sexta-feira, 18 de julho de 2014

Opinião do dia: Marco Túlio Cícero

É, pois, a República coisa do povo, considerando tal, não todos os homens de qualquer modo congregados, mas a reunião que tem seu fundamento no consentimento jurídico e na utilidade comum. Pois bem: a primeira causa dessa agregação de uns homens a outros é menos a sua debilidade do que um certo instinto de sociabilidade em todos inato; a espécie humana não nasceu para o isolamento e para a vida errante, mas com uma disposição que, mesmo na abundância de todos os bens, a leva a procurar o apoio comum.

Marco Túlio Cícero, estadista, orador e filósofo romano, nasceu a 13 de janeiro do ano 106 a.C. em Arpino, Itália, e morreu em 7 de dezembro de 43 a.C. em Formia, Itália. Da República, Livro Primeiro, XXV, p. 142. Nova Cultura, 1988.

Datafolha revela empate técnico entre Dilma e Aécio no segundo turno

• No primeiro turno, presidente tem 36%, contra 20% do tucano e 8% de Eduardo Campos

Leonardo Guandeline, Júnia Gama e Germano Oliveira – O Globo


SÃO PAULO e BRASÍLIA — Pesquisa Datafolha divulgada nesta quinta-feira pela TV Globo e pela “Folha de S. Paulo" mostra que a presidente Dilma Rousseff (PT) ainda lidera a disputa com 36% das intenções de voto contra 20% de Aécio Neves (PSDB), mas, pela primeira vez, a diferença dela para o tucano no segundo turno caiu para apenas quatro pontos percentuais, a mais baixa do levantamento feito pelo instituto, configurando empate técnico, já que a pesquisa tem margem de erro de 2 pontos para mais ou para menos. Se a eleição do segundo turno fosse hoje entre Dilma e Aécio, a petista teria 44% dos votos e o tucano teria 40%.

Na pesquisa anterior sobre o segundo turno, realizada nos dias 1 e 2 de julho, Dilma tinha 46% contra 39% de Aécio, com uma diferença de sete pontos. Na disputa de Dilma com Eduardo Campos (PSB), a presidente teria agora 45% contra 38% do ex-governador de Pernambuco. Na pesquisa anterior, Dilma tinha 48% e Campos, 35%.

Segundo a pesquisa Datafolha, que ouviu 5.377 pessoas nos dias 15 e 16 de julho, Dilma ainda lidera a disputa e teria 36% das intenções de voto, contra 20% de Aécio, 8% de Eduardo Campos (PSB) e 3% do Pastor Everaldo. Os votos brancos e nulos eram 13% e os que não sabiam em quem votar eram 14%. Dilma oscilou negativamente dois pontos, já que na pesquisa realizada nos dias 1º e 2 de julho ela tinha 38% (contra 20% de Aécio e 9% de Eduardo Campos). Na última pesquisa, feita nos dias 1º e 2 de julho, Dilma tinha 38%, Aécio 20%, e Eduardo Campos 9%. Os brancos e nulos eram 13% e não sabiam em quem votar eram 11%.

Juntos, todos os candidatos rivais de Dilma somam 36%, mesmo percentual atribuído à petista, o que fortalece ainda mais a expectativa de realização de segundo turno.

Desaprovação bate recorde
Na medida em que o segundo turno fica mais próximo, também aumenta a desaprovação ao governo da presidente Dilma: 29% desaprovam a gestão da presidente petista. Na pesquisa realizada nos dias 1º e 2 de julho, Dilma era desaprovada por 26%, que disseram que seu governo era ruim ou péssimo. O total de eleitores que classificam a administração como boa ou ótima é de 32%, praticamente o mesmo percentual apurado em junho de 2013. Naquela época, a taxa de aprovação à gestão da presidente despencou de 57% para 30%. Os que acham que o governo é regular somam 38%. A taxa de 29% de desaprovação da gestão Dilma é a maior da série, desde março de 2011.

A taxa de rejeição da presidente Dilma também subiu de 32% para 35%. Depois dela, o candidato mais rejeitado é o Pastor Everaldo (PSC) com 18% de rejeição. Aécio oscilou de 16% para 17% e Eduardo Campos manteve os 12% da pesquisa anterior.

O empate técnico entre a presidente Dilma Rousseff e o senador Aécio Neves divulgado pelo Instituto Datafolha em simulação de segundo turno está diretamente relacionado à queda na avaliação do governo da presidente. Essa é a opinião do cientista político Fernando Antônio de Azevedo, da Universidade Federal de São Carlos (UFScar). O professor ainda acrescenta que, “pela primeira vez, a oposição vislumbra uma possibilidade efetiva de ganhar as eleições deste ano”.

— Esse dado (empate técnico no segundo turno) está relacionado com a avaliação do governo da presidente. O ruim/péssimo está muito próximo do ótimo/bom, com número expressivo de avaliação regular — avalia Azevedo.

A exemplo de Azevedo, o cientista político Cláudio Couto, da Fundação Getúlio Vargas (FGV), acredita que a eleição deve ser muito disputada. Ele observa que, nas simulações de segundo turno, os candidatos da oposição têm apresentado curvas ascendentes nas últimas pesquisas, enquanto que Dilma registra o contrário. Couto salienta que a avaliação positiva do governo da presidente tem caído após uma ligeira recuperação e os índices estão próximos aos registrados após os protestos de junho do ano passado.

— Há uma tendência de piora na avaliação do governo. A melhora após queda em julho do ano passado foi revertida. Houve uma piora com índices num patamar muito parecido com aquele pós-manifestações. E a presidente volta a ter essa pior avaliação às vésperas da disputa eleitoral — disse Couto.

Para ele, é “altamente improvável” que a eleição seja vencida no primeiro turno.

Líder do PT discorda de números
A assessoria da campanha da presidente Dilma Rousseff informou que, como sempre, a candidata não comentaria pesquisas. O líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), no entanto, disse não acreditar nos números.

— Não assusta, nem surpreende, e não acredito que isso corresponda a um dado de realidade. Mas não vou discutir com pesquisa. No momento que começarmos a campanha propriamente dita, não tenho dúvida de que vamos ganhar bem — afirmou Costa.

Aécio Neves comemorou o resultado:

— É mais uma pesquisa que aponta claramente na direção de que teremos segundo turno. Quanto mais caminho pelo Brasil, percebo que o sentimento de mudança é crescente e acredito que é o que vai prevalecer. Cabe a nós cada vez mais apresentarmos nossas propostas e discuti-las com a sociedade para que o Brasil faça sua escolha — disse o tucano.

Coordenador-geral da campanha de Aécio, o senador José Agripino Maia (DEM) ressaltou que o dado mais relevantes contra a presidente Dilma foi a queda dos indicadores de avaliação de seu governo.

— Candidato de governo com avaliação “bom e ótimo” igual a “ruim e péssimo” está morto. Eu nunca vi candidato de governo com esse tipo de avaliação ganhar a eleição. Não é para tirar os pés do chão nem comemorar, mas as chances da oposição são reais —afirmou Agripino Maia.

A assessoria de Eduardo Campos considera positivo resultado da pesquisa. Avalia que a sondagem mostra uma continuidade na queda da Dilma e que a eleição caminha para o segundo turno "com boa chance" de derrota da presidente Dilma e de vitória da oposição.

Empate técnico no segundo turno com Aécio está ligado à avaliação de Dilma, dizem especialistas

• Cientistas políticos vislumbram cenário apertado para a presidente

Leonardo Guandeline – O Globo

SÃO PAULO - O empate técnico entre a presidente Dilma Rousseff (PT) e o senador Aécio Neves (PSDB) divulgado pelo Instituto Datafolha nesta quinta-feira em simulação de segundo turno está diretamente relacionado à queda na avaliação do governo da presidente. Essa é a opinião do cientista político Fernando Antônio de Azevedo, da Universidade Federal de São Carlos (UFScar). O professor ainda acrescenta que, "pela primeira vez, que a oposição vislumbra uma possibilidade efetiva de ganhar as eleições deste ano".

- Esse dado (empate técnico no segundo turno) está relacionado com a avaliação do governo da presidente. O ruim/péssimo está muito próximo do ótimo/bom, com número expressivo de avaliação regular - avalia Azevedo.

- Pela primeira vez a oposição vislumbra a possibilidade efetiva de ganhar esse segundo turno - acrescenta o cientista político.

Ao comentar a pesquisa de intenção de voto, o professor salienta que as oscilações estão dentro da margem de erro e "a competição está num ponto de estabilidade muito grande", se forem comparados os três últimos levantamentos do Datafolha.

A exemplo de Azevedo, o cientista político Cláudio Couto, da Fundação Getúlio Vargas (FGV) acredita que a eleição deve ser muito disputada. Ele observa que, nas simulações de segundo turno, os candidatos da oposição têm apresentado curvas ascendentes nas últimas pesquisas, enquanto que Dilma registra o contrário. Couto salienta que a avaliação positiva do governo da presidente tem tido quedas após uma ligeira recuperação e os índices estão próximos dos registrados após os protestos de julho do ano passado.

- Há uma tendência de piora na avaliação do governo. A melhora após queda em julho do ano passado foi revertida. Houve uma piora com índices num patamar muito parecido com aquele pós-manifestações. E a presidente volta a ter essa pior avaliação às vésperas da disputa eleitoral.

O cientista político acha "altamente improvável" que a eleição seja vencida no primeiro turno.

- Estamos a dois meses e meio das eleições e o governo tem uma avaliação muito negativa. Como a campanha tende a elevar o voto daqueles menos conhecidos do eleitorado, há uma tendência maior de piora para a presidente do que para os outros (Aécio e Campos). É altamente improvável que a gente não tenha o segundo turno. Já no primeiro turno a disputa será apertada para a presidente - acredita Couto.

Dilma e Aécio empatam no segundo turno, diz Datafolha

• Presidente lidera corrida presidencial, mas avaliação de seu governo piora

• Simulação de segundo turno mostra candidata petista com 44% das intenções de voto e tucano com 40%

Ricardo Mendonça – Folha de S. Paulo

SÃO PAULO - A presidente Dilma Rousseff continua na liderança da corrida ao Palácio do Planalto, mas a avaliação de seu governo piorou e pela primeira vez ela aparece tecnicamente empatada com o senador Aécio Neves (PSDB-MG) nas simulações de segundo turno, de acordo com uma nova pesquisa feita pelo Datafolha.

Dilma tem 36% das intenções de voto na simulação de primeiro turno. Segundo o Datafolha, se o turno final da disputa fosse hoje, Dilma teria 44% dos votos e Aécio alcançaria 40%.

Como a margem de erro da pesquisa é de dois pontos para mais ou para menos, eles estão na situação limite do empate técnico.

Num eventual segundo turno contra o ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos (PSB), o resultado seria 45% para Dilma contra 38% para Campos. É também a menor diferença entre os dois na série de nove pesquisas do Datafolha com este cenário desde agosto de 2013.

Em relação à pesquisa anterior, feita no começo deste mês, o quadro do primeiro turno apresenta pouca diferença. Em 15 dias, Dilma oscilou de 38% para 36%. Aécio manteve os 20%. Campos oscilou de 9% para 8%.

Juntos, todos os adversários de Dilma também somam 36%. Considerando a margem de erro, portanto, não é possível saber se haveria ou não segundo turno se a eleição fosse hoje.

A oscilação negativa de Dilma no primeiro turno e a aproximação de seus rivais em simulações de segundo turno são coerentes com o aumento do percentual de eleitores que julgam o atual governo como ruim ou péssimo.
Conforme a pesquisa, 29% desaprovam a gestão Dilma. É, numericamente, o maior percentual de ruim e péssimo para a petista desde o início de sua gestão, em 2011.

Já os eleitores que classificam a administração como boa ou ótima somam 32% agora, praticamente a mesma taxa apurada no fim de junho de 2013, imediatamente após o auge da grande onda de protestos pelo país. Naquela ocasião, a taxa de aprovação à gestão petista despencou de 57% para 30%.

Em relação à pesquisa anterior, a rejeição a Dilma subiu de 32% para 35%. O segundo mais rejeitado é o Pastor Everaldo (PSC), com 3% das intenções de voto, mas 18% de rejeição. Os que rejeitam Aécio oscilaram de 16% para 17%. Campos mantém os 12% da pesquisa anterior.

O Datafolha ouviu 5.377 eleitores em 223 municípios na terça (15) e quarta (16). A pesquisa foi encomendada pela Folha em parceria com a TV Globo.

Empate técnico no 2º turno com Aécio surpreende campanha do PT

• Candidato tucano diz perceber 'sentimento de mudança' pelo país

- Folha de S. Paulo 

BRASÍLIAD e SÃO PAULO - Os números do Datafolha divulgados nesta quinta (17) que mostram a presidente Dilma Rousseff e o senador Aécio Neves (PSDB-MG) tecnicamente empatados em um eventual segundo turno da disputa eleitoral surpreenderam interlocutores do Palácio do Planalto e também do comitê eleitoral da petista.

Mas é a rejeição da presidente o que mais preocupa os assessores petistas. De acordo com a pesquisa, Dilma é rejeitada por 35% dos entrevistados, ante 17% de Aécio.

Esse cenário reforça a aposta do PT de investir na campanha de TV para tentar garantir uma vitória ainda no primeiro turno. Com amplo leque de partidos aliados, Dilma terá quase três vezes mais tempo de propaganda que o adversário tucano.

Já Aécio comemorou o resultado e disse que os números apontam na direção "muito clara" de um segundo turno. "E quanto mais eu caminho pelo Brasil, mais eu vejo o sentimento de mudança", disse o tucano.

Na noite da última quarta (16), o candidato do PSDB reuniu a bancada de deputados e senadores de seu partido num jantar em Brasília em que cobrou empenho pessoal dos aliados em sua campanha. Em tom motivacional, chegou a afirmar que "na história recente do PSDB nunca estivemos tão perto de ganhar" o Planalto.

Já integrantes da campanha de Eduardo Campos (PSB), terceiro colocado nas simulações de primeiro turno, dizem ter visto na pesquisa a confirmação da deterioração da gestão de Dilma.

Num eventual segundo turno, segundo o Datafolha, a petista aparece com 45% e Campos, com 38%.

Datafolha pós-Copa acende luz amarela para Dilma

Jose Roberto de Toledo – O Estado de S. Paulo

Como está dentro da margem de erro da pesquisa, a oscilação negativa de Dilma Rousseff (PT) no Datafolha, de 38% para 36%, pode ser uma simples variação estatística, mas é um sinal amarelo para a campanha petista. Aliás, são vários sinais amarelos. O saldo de avaliação do governo Dilma caiu de 9 para 3 pontos em duas semanas. Tanto o ótimo/bom diminuiu 3 pontos quanto o ruim/péssimo subiu na mesma proporção.

Além disso, os adversários estreitaram a diferença em relação à candidata à reeleição nas simulações de segundo turno. Dos 7 pontos do começo de julho, Aécio Neves (PSDB) tirou 3 e está agora apenas 4 pontos atrás de Dilma. Eles estão tecnicamente empatados. Já Eduardo Campos (PSB) viu sua distância para a petista diminuir de 13 pontos para 7 em apenas duas semanas.

Durante a Copa, o governo federal e estatais como Petrobras e Caixa Econômica ocuparam grande parte dos intervalos dos jogos e dos programas esportivos com propagandas. Somava-se a isso o fato de as atenções estarem voltadas para a competição, de haver um clima de festa e de o noticiário sobre a organização do evento ser positivo – além do aumento da auto-estima dos brasileiros por causa da aprovação dos estrangeiros.

Com o fim da Copa, imediatamente as atenções se voltam para os problemas do dia-a-dia, em especial a perda de poder de compra acarretada pelo aumento continuado de preços. A desaceleração do ritmo de criação de empregos formais é outro sinal preocupante para a economia e, por tabela, para Dilma.

Nada disso deve melhorar até agosto. O período entre a Copa e o começo do horário eleitoral no rádio e na TV é crítico para Dilma Rousseff (PT). As estatais e o governo estão proibidos de anunciar enquanto os indicadores econômicos continuam piorando. A esperança da presidente é ter direito a muito mais tempo na propaganda eleitoral do que os rivais.

Os resultados cada vez mais parelhos das simulações de segundo turno são uma boa projeção de como esta campanha deve ser disputada e de como a diferença tende a ser apertada. A eleição presidencial de 2014 está muito mais para Argentina 0 x 0 Holanda do que para Alemanha 7 x 1 Brasil.

Alckmin tem 54% e seria reeleito ainda no 1º turno

• Avaliação positiva da gestão tucana em São Paulo sobe de 41% para 46%

• Principais concorrentes do governador, Skaf e Padilha tem 16% e 4%, respectivamente, segundo o Datafolha

Ricardo Mendonça e Gustavo Uribe – Folha de S. Paulo


SÃO PAULO - Com a avaliação de sua gestão em alta, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), lidera isolado a disputa pelo governo do Estado e seria reeleito no primeiro turno se a eleição fosse hoje.

Segundo pesquisa Datafolha finalizada nesta quarta, Alckmin tem 54% das intenções de voto. Em segundo, com menos de um terço do índice registrado pelo tucano, está o presidente licenciado da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de SP), Paulo Skaf (PMDB), com 16%.

O ex-ministro Alexandre Padilha (PT) alcança 4%.

Juntos, os demais nomes na disputa somam 4%. Brancos e nulos são 13%, e 10% dos eleitores dizem que ainda não sabem em quem votar.

A pesquisa, realizada na terça e nesta quarta, com 1.978 entrevistas em 55 municípios paulistas, não é diretamente comparável com o levantamento anterior do Datafolha porque o leque de candidatos apresentados aos entrevistados mudou.

Na investigação feita no início de junho, antes da oficialização das candidaturas, Alckmin tinha 47%, Skaf, 21%, e Padilha ostentava os mesmos 4% no cenário que parecia ser o mais provável.

Se não é viável dizer se as intenções de voto nos candidatos cresceram ou recuaram desde então, é possível dizer, ao menos, que a situação de Alckmin melhorou.

Isso porque a avaliação positiva de seu governo, esta sim comparável, cresceu com uma diferença acima da margem de erro, de dois pontos para mais ou para menos.

Em junho, 41% dos paulistas achavam a gestão boa ou ótima. Agora, sua taxa de aprovação subiu para 46%.

O total de eleitores que julga sua administração como rui ou péssima é de 14%, o mesmo índice de março de 2011, o mais baixo da série de seis pesquisas na atual gestão.

Em municípios com menos de 50 mil habitantes, o governador é aprovado por 60%.

Na pesquisa desta semana, as intenções de voto em Alckmin ficam acima de 50% em todos os principais segmentos investigados: por sexo, idade, renda, escolaridade e porte do município.

Já Skaf tem seus melhores desempenhos entre os eleitores com ensino superior (25%) e no grupo dos que vivem em famílias com renda mensal acima de dez salários mínimos (23%).

Uma amostra das dificuldades de Padilha está no cruzamento das intenções de voto com a preferência partidária dos entrevistados.

O petista perde por larga margem mesmo entre os que se dizem simpatizantes do PT. Neste universo (18% dos eleitores) ele tem 13%. Alckmin tem 46% dos votos dos petistas; Skaf, 16%.

Em taxa de rejeição, Padilha lidera: 26% dos eleitores dizem que não votariam nele de jeito nenhum --Skaf tem 20% e Alckmin, 19%.

Surpresa
O desempenho de Skaf na pesquisa de intenção de voto pegou de surpresa a campanha tucana. As medições internas da sigla apontavam que o peemedebista alcançaria patamar próximo a 20%.
O partido já esperava Alckmin com cerca de 50%. "Para um patamar de largada, é excelente", afirmou o presidente do PSDB em São Paulo, Duarte Nogueira.

Senado
O Datafolha também investigou intenções de voto para senador em São Paulo.

O ex-governador José Serra (PSDB) lidera com 34%. Logo atrás vem Eduardo Suplicy (PT), candidato à reeleição, com 29%. O ex-prefeito da capital Gilberto Kassab (PSD) tem 7%.

Esta rodada do Datafolha foi realizada por encomenda da Folha em parceria com a TV Globo.

Garotinho e Crivella empatados com 24% das intenções de voto

• Pezão e Lindbergh apresentam empate técnico com 14% e 12%, respectivamente

- O Globo


RIO — A primeira pesquisa de intenções de voto feito pelo Datafolha para o governo do Rio mostrou o empate entre os candidatos Anthony Garotinho (PR) e Marcelo Crivella (PRB), com 24%. O cenário continua indefinido com relação aos outros candidatos. Luiz Fernando Pezão, que tenta a reeleição pelo PMDB, apareceu com 14% das intenções, e está tecnicamente empatado com o petista Lindbergh Farias, que teve 12%. A margem de erro da pesquisa é de três pontos percentuais, para mais ou para menos.
Tarcísio Motta (PSOL) teve 2%, e Dayse Oliveira (PSTU), 1%. Ney Nunes (PCB) não pontuou. Votos em branco e nulos somaram 16%, e 7% dos entrevistados não souberam ou não quiseram responder.

Rejeição
O Datafolha também avaliou a rejeição aos candidatos ao Palácio Guanabara. Garotinho lidera com 39%, e é seguido por Pezão com 19%, Lindbergh com 17%, e Crivella com 16%. Nesse cenário, os três últimos estão tecnicamente empatados, uma vez que a margem de erro também é de três pontos. Tarcisio Motta teve 10% de rejeição, assim como Ney Nunes. Dayse Oliveira teve 9%. Os três estão em empate técnico. Um total de 9% dos entrevistados votaria em qualquer candidato, 7% em nenhum deles, e 9% não sabem ou não quiseram responder.

Avaliação de governo
O governo de Pezão foi avaliado como “regular” por 40% dos 1.317 eleitores entrevistados em 31 municípios. Para 21% desse grupo, a administração foi “ruim ou péssima”, e para 19%, “ótima ou boa”. O governo recebeu nota média de 4,9 pontos.

As entrevistas foram feitas entre os dias 15 e 16 de julho, e o índice de confiança é de 95%. O trabalho encomendado pela TV Globo/Folha de S. Paulo foi registrado no TRE-RJ pelo número 00009/2014.

Candidatos comemoram
O petista Lindbergh Farias comemorou o resultado da pesquisa, e disse que o "patamar de 12% é bom demais para começo de campanha":

— Na corrida para o Senado, comecei com 4% e acabei em primeiro. Na disputa por Nova Iguaçu sai com 3% e também cheguei em primeiro. Os que estão em primeiro lugar ocupam esse posto porque tem maior 'recall', mas isso vai mudar assim que a campanha de TV começar.

Crivella também comemorou o Datafolha, e disse estar "grato ao povo fluminense por ter empate em primeiro lugar com Garotinho e o menor índice de rejeição":

— Se somarmos todos os votos, vemos que tem pouco voto sobrando na praça. Eu tenho pouco tempo de TV, então sou obrigado a ir para a rua.

Ao comentar a nota dada ao governo de Pezão (4,9 pontos), o candidato foi irônico:

— O povo continua generoso. Depois de oito anos de governo, com a saúde e segurança como estão, era para ser bem menos, mas o povo é tolerante e esperançoso.

Em nota, Garotinho também comemorou "estar em primeiro lugar", mas críticou o índice de rejeição do Datafolha:

— Somada dá 145%. Quanto à intenção de voto, os números que tenho são diferentes, mas de qualquer maneira, respeito o Instituto Datafolha. Em relação à rejeição, a soma chega a 145%; não é correto esse dado, e isso já está provado que estatisticamente utilizar rejeição múltipla distorce o resultado. De qualquer maneira, é bom comemorar estar em primeiro lugar.

O governador Pezão disse que o índice é bom para ele, por se considerar "o menos conhecido" entre os candidatos:

— Tenho mais a crescer, principalmente quando começar a (campanha na) TV. Mas agora com a rua também.

Sobre a taxa de rejeição, Pezão lembrou que está tecnicamente empatado com Crivella e Lindbergh, e que esse número é porque ele seria desconhecido do eleitorado. Por fim, o governador comentou a aprovação do governo:

— Acho que a gente está numa evolução. É pouco tempo (de governo).

Aécio reúne aliados e diz que PSDB nunca esteve tão perto de vencer

Daniela Lima – Folha de S. Paulo

SÃO PAULO - Na noite da última quarta (16), o candidato do PSDB à Presidência, senador Aécio Neves, reuniu a bancada de deputados e senadores de seu partido num jantar em que cobrou empenho pessoal dos aliados em sua campanha.

Em tom motivacional, chegou a dizer que "na história recente do PSDB nunca estivemos tão perto de ganhar" o Palácio do Planalto.

A reunião foi a última cartada do mineiro para mobilizar a tropa do Congresso antes de iniciar sua maratona de viagens. Entre os 46 deputados do PSDB, três serão candidatos a governador e três figuram como vice em chapas de seus estados. Há ainda dois que concorrerão a suplente de senador.

O encontro com os cerca de 40 congressistas ocorreu na casa de Paulo Abi-Ackel (PSDB-MG), no Lago Sul, bairro nobre de Brasília.

Aécio fez questão de entregar pessoalmente aos parlamentares os primeiros materiais oficiais de divulgação de sua campanha, como adesivos de carros e broches.

Segundo cinco fontes ouvidas pela Folha, o senador fez uma longa reflexão sobre o panorama político.

Disse que chega à corrida presidencial com uma vantagem que os últimos dois candidatos do PSDB –Geraldo Alckmin e José Serra– não tiveram: o clima de descontentamento com o atual governo petista. E afirmou que, pela primeira vez, há união entre os líderes da sigla.

Ainda assim, a cúpula da campanha destacou que o empenho das bases da sigla no primeiro turno é fundamental porque a presidente Dilma Rousseff (PT) tem quase três vezes o tempo de propaganda de Aécio.

Grupos de Dilma e Lula se estranham na campanha petista

• Disputa por mais influência sobre o comitê da reeleição é pano de fundo de críticas trocadas nos bastidores por auxiliares da presidente e de seu antecessor

Vera Rosa - O Estado de S. Paulo

BRASÍLIA - A campanha de Dilma Rousseff à reeleição vive uma disputa interna entre dois grupos. Um ligado à presidente e outro mais próximo de seu antecessor, Luiz Inácio Lula da Silva.

Embora o coro de "volta, Lula" tenha sido abafado na convenção que oficializou a candidatura de Dilma, em 21 de junho, a queda de braço entre as duas alas continua nos bastidores.
Em conversas reservadas, dirigentes do PT dizem que amigos de Lula são alvo de "armação" dos "dilmistas". A rede de intrigas aborrece Lula, que tem uma sala montada para ele no comitê da reeleição, em Brasília, mas nenhum compromisso previsto para ocupá-la.

O ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, esteve na quarta-feira no comitê. Conversou com o presidente do PT, Rui Falcão, e apresentou a ele um plano de trabalho para a corrida presidencial, na tentativa de aproximar Dilma da Igreja e dos movimentos sociais.

Isolamento. Ex-chefe de gabinete de Lula, de 2003 a 2010, Carvalho está isolado no governo Dilma. No comitê, petistas dizem que ele recusou convite para integrar a coordenação da campanha. O ministro, porém, jura que nunca foi convidado, embora prefira continuar suas funções no Palácio do Planalto até dezembro.

Três funcionários da Secretaria-Geral da Presidência foram indicados por Carvalho para a campanha de Dilma, mas ele próprio não tem intenção de entrar nesse núcleo. Cândido Hilário Garcia de Araújo, Geraldo Magela e José Claudenor Vermohlen despacham na Secretaria Nacional de Relações Político-Sociais, subordinada ao ministério comandado por Carvalho, e deixarão o governo na segunda-feira para trabalhar no comitê.

Mata-mata. No Instituto Lula, sede da organização não governamental dirigida pelo ex-presidente, a avaliação é que a campanha do PT está em ponto morto, o que atiça o jogo de "mata-mata" entre o grupo mais próximo de Dilma e seguidores fiéis ao ex-presidente. No Planalto, o Instituto Lula foi batizado de "Serpentário do Ipiranga", numa referência ao bairro que abriga a sede da ONG, em São Paulo.

A briga por mais poder e influência na campanha de Dilma começou no quartel general da comunicação, atingindo justamente Franklin Martins - homem de Lula no comitê. Ex-ministro do governo Lula, Martins está sendo acusado pelos dilmistas de querer "mandar demais", provocando tensão desnecessária ao publicar posts agressivos, como o que alvejou o presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), José Maria Marin, no site "Muda Mais". Criado há cerca de três meses na conta do PT, o site dá suporte à campanha de Dilma.

Lulistas afirmam que um dos focos da "queimação" é o quarto andar do Planalto, onde fica a Casa Civil da Presidência, ocupada por Aloizio Mercadante.

Minas. O mata-mata também tem uma "ponta" no PT de Minas Gerais, reproduzindo a disputa protagonizada na eleição de 2010 por aliados de Fernando Pimentel, hoje candidato do partido ao governo mineiro, para tirar o poder de Falcão na comunicação da campanha.

Aécio e Campos travam guerra do palanque duplo

• Tucano desembarca em Santa Catarina, onde PSDB e PSB estão coligados,e não encontra sua foto nem seu nome em material da campanha estadual

Pedro Venceslau e Isadora Peron - O Estado de S. Paulo

FLORIANÓPOLIS - O senador Aécio Neves, candidato do PSDB à Presidência, e o ex-governador Eduardo Campos, postulante do PSB, travam disputa acirrada pelo protagonismo nas dez campanhas estaduais onde seus partidos estão coligados.

Adversários diretos por uma vaga no 2.º turno na corrida ao Planalto, eles foram obrigados, em nome das conjunturas locais, a aceitar que aliados abrissem espaço igual para ambos nos palanques regionais. "Aqui em Santa Catarina, o Paulo Bauer (candidato do PSDB ao governo) e eu temos a honra de ter o apoio de dois candidatos à Presidência. Os dois terão espaço no meu palanque", afirmou ontem Paulo Bornhausen, candidato do PSB ao Senado, em evento de lançamento oficial da coligação encabeçada por Bauer.

Aécio estava lá. Foi recebido por Bornhausen, Bauer e militantes do PSDB e PSB. "Vou pedir voto para Campos e recomendar voto em Aécio para quem não quiser votar no Eduardo", disse Bornhausen. Questionado sobre a duplicidade dos palanques, Aécio despistou. "Nossa aliança é extremamente saudável. Estou confortável em estar em um palanque coerente", afirmou.

Nos adesivos distribuídos pela equipe do tucano Bauer no evento em Florianópolis não havia foto ou nome de Aécio.

Já Bornhausen, que apoiou José Serra em 2010, Geraldo Alckmin em 2006 e Serra em 2002, fez questão de incluir Campos e Marina Silva, a vice do candidato do PSB, no seu material.

Improviso. Quando o presidenciável do PSDB chegou, os correligionários de Bauer providenciaram um banner onde os dois aparecem juntos. Na primeira semana de agosto será a vez de Campos desembarcar em Florianópolis, segundo aliados locais.

No Maranhão, outro Estado onde os presidenciáveis dividem o palanque local, Campos chegou na frente. Ele esteve em São Luís na semana passada e participou de um evento ao lado de Flávio Dino, candidato ao governo estadual pelo PC do B, Nesse evento, o ex-governador de Pernambuco participou de uma passeata com Dino e fez críticas ao tucano.

No Piauí, Campos e Aécio estiveram na convenção do candidato do PMDB, Zé Filho, no começo de julho, antes do início oficial da campanha. Os dois chegaram em Teresina quase na mesma hora e fizeram de tudo para não se encontrar. Campos também já foi ao Paraná e participou de eventos ao lado do governador Beto Rixa (PSDB), que disputa a reeleição. Quando foi a Pernambuco, Aécio se encontrou com Paulo Câmara, candidato do PSB ao governo estadual.

Em São Paulo, Alckmin tem repetido que vai fazer campanha apenas para o PSDB, mas autorizou o vice, Márcio França, que é do PSB, a explorar a dobradinha "Edualdo".

Aécio diz que PT vai entregar país no ‘pior cenário possível’

• Tucano afirmou ainda que governo gasta bilhões com propaganda para mostrar Brasil 'irreal'

Juraci Perboni - O Globo

FLORIANÓPOLIS — O candidato do PSDB à Presidência Aécio Neves fez duras críticas a gestão econômica do governo nesta quinta-feira, em ato político na capital catarinense. Em discurso, Aécio prometeu controlar a inflação e restabelecer a confiança no Brasil.

— É mais que uma eleição que está em jogo. (O governo PT) É um modelo e uma visão de gestão pública diferente dessa que está aí, em que a meritocracia deve se sobrepor ao absurdo do aparelhamento da máquina pública. Vamos implantar um modelo de estabilização da moeda e de controle inflacionário — disse o tucano.

Sem citar a presidente Dilma, Aécio afirmou que a economia brasileira está “paralisada”, sem controle da inflação, e não demonstra capacidade de “reverter essa situação”.

— O governo do PT vai entregar o país no pior cenário possível. O Brasil vive a estagflação, crescendo 1%, o menor (índice) em toda a América Latina. A inflação já está estourando o teto da meta. Isso traz um clima de desânimo para aqueles que querem empreender. No momento em que se olha para o futuro, não se enxerga nesse governo, capacidade para fazer o país crescer — atacou.

O senador tucano defendeu a ideia que o governo federal fracassou na economia e na gestão pública:

— Na verdade, o Brasil está no final da fila dos principais rankings internacionais de educação, como o Pisa (Programme for International Student Assessmen), por exemplo. A saúde publica é trágica. Há uma omissão crescente do governo federal na segurança pública.

Para Aécio, o governo gasta bilhões em propaganda para mostrar um “Brasil irreal”.

— O que não dá mais para aguentar é o que vem acontecendo no Brasil. Um Brasil virtual, vendido numa propaganda bilionária, quase uma lavagem cerebral, como se fossemos um país quase sem miséria. A grande verdade vai ficar clara na campanha, quando o Brasil real for confrontado com o Brasil virtual.

Palanques nos estados
O senador também declarou “ver problemas” em dividir palanques com o candidato Eduardo Campos (PSB). A declaração foi dada para explicar o apoio a chapa que reúne Paulo Bauer (PSDB) como candidato a governador, e Paulo Bornhausen (PSB) para concorrer na vaga ao Senado:

— Da minha parte, sempre que os candidatos do PSDB estiverem fortes, nós estaremos fortes. Agradeço o apoio dos candidatos do PSB em vários estados, não apenas aqui.

A menor geração de empregos formais para junho em 16 anos

• Saldo líquido de emprego com carteira assinada foi de 25.363 vagas, queda de 83,9% ante o mesmo período de 2013

Francisco Carlos de Assis e Nivaldo Souza - O Estado de S. Paulo

A geração de vagas formais teve forte desaceleração em junho. Segundo o Ministério do Trabalho e Emprego, o saldo líquido (contratações menos demissões) de emprego com carteira assinada no País foi de 25.363. O resultado é o menor para o mês desde 1998 e representa uma queda de 83,9% ante junho de 2013, na série com ajuste.

O dado de junho do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) ficou abaixo do piso das previsões do mercado financeiro, que variavam de 40 mil a 110 mil vagas, segundo o AE Projeções. No acumulado do ano até junho, houve criação líquida de 588.671 vagas, o que fez o governo rever as previsões para 2014.

Segundo o ministro do Trabalho e Emprego, Manoel Dias, a meta agora é gerar 1 milhão de empregos este ano. O número é menor que o apresentado no início de 2014, quando o governo previa a criação de até 1,5 milhão de postos até 31 de dezembro. Em 2013, foram gerados 1,1 milhão de vagas.

Dias afirmou que o fraco desempenho em junho frustrou as expectativas do governo. "Esperava mais, porque não havia nenhum indicativo dessa situação", disse. "O grande fato causador da diminuição foi a indústria, que no ano ainda continua positiva", disse.

A indústria de transformação respondeu pela maior quantidade de demissões líquidas em junho, com o fechamento de 28.553 vagas. Foi o terceiro mês consecutivo de desligamentos. Os 12 segmentos industriais pesquisados demitiram. O pior resultado foi da indústria de material para transportes (-5.542), seguido por metalúrgica (-4.161) e mecânica (-3.957).

A agricultura foi o setor que respondeu em junho pela maior geração de vagas, com 40.818 vagas. Em seguida, ficou o setor de serviços, com 31.143 postos de trabalhados gerados.

Desaceleração. Para o economista-chefe do Banco Fator, José Francisco Lima Gonçalves, a desaceleração da economia brasileira finalmente parece ter chegado ao mercado de trabalho. Segundo ele, o resultado poderia ter sido pior se não fosse um mês sazonalmente favorável às contratações no segmento da agricultura.

"A geração de empregos na agricultura é sazonal, mas se compararmos com junho do ano passado, quando foram criados cerca de 59 mil vagas, vemos que a tendência é de leve desaceleração do emprego", disse o economista.

O lado bom de o mercado de trabalho entrar em desaceleração, segundo o economista do Fator, é que as expectativas de inflação tendem a se acomodar. "O lado ruim é que, quando isso acontece, o mercado de trabalho confirma a queda da economia", disse Lima Gonçalves, que antes da divulgação dos números do Caged esperava que o PIB fosse encerrar esse ano com crescimento de apenas 0,8%.

O mercado de trabalho é sempre o segmento da economia a assimilar com maior morosidade os movimentos de melhora e piora da economia como um todo. Como os custos para contratação e demissão no Brasil são muito altos, as empresas demoram para abrir contratações quando a economia se aquece e demoram para demitir quando a economia entra em estágio de arrefecimento.

Recuperação. O ministro Dias, contudo, voltou a dizer que o mercado de trabalho vai se reaquecer ao longo do segundo semestre. "O mês que vem (julho, em relação a junho) já começam as encomendas para o Natal, e as contratações da indústria já visando o dia dos pais e o fim do ano", destacou.
Sobre o setor da construção civil, que demitiu 12.401 trabalhadores no mês, a terceira fase do programa Minha Casa, Minha Vida irá puxar contratações. "O novo Minha Casa, certamente, vai estimular a retomada da construção civil", confiou.

O ministro também observou que a demissão de 7.070 pessoas pelo setor do comércio deveu-se à Copa , em função do fechamento de lojas durante os jogos do Mundial.

Fernando Gabeira: Todos no mesmo bote de fibra óptica

- O Estado de S. Paulo

Na Copa das Confederações torcemos para o Taiti. Mesmo quando perdia de 10 a 0, ainda vibrávamos com as raras oportunidades de um gol de honra. O Taiti não é aqui. É um país do surfe de ondas gigantes, com suas águas azuis e a temível Praia de Teahupoo, conhecida como Quebra Crânio.

Já o Brasil é, ou era, o país do futebol. Gastamos R$ 40 bilhões para sediar a Copa do Mundo e fomos os únicos a perder de 7 a 1.

A presidente Dilma declarou no Paraná que o Exército usaria, para resgatar as vítimas do temporal, um bote de fibra óptica. No início fiquei em dúvida. Tinha visto na TV um programa sobre como o GPS orienta a agricultura americana, aumentando sua produtividade e traçando com rigor a trajetória ideal dos tratores. Será que haviam inventado um bote de fibra óptica para explorar as riquezas do mar, quem sabe até do pré-sal? Mas o bote de fibra óptica não existe nem será inventado.

Ele é, para mim, o sinônimo de uma canoa furada em que todos navegamos no momento.

Dilma também chamou de urubu quem não acreditava nas maravilhas da Copa. Caiu um pequeno viaduto, mas isso não é problema, porque não havia ninguém do governo embaixo dele no instante da queda. Já escrevi sobre ser chamado de urubu pela artilharia eletrônica petista. Urubu é o símbolo da torcida do Flamengo. É o preto da camisa rubro-negra, cores do Íbis, o pior time do mundo, ou da Alemanha, que nos serviu o chocolate da Copa das Copas, portanto, o chocolate dos chocolates.

Não sei o que a presidente tem contra os urubus. Tom Jobim amava-os e discorria longamente sobre a elegância de seu voo, nas mesas do Degrau, no Leblon da sua época. Fez uma linda melodia para traduzir em sons a beleza de seus movimentos. Não creio que seja pela cor, porque esse tipo de preconceito, teoricamente, o PT não tem. Ou porque come bichos mortos, algo que a maioria da humanidade faz. Pode-se dizer em defesa dos seres humanos que não comem um animal cru. Mas isso era antes da chegada dos restaurantes japoneses, de vez que os bifes tártaros eram exclusividade de uma minoria.

Dilma estava rígida na final da Copa. Nem se levantou para aplaudir o gol da Alemanha. E quem não aplaudiu aquele gol de Götze ou não gosta de futebol ou é argentino, pois os hermanos sentiram ali que perdiam o título. Compreendo esse medo, já que estamos no mesmo bote de fibra óptica, na mesma canoa furada. Durante os primeiros dias após os 7 a 1 fiquei com medo de abrir as gavetas e encontrar mais um gol da Alemanha. Se Dilma deixasse sua cadeira, poderiam encontrar mais um gol da Alemanha embaixo dela.

Continuo defendendo o direito ao delírio e, claro, as opiniões. Lula disse na África do Sul que os outros países viriam disputar o segundo lugar, porque a Copa era nossa. Parreira disse que estávamos com a mão na taça. Felipão elogiou o próprio trabalho e o da geração tóis, que se define com um movimento de braços que faz um T, o mesmo com que Dilma posou na internet quando as coisas iam bem. A geração tóis, que se descreve com os braços, na verdade, deu uma banana para os que esperavam, ao menos, a garra dos argelinos.

Livre do furor patriótico, estimulado pelo governo e por grandes empresas envolvidas, é possível agora pensar com calma.

Como encarar com otimismo uma seleção que toma a família como modelo? Nada contra a família, respeito a opinião do herói da torcida, David Luiz: sexo só depois do casamento. Mas a família não é a forma adequada para desenvolver um trabalho desse tipo. Entre crises de choro e rezas, os jogadores se desmanchavam. E os psicólogos diziam que era o peso de tanta expectativa nacional. Somos o único país do mundo onde torcida a favor é vista como um fator negativo.

A torcida foi ótima. Não podia ser a mesma do Taiti, porque levamos o Brasil a sério no quesito futebol. Os inúmeros canais de TV nos puseram, nos últimos anos, em contato com o futebol de quase todo o mundo. Campeonatos espanhol, inglês, alemão. Era possível ver uma evolução maior que a brasileira. Mas isso era uma evidência para os que gostam e acompanham o futebol, embora muitos cronistas se tenham deixado levar pela emoção patriótica.

A cúpula do futebol está apodrecida. Talvez venha agora uma mudança, já que o foco está na análise da catastrófica participação brasileira na Copa. Mas quantas coisas não estão decadentes no Brasil e ainda estão camufladas? A indústria está em decadência e seu movimento para baixo ainda não desperta o interesse nacional. A política está decadente, num nível de putrefação que os franceses definem como faisandé, o qual repugna até meu estômago de urubu.

Somos um povo alegre e comunicativo. Mas isso não supera uma lacuna em nossa educação: um esmagador número de monoglotas. Em 2008 tentei transformar isso num grande tema político.

Avançamos muito pouco desde então e não há sinais de termos tomado consciência dessa fragilidade.

Seria injusto com o marxismo atribuir a indiferença ao inglês a uma resistência ideológica. Os chineses não pensam assim e tratam de dar passos mais largos.

Sei que é difícil apontar essas lacunas. No Brasil vivemos num mundo tão extraordinário que temos de imitar o célebre urubu de Stanislaw Ponte Preta e voar de costas. Sobrevoar um país onde os jornais diziam que o zagueiro Dante iria ser um trunfo porque, jogando no Bayern, conhece os alemães. E nem uma vivalma para lembrar as fortíssimas evidências de que os alemães podiam também conhecer Dante.

Nos morros do Rio, estimulados por traficantes, alguns moradores chamam os adversários de alemães. Está na hora de nos abrirmos um pouco para algumas qualidades dos alemães.

Podemos ser um país melhor. Antes teremos de perder esse espírito de fodões de que com tóis ninguém pode, vem quente que estou fervendo. Ele favorece os apagões, nas semifinais da Copa ou na noite de núpcias. Foi-se o tempo em que pensávamos que os alemães eram limitados porque eram apenas organizados e bem treinados. São tudo isso e têm talento. É a única combinação que leva à vitória ou, ao menos, a uma derrota honrosa.

*Fernando Gabeira é jornalista.

Merval Pereira: Quadro preocupante

-  O Globo

Apesar de ter variado para menos na margem de erro e de seus competidores mais próximos não terem saído do lugar, a presidente Dilma tem na pesquisa do Datafolha/TV Globo divulgada ontem um quadro prospectivo preocupante. No mais longo prazo, a redução da diferença que a separa de Aécio Neves, do PSDB, no segundo turno leva a um empate técnico pela primeira vez, com a tendência de queda de Dilma se confirmando, enquanto o candidato tucano cresce.

Também para o candidato do PSB, Eduardo Campos, a diferença num hipotético segundo turno foi reduzida para sete pontos percentuais apenas, de 45% para 38%. Isso quer dizer que, quando a presidente Dilma é confrontada diretamente com seus principais opositores, a possibilidade de que ela perca aumenta a cada pesquisa, embora os dois sejam bem menos conhecidos do que ela.

Há outros dados preocupantes para a candidatura oficial. Ela continua sendo a mais rejeitada de todos os candidatos, com 35% de índice, o dobro da rejeição de Aécio e o triplo da de Campos. Em São Paulo, o maior colégio eleitoral do país, a rejeição de Dilma atinge nada menos do que 47%.

A presidente Dilma, no entanto, continua vencendo em praticamente todas as regiões do país, com exceção do Sudeste, onde está em empate técnico com o candidato tucano Aécio Neves. O Nordeste continua sendo sua fortaleza, embora a pesquisa Datafolha tenha detectado uma queda de sua popularidade na região.

Ela vence Aécio de 49% a 10%, mas tinha 55% na pesquisa anterior. O ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos aparece com apenas 12% na região em que é mais conhecido politicamente.

O que deve estar preocupando a campanha da presidente Dilma é o ânimo do eleitorado, que não está nada otimista. A maioria acha que a inflação e o desemprego vão aumentar, que o poder de compra vai ser reduzido, embora 70% dos entrevistados tenham dito que não temem perder o emprego, e a maioria, embora considere que a perspectiva econômica é ruim para o país, considera que sua vida pessoal vai melhorar ou continuar como está.

A Copa do Mundo não teve nenhuma influência na aprovação dos candidatos, tanto que Aécio, com 20%, e Campos com 8% (tinha 9% no levantamento anterior) mantiveram-se no mesmo lugar e a própria presidente Dilma caiu na margem de erro, de 38% para 36%. Apesar disso, a maioria acha que a presidente Dilma foi a mais beneficiada pela realização do campeonato mundial de futebol, o que pode ser um indício ruim para ela, pois mesmo assim ela perdeu pontos.

Outro índice muito analisado nas pesquisas eleitorais, o que mede a avaliação do eleitor sobre o governo do candidato(a) à reeleição, está, há alguns meses, dentro da margem que indica dificuldade para a eleição do(a) incumbente. Dilma caiu de 35% para 32% entre aqueles que consideram seu governo “ótimo ou bom”, e a marca de 35% já é o início do ponto negativo nessa avaliação.

Somente os governantes que estão acima de 35% de “ótimo ou bom” entram na faixa de reeleição mais provável. Nesta mesma época, quando tentaram a reeleição, os ex-presidentes Lula e Fernando Henrique Cardoso tinham 38% de “ótimo e bom”.

Todos esses dados ficam piores quando se sabe que a presidente Dilma é conhecida por 99% dos eleitores, sendo que 53% dizem que a conhecem “muito bem”. Já o candidato Aécio Neves é conhecido por 81% dos eleitores, mas somente 17% dizem que o conhecem “bem”. O candidato do PSB, Eduardo Campos, tem ainda mais espaço para crescer: apenas 59% dos eleitores dizem conhecê-lo, mas somente 7% consideram que o conhecem “muito bem”.

Dora Kramer: Água morna

- O Estado de S. Paulo

O eleitorado já fez a parte que lhe cabe nessa altura: posicionou-se quanto ao que espera de quem venha a comandar o País nos próximos quatro anos, dizendo que deseja mudanças; um Brasil melhor, portanto.

Emprego, renda, devolução dos impostos na forma de bons serviços, oportunidades, representação política com um mínimo de qualidade, estabilidade nos preços, segurança e a elevação do grau de maturidade no diálogo entre Estado e sociedade.

Os candidatos a presidente da República, contudo, ainda estão devendo uma resposta à altura desses anseios. E que não peçam para cada cidadão ler atentamente os programas de governo registrados na Justiça Eleitoral.

A conquista da emoção e da razão do público se dá no ambiente da interlocução que consigam construir mostrando que estão identificados com os desejos e sabem exatamente como realizá-los. De preferência, pensando em algo que ainda não tenha ocorrido ao eleitor, mas que uma vez dito desperte o inconsciente coletivo.

Isso quer dizer ir além do óbvio, fazer a diferença e ousar com vontade de acertar. Hoje os principais concorrentes parecem todos na defensiva, com muito mais medo de errar.

O governo tentando se equilibrar na sua zona de conforto das realizações passadas e promessas vagas de "fazer mais" e a oposição igualmente genérica, não raro demagógica e temerosa de se confrontar com programas governamentais de resultado inócuo.

Um exemplo? Aécio Neves prometendo reformular o programa Mais Médicos. Segundo ele, vai rever as regras de contratação com o governo cubano. Conversa de mineiro, pois sabe perfeitamente bem que a questão da saúde pública não se resolve com a importação de profissionais.

Podemos citar também a proposta do candidato Eduardo Campos sobre o passe livre para estudantes do transporte público. Isso lá é assunto para pretendente à Presidência de uma República complexa como a do Brasil?

A ideia aí é atrair a juventude. Sacada boa, porém óbvia demais e pequena ante a intenção de quem se propõe a dar um choque de renovação na política.

Esse poderia ser um bom tema para todos eles. Mas nenhum deles se atreve (no sentido original do termo, clarear as trevas) a propor algo de realmente inovador: a mudança do modelo das relações entre Executivo e Legislativo.

Eduardo Campos, em tese, propõe. Na prática, faz todo tipo de aliança na eleição e diz que isso é tática para tentar se eleger. Por que não seria para, se eleito, governar? Sobre a reforma política, nenhum dos três sai do lugar.

Dilma quer plebiscito e financiamento público, ambos as sugestões inexequíveis; Aécio defende um voto distrital que sozinho não faz verão; Campos sobre o misto de financiamento público e privado junto com lista fechada e limitação de mandatos legislativos.

O eleitor só fica olhando enquanto nenhum deles dá uma palavra sobre voto obrigatório ou facultativo, porque não lhes interessa a quebra dessa reserva de mercado.

Carochinha. Uma graça a justificativa de suas excelências para a suspensão dos trabalhos legislativos até as eleições: livrar o contribuinte do risco da aprovação de propostas demagógicas que resultem em aumento de gastos públicos.

Quanto a obrigar o contribuinte a pagar-lhes os salários enquanto cuidam das respectivas vidas políticas no lugar de exercer o mandato, os congressistas já não têm restrições.

Ademais, se a preocupação com o populismo é assim tão séria, bastaria que os líderes partidários usassem o mesmo poder que tiveram de suspender as sessões deliberativas para derrubar por votação simbólica as tais propostas demagógicas.

Vitamina. Quanto mais se noticia o afastamento entre a presidente Dilma e o coordenador de internet da campanha, Franklin Martins, mais os dois se reaproximam.

Eliane Cantanhêde: Um avião no caminho

- Folha de S. Paulo

Caiu um Boeing-777, com 298 pessoas a bordo, sobre a semana internacional estrelada por Dilma Rousseff em Brasília.

A única certeza era que não foi um acidente e sim um ataque. De quem? É improvável, não impossível, que os rebeldes ucranianos tenham armamento capaz de atingir um avião a 10 km de altitude. Mas as primeiras suspeitas recaíram sobre governos regulares ou, mais precisamente, os da Rússia e da Ucrânia.

Apontar um dos três não é simples, até porque a Ucrânia integrou a antiga União Soviética e seu armamento, ao menos a base da sua tecnologia de defesa, é de origem russa. Ou seja, os dois países e os separatistas têm equipamentos similares.

Um dado considerado relevante por analistas de Brasília é que nem os rebeldes, nem a Rússia, que acaba de sofrer novas sanções dos EUA e da UE, nem a Ucrânia, que já perdeu a Crimeia e enfrenta forças separatistas, teriam interesse numa ação temerária como derrubar o avião de um terceiro país, cheio de civis de diferentes nacionalidades.

Logo, o ataque não foi, obrigatoriamente, intencional. Parece inacreditável, mas erros acontecem e, de qualquer forma, o episódio aumenta a tensão entre Rússia e Ucrânia e a desconfiança sobre Vladimir Putin.

E por que a tragédia caiu sobre a semana de Dilma? Por dois motivos. O primeiro é que o acidente relegou ao segundo plano a visita do presidente da China, Xi Jinping, importante e com resultados concretos (a venda de 60 jatos da Embraer, por exemplo). O segundo é que, com derrubada do Boeing, ataque de Israel a Gaza, sanções à Rússia, queda das Bolsas..., o ambiente internacional se deteriora num momento de fragilidade da economia brasileira.

Nesta quinta (17) mesmo, duas notícias negativas: retração econômica em maio e a pior geração de empregos de junho em 16 anos. Como a desculpa de Dilma para a economia medíocre é o ambiente internacional, não deve melhorar tão cedo.

Fabiano Santos: Brasil em sua encruzilhada eleitoral

• Campanha assume contornos mais competitivos

- Valor Econômico

O período eleitoral se inicia. Até o momento sem alterações significativas no cenário que se projetava desde o momento em que as candidaturas principais lograram consolidação, a saber, Dilma Rousseff, Aécio Neves e Eduardo Campos. O cenário é distinto, contudo, daquele com o qual se trabalhava há pouco mais de um ano. Na ocasião, isto é, nos primórdios de 2013, a vitória governista, com a reeleição de Dilma Rousseff, era dada como certa. De um ano para cá, sobretudo após as manifestações de junho daquele ano, a campanha assume contornos de maior competitividade e razoável incerteza. Embora as pesquisas de intenção de voto continuem a mostrar vantagem em favor da presidente sobre os principais oponentes nos dois turnos, sua popularidade, assim como a avaliação do governo, em patamares relativamente baixos, permitem imaginar a possibilidade de avanço das candidaturas oposicionistas.

A um mês do início do período de propaganda eleitoral na televisão, os 45 dias verdadeiramente decisivos de nossos pleitos, e com razoável contingente de eleitores ainda indecisos ou indicando a opção pelo voto em branco ou nulo, a pergunta que se coloca é: qual candidatura tende a se beneficiar mais com a campanha televisiva? Qual seria a tendência? Tenderia a candidatura governista a cair e uma das opções oposicionistas, a esta altura claramente favorável à continuidade da polarização PT x PSDB, isto é, em favor de Aécio Neves, subir? Ou a enorme vantagem de Dilma na distribuição de tempo de propaganda faria com que a probabilidade de reeleição voltasse a patamares de meados do ano passado, momento no qual tal resultado era visto como inexorável?

O primeiro e fundamental passo para respostas tentativas consiste em buscar as razões efetivas da queda de popularidade da presidente, bem como para o declínio na avaliação do desempenho governamental. Opções atraentes que surgem são: denúncias de má gestão e malversação de recursos envolvendo a Petrobras; desgaste junto ao eleitor da fórmula aliancista de governo, fórmula que acabaria por manter ou estimular o clientelismo e práticas atrasadas de gestão e do fazer político; excessivo paternalismo dos programas sociais e falta de competência no trato de problemas seculares como saúde e educação; excesso de ideologia na condução da política externa e a decorrente miopia para o verdadeiro interesse nacional. O problema de tais opções é que não trazem nenhuma novidade capaz de por si só ampliar o horizonte possível de votos da oposição. Em outras palavras, tais críticas, e aqui não entrando no mérito de sua consistência ou veracidade, são uma constante desde a reeleição de Lula em 2006, nunca impedindo, portanto, o projeto de continuidade do PT na Presidência.

Um segundo passo então emerge como mais promissor: o que seria efetivamente novo na conjuntura nacional que se descortina desde o fim do primeiro semestre em diante? A variável central é o nosso suspeito de sempre, o desempenho da economia, dessa vez, travestido na combinação de baixo crescimento e inflação. Irrelevante, para fins de análise de cenários, se tal desempenho deriva daquilo que o governo fez ou deixou de fazer, ou resulta da conduta pouco cooperativa do empresariado, seja em sua atitude diante da definição de preços (variável inflação), seja no que concerne suas decisões de (não) investimento (variável crescimento do PIB). O fato é que em um sistema capitalista, o comportamento dos empresários é componente explicativo fundamental daquilo que ocorre na economia e esta, no Brasil, longe esteve daquilo que o governo alardeou que faria e alcançaria.

Estaria então o cenário a indicar que a derrota do governo é inexorável? Depois do fato consumado, as análises quase sempre caem na tentação de mostrar como não seria possível qualquer outra solução senão aquela que de fato veio a ocorrer. A beleza do cenário brasileiro atual, contudo, é que nada diz que o governo deverá ser derrotado. Ao contrário, e como reiterado acima, as pesquisas de intenção de voto, salvo algum resultado a ser divulgado nos próximos dias, mostram vantagem consistente para o governo. A beleza do cenário brasileiro atual então consiste na possibilidade de vitória de um governo que deve pautar sua campanha quase que exclusivamente nos resultados de suas políticas de inclusão social. Temos algo de novo no ar?

Sim, há algo de novo no ar. Não se percebia, no contexto do segundo mandato de Lula, o quanto havia de potencialmente conflitivo naquele modelo de crescimento, baseado em políticas de inclusão social. A economia crescia, todos ganhavam. O contexto mudou. Agora, perdas terão de ser impostas no curto prazo para que ganhos sejam retomados em bases mais seguras e promissoras no futuro próximo. Quem pagará a conta? A imagética da guerra fria talvez tenha aqui sua explicação, sendo a polarização e radicalização, instrumentos na luta política de setores que se veem na iminência de contratar as bases de um capitalismo menos hierarquizado e mais inclusivo.

Fabiano Santos é cientista político, professor do Instituto de Estudos Sociais e Políticos da Universidade do Estado do Rio de Janeiro

Mario Vargas Llosa: A máscara do gigante

• O mito da seleção Canarinho nos fazia sonhar formosos sonhos. Mas no futebol, assim como na política, é mau viver sonhando e sempre preferível se ater à verdade, por mais dolorosa que seja

- El País, 12/07 2014

Fiquei muito envergonhado com a cataclísmica derrota do Brasil frente à Alemanha na semifinal da Copa do Mundo, mas confesso que não me surpreendeu tanto. De um tempo para cá, a famosa seleção Canarinho se parecia cada vez menos com o que havia sido a mítica esquadra brasileira que deslumbrou a minha juventude, e essa impressão se confirmou para mim em suas primeiras apresentações neste campeonato mundial, onde a equipe brasileira ofereceu uma pobre figura, com esforços desesperados para não ser o que foi no passado, mas para jogar um futebol de fria eficiência, à maneira europeia.

Nada funcionava bem; havia algo forçado, artificial e antinatural nesse esforço, que se traduzia em um rendimento sem graça de toda a equipe, incluído o de sua estrela máxima, Neymar. Todos os jogadores pareciam sob rédeas. O velho estilo – o de um Pelé, Sócrates, Garrincha, Tostão, Zico – seduzia porque estimulava o brilho e a criatividade de cada um, e disso resultava que a equipe brasileira, além de fazer gols, brindava um espetáculo soberbo, no qual o futebol transcendia a si mesmo e se transformava em arte: coreografia, dança, circo, balé.

Os críticos esportivos despejaram impropérios contra Luiz Felipe Scolari, o treinador brasileiro, a quem responsabilizaram pela humilhante derrota, por ter imposto à seleção brasileira uma metodologia de jogo de conjunto que traía sua rica tradição e a privava do brilhantismo e iniciativa que antes eram inseparáveis de sua eficácia, transformando seus jogadores em meras peças de uma estratégia, quase em autômatos.

Não houve nenhum milagre nos anos de Lula, e sim uma miragem que agora começa a se dissipar
Contudo, eu acredito que a culpa de Scolari não é somente sua, mas, talvez, uma manifestação no âmbito esportivo de um fenômeno que, já há algum tempo, representa todo o Brasil: viver uma ficção que é brutalmente desmentida por uma realidade profunda.

Tudo nasce com o governo de Luis Inácio 'Lula' da Silva (2003-2010), que, segundo o mito universalmente aceito, deu o impulso decisivo para o desenvolvimento econômico do Brasil, despertando assim esse gigante adormecido e posicionando-o na direção das grandes potências. As formidáveis estatísticas que o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística difundia eram aceitas por toda a parte: de 49 milhões os pobres passaram a ser somente 16 milhões nesse período, e a classe média aumentou de 66 para 113 milhões. Não é de se estranhar que, com essas credenciais, Dilma Rousseff, companheira e discípula de Lula, ganhasse as eleições com tanta facilidade. Agora que quer se reeleger e a verdade sobre a condição da economia brasileira parece assumir o lugar do mito, muitos a responsabilizam pelo declínio veloz e pedem uma volta ao lulismo, o governo que semeou, com suas políticas mercantilistas e corruptas, as sementes da catástrofe.

A verdade é que não houve nenhum milagre naqueles anos, e sim uma miragem que só agora começa a se esvair, como ocorreu com o futebol brasileiro. Uma política populista como a que Lula praticou durante seus governos pôde produzir a ilusão de um progresso social e econômico que nada mais era do que um fugaz fogo de artifício. O endividamento que financiava os custosos programas sociais era, com frequência, uma cortina de fumaça para tráficos delituosos que levaram muitos ministros e altos funcionários daqueles anos (e dos atuais) à prisão e ao banco dos réus.

As alianças mercantilistas entre Governo e empresas privadas enriqueceram um bom número de funcionários públicos e empresários, mas criaram um sistema tão endiabradamente burocrático que incentivava a corrupção e foi desestimulando o investimento. Por outro lado, o Estado embarcou muitas vezes em operações faraônicas e irresponsáveis, das quais os gastos empreendidos tendo como propósito a Copa do Mundo de futebol são um formidável exemplo.

O governo brasileiro disse que não havia dinheiro público nos 13 bilhões que investiria na Copa do Mundo. Era mentira. O BNDES (Banco Brasileiro de Desenvolvimento Econômico e Social) financiou quase todas as empresas que receberam os contratos para obras de infraestrutura e, todas elas, subsidiavam o Partido dos Trabalhadores, atualmente no poder. (Calcula-se que para cada dólar doado tenham obtido entre 15 e 30 em contratos).

As obras da Copa foram um caso flagrante de delírio e irresponsabilidade
As obras em si constituíam um caso flagrante de delírio messiânico e fantástica irresponsabilidade. Dos 12 estádios preparados, só oito seriam necessários, segundo alertou a própria FIFA, e o planejamento foi tão tosco que a metade das reformas da infraestrutura urbana e de transportes teve de ser cancelada ou só será concluída depois do campeonato. Não é de se estranhar que o protesto popular diante de semelhante esbanjamento, motivado por razões publicitárias e eleitoreiras, levasse milhares e milhares de brasileiros às ruas e mexesse com todo o Brasil.

As cifras que os órgãos internacionais, como o Banco Mundial, dão na atualidade sobre o futuro imediato do país são bastante alarmantes. Para este ano, calcula-se que a economia crescerá apenas 1,5%, uma queda de meio ponto em relação aos dois últimos anos, nos quais somente roçou os 2%. As perspectivas de investimento privado são muito escassas, pela desconfiança que surgiu ante o que se acreditava ser um modelo original e resultou ser nada mais do que uma perigosa aliança de populismo com mercantilismo, e pela teia burocrática e intervencionista que asfixia a atividade empresarial e propaga as práticas mafiosas.

Apesar de um horizonte tão preocupante, o Estado continua crescendo de maneira imoderada – já gasta 40% do produto bruto – e multiplica os impostos ao mesmo tempo que as “correções” do mercado, o que fez com que se espalhasse a insegurança entre empresários e investidores. Apesar disso, segundo as pesquisas, Dilma Rousseff ganhará as próximas eleições de outubro, e continuará governando inspirada nas realizações e logros de Lula.

Se assim é, não só o povo brasileiro estará lavrando a própria ruína, e mais cedo do que tarde descobrirá que o mito sobre o qual está fundado o modelo brasileiro é uma ficção tão pouco séria como a da equipe de futebol que a Alemanha aniquilou. E descobrirá também que é muito mais difícil reconstruir um país do que destruí-lo. E que, em todos esses anos, primeiro com Lula e depois com Dilma, viveu uma mentira que seus filhos e seus netos irão pagar, quando tiverem de começar a reedificar a partir das raízes uma sociedade que aquelas políticas afundaram ainda mais no subdesenvolvimento. É verdade que o Brasil tinha sido um gigante que começava a despertar nos anos em que governou Fernando Henrique Cardoso, que pôs suas finanças em ordem, deu firmeza à sua moeda e estabeleceu as bases de uma verdadeira democracia e uma genuína economia de mercado. Mas seus sucessores, em lugar de perseverar e aprofundar aquelas reformas, as foram desnaturalizando e fazendo o país retornar às velhas práticas daninhas.

Não só os brasileiros foram vítimas da miragem fabricada por Lula da Silva, também o restante dos latino-americanos. Por que a política externa do Brasil em todos esses anos tem sido de cumplicidade e apoio descarado à política venezuelana do comandante Chávez e de Nicolás Maduro, e de uma vergonhosa “neutralidade” perante Cuba, negando toda forma de apoio nos organismos internacionais aos corajosos dissidentes que em ambos os países lutam por recuperar a democracia e a liberdade. Ao mesmo tempo, os governos populistas de Evo Morales na Bolívia, do comandante Ortega na Nicarágua e de Correa no Equador – as mais imperfeitas formas de governos representativos em toda a América Latina – tiveram no Brasil seu mais ativo protetor.

Por isso, quanto mais cedo cair a máscara desse suposto gigante no qual Lula transformou o Brasil, melhor para os brasileiros. O mito da seleção Canarinho nos fazia sonhar belos sonhos. Mas no futebol, como na política, é ruim viver sonhando, e sempre é preferível – embora seja doloroso – ater-se à verdade.

Nelson Motta: Minha Copa

• Como nunca me iludi com essa seleção, depois dos dramalhões milagrosos com o Chile e a Colômbia, parti para Lisboa

- O Globo

Não perdi um só jogo dos grupos até as quartas, mas, como nunca me iludi com essa seleção, depois dos dramalhões milagrosos com o Chile e a Colômbia, parti para Lisboa com minha filha mais velha, para de lá irmos a Berlim encontrar as duas mais novas. Uma lua de mel a quatro no verão europeu.

Em Lisboa, fomos assistir a Brasil x Alemanha na casa de amigos portugueses. E assistimos o inimaginável, mas, talvez por estar tão longe, foi menos penoso — e mais crítico, mais distanciado e mais real. Chegou a ser até divertido.

Como o locutor e o comentarista eram portugueses, mas pareciam falar em alemão, eu não entendia nada, só alguns nomes de jogadores como Óscar e Davíde Luix e algumas expressões locais que já conhecia, como “guarda-redes”, “relvado” e “esférico”. Na tensão pré-pugna, achei que o problema era o som.

— Ó Domingos, aumenta aí o som, pá! Vamos botar som de estádio!

Domingos atochou o volume, mas a confusão sonora só piorou.

Saquei de meu celular, com um aplicativo mágico conectado à televisão de minha casa no Rio, com todos os canais da minha assinatura, que posso operar por controle remoto. Basta uma boa conexão de internet para a slingbox funcionar como TV.

Foi confortador ver o Milton Leite e o pessoal do SportTV na telinha, falando minha língua, mas inútil: as imagens do Rio chegavam ao celular com atraso de alguns segundos, quando a jogada já tinha acontecido na televisão portuguesa.

Depois do massacre, os amigos lusitanos se abstiveram de gozações e foram muito solidários, afinal também levaram uma sapatada de 4 x 0 dos alemães.

No dia seguinte, Marisa Monte me ligou do Rio, às gargalhadas:

— Fizemos a “melô da seleção na Copa” sem querer!

E leu a letra da canção que fizemos antes da Copa e que não tinha nada a ver com futebol:

“Parece ilusão, parece ficção, parece destino/ Se alguém contar ninguém acredita/ Qualquer um duvida/ Mas a vida é assim/ E o real é mais/ Do que as fantasias e as razões/ Parece mentira/ Parece que sim/ Parece que não.”

Na terça, com as três filhas em Berlim, fomos à festa da vitória em Alexanderplatz, aplaudir a seleção alemã.

Sandro Vaia: É "Tois" no banco

- Blog do Noblat

Os guerreiros do “Tóis” aposentaram as suas lanças, os alemães destruíram sua reputação politicamente correta com uma “dança dos gaúchos” que ofendeu os argentinos, e os grandes estádios voltaram a exibir a sua imponência, vazios de público e de futebol.

Voltamos aos trilhos da vida normal, trilhos que ainda esperam a passagem do trem-bala que por enquanto liga nada ao nada e faz parte de 60% do pacote de obras que o governo não terminou (algumas nem começaram) e que deviam fazer parte do legado urbano da Copa.

Os estádios funcionaram, os aeroportos não foram a catástrofe que obriga as pessoas a relaxar e gozar e os estrangeiros se divertiram muito, a ponto de deixar como herança 85% de aprovação à Copa das Copas, registrados numa pesquisa Datafolha que o governo brande como símbolo da vitória contra os “urubus” (expressão presidencial) que previam o apocalipse logístico da Copa.

Na verdade, o apocalipse aconteceu onde menos se esperava, dentro do campo, com a família Scolari desmanchando-se taticamente e emocionalmente em lágrimas como crianças mimadas que tivessem sofrido bullying do valentão da escola.

O governo, esquecido que os “urubus” do #naovaitercopa eram radicais destemperados, mascarados e descerebrados criados à sua esquerda, ficou feliz com o prêmio de consolação da aprovação dos turistas (e afinal, quem sai de casa para ir a uma festa, que razões tem para desaprová-la se ela foi animada por gols, sol e cerveja?) e da nota 9,25 recebida da FIFA (feliz com seus cofres recheados).

A baba elástica e bovina que escorre nas redes sociais foi despejada em cima do que apelidaram de “viralatismo”, quando na verdade essa expressão é usada exatamente no sentido contrário do seu significado. Vira lata é o cachorro que abana o rabo para o dono, seja ele quem for. Não se conhece vira lata que tenha consciência crítica.

Terminada a Copa das Copas, um sucesso de espetáculo, uma catástrofe futebolística nacional, o inconsciente coletivo daquele que é o verdadeiro vira lata, está atrás de algum outro superlativo para colocar em cena em lugar da verdade, do bom senso e da razão.

Enquanto o crescimento rasteja, como tudo que precisa de um dopping ideológico para sobreviver, o verdadeiro vira lata abana o rabo para o banco dos bancos - aquele que, segundo eles, inaugura uma nova ordem econômica mundial.

O banco dos BRICS, um acrônimo de seis países emergentes criado, ironia das ironias, por um operador do mercado financeiro, vai catapultar a influência da China no mundo. Ela pode, porque esbanja poupança e vai integralizar 50% do capital inicial do banco, que é de 50 bi.

O Brasil, que vai entrar com 18% do capital, tem seu próprio banco de desenvolvimento, o BNDES, e já fez travessuras fiscais para manter algumas estranhas operações.

O único sentido dessa operação, até agora, é agitar de novo a torcida: agora “é tóis” no banco.

Sandro Vaia é jornalista. Foi repórter, redator e editor do Jornal da Tarde, diretor de Redação da revista Afinal, diretor de Informação da Agência Estado e diretor de Redação de “O Estado de S.Paulo”. É autor do livro “A Ilha Roubada”, (editora Barcarolla) sobre a blogueira cubana Yoani Sanchez e "Armênio Guedes, Sereno Guerreito da Liberdade"(editora Barcarolla).