• Longa combina política e ideologia com poesia
Manohla Dargis - The New York Times
CANNES - O diretor chileno Pablo Larraín qualificou seu mais recente filme,Neruda, como “antibiografia”. Em parte verdade fato, em parte fantasia, o filme tem início em 1948, pouco antes de o poeta (magnificamente interpretado por Luis Gnecco) ser forçado a se esconder. Senador e comunista, Neruda foi considerado inimigo do Estado quando condenou violentamente e em público o presidente chileno Gabriel González Videla. Expulso do Senado e da sua casa, Neruda teve de fugir com sua mulher, Delia (Mercedes Moran) e o casal passa a viver na clandestinidade, mas continuamente perseguido por um petulante policial (interpretado por Gael García Bernal).
Em Neruda, Larraín se afasta dos clichês sobre a vida até a morte do poeta em favor de um filme formalmente empolgante, inserindo Neruda num momento histórico específico e mostrando-o como o poeta do povo – dos intelectuais, trabalhadores e prostitutas.
O filme foi exibido na Quinzena dos Realizadores, mostra que acontece paralelamente ao Festival de Cannes. O último filme de Larraín, de 39 anos, exibido na Quinzena em 2012, foi No, episódio final da sua trilogia sobre a vida à época da feroz ditadura Pinochet.
Conversei com Larraín sobre biografia, cinema e por que Neruda – que é um filme muito melhor do que alguns da competição oficial do festival, não estava na seleção principal de filmes. Abaixo, trechos da nossa conversa.