QG do Exército, na noite de 8 de janeiro, com a segurança do DF já sob intervenção federal. Arruda esticou a corda e peitou Lula, achando que ficaria por isso mesmo. Não ficou.

Alvaro Costa e Silva – Palestrando sobre o golpe

Folha de S. Paulo

Um palestrante que não sabe falar e um escritor que odeia livros

Impedido de torrar dinheiro no cartão corporativo, Bolsonaro vai receber ajuda financeira de empresários para esticar a temporada na Flórida e fingir que a encrenca no Brasil não é com ele. A forma de pagamento causou admiração e espanto: foram acertadas seis palestras sobre política, ao preço de US$ 10 mil cada uma, além do contrato para escrever um livro de memórias.

Bolsonaro, que é um desastre vocal e não consegue completar uma frase, palestrante? Bolsonaro, que se orgulhava de ter aberto um clube de tiro por dia enquanto o país fechava bibliotecas, escritor? Nas redes, a turma não perdoou. Sugeriram que ele repetisse a performance da famosa reunião ministerial de 22 de abril de 2020 e explicasse ao público americano a relação entre liberdade e hemorroida. Quanto à obra autobiográfica, uma proposta de título se destacou: "Memórias Póstumas de um Capitão de Milícias".

Joel Pinheiro da Fonseca - O que há de errado com 'O Mercado'?

Folha de S. Paulo

Como todo termômetro, ele não retrata a realidade em todos os seus aspectos

No dia seguinte à invasão dos prédios dos três Poderes por extremistas, a Bolsa subiu. Para essa entidade misteriosa chamada "O Mercado", essa invasão parece não ter importado muito. O mesmo mercado, contudo, cai quando Lula fala contra a responsabilidade fiscal e a favor de combater a fome. Afinal, há algo de profundamente imoral no mercado?

De maneira geral, o mercado é um processo social essencial para a vida em sociedade. Todo mundo que mexe com dinheiro —que trabalha, compra e vende— participa dele. Claro que, quando uma manchete de jornal se refere a "o mercado", não é a esse processo social que envolve todos —do operário ao magnata—, e sim a uma peça dele: o grupo das pessoas que faz decisões de investimento no mercado de capitais: compra e vende ações, moedas, derivativos.

Eliane Cantanhêde - Combate ao ‘efeito manada’

O Estado de S. Paulo.

Com Tomás, Olsen e Damasceno, Lula fecha o cerco legalista nas Forças Armadas

Conheci o então “coronel Tomás” no Haiti, em 2007, quando ele comandava o batalhão brasileiro da Minustah, a Força de Paz da ONU no país, e estava com um baita curativo na mão. No início, foi só um corte à toa, com uma folha de papel “afiada”, mas ele descia de tanques e jipes e cumprimentava a garotada local com “soquinhos”: “Oi, cara!” Daí, o pequeno machucado evoluiu para uma infecção com direito a antibiótico.

Essa história ilustra o perfil do atual general de quatro estrelas Tomás Miguel Miné Ribeiro Paiva, que assume o Comando do Exército para “normalizar” as tropas, gravemente contaminadas, não por crianças pobres e com higiene precária do Haiti, mas pelo ex-presidente Jair Bolsonaro e seu séquito brincando de “golpes”.

Andrea Jubé - O Exército não é democrata, é legalista

Valor Econômico

Crises militares são recorrentes desde o início da República

Muito além da singular habilidade política, o presidente Getúlio Vargas (1883-1954) também era reconhecido pelo charme, pelo charuto no canto da boca e pelo estilo galhofeiro. Em carta ao embaixador Azeredo da Silveira, em que lamentou o “tremendo agosto” de 1954 (quando Getúlio deu cabo da própria vida), João Guimarães Rosa comentou que a população logo criou anedotas sobre a chegada do político ao céu. Em uma delas, o mote era o apego dele ao poder. “Getúlio pega um momento de descuido, e senta-se na cadeira de São Pedro. Ao tentarem tirá-lo, profere - ‘Daqui só saio vivo!’”

A propósito da gaiatice de Getúlio, o general Nélson de Melo, morto em 1989, recordou-se de um comentário ladino do então presidente logo após o golpe do Estado Novo, durante uma tarde no Palácio Guanabara.

Pedro Cafardo - Pacote de verão lembra um vaticínio de Guedes

Valor Econômico

Apesar do esforço fiscal, mercado desconfia do plano de Haddad

Alguns veículos tentaram rotular o pacote de medidas econômicas baixadas pelo novo governo em 12 de janeiro de “Plano Haddad”.

Parece que não pegou, mas essa tentativa é comum na imprensa, para facilitar a rotulação de medidas do governo. Exatos 34 anos atrás, o hoje consultor econômico Mailson da Nóbrega, então ministro da Fazenda do governo José Sarney, lançava seu Plano Verão. É curioso lembrar como o plano de Mailson, fracassado espetacularmente, foi rotulado, porque isso tem a ver com uma figura de expressão no finado governo Bolsonaro, o economista Paulo Guedes, festivamente apelidado com o nome de um posto de gasolina.

O plano de Mailson foi batizado antes de nascer. No início de janeiro de 1989, a repórter do jornal “O Estado de S. Paulo” Maria Aparecida Damasco fez uma entrevista com Paulo Guedes, então economista do mercado financeiro. Entre várias perguntas, incluiu uma sobre o plano que Mailson estava preparando, porque já circulavam especulações a respeito das medidas em estudo. Guedes deu uma resposta imediata: “Isso é um plano de verão”.

Fernando Carvalho* - Nó na democracia digital?

Vejo isso tudo que você falou, Gabeira. Como uma manifestação cultural (ideológica, superestrutural, espiritual) do capitalismo em sua atual fase de desenvolvimento que é a de um cadáver insepulto. É impressionante a força vital desse regime. Já explorou o trabalho escravo do negro africano desde os anos 30 do século XVI até 1888, quando libertou os negros com uma mão na frente e outra atrás. 

A libertação dos negros deveria ter sido acompanhada de uma reforma agrária que contemplasse cada ex-escravo com uma  nesga de terra. Em vez disso, os latifundiários foram indenizados pelo Estado Imperial de D Pedro II. Os negros "livres" foram ocupar as bases dos morros chamados criando os "bairros africanos". Virou "favela" depois da Guerra de Canudos por causa de uma plantinha que foi levada do Arraial para o Rio de Janeiro e deu nome a primeira favela criada lá.

Alfredo Maciel da Silveira* - Planejamento - O último trem para o Brasil

Estava eu nos primeiros dias do ano com artigo sob o título acima, pronto para publicação. O discurso de posse da Ministra Simone Tebet dera-me a motivação para escrevê-lo. Mas sobrevieram os trágicos acontecimentos daquele domingo 8 de janeiro que mudaram o foco das atenções de todos os democratas. De imediato o Blog analisou o caráter terrorista dos ataques e a correlação de forças com a qual se defronta o governo Lula neste primeiro momento. Ver a propósito "Terrorismo em Janeiro de 2023".

Acho que a tragédia daquele domingo só reforça o que pretendo sugerir com aquele título, que parafraseia um outro, "O último trem para Paris", de um livro de autoria do ex- Ministro do Planejamento J. P. dos Reis Velloso.

Ao interpretar a oportunidade histórica que a seu tempo e a seu ver teria sido aproveitada pelo Brasil nos anos 70, através do II Plano Nacional de Desenvolvimento – II PND, o ex-Ministro a comparou com o romance “Earthly Powers”, de Anthony Burgess. Nele, o personagem principal tenta salvar a própria vida, após ser prisioneiro da Gestapo quando estourou a 2ª guerra mundial, conseguindo chegar a Paris, ao fim de sucessivas viagens de trem, através da Itália. Diz Velloso: “Foi, em certo sentido, como se tivéssemos tomado o último trem para Paris” (Velloso, J. P. em seu livro “O último trem para Paris”, 1986).

Mas é hora de voltarmos à oportunidade estratégica sugerida na posse da Ministra Simone.

George Gurgel* - Os desafios da sustentabilidade antes e além de Davos

Na última sexta-feira, dia 20 de janeiro, aconteceu mais uma edição do Fórum Econômico Mundial em Davos, na Suíça, que teve como tema “Cooperação em um mundo fragmentado”.

Durante os debates realizados, constatou-se, de maneira inequívoca, o aumento de concentração da riqueza mundial nos últimos dois anos, desde o início da pandemia, ampliando de maneira preocupante a distância entre os mais pobres e os mais ricos do mundo, desnudando a insustentabilidade da sociedade contemporânea. 

Estamos vivendo uma situação mundial de crises econômica, social e ambiental, a exemplo da crise climática, do aumento da fome, do desemprego, ampliando de maneira preocupante os impactos sociais, econômicos e ambientais da população mundial e brasileira.

Coloca-se como nunca o imperativo de defesa e ampliação da democracia como caminho de novas relações políticas, econômicas e sociais a favor da vida e da preservação do planeta. A possibilidade desta construção alternativa tem como fundamentos a valorização de cada ser humano, do próprio planeta, colocando para esse século XXI, de uma maneira inadiável, a superação das fragilidades dos nossos sistemas político, econômico, social e ambiental no Brasil e no mundo.

Os aumentos de concentração da pobreza e da riqueza, nos últimos dois anos, anunciados na reunião de Davos, impõem uma necessária reflexão e ação individual e coletiva da sociedade brasileira e mundial sobre os desafios a serem enfrentados em uma perspectiva sustentável. Como nos colocamos? O que temos a dizer como sociedade brasileira e mundial?

O que a mídia pensa - Editoriais / Opiniões

É fundamental Lula desfazer qualquer crise com militares

O Globo

Desgaste na relação com o poder civil não beneficia o país, muito menos a democracia brasileira

A demissão do general Júlio César de Arruda do comando do Exército foi compreensível diante das notícias de quebra de confiança e de complacência com o golpismo na porta dos quartéis. Para além disso, embora seja necessário punir os participantes dos ataques do 8 de janeiro eventualmente ligados às Forças Armadas, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva precisa se esforçar por construir as melhores relações possíveis com os militares. Sobretudo, deve evitar provocar uma crise maior com atitudes que possam ser interpretadas como vingança.

Mesmo que necessária para impor a autoridade do comandante em chefe, a exoneração de Arruda com menos de um mês no cargo causa desgaste para todos. A nomeação para o comando do Exército do general Tomás Miguel Ribeiro Paiva, cujas declarações de teor legalista o qualificam para o cargo, abre uma excelente oportunidade para contornar a ameaça de crise com os militares que ronda o Planalto desde a eleição.

Poesia | Carlos Drummond de Andrade - O Mito

 

Música | Laila Garin - Uma canção desnaturada (Chico Buarque)