Eu & /Valor Econômico
A hora é de pensar como articular as verbas
do orçamento com os programas e políticas públicas
Uma das maiores qualidades na política é
encontrar interesses comuns onde há impasses e divergências. Em termos
intertemporais, é muito difícil manter-se no poder em sociedades complexas sem
buscar negociação e cooperação, sem que isso signifique perder a autonomia
relativa de seu grupo político ou Poder institucional. Esse preâmbulo
conceitual tem uma só finalidade: pensar em como sair do dilema central das
relações entre o Executivo e o Congresso Nacional, referente à ampliação das
emendas parlamentares.
O aumento da capacidade de gastar mais com emendas parlamentares é um fenômeno que começou em meados da década passada, com reformas legais e a partir, primeiramente, da liderança de Eduardo Cunha. Depois esse processo foi aprofundado principalmente pela ação de Arthur Lira, culminando na criação daquilo que foi chamado de Orçamento Secreto. Mesmo com a decisão do STF considerando inconstitucional esse último formato, o valor que os deputados e senadores terão direito com emendas será, no mínimo, de R$ 40 bilhões em 2024 - e, registre-se, grande parte desse dinheiro é transferido ainda com pouca transparência.