Manter vitória sobre a inflação depende de confiança fiscal
O Globo
Em vez de atacar Campos Neto, PT e Lula
precisam zelar pelo cumprimento das metas assumidas
O Comitê de Política Monetária (Copom), do
Banco Central (BC), conclui hoje sua última reunião deste ano. A expectativa é
um corte de meio ponto percentual na taxa básica de juros, a Selic, para
11,75%. A reunião ocorre um dia depois do anúncio da inflação de novembro:
0,28%, menor resultado para o mês desde 2018. No acumulado do ano, o índice
está em 4,04%. A previsão dos analistas ouvidos pelo BC é de 4,51% em 2023,
abaixo do teto da meta (4,75%). Depois de dois anos acima do limite, o Brasil
volta enfim a dominar a inflação. O presidente Luiz Inácio Lula da
Silva deveria lembrar tal feito antes de voltar a atacar o presidente do
BC, Roberto
Campos Neto. Inflação alta, vale ressaltar, é particularmente
perniciosa aos pobres.
O Copom deu início à escalada de juros em março de 2021, antes da maioria dos bancos centrais das grandes economias, que depois seguiram a mesma estratégia contra o choque inflacionário da pandemia. A Selic saiu de 2% em janeiro de 2021 até chegar a 13,75% em agosto de 2022. Apesar disso, em 2021 a inflação ficou em 10,06%, quase o dobro do teto da meta (5,25%). No ano passado, caiu para 5,79%, ainda acima do teto. Só neste ano voltou para dentro dos limites. A conquista só foi possível também graças aos compromissos fiscais assumidos pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Sem eles, as expectativas inflacionárias sofreriam deterioração, exigindo do BC juros ainda mais altos.