Acenos
efusivos para uma inexistente multidão provam o que já se sabia. Bolsonaro é um
adicto à fake news
A imagem é
constrangedora. Daquelas que causam vergonha alheia. Cercado por uns dez
assessores, Jair Bolsonaro acena para um ponto à sua frente onde imagina-se
estar reunida uma multidão. Eleva os braços como se fizesse louvação aos céus,
ou a Deus. Se curva num movimento que parece ser em deferência ao povo com o
qual estaria se comunicando. O cinegrafista, que deveria ter parado de filmar
neste ponto, segue gravando enquanto o capitão passa por ele e avança. E então,
percebe-se que não havia multidão alguma no local para o qual Bolsonaro
endereçava seus salamaleques. Havia apenas um helicóptero, três ou quatro
aspones e um militar. Era um aceno cinematográfico. Ou fake, se preferir.
Bolsonaro precisa
disso? Não. Ele sempre encontra aglomerações de desmascarados para gritar
“mito” onde quer que vá. Os iludidos de sempre estão em todos os lugares,
prontos para aplaudir o exterminador de futuro que enxergam como um salvador da
pátria. Desnecessário discorrer sobre a ignorância dessa gente, não é esse o
objetivo. O que se quer dizer aqui é que os acenos efusivos para uma
inexistente multidão provam o que já se sabia. Bolsonaro é um adicto à fake
news. Ele não consegue se livrar desse vício, como se fosse uma praga que
rogaram contra ele e que pegou.
Viciado em mentira desde antes de se candidatar a presidente, foi exemplo para os seus quatro zeros e para os seus seguidores radicais e fiéis. Viraram todos mentirosos contumazes, como ele. Bolsonaro mente para o eleitor e para quem nem ainda vota. Mente para os inimigos e adversários, assim como mente para os amigos e companheiros. Mente para parentes. Mente para os filhos, que passam a mentira para frente. Mente por email e nas redes sociais. Mente ao vivo ou grava mentiras. Mente no privado e no público. Mente digital e analogicamente.