sábado, 25 de março de 2023

Carlos Alberto Sardenberg - Quem quer mais inflação?

O Globo

Tolerância dá numa baita aceleração de preços, exigindo remédio mais amargo (juros) para contê-la

Eis aqui alguns caminhos para o governo Lula forçar o Banco Central (BC) a reduzir juros ou, simplesmente, para infernizar a vida de seu presidente, Roberto Campos Neto, esperando que ele jogue a toalha.

Primeiro, forçar a demissão de Campos Neto por “comprovado e recorrente desempenho insuficiente”, como se diz na lei que estabeleceu a independência do BC. Seria assim: o Conselho Monetário (CMN, integrado pelos ministros da Fazenda e do Planejamento e pelo próprio presidente do BC) submete o pedido de exoneração ao presidente da República, que o encaminha ao Senado. Por maioria absoluta (41 votos), o Senado pode decretar a demissão.

Do ponto de vista técnico, não funciona. A missão principal do BC é a estabilidade de preços, a ser obtida conforme o regime de metas de inflação, que, de sua vez, segue regras públicas. O BC está cumprindo. Mantém os juros elevados porque as projeções de inflação mostram números bem superiores às metas. (Aliás, o pessoal do governo, da indústria e do comércio tem dito que o BC pode reduzir a taxa básica de juros porque a inflação está caindo. Mas não é esse o critério da lei: o que vale é a projeção de inflação estar ou não na direção das metas.)

Mas, sabem como é, o Senado faz política. Querendo, arranja os argumentos para derrubar Campos Neto. Assim, Lula precisa buscar os 41 votos. No momento, não os tem. O presidente da República tem cargos e verbas para, digamos, convencer parlamentares. Mas sairia caro, com resultado duvidoso. Um eventual novo dirigente do BC teria de mudar a opinião de toda a diretoria — que tem votado com Campos Neto.

Eduardo Affonso - Da tragédia à farsa, em um ato

O Globo

Quatro anos é pouco para botar um país nos eixos, mas tempo de sobra para acertar o tom

Na equipe de transição de todo governo, deveria haver uma turma de carpinteiros. Caberia a eles, ainda antes da posse, desmontar o palanque. As peças seriam encaixotadas, e as caixas trancadas a cadeado — daqueles com temporizador, para só permitir a abertura daí a quatro anos.

Isso evitaria no governante a tentação de permanecer encarapitado no púlpito, microfone em punho, agarrado às promessas que não cumprirá. Sem o pedestal, só lhe restaria pôr os pés no chão e governar.

Figurinistas também seriam fundamentais. Trajes, acessórios e adereços de campanha (bandeiras, bonés, camisetas) voltariam para o armário, onde ficariam guardados a sete chaves. Um novo figurino — o de estadista — entraria em cena, em substituição ao de candidato.

Iluminadores se encarregariam de jogar nova luz sobre o eleito. Sem tantos filtros, sem áreas de sombra. Apaga-se a luz cênica — a dos truques de mágica, feita para esconder, desviar a atenção — e acende-se outra, aquela dos centros cirúrgicos.

Pablo Ortellado - As teorias conspiratórias de Lula

O Globo

Nas eleições presidenciais, o candidato Lula se apresentou aos eleitores como contraponto à insensatez bolsonarista, antidemocrática, anticientífica, mentirosa e conspiracionista. Mas uma declaração sobre a ação da Polícia Federal (PF) para prender integrantes do PCC que tramavam o sequestro de Sergio Moro mostrou, mais uma vez, como Lula também é seduzido pelo modo de pensar conspiratório.

A operação da PF prendeu nove integrantes da facção criminosa que planejavam sequestrar Sergio Moro e assassinar outras autoridades. A operação foi anunciada pelo próprio ministro da Justiça de Lula, Flávio Dino. Em entrevista em Itaguaí, na quinta-feira, Lula afirmou:

— É visível que [a operação] é uma armação do Moro.

Ele insinuava que o plano de sequestro poderia ter sido forjado por Moro e seus aliados na Justiça (a juíza que determinou as prisões substituiu Moro na Lava-Jato) para apresentar o atual senador no papel de vítima. A especulação delirante, irresponsável e sem provas foi agravada por outra declaração, dada no dia anterior em entrevista ao site Brasil 247. Lula disse que, quando estava na prisão, acreditava que só ficaria bem “quando foder esse Moro”.

Hélio Schwartsman - O que deu em Lula?

Folha de S. Paulo

Será que o radar político do presidente já não é mais o mesmo?

O que aconteceu com Luiz Inácio Lula da Silva? É verdade que, como todo político que abusa de falas de improviso, ele sempre disse muita bobagem. Quem se der ao trabalho de fazer uma busca nas coleções dos jornais encontrará farto material. Mas a maior parte das gafes pretéritas era do tipo pouco comprometedor. O que chama a atenção agora é que o presidente parece insistir em declarações que claramente o prejudicam, seja por afetar negativamente expectativas para a economia, seja por criar arestas políticas desnecessárias.

Demétrio Magnoli - A charada chinesa

Folha de S. Paulo

Postura do governo Lula determinará sucesso ou fracasso da política externa

Lula não vai à China por causa da Ucrânia, mas para reposicionar o Brasil num mundo muito diferente –mais complexo, perigoso e hobbesiano– que aquele de duas décadas atrás, na inauguração de seu primeiro mandato. A guerra na Ucrânia, porém, paira sobre as conversas que manterá com Xi Jinping. O desenlace do conflito redefinirá os contornos da ordem mundial. E a postura do governo Lula na busca de uma solução negociada determinará o sucesso ou o fracasso da política externa brasileira.

Quais são os interesses da China no conflito que se desenrola em terras ucranianas? Eis a charada que nossos diplomatas-chefes –Celso Amorim e Mauro Vieira– precisam decifrar antes de assinar um comunicado conjunto com Xi Jinping.

No início, Lula atribuiu a Putin e Zelenski responsabilidade compartilhada pela guerra ("quando um não quer, dois não brigam") e, reproduzindo alegações do Kremlin, enxergou na invasão russa motivações de segurança ligadas à expansão da Otan. A "neutralidade pró-russa" ensaiada pelo Brasil adapta-se ao plano de paz apresentado por Xi Jinping.

Fareed Zakaria* - Dólar como arma pode custar caro aos EUA

O Estado de S. Paulo.

China e Rússia tentam reduzir dominância da moeda como âncora do sistema financeiro internacional

O desfecho mais interessante da cúpula de três dias entre Vladimir Putin e Xi Jinping ganhou pouca atenção da imprensa. Descrevendo suas conversas, Putin afirmou: “Nós somos favoráveis ao uso do yuan chinês para convênios entre a Rússia e países da Ásia, África e América Latina”. Portanto, a segunda maior economia do mundo e sua maior exportadora de energia estão tentando ativamente reduzir a dominância do dólar enquanto âncora do sistema financeiro internacional. Serão bem-sucedidas?

O dólar é o superpoder dos Estados Unidos. Ele confere a Washington força econômica e política imbatível. Os EUA são capazes de açoitar países com sanções econômicas unilateralmente, extirpando-os de grandes setores da economia mundial. E quando o governo americano gasta livremente, ele pode estar certo de que sua dívida, normalmente na forma de títulos do tesouro, sempre será comprada pelo restante do mundo.

Adriana Fernandes - Lira apertará o arcabouço fiscal

O Estado de S. Paulo

Lula errou ao postergar o anúncio do arcabouço fiscal para depois da sua viagem para a China

Arthur Lira é hoje o principal aliado político do ministro Fernando Haddad para aprovar o projeto de uma nova regra de controle das contas públicas com maior aperto fiscal, sem exceções, e forte suficiente para apontar uma trajetória de reversão do déficit das contas públicas já em 2024.

Enquanto Haddad sofre pressão de ministros do governo, do PT e dos partidos da base aliada para fazer uma regra mais flexível e com escapes que permitam mais gastos, Lira sai em defesa do ministro da Fazenda ao dizer que o seu projeto terá respaldo da Câmara e que com ele tem o melhor diálogo.

João Gabriel de Lima* - Partidos para a vida inteira

O Estado de S. Paulo.

A democracia brasileira precisa de parlamentares fiéis e de partidos com atuação consistente

Partidos políticos estão para a democracia assim como os alicerces, para um prédio. Sem eles, o edifício das instituições desaba.

Em democracias que pontuam melhor que a nossa em rankings internacionais, como as da Europa Ocidental, os partidos têm programas sólidos e seguidores fiéis. A maior parte dos eleitores vota no centro político, em geral dominado por um partido de centro-direita e um de centro-esquerda. Há também partidos de nicho, como os que defendem o meio ambiente ou grupos específicos da sociedade.

Num livro clássico sobre o assunto, os cientistas políticos David Samuels e Cesar Zucco mostram que o Brasil tem uma única sigla com um número significativo de eleitores fiéis ao longo do tempo: o PT, de centro-esquerda. Não surgiu um partido com peso equivalente à direita. Isso deixa o campo liberal e conservador vulnerável a aventureiros.

Bolívar Lamounier* - Entre dois populismos, escolha o mais antigo

O Estado de S. Paulo.

Sem ele, a América do Norte não teria a cultura do ‘homem comum’ e não seria o ícone mundial da democracia

Populismo mais recente é o que todos conhecemos: o latino-americano; sua figura emblemática foi o comandante-general Juan Domingo Perón.

Como outros do gênero, Perón atingiu plenamente o objetivo que se propôs realizar: levar a Argentina de volta da riqueza para a pobreza. O brasileiro Getúlio Vargas deve ter nutrido sonhos parecidos, mas era muita areia para seu caminhãozinho. Em comparação, os estragos que causou foram modestos.

O populismo que prolifera cá por nossas bandas se distingue por dois traços bem nítidos. O primeiro, por óbvio, não precisa nos ocupar: é a arte de fazer caridade com o chapéu alheio. Para o populista de boa cepa, o “equilíbrio de contas” equivale a um soco no ouvido. Ele atinge a perfeição quando resolve realizar sua obra por interposta pessoa, como Lula fez via Dilma Rousseff, cujo governo arrastou-nos para a pior recessão de nossa história).

O segundo atributo do populismo latino-americano é sua visceral incompatibilidade com o regime democrático. Ele opera meticulosamente para se identificar emocionalmente com uma parcela substancial dos cidadãos, para transformá-los em seu “povo”, cevando-o para um dia, valendo-se dele, solapar as instituições e assumir o poder em bases autocráticas. Da “polaca” redigida por Francisco Campos e outorgada por Getúlio Vargas na tarde de 10 de novembro de 1937, passando pelas “forças ocultas” de Jânio Quadros e culminando com Brizola ameaçando diretamente o Legislativo (“eu fecho este Congresso. Reforma agrária na lei ou na marra”), a história é bem conhecida, não precisamos praticar o sadismo de a recapitular.

Oscar Vilhena Vieira* - O centrão, organização política extrativista

Folha de S. Paulo

Velhas ferramentas em prol da governabilidade vêm perdendo eficácia

centrão é uma organização política voltada a controlar parcelas cada vez maiores do orçamento público, com o objetivo de irrigar os redutos eleitorais de seus associados para que tenham maiores chances de se manter no poder. Embora essa organização extrativista exista desde o processo constituinte, ganhou força com a derrocada do PSDB e do antigo PFL e a crescente fragmentação partidária, impulsionada pelo fundo partidário e por decisões desastradas do Supremo Tribunal Federal (cláusula de desempenho e fidelidade partidária).

Os custos impostos pelo presidencialismo de coalizão aos presidentes Itamar Franco, Fernando Henrique Cardoso e Lula jamais foram pequenos. Mas, com a multiplicação de partidos e o entrincheiramento do centrão no comando da Câmara dos Deputados, houve uma transformação da natureza do nosso arranjo político. As velhas ferramentas conferidas ao presidente da República para assegurar a governabilidade, como medidas provisórias, pedidos de urgência, contingenciamento do Orçamento e mesmo distribuição de cargos, vêm perdendo sua eficácia.

Marco Aurélio Nogueira* - Anticomunismo de conveniência

O Estado de S. Paulo.

O anticomunismo tem funcionado, entre nós, como combustível para diferentes modalidades de autoritarismo

Pesquisa realizada pelo Ipec e divulgada em O Globo (19/3) causou certo impacto ao indicar que 44% dos brasileiros acreditam que, com a eleição de Lula, aumentou o risco de se configurar uma “ameaça comunista” no Brasil.

Não é de surpreender. Toda vez que se falou em reformas, distribuição de renda e redução da desigualdade no Brasil, agitou-se a bandeira do anticomunismo. Foi assim no golpe de 1964, por exemplo. Políticos reacionários, populistas de extrema direita e conservadores pouco esclarecidos têm-se valido de uma imagem fantasmagórica do comunismo para induzir a população a acreditar que os comunistas estão atrás da porta, prontos para comer criancinhas. Bolsonaro fez isso em seu governo.

Nos últimos tempos, algumas coisas complicaram o argumento.

Por um lado, o comunismo desapareceu como proposta política, junto com a crise do bloco soviético e as transformações da hipermodernidade. Hoje ele pertence ao passado. Tem sua dignidade filosófica, mas não tem mais quem lhe dê propulsão. Sumiram os proletários industriais que davam base aos partidos comunistas e estes, por sua vez, não conseguiram se renovar. Foram desaparecendo ou se transfigurando em personagens de que não se tem uma imagem clara. Não há nenhuma revolução no mundo sendo planejada com programas comunistas.

O que a mídia pensa - Editoriais / Opiniões

É fundamental disciplinar presença militar no governo

O Globo

Ocupação de cargos civis no período Bolsonaro prejudicou não só imagem da caserna, mas também a gestão

O Ministério da Defesa prepara uma Proposta de Emenda Constitucional (PEC) para disciplinar a presença de militares em cargos civis no Estado e sua participação em eleições. Duas apostas de Jair Bolsonaro, a militarização da burocracia federal e a politização dos quartéis, surtiram efeitos negativos não apenas na imagem das Forças Armadas e das polícias militares, mas também na estabilidade da democracia brasileira. Corrigir os erros é fundamental.

Os oficiais das três Forças recebem educação de qualidade, e muitos são profissionais de primeira linha. Mas isso não justifica o aparelhamento da burocracia. O Brasil dispõe de civis qualificados. Ao privilegiar os militares, Bolsonaro tinha objetivos políticos.

Marcus Pestana - Eurocomunismo: democracia e novo reformismo

Nesta série de artigos sobres as correntes ideológicas que inspiraram as grandes transformações históricas desde o século XVII, já visitamos cinco vertentes: conservadorismo, liberalismo, comunismo, socialdemocracia e fascismo. Hoje vamos explorar as linhas gerais de uma importante escola que embora nunca tenha sido hegemônica no poder, exerceu fundamental influência ideológica, teórica, política, moral no mundo contemporâneo, sobretudo no Ocidente e, particularmente, na Europa: o eurocomunismo.

Como já discutido aqui a revolução industrial, o nascimento do capitalismo, a urbanização da sociedade e a democracia liberal produziram a mudança mais radical já ocorrida na história da civilização até então, deixando os vestígios do feudalismo e da monarquia absoluta para trás e impulsionando um inédito avanço das forças produtivas e no processo de inovação tecnológica. Mas as condições de trabalho e vida de amplas camadas da população submetidas à miséria e à exploração desencadearam o movimento sindical e socialista no século XIX. Surge o pensamento de Marx e Engels que pretendia não só oferecer um amplo diagnóstico crítico sobre o funcionamento da sociedade capitalista, como erguer uma teoria econômica, política, moral, filosófica com vistas a orientar a luta dos trabalhadores rumo ao socialismo.

Os comunistas e o golpe de 1964*

A defesa das liberdades democráticas constitui o elo principal dessa luta. Inseparável de todas as demais reivindicações constitui, por isso mesmo, a mais ampla e mobilizadora, capaz de unificar e canalizar todos os movimentos reivindicatórios para a ampla frente de combate à ditadura

O CC do Partido Comunista Brasileiro se reuniu no corrente mês de maio e, tomando por base o informe apresentado pela CE, fez uma análise da situação internacional, da situação nacional e da atividade do Partido, no período decorrido desde sua ultima reunião.

Assinala-se nesse período, com o acontecimento marcante, o golpe militar reacionário de 1 de abril do ano passado, com a conseqüente deposição do presidente João Goulart e a instauração, no País, de uma ditadura reacionária e entreguista.  Interrompeu-se assim, o processo democrático em desenvolvimento.  As forças patrióticas e democráticas e, em particular, o movimento operário e sua vanguarda – nosso Partido - sofreram sério revés.  Modificou-se profundamente a situação política nacional.

As conclusões a que chegou o CC, após os debates, estão contidas na seguinte resolução:

As lutas do povo brasileiro desenvolvem-se num quadro de uma situação internacional caracterizada pelo fortalecimento das posições do socialismo, pelo Ascenso do movimento nacional-libertador e do movimento operário internacional, pelo crescimento das forças empenhadas na preservação e consolidação da paz mundial.

A política de paz realizada pela União Soviética e demais países socialistas, apoiada em seu avanço econômico, técnico e científico e inspirada no princípio da coexistência pacífica, penetra cada vez mais fundo na consciência de todos os povos.  Desenvolve-se com vigor o movimento de emancipação nacional da Ásia, África e América Latina.

A conjuntura econômica dos países capitalistas mais desenvolvidos mantém-se, em geral, em ascenso. Aumenta o interesse, no campo capitalista, pela intensificação das relações econômicas com os países do campo socialista, o que amplia as condições objetivas da política de coexistência pacífica.  Mas, simultaneamente, e em conseqüência também do continuado agravamento da crise geral do capitalismo, aguçam-se as contradições interimperialistas, que se manifestam especialmente na disputa de mercado e se refletem, com maior destaque, em posições assumidas pelo governo francês em sua política externa.

É nessa situação que o imperialismo, particularmente o norte-americano, intensifica suas atividades em diferentes regiões do mundo, empreendendo atos de agressão contra os povos que lutam pela libertação nacional.  A situação internacional se agrava sensivelmente.

A intervenção no Congo por parte das forças ianques e belgas; a repressão da ditadura portuguesa às lutas do povo de Angola; a intervenção da Grã-Bretanha na Guiana Inglesa; as provocações da República Federal Alemã em torno de Berlim e a tentativa de organizar a Força Atômica Multilateral e criar um cinturão atômico nas fronteiras dos países socialistas – todas essas medidas constituem não apenas violações dos direitos dos povos, mas também novas ameaças à paz mundial.

Poesia | Ferreira Gullar - PCB

Eles eram poucos.

E nem puderam cantar muito alto a Internacional.

Naquela casa de Niterói em 1922.

Mas cantaram e fundaram o partido.

Eles eram apenas nove, o jornalista Astrogildo, o contador Cordeiro, o gráfico Pimenta, o sapateiro José Elias, o vassoureiro Luís Peres, os alfaiates Cendon e Barbosa, o ferroviário Hermogênio.

E ainda o barbeiro Nequete, que citava Lênin a três por dois.

Em todo o país eles eram mais de setenta.

Sabiam pouco de marxismo, mas tinham sede de justiça e estavam dispostos a lutar por ela.

Faz sessenta anos que isso aconteceu, o PCB não se tornou o maior partido do ocidente, nem mesmo do Brasil.

Mas quem contar a história de nosso povo e seus heróis tem que falar dele.

Ou estará mentindo.


Música | Nara Leão - Opinião (Zé Ketti)