São inexplicáveis os afagos de Lula à ditadura de Maduro
O Globo
Não tem cabimento comparar casos do próprio
petista e de oposicionista venezuelana impedida de concorrer
Dos dez países com que o Brasil faz
fronteira, a Venezuela é
o que mais gera dores de cabeça. Garimpeiros ilegais usam o território
venezuelano quando a fiscalização aumenta em terras indígenas e voltam ao
brasileiro quando diminui. Grupos criminosos atuam nos quase 3 mil quilômetros
de divisa, e venezuelanos têm buscado o Brasil para escapar da crise
humanitária provocada pelo regime chavista. Ameaças recentes de invasão da
Guiana fizeram ressurgir o espectro de um conflito armado a poucos quilômetros
de Roraima e Amazonas. Por fim, brasileiros e venezuelanos ainda têm a
responsabilidade de coordenar esforços pela preservação da maior floresta
tropical do mundo.
Com uma agenda dessas, é compreensível que o presidente do Brasil seja obrigado a estabelecer uma relação produtiva com a liderança venezuelana, ainda que se trate de um regime autoritário. Somente com canais abertos e um ambiente de cooperação, os interesses brasileiros podem avançar. Mas isso nada tem a ver com a atitude benevolente do presidente Luiz Inácio Lula da Silva perante os desmandos do ditador Nicolás Maduro. A condescendência com o regime chavista, que Lula não perde a oportunidade de expressar, contradiz sua própria biografia e ofende a memória dos brasileiros que lutaram e lutam pela democracia.