Acordo entre Mercosul e UE continua vivo
O Globo
Apesar das dificuldades entre Lula e Macron,
conversas estão mais avançadas do que há poucos meses
O presidente francês, Emmanuel
Macron, respondeu de modo enfático a uma pergunta sobre o acordo
comercial entre Mercosul e
União Europeia (UE). “Não concordo”, disse em Dubai, onde participava da
conferência da ONU sobre o clima, a COP28. Macron se reuniu com o presidente
Luiz Inácio Lula da
Silva para tratar do assunto, e Lula disse não ter conseguido “tocar o coração”
do francês. Apesar de a conversa ter esfriado a esperança de que os termos
finais sejam assinados nos próximos dias, o acordo continua vivo. E um desfecho
favorável está mais próximo do que estava há poucos meses. “Vamos ver se é
possível superar os últimos pontos pendentes”, afirmou ontem em Berlim o
chanceler Mauro Vieira.
Os termos preliminares foram firmados ainda em 2019 depois de mais de 20 anos de idas e vindas. De lá para cá, sucessivos adiamentos motivados por interesses protecionistas de ambos os lados vêm postergando a assinatura final. No primeiro semestre, as esperanças congelaram depois que foi divulgada uma carta da UE impondo exigências ambientais adicionais. As negociações foram retomadas a partir de uma reunião em julho entre Lula e a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen (os próprios europeus reconheceram que a carta fora um erro). Desde então, os dois trabalham para concluí-las ainda neste ano. Prevista para esta semana no Rio, a reunião de cúpula do Mercosul surgiu como oportunidade natural para anunciar avanços nos entendimentos. Mas não faltam obstáculos.