Crise
sanitária vai agravar-se nos próximos dias e semanas
A
sociedade brasileira assiste, atônita, ao comportamento do presidente Jair
Bolsonaro em meio à mais grave crise sanitária que atinge o mundo desde a gripe
espanhola. Sem honrar a liturgia do cargo que ocupa ou demonstrar o mínimo de
empatia com seus compatriotas, o primeiro mandatário do país mantém discurso
negacionista no momento em que o número de casos e mortes por covid-19 cresce
de forma assustadora e o sistema de saúde, em inúmeros Estados, não tem mais
como atender a novos pacientes desta ou de qualquer outra doença.
Para
Bolsonaro, o único cálculo possível dessa tragédia é político. Contrário ao
“lockdown”, por seus efeitos negativos na economia, o presidente defende
tratamentos sem amparo na ciência, como o uso da cloroquina, propõe aos
cidadãos que se exponham nas ruas e faz pregação contra o uso de vacinas. Ao mesmo
tempo, por meio do Ministério da Saúde, promete fornecer imunizantes a todo o
país, assim que forem importados. Ao agir dessa forma, coloca-se como o
salvador da pátria e deixa o ônus das medidas de isolamento social para
governadores e prefeitos.
O presidente recorre à decisão do STF que deu autonomia aos entes subnacionais para enfrentar a pandemia com o objetivo de eximir-se da responsabilidade de lidar com a crise, que já tirou a vida de 265.500 brasileiros. Paralelamente, opera para impedir que os Estados importem vacinas.