Antes ímã para imigração, Brasil virou terra de emigrantes
O Globo
Comunidade brasileira no exterior já soma 4,5
milhões. Fuga de cérebros é prejudicial ao desenvolvimento
Conhecido como terra de oportunidades
acolhedora para imigrantes, o Brasil tem se transformado em país de emigrantes.
A comunidade brasileira no exterior soma 4,5 milhões, sem contar aqueles em
situação ilegal. Mais da metade desses brasileiros que vivem no exterior, ou
2,6 milhões, emigrou na década de 2012 a 2022, um período de crises, com
destaque para a debacle econômica e política da gestão Dilma Rousseff. As
estatísticas de emigração são especialmente elevadas entre 2013 e 2020, segundo a
série de reportagens que o GLOBO tem dedicado ao tema.
Em 2013, o consumo das famílias brasileiro
registrou o décimo ano de crescimento consecutivo, mas a cada ano inferior ao
anterior. A partir daí, vieram a recessão e o aperto que estimularam a busca
por novas oportunidades fora do país. “As pessoas que haviam ascendido
socialmente e formado uma nova classe média passaram a ter dificuldades para
manter a posição conquistada”, afirma o sociólogo Rogério Baptistini, da
Universidade Mackenzie.
É a perda da esperança numa vida melhor que leva sobretudo os mais jovens a pensar em emigrar. Uma pesquisa do Datafolha feita em 2022 com jovens em 12 capitais brasileiras constatou que 76% tinham “muita” ou “alguma” vontade de sair do Brasil. Quanto mais novos, maior o desejo de emigrar. Sem base para um crescimento econômico sustentado, capaz de gerar empregos e renda para que a população realize seus projetos de vida, o Brasil perdeu a imagem, cultivada durante muito tempo, de “país do futuro”. O resultado é que, na última década, o número de brasileiros no exterior aumentou 47%, enquanto a população vivendo dentro das fronteiras cresceu apenas 6,5%.