quarta-feira, 25 de julho de 2018

Entrevista: Roberto Freire - presidente do PPS

Poder em jogo | O Globo

• Como fazer um governo diferente ao lado do centrão?

– O que temos são partidos que não estão nem com a direita extrema nem com a esquerda lulopetista. Podem ser chamados de liberais, fisiológicos, não importa. Não se trata de uma reação conservadora, como houve na Constituinte, mas a construção de uma frente democrática. Essas forças foram cobiçadas por todos os candidatos. Quem recebeu o apoio (Alckmin) foi quem demonstrou maiores condições de se eleger e governar. O importante é ter um Executivo decente, com liderança, e um programa transparente. Itamar Franco governou com o Congresso, e não houve escândalos. O que está em jogo é se teremos retrocesso ou continuidade democrática _

• A união dos partidos que formam esse bloco reduz as chances de renovação na política?

– A renovação no Congresso é sempre muito alta, na média de 40%. É preciso cuidado. Renovação com quem não tem experiência pode ser bom para o Brasil? Não seria melhor um equilíbrio, meio a meio?

Merval Pereira: Geleia geral

- O Globo

A medida do oportunismo do centrão partidário, que ciscou em várias direções e acabou, ao que tudo indica, nos braços do candidato tucano Geraldo Alckmin, é a resistência à entrada no grupo do MDB, sob a alegação de que é preciso se afastar do governo Temer para ser competitivo na eleição geral de outubro.

Logo o centrão, que formou a base de todos os recentes governos, sem distinção de ideologia, inclusive o de Temer até recentemente. Grupo suprapartidário de centro-direita criado no final do primeiro ano da Assembleia Nacional Constituinte de 1988, o centrão nasceu marcado por uma frase, até hoje é sinônimo de fisiologia: “É dando que se recebe”.

Foi o deputado paulista Roberto Cardoso Alves, o Robertão, já morto, o autor dessa releitura da frase de São Francisco de Assis. O centrão da época reunia lideranças conservadoras de PFL, PMDB, PDS e PTB, não necessariamente as direções partidárias dessas legendas, mas políticos de peso dentro do Congresso como Luiz Eduardo Magalhães e Ricardo Fiuza, do PFL, Gastone Righi, do PTB, e Daso Coimbra, do PMDB.

Partido que se dividiu entre os que apoiavam o governo Sarney e os que seguiam o presidente da legenda à época, Ulysses Guimarães, que semeava na Constituição Cidadã sua futura campanha à Presidência da República em 1989, na qual foi cristianizado, chegando em sétimo lugar com cerca de 4% dos votos.

Essa divisão do PMDB, o partido hegemônico, determinou o fim da Aliança Democrática entre o PMDB e o PFL, que dava sustentação política à Nova República. Da mesma maneira que agora, os líderes do centrão procuraram se afastar do Palácio do Planalto e se aproximaram de Fernando Collor, candidato vencedor na eleição de 1989.

Rosângela Bittar: Josué não é candidato a vice de Alckmin

- Valor Econômico

Conflito mineiro: Anastasia não vetou mas não apoiou

Aldo Rebelo, pré-candidato a Presidente da República pelo Solidariedade, com uma campanha estruturada no contato com sindicatos e outras representações de trabalhadores e empresários, está hoje no que seria o primeiro lugar entre as opções de candidato a vice-presidente na chapa do candidato a presidente Geraldo Alckmin (PSDB). Não foi a primeira vez que o ex-presidente da Câmara e ex-ministro de Lula e de Dilma, em quatro pastas diferentes, liderou esse ranking, com apoio de todos os partidos do Centrão. Mas agora deve ser o momento em que a opção por ele ficou mais perto de definir-se.

Pois o empresário mineiro Josué Alencar não será candidato a vice-presidente na chapa de Alckmin, como pareceu uma realidade concreta na movimentação recente de ambos os personagens.

Há dois dias, antes mesmo do encontro do empresário mineiro com o ex-governador, em São Paulo, para o que seria a negociação da vice, Aldo já devia estar vivendo um alerta de sobreaviso. Os escolados políticos do Centrão já sabiam, desde o fim de semana, o que o PT inteiro estava também cansado de saber: Josué não teria a menor condição de abandonar suas ligações com Lula, Fernando Pimentel e o PT para ficar ao lado dos principais adversários históricos de todos eles. E Alckmin não teria condições de abandonar o PSDB mineiro para ficar com Josué.

O encontro dos dois, na segunda -feira, foi uma espécie de aperto de mão de entrada e de saída. Ambos sabiam que a negociação não iria adiante, mas era preciso haver um encontro daquele tipo para que os gestos não ficassem mais inexplicáveis do que ficaram.

O PR, partido ao qual Josué se filiou por determinação do ex-presidente Lula, pode até aliar-se a Alckmin, mas isso nada tem a ver com Josué e para onde ele vai ou deixa de ir. Josué não é PR no sentido de representar o partido em negociações políticas. Josué representa Josué, e, se quiserem um partido, ele representa o PT. Parte do Centrão, do qual teoricamente faz parte, aproveitou o episódio do falso vai-e-vem para criticar duramente Josué: "Os empresários que cresceram à sombra de incentivos fiscais são dúbios e inseguros", disse um dos mais importantes articuladores da chapa.

Quando foi para a legenda de Valdemar Costa Neto, causando espanto pela aparente incompatibilidade, tinha um roteiro a cumprir. Os planos do ex-presidente Lula, à época executados por José Dirceu, incluiam uma candidatura de Josué a vice na sua chapa para ser o candidato a presidente quando a Justiça Eleitoral impugnasse o seu nome, um revés há muito esperado. Ou, mesmo, para ser o candidato a presidente com apoio do PT que, no entanto, desde logo recusou a oferta.

Vera Magalhães: Tutela e intervencionismo

- O Estado de S.Paulo

A proposta de governo do PT é um programa intervencionista, mas que é vendido por Fernando Haddad como um 'diálogo com a modernidade da base para o topo'

No roadshow que promoveu na função de dublê de coordenador de programa de governo e candidato a candidato real à Presidência pelo PT, Fernando Haddad usou sua conhecida ironia para dizer que a proposta de governo do partido promoveria um “choque de liberalismo”.

Trata-se, isso sim, de um libelo em favor do intervencionismo estatal, da tutela a instituições públicas e privadas e até a outros Poderes e da reedição da política econômica de Dilma Rousseff que mergulhou o País na recessão.

Haddad diz que falta regulação às concessões de comunicações, mas, quando se põe a detalhar sua proposta, revela a intenção de controle sobre o conteúdo da imprensa, ao falar em espaço para “representatividade étnica”, “liberdade de expressão para camadas vulneráveis” e “compromisso com a diversidade”, todos eles conceitos subjetivos o suficiente para abranger alta carga de ideologização e partidarização.

Da mesma maneira, quando fala em controle “social” do Judiciário e do Ministério Público, resta subjacente a intenção de tutela do Poder e da instituição que nos últimos anos foram escolhidos pelo PT como inimigos, que promoveriam uma suposta perseguição ao partido.

A proposta petista de redução dos spreads bancários aumentando a tributação remete ao ápice da tese dilmista de baixar juros ou preço de tarifas na canetada. “Conceitualmente a proposta está errada porque usa um instrumento (tributo) para atingir um objetivo (reduzir o poder de mercado dos bancos) que não é atendido pelo instrumento. Tributo não é instrumento de elevação de competição”, diz o economista Samuel Pessôa.

O PT chegou ao poder em 2002 com um discurso, aí sim, pró-mercado, expresso na tal carta ao povo brasileiro. Colhido pelo mensalão e o petrolão e apeado do poder depois de 13 anos pelo impeachment de Dilma, o partido retroage às ideias econômicas pré-2002 – que, empregadas no governo dela, deram em desastre.

Na política, mira as instituições com tutela para tentar atribuir a um complô o fato de seus principais líderes estarem presos ou denunciados.

O resultado é um programa intervencionista, mas que é vendido por Haddad como um “diálogo com a modernidade da base para o topo”.

ENTREVISTA
Mauro Benevides Filho, economista do presidenciável Ciro Gomes (PDT)

‘As nossas propostas agora são consenso’

Elio Gaspari: Geraldo Alckmin, o besouro voador

- O Globo

Ele parece ter saído de uma galeria da República Velha, mas poderá ir para o segundo turno, contra o PT

Besouro não deveria voar, mas voa. Geraldo Alckmin também. Aquele ex-deputado eleito vice-governador em 1994 na chapa de Mário Covas era um tucano inexpressivo. Ademais, Covas era um touro. Tão decorativo era o cargo de vice-governador que Alckmin decidiu se licenciar e disputou a prefeitura de São Paulo. Perdeu, mas o touro teve um câncer, e ele assumiu. Tornou-se o cidadão que por mais tempo governou São Paulo desde os tempos coloniais, mas evita tocar nesse assunto. Disputou a Presidência da República em 2006 e conseguiu ter menos votos no segundo turno do que no primeiro.

Geraldo Alckmin é candidato de novo. Sua posição nas pesquisas é pífia. Já sua capacidade de agregação no mundo político-partidário marcha para a aliança com uma poderosa coligação de caciques em cuja ponta final está Michel Temer.

É possível que Alckmin vá ao segundo turno, beneficiado por previsíveis autocombustões de Ciro Gomes e Jair Bolsonaro. Uma disputa final entre ele e o candidato de Lula espanta a banca que passou os últimos meses achando que a campanha eleitoral aconteceria num cenário de debates parecido com o dos seminários de universidades americanas. O susto da banca não vem de eventuais defeitos de Alckmin, mas da possibilidade de vitória do candidato de Lula, o temível “Poste”.

Geraldo Alckmin dispõe de um razoável patrimônio administrativo. Basta contrapor as administrações tucanas de São Paulo desde 2001, quando ele se sentou na cadeira de governador, com as do Rio de Janeiro. Naquele tempo estava lá o governador Anthony Garotinho, sucedido por um ano pela petista Benedita da Silva, e em seguida por Rosinha Garotinho (mulher de Anthony), Sérgio Cabral e Luiz Fernando Pezão. De um lado, cinco pragas, do outro, o picolé de chuchu tentando ser sorvete italiano.

Josué Gomes da Silva: Nas eleições deste ano, não se pode errar

- Folha de S. Paulo

Aplaudo os partidos que decidiram apoiar Alckmin

As eleições de 2018, que coincidem com o aniversário de 30 anos da Constituição de 1988, são das mais importantes desde a redemocratização. O voto será decisivo para definir o país que podemos e queremos ter. Não podemos errar, sob pena de condenarmos toda uma geração ao quadro de desemprego, fechamento de empresas, falta de moradias e precarização da saúde e do ensino.

Numa conjuntura marcada por agudos problemas, não há espaço para apostas e testes. Em todos os cargos eletivos —deputados estaduais e federais, senadores, governadores e presidente da República—, precisamos de pessoas competentes, patrióticas e éticas, que desejem o bem do Brasil, dediquem-se à defesa dos interesses de toda a população e saibam como fazer para retomarmos os rumos da prosperidade.

É crucial que Executivo, Legislativo e Judiciário, em todas as instâncias, trabalhem harmoniosamente, de modo que tenhamos estabilidade política e crescimento econômico sustentável.

Caberá ao presidente da República liderar não apenas o governo federal, mas todo o movimento de reorganização do Estado e reequilíbrio orçamentário da União e das unidades federativas, bem como a realização das sempre adiadas reformas previdenciária, política, tributária e na melhoria do ambiente de negócios, de maneira a assegurar ao setor privado condições para que ele possa gerar emprego e riquezas para os brasileiros.

As demandas que temos pela frente delineiam com clareza o perfil do presidente da República que precisamos. Pelo que já fez e demonstrou em termos de liderança, sobriedade, capacidade de dialogar e de gerenciar bem em plena crise, Geraldo Alckmin reúne todos os requisitos para cumprir a complexa missão que se coloca.

Ele agrega concreta, reconhecida e positiva experiência política e administrativa. Médico, teve elogiado desempenho em todos os cargos que ocupou em sua carreira, como vereador e prefeito em Pindamonhangaba (SP), deputado estadual e federal, vice-governador e chefe do Executivo do estado de São Paulo.

Ricardo Noblat: Lula encarcerou o PT em Curitiba

- Blog do Noblat | Veja

Para o bem ou para o mal

O PT inventou o discurso de que o melhor seria insistir com a candidatura inexistente de Lula para esconder a verdade de que lhe falta um candidato com chances de vencer.

Notável, pois. Com 38 de idade, e tendo disputado todas as eleições de 1982 para cá, o segundo maior partido do país (o primeiro é o PMDB) foi incapaz de parir outros nomes de peso. Por quê? Porque isso jamais interessou a Lula.

Ninguém à sombra dele se criou. Por timidez de alguns. Por receio de outros de acabarem marginalizados por Lula. Por azar de poucos que acabaram ficando pelo meio do caminho ao se meterem em enrascadas.

Um desses poucos foi o ex-ministro José Dirceu, o coordenador da campanha presidencial de Lula em 2002. Incomodava Lula a condição não oculta de Dirceu de uma espécie de primeiro-ministro do governo.

No que Dirceu apareceu como o chefe do esquema do mensalão do PT, Lula mandou que ele se demitisse. Nada fez para impedir que Dirceu fosse cassado. A Justiça inocentou Dirceu da acusação de ter chefiado o esquema.

O ex-ministro Antônio Palocci, que Lula chamava de “meu irmão”, e que confessa ter administrado o dinheiro da propina paga a Lula, caiu ao se envolver com a quebra do sigilo bancário de um caseiro.

Houve também aqueles que preferiram pedir as contas e ir embora do PT. Marina Silva, petista de raiz, por exemplo, foi um deles. E houve os expulsos, como Luiza Erundina, que foram se abrigar em outros partidos.

Josué Gomes declara apoio a Geraldo Alckmin

- O Estado de S.Paulo

Empresário destaca feitos do ex-governador paulista e afirma que ele é a melhor opção para as eleições 2018

SÃO PAULO - Apesar de ter recusado o convite para ser vice do presidenciável Geraldo Alckmin (PSDB), o empresário Josué Gomes, filho do ex-vice-presidente José Alencar, declarou apoio ao tucano em artigo publicado nesta quarta-feira, 25, no jornal Folha de S. Paulo. No texto, intitulado "Nas eleições deste ano, não se pode errar", Josué diz que aplaude os partidos que decidiram apoiar Geraldo Alckmin e afirma que o ex-governador de São Paulo é o melhor nome para as eleições 2018.

No artigo, Josué afirma que o presidente será responsável por reorganizar o Estado e reequilibrar o orçamento da União e dos Estados, além de realizar as reformas previdenciária, política e tributária. Também afirma ser necessário trabalhar para que Executivo, Legislativo e Judiciário trabalhem em "harmonia", trazendo estabilidade política e crescimento econômico sustentável. E, em sua avaliação, o melhor nome para este cenário seria o do ex-governador de São Paulo.

"Pelo que já demonstrou em termos de liderança, sobriedade, capacidade de dialogar e de gerenciar bem em plena crise, Geraldo Alckmin reúne todos os requisitos para cumprir a complexa missão que se coloca", escreve Josué, citando que a responsabilidade fiscal é a marca de seu modelo administrativo e poderia garantir fôlego para investimentos públicos em meio à crise.

O empresário diz ainda que o perfil do tucano "não deixa dúvidas" e que a decisão dos partidos do Centrão, bloco formado por DEM, PP, SD, PRB e PR, de apoiá-lo, foi acertada. "Definitivamente, não é hora de apostar em aventuras e salvadores da pátria". Na conclusão do texto, o empresário afirma que o País precisa de propostas e ações concretas para retomar o rumo do desenvolvimento. "Por isso não podemos errar em outubro".

Nada definido
A executiva nacional do PR divulgou nota na terça-feira, 24, negando que o empresário tenha recusado ser o vice na chapa de Geraldo Alckmin. O Estado apurou que o movimento faz parte da estratégia de tentar reverter a decisão. Representantes do PR e de outros partidos foram escalados para tentar convencer o filho de José Alencar a repensar sua decisão.

Alckmin e o herdeiro da Coteminas se encontraram duas vezes na segunda-feira, 23, na capital paulista. O filho do ex-vice-presidente José Alencar informou ao presidenciável que não aceitaria a indicação de seu nome para a vice, feita pelos partidos do Centrão. A informação foi divulgada pelo G1 e confirmada pelo Estadão/Broadcast.

Josué Gomes diz não e vice de Alckmin pode ser do DEM

Ex-ministro Mendonça Filho é um dos cotados para compor a chapa do presidenciável tucano, depois que empresário não aceitou indicação

Vera Rosa Renan Truffi / Pedro Venceslau / O Estado de S. Paulo.

BRASÍLIA - O empresário Josué Gomes da Silva (PR-MG) recusou convite para ser o vice na chapa de Geraldo Alckmin (PSDB) à Presidência da República e os partidos que compõem o Centrão já saíram em busca de um substituto. O DEM tem a preferência de Alckmin, mas o ex-governador diz que a escolha deve ser feita pelo bloco. O deputado e ex-ministro da Educação Mendonça Filho (DEMPE) é o mais cotado.

Depois de o empresário Josué Gomes (PR) ter recusado o convite para ser candidato a vice na chapa presidencial do ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB), os partidos do Centrão saíram em busca de um plano B. Até agora, o DEM – que comanda a Câmara – obtém a preferência de Alckmin, mas, oficialmente, o tucano diz que a escolha deve ser feita pelo bloco.

Embora integrantes do grupo formado por DEM, PP, PR, PRB e Solidariedade ainda tentem convencer Josué a aceitar a vaga de vice, a chance de o recuo ocorrer é considerada remota. Em conversas reservadas, dirigentes do Centrão já admitem que a indicação pode recair sobre o deputado e ex-ministro da Educação Mendonça Filho (DEM-PE).

Amigo de Alckmin, Mendonça Filho é visto como curinga pelo bloco. O ex-governador de São Paulo sempre quis fazer dobradinha com ele, que agrega pontos por ser do Nordeste, região onde o tucano enfrenta resistências, mas o DEM, à época, vetava a parceria. Além de Mendonça Filho, outro nome cotado para vice é o do ex-ministro Aldo Rebelo, que ficou 40 anos no PCdoB e hoje está no Solidariedade.

Antes de o Centrão indicar Josué – dono da Coteminas e filho do ex-vice-presidente José Alencar, morto em 2011 –, Alckmin chegou a convidar Aldo para o posto. O ex-ministro ainda não retirou sua pré-candidatura ao Palácio do Planalto.

“Vice é construção coletiva. Gostei quando me indicaram o Josué. Se for ele o nome, ótimo. Se não for, vamos buscar outro”, amenizou Alckmin. “Josué está na nossa campanha. Se vai ser vice ou não, vamos ver.”

Indefinição lança temporada de caça ao vice de Alckmin

Josué Alencar, filho de vice de Lula, tem sido pressionado a não aceitar convite

Daniel Carvalho, Marina Dias | Folha de S. Paulo

BRASÍLIA - O suspense promovido pelo empresário Josué Alencar (PR)sobre aceitar ou não o convite para ser vice na chapa de Geraldo Alckmin (PSDB) fez com que aliados do tucano divergissem quanto às opções de plano B antes mesmo de o mineiro bater o martelo sobre sua decisão.

Os três nomes defendidos por integrantes do PSDB e departidos do centrão —DEM, PP, PR, SD e PRB— são os do deputado Mendonça Filho (DEM-PE), da senadora Ana Amélia (PP-RS) e do ex-ministro Aldo Rebelo (SD-SP).

Os dois primeiros estão em pré-campanha para disputar o Senado e o último havia sido lançado pré-candidato à Presidência da República.

Em conversa com Alckmin, sobre sua disposição de compor a chapa para a sucessão de Michel Temer, Josué mostrou-se reticente.

Afirmou que somaria pouco à campanha e deixou o tucano "à vontade" para escolher outro nome.

Na noite de segunda, em entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura, Alckmin foi evasivo ao tratar do tema.

“Se ele [Josué Alencar] for o nome, ótimo. Se não, vamos escolher juntos, essa é uma construção que vai ser feita ainda”, afirmou o ex-governador de São Paulo.

Pessoas que conversaram com Josué nesta terça disseram que o empresário mineiro tem sido pressionado por familiares e integrantes do PT, a quem é ligado, a não ingressar na chapa tucana. Morto em 2011, José Alencar, pai de Josué, foi vice-presidente durante os governos de Luiz Inácio Lula da Silva.

A ligação familiar histórica também fez com que uma possível composição entre Josué e o candidato do PT ao Planalto —que será lançado caso Lula seja impedido de concorrer— fosse cogitada por petistas.

Lula foi o principal fiador da filiação de Josué ao PR e era simpático à ideia de que ele fosse seu candidato a vice, caso conseguisse disputar a Presidência da República.

Centrão avalia plano B para vice de Alckmin

Desistência de Josué Gomes é tida como incontornável; nome de Aldo Rebelo é lembrado por líderes do grupo

Cristiane Jungblut, Bruno Góes, Silvia Amorim e Sérgio Roxo | O Globo

-BRASÍLIA E SÃO PAULO- O centrão (DEM, PP, PRB, PR e Solidariedade) começou ontem a analisar um plano B diante da resistência de Josué Gomes em aceitar ser vice na chapa do pré-candidato do PSDB, Geraldo Alckmin. Segundo o líder do PR na Câmara, José Rocha, só ontem Alckmin conversou duas vezes com o empresário, mas não houve qualquer anúncio sobre aliança. Josué já havia sinalizado anteontem dificuldades em atender ao chamado do bloco, mas o ex-governador tucano voltou a insistir. Sem um aceno positivo do empresário, dirigentes de partidos do centrão já consideram improvável que ele seja mesmo o vice.

O objetivo maior do centrão é manter a unidade e anunciar o apoio a Alckmin amanhã, provavelmente sem a indicação de um vice. Mesmo assim, nomes como Mendonça Filho (DEMPE) e Aldo Rebelo (SD-SP) começaram a ser especulados para uma possível substituição.

Com relação estreita com o PT, Josué tinha ontem uma conversa marcada com o governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel. O encontro, entretanto, foi negado pela assessoria do empresário. Desde que começou a negociar alianças, Josué passou a atuar de forma discreta, sem falar com a imprensa.

APOIO SEM VICE
A equipe de Alckmin cogitou divulgar uma nota para anunciar que o convite para ser vice havia sido recusado por Josué ainda na segunda-feira, mas recuou a pedido de integrantes do centrão. O bloco queria tempo para tentar convencer Josué a aceitar a indicação.

— O compromisso do bloco é anunciar apoio ao Alckmin na quinta-feira. Já tenho convenção, não posso esperar — disse Paulinho da Força, do Solidariedade.

Antes contrário à aliança com o tucano, o deputado diz agora que já resolveu com Alckmin discordâncias sobre a questão do financiamento sindical. O tucano se encontrará hoje com os caciques do centrão em Brasília. Antes, os líderes do grupo terão uma conversa sem Alckmin.

— Nossa perspectiva é de anúncio do apoio nesta quinta, com ou sem definição de vice. Temos até o fim das convenções para resolver essa questão — disse o presidente do DEM, ACM Neto.

Ontem, líderes lembraram o nome de Aldo Rebelo, que recentemente trocou o PCdoB pelo Solidariedade. Aldo já foi ministro de Lula e presidente da Câmara. Tem bom trânsito na esquerda, com militares e ruralistas. Ele foi citado numa conversa de Paulinho com ACM Neto e o presidente do PP, Ciro Nogueira. O próprio Alckmin, no início das conversas com o centrão, elogiou Aldo sugerindo até mesmo a composição de uma chapa.

Posto de vice na chapa de Alckmin provoca divisões no Centrão e no PSDB

Por Raphael Di Cunto, Vandson Lima, Fernando Taquari e André Guilherme Vieira | Valor Econômico

BRASÍLIA E SÃO PAULO - Com a possibilidade praticamente descartada de o empresário Josué Gomes, do PR, compor como vice na chapa do presidenciável de Geraldo Alckmin (PSDB), o posto ficou vago a dois dias da data em que o "Centrão" pretendia oficializar o apoio à candidatura do tucano e começaram a surgir movimentos para indicar outros nomes para a vaga.

As cúpulas dos partidos do Centrão (DEM, PP, PR, PRB e SD) se reunirão num jantar hoje em Brasília para discutir o cenário após Josué, indicado por eles, deixar Alckmin "à vontade" para escolher outro candidato a vice. O empresário é filho do ex-vice-presidente José Alencar (1931-2011) e tem uma relação muito próxima com o PT e com o ex-presidente Lula.

O PR faz um esforço para convencer o empresário a recuar e aceitar a vaga, mas os tucanos e integrantes do Centrão já estudavam e articulavam outros nomes ontem. Um dos que surgia com mais força era do ex-deputado e ex-ministro Aldo Rebelo, defendido pelo SD e parte do DEM pelo bom trânsito com vários partidos e que tem o perfil desejado pelo PSDB, de um político respeitado do Nordeste.

Os tucanos, contudo, fazem ressalvas a Aldo por ser um nome muito identificado com a esquerda - ele foi filiado ao PCdoB por 40 anos e ministro da presidente cassada Dilma Rousseff (PT) e de Lula - e discutem outras possibilidades: a senadora Ana Amélia (PP-RS), o empresário Flávio Rocha (PRB) e o ex-ministro da Educação e deputado Mendonça Filho (DEM-PE).

O Valor apurou com pessoas próximas a Josué que ele ainda não tinha descartado totalmente a oferta e disse que decidiria até amanhã, data em que o Centrão deve anunciar a aliança com o tucano. Nessas conversas, o empresário garantiu que não tem um plano B, como, por exemplo, concorrer a vice de Minas Gerais na chapa de Fernando Pimentel (PT).

Marina cogita criador do Bolsa Família de vice

Ex-senadora diz que economista Ricardo Paes de Barros é ‘excelente nome’; Miro e Bandeira são opções

Dimitrius Dantas | O Globo

-SÃO CARLOS (SP)- A pré-candidata da Rede Sustentabilidade, Marina Silva, já admite indicar um filiado do próprio partido para compor sua chapa como vice. Durante a primeira transmissão nas redes sociais de seu “programa pré-eleitoral”, Marina citou três possibilidades para o cargo: o presidente do Flamengo, Eduardo Bandeira de Mello, o deputado federal Miro Teixeira e o economista Ricardo Paes de Barros. O cartola rubro-negro ainda é considerado o favorito, mas o nome do economista surge por fora como outra possibilidade. Marina ainda não conversou com ele sobre um eventual convite.

— Temos bons nomes. Temos o nome do Miro Teixeira, o nome do Eduardo Bandeira de Mello, temos o economista Ricardo Paes de Barros, temos excelentes nomes — disse ela, ontem.

A declaração foi dada após um internauta perguntar especificamente quem seria o vice da ambientalista. Marina desconversou e afirmou que ainda não desistiu da possibilidade de realizar alianças. Entre os partidos com os quais ela conversa estão o PV e o PPS.

“HORÁRIO PESSOAL GRATUITO”
Lideranças das duas legendas, no entanto, admitem que uma aliança com a política da Rede é improvável. Entre as vantagens de Paes de Barros está o fato de que ele não será candidato a nenhum cargo, ao contrário de Bandeira de Mello e Miro Teixeira, que podem se lançar a deputado federal, ajudando o partido a superar a cláusula de barreira no Rio de Janeiro.

Paes de Barros, de 63 anos, é especialista em desigualdade social e combate à pobreza. Por mais de 30 anos, trabalhou no Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Formado em engenharia eletrônica pelo Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA), com mestrado em estatística pelo Instituto de Matemática Pura e Aplicada (IMPA) e doutorado em Economia pela Universidade de Chicago, ele é considerado no meio econômico como o “pai do Bolsa Família”, por ter sido um dos principais formuladores do programa no governo Lula. Na gestão Dilma Rousseff, entre 2011 e 2015, foi subsecretário de Ações Estratégicas da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República. Atualmente, Paes de Barros é economista-chefe do Instituto Ayrton Senna e professor do Insper. O economista apoiou Marina nas eleições de 2010 e 2014.

A pré-candidata respondeu a questões de simpatizantes por 30 minutos. Essa foi a primeira transmissão realizada por Marina. A ideia da campanha é produzir conversas informais entre a pré-candidata e os eleitores nas redes sociais, numa espécie de “horário pessoal gratuito”. Um dos focos da estratégia da ex-senadora é ter uma mensagem e discurso de campanha mais simples em comparação às suas duas últimas tentativas de chegar ao Palácio do Planalto.

Marina respondeu questões sobre economia e segurança pública, mas criticou principalmente o centrão. Após afirmar na segunda-feira que “o condomínio de Alckmin é o condomínio que era da Dilma em 2014”, Marina voltou a comparar o arco de alianças formado pelo tucano com a campanha da petista.

— O Alckmin é uma espécie de Dilma de calças — disse.

Sem coligação, Marina libera alianças estaduais da Rede

Partido tem como meta eleger o maior número de deputados federais para ultrapassar a cláusula de barreira

Marianna Holanda | O Estado de S. Paulo

A pouco mais de uma semana da convenção nacional e ainda sem partidos em sua coligação, a Rede liberou os diretórios estaduais para tocarem suas próprias alianças, e já trabalha com a possibilidade de palanque duplo em alguns Estados. O partido entende que a prioridade, além de eleger Marina Silva presidente, é garantir a sobrevivência da sigla elegendo um número suficiente de deputados federais para ultrapassar a cláusula de barreira – um mínimo de nove em nove Estados.

Em ao menos sete diretórios as negociações passam por seis siglas – PT (partido do qual Marina já fez parte e agora é crítica a ele), PCdoB, Podemos, PRTB, PPL e PSC – que têm pré-candidatos próprios ao Planalto. Além deles, PPS e PSB, que apesar de ainda não terem anunciado apoio oficialmente, estão mais próximos de outros presidenciáveis. “Ainda que por ventura tenhamos discordância, o partido tem autonomia para tomar suas decisões (locais) levando em consideração a avaliação do próprio Estado”, disse Marina anteontem, em entrevista coletiva.

O diretório da Rede em Santa Catarina, que pretende lançar o professor Rogério Portanova ao governo, também admite conversas com PPS, PPL, Podemos e PCdoB – dos presidenciáveis João Vicente Goulart, Alvaro Dias e Manuela d’Ávila, respectivamente. O próprio Portanova participou de um encontro suprapartidário com Dias há duas semanas e disse que “não tem problema nenhum em ter mais de um presidenciável”.

“O ideal é priorizar a candidatura de Marina, mas eles sabem que se for melhor para a Rede no Estado, pode-se admitir (duplo palanque)”, disse o portavoz no Estado, Nelson Zunino.

No Espírito Santo, o portavoz André Toscano traça cenários em que candidatos locais participem de eventos com Marina Silva e Manuela d’Ávila. “Pode acontecer que a gente consiga, por exemplo, acomodar o PCdoB com a candidatura a deputado estadual e senador. Não precisa ser governador. Aí a gente consegue acomodar a Manuela no palanque”, afirmou. No Estado, a Rede conversa ainda com PV, PHS e PSC.

A dificuldade da Rede em fechar alianças também reflete nas negociações com o PSB nos Estados. No Distrito Federal e no Amazonas, os diretórios estaduais desistiram de lançar précandidatos ao governo em troca de uma aliança com o PSB, visando aproximar as siglas nacionalmente – o que acabou não ocorrendo. “O PSB está dividido, mas no Amazonas estamos em harmonia. Eles aqui são ‘marineiros’, não querem votar no PT e muito menos no Ciro Gomes (PDT)”, disse o coordenador do diretório amazonense, João Lúcio.

Já o PPS, apesar de o presidente da sigla, deputado Roberto Freire (SP), declarar apoio ao presidenciável tucano, Geraldo Alckmin, pode estar em ao menos três coligações com a Rede – em Rondônia e Santa Catarina. O partido apoiou Marina em 2010 e 2014 e o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) já chegou a dizer que Freire seria “um bom vice” neste ano.

Ao menos em Rondônia, a chapa Rede-PPS está mais próxima de se concretizar. “Estamos bem afinados. Está praticamente acertado. Para nós, não vejo nenhum problema em dividir palanque com Marina ou outro nome com quem o PPS decida coligar nacionalmente”, disse o presidente da sigla no Estado, Jaime Kalb.

Rede, de Marina, negocia aliança com Romário no Rio de Janeiro

Ex-jogador é pré-candidato ao governo do estado pelo Podemos

Italo Nogueira | Folha de S. Paulo

RIO DE JANEIRO - A Rede, da presidenciável Marina Silva, tem negociação avançada para uma aliança com o senador Romário (Podemos), pré-candidato ao governo do Rio de Janeiro. As tratativas estão sendo feitas em nível local, sem participação de Marina. Pelo acordo, o deputado Miro Teixeira (Rede) seria um dos candidatos ao Senado da chapa.

A negociação ainda não definiu como se daria a atuação de Romário em relação à disputa presidencial. O Podemos tem como pré-candidato o senador Álvaro Dias.

Marina tem uma aproximação maior com o pré-candidato Rubem César (PPS), fundador da ONG Viva Rio, mas a candidatura do antropólogo perdeu força com as movimentações nacionais.

César ainda tinha a esperança de conseguir o apoio do PSDB, mas com a adesão do centrão ao presidenciável Geraldo Alckmin (PSDB), a tendência é que os tucanos apoiem o ex-prefeito Eduardo Paes (DEM) como contrapartida.

O principal entusiasta da aliança com Romário é o deputado Miro Teixeira, para quem Marina ganha ao se associar a um candidato forte. O ex-jogador aparece na liderança nas poucas pesquisas já realizadas no estado.

Na avaliação de colaboradores da presidenciável, pesa contra Romário o fato de ter indicado nomes na prefeitura do Rio de Janeiro durante a gestão do ex-prefeito Eduardo Paes —Marina diz condenar troca-troca de cargos.

O Rio de Janeiro é considerado um estado central na campanha da candidata da Rede. Terceiro colégio eleitoral do país, ela obteve 31% dos votos válidos no estado em 2014. Sem um palanque forte em São Paulo e em Minas Gerais, uma aliança robusta em território fluminense é vista como importante.

O centrão de Paes

Com mais partidos, ex-prefeito deve ter metade do tempo de TV; adversários tentam alianças

Marcelo Remigio e Thiago Prado | O Globo

A cinco dias de lançar a sua pré-candidatura ao governo do Estado do Rio, o ex-prefeito Eduardo Paes (DEM) articula uma coligação com mais de uma dezena de partidos para apoiá-lo. Entre eles está o MDB, sigla de Paes até o ano passado e que teve as suas principais lideranças fluminenses presas pela Operação Lava-Jato desde 2016. Com a mega-aliança, o ex-prefeito da capital deve ter mais da metade do tempo de propaganda de TV — acima de cinco minutos de um bloco de dez reservado a todos os postulantes ao Palácio Guanabara.

Correligionários de Paes já comemoram os acertos com PSDB, PP, Solidariedade, PTB e MDB, legenda esta que governa o estado. Articulam-se ainda os apoios de PR, PV e PPS, que atualmente mantém a pré-candidatura do antropólogo do Viva Rio Rubem César Fernandes. O PR também tem sido cortejado pelo pré-candidato do PRP, o exgovernador Anthony Garotinho. Entre os nanicos, Avante, PMN e PSDC já estão em conversas avançadas para apoiar o ex-prefeito Paes.

Os quatro principais pré-candidatos têm telhados de vidro nítidos: Paes é suspeito de receber caixa 2; o senador Romário (Podemos) precisa explicar indícios de lavagem de dinheiro; Garotinho foi preso três vezes; e o deputado federal Indio da Costa (PSD) foi citado em delação premiada como recebedor de caixa 2. Todos negam que tenham cometido irregularidades.

MARICÁ DEIXOU LEMBRANÇAS
O tamanho da aliança de Paes tem semelhança com as articuladas no passado por candidaturas vitoriosas do MDB no estado. Em 2006, Sérgio Cabral foi eleito governador em uma chapa de nove partidos. Quatro anos depois, o número subiu para 16. Paes, em 2008, teve quatro legendas na coligação. Em 2012, foram 20. À época, o então prefeito do Rio acabou enfrentando problemas para abrigar todos os aliados no governo. Já há quatro anos, Luiz Fernando Pezão teve o apoio de 17 siglas.

Nos últimos dias, a escolha de um vice para Paes, que era dada como certa, subiu no telhado. O deputado federal Marcelo Delaroli (PR) fora indicado para o posto, mas a divulgação de uma carta em que ele critica as falas do ex-prefeito do Rio sobre Maricá azedaram a relação. Delaroli é oriundo da cidade, na Região Metropolitana, que, em 2016, foi chamada de “merda de lugar” por Paes em uma conversa com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, gravada com autorização da Justiça. Caciques do PP também pressionaram o DEM a não fechar a vaga de vice com a indicação de Delaroli.

O GLOBO apurou que Paes ainda tenta tirar da disputa eleitoral Pedro Fernandes, do PDT, oferecendo a vice. Como o DEM decidiu apoiar o presidenciável Geraldo Alckmin (PSDB), em vez de Ciro Gomes (PDT), a aproximação ficou mais difícil, embora o presidente do PDT, Carlos Lupi, veja com bons olhos uma aliança regional mesmo que informal.

Hartung recua e cogita disputar reeleição no Espírito Santo

Por Fabio Murakawa | Valor Econômico

BRASÍLIA - O governador do Espírito Santo, Paulo Hartung (MDB), decidiu repensar sua decisão de não concorrer à reeleição. Ao ver sua base política se esfacelar, Hartung reuniu-se ontem com líderes governistas e provocou nova reviravolta na corrida eleitoral no Estado. Depois do encontro, aliados davam como certa a recandidatura.

O vaivém do governador provocou mal-estar no PSDB, seu principal parceiro, e o problema chegou ao presidenciável tucano Geraldo Alckmin. O vice-governador César Colnago é favorável à continuidade de Hartung. Já o senador Ricardo Ferraço, que tenta a reeleição, defende uma aliança com o ex-governador Renato Casagrande (PSB). Ambos se reúnem com Alckmin hoje, em São Paulo, para tentar uma definição.

Há duas semanas, Hartung surpreendeu os partidos que o apoiavam ao anunciar que não disputaria um novo mandato. A desistência provocou um racha em sua base abriu uma disputa pelo espólio do governador entre dois de seus maiores rivais locais. A eleição se polarizou entre Casagrande e a senadora Rose de Freitas (Podemos).

Rose deixou o MDB antes da desistência de Hartung e agora estava perto de fechar uma aliança com seu ex-partido. Na manhã de ontem, no entanto, ela encontrou o deputado federal Lelo Coimbra, presidente do MDB capixaba, que lhe informou a respeito do recuo do governador.

"[Lelo Coimbra] esteve aqui hoje de manhã, dizendo que teria uma reviravolta, que o pessoal [partidos da base] estava pedindo para o Paulo [Hartung] voltar", disse a senadora. "Será que algum dia saiu de verdade? A gente não sabe."

Rose negociava também com o PRB. Ligado à Igreja Universal, o partido vinha trabalhando, para o Senado, o nome do deputado estadual Amaro Neto, apresentador da edição local do programa "Balanço Geral", da TV Record. Agora, Neto é cotado para assumir a vice de Hartung. Com isso, Rose ficou isolada e pode reavaliar a sua candidatura. "Tenho que sentar com todo mundo, para ver o que vai acontecer", disse ela.

Caso se confirme o arranjo entre Amaro Neto e Hartung, abre-se espaço para Ferraço compor uma chapa governista. Ele não queria dividir o palanque com o deputado estadual por considerar a candidatura dele uma ameaça às suas pretensões de retornar a Brasília para mais um mandato. O outro postulante, o senador Magno Malta (PR), tem a reeleição praticamente assegurada.

Além de fechar com Casagrande, Ferraço ainda havia conseguido atrair para a aliança com o socialista o DEM, comandado no Estado por seu pai, Theodorico Ferraço. Até a noite de ontem, Theodorico se dizia a favor da manutenção do acordo.

"Para mim, não mudou nada. O partido está firme com o Renato Casagrande e vamos em frente", disse Theodorico ao Valor. "PSDB, PDT e DEM firmaram acordo de união em favor do Casagrande, com palanque para Ciro [Gomes] e [Geraldo] Alckmin."

Para não perder apoio do PSDB, Armando Monteiro agora é Alckmin

Andreza Matais | O Estadão de S. Paulo

Candidato ao governo de Pernambuco, Armando Monteiro (PTB), divulgou nota nesta terça-feira na qual abre o seu palanque para o presidenciável do PSDB, Geraldo Alckmin. “O nosso palanque, tendo em vista o apoio majoritário que recebe dos partidos dessa frente, estará sempre aberto para que o candidato Geraldo Alckmin possa trazer aos pernambucanos as suas propostas, neste momento tão importante e desafiador para o nosso País”, diz a nota.

A exigência partiu dos tucanos que ameaçaram romper a aliança e lançar candidatura própria ao governo do Estado depois que Monteiro declarou voto no candidato do PT ao Planalto.

Com a nota, o impasse em Pernambuco foi resolvido. O deputado Bruno Araújo deve voltar a ser o candidato da chapa ao Senado. O nome dele havia sido descartado por ter sido o voto decisivo para o impeachment de Dilma Rousseff. O outro candidato será Mendonça Filho. Os dois foram ministros de Temer, das Cidades e da Educação, respectivamente. Mendonça também é cotado para vice de Geraldo Alckmin.

NOTA AOS PERNAMBUCANOS
Desde 2017, expressivas lideranças políticas reunidas no campo das Oposições em Pernambuco iniciaram um providencial diálogo com vistas à formação de uma ampla aliança, capaz de oferecer um projeto de mudança que devolva ao nosso Estado a liderança e o protagonismo perdidos nos últimos anos pela incompetência do governo Paulo Câmara.

Voto de cabresto: Editorial | O Estado de S. Paulo

O sufrágio universal, direto e secreto consagrado pela Constituição de 1988 é peça de comércio para muitos brasileiros. Seja pelas vinculações dos eleitores com a máquina pública, seja pela exploração da pobreza ou da sem-vergonhice, quando um voto pode valer um prato de comida, um pé de botina, uma dentadura ou um botijão de gás, fato é que, mais de três décadas após a redemocratização do País, a compra de votos e o voto de cabresto não romperam os grilhões que mantêm porções do território nacional na República Velha e ainda desafiam o viço de nossa democracia no século 21.

Um levantamento feito pelo Estado com base em relatórios da Polícia Federal (PF), obtidos por meio da Lei de Acesso à Informação, mostrou que alguns Estados das Regiões Norte e Nordeste lideram, proporcionalmente, o ranking de crimes eleitorais cometidos entre 2006 e 2016, década que compreende as seis últimas eleições realizadas no País.

Roraima (12,9), Acre (10,4), Rio Grande do Norte (8,2), Paraíba (7,3), Tocantins (6,6) e Amapá (6,4) foram os Estados que apresentaram o maior número de inquéritos policiais que apuram crimes eleitorais por grupo de 100 mil eleitores. Os dados dos inquéritos informados pela Divisão de Assuntos Sociais e Políticos da PF foram comparados com a quantidade de eleitores registrados em cada um dos Estados.

É de lamentar a constatação da atualidade da obra clássica de Victor Nunes Leal – Coronelismo, enxada e voto: o município e o regime representativo no Brasil – sete décadas após sua publicação. Os dados apurados pela reportagem indicam que permanecem mais vivos do que nunca os mecanismos de perpetuação do atraso nos grotões do País.

Programa evasivo: Editorial | Folha de S. Paulo

Cotado para substituir Lula na eleição, Haddad parece mais preocupado em agradar à militância

Ainda não se sabe quem aparecerá na urna eletrônica quando simpatizantes digitarem o número do PT em outubro. Mas talvez o mais difícil seja adivinhar o que os petistas farão se vencerem a eleição e voltarem a ocupar o Palácio do Planalto.

Na semana passada, o partido divulgou um esboço da plataforma que defenderá na campanha presidencial. Com apenas seis slides e linguagem telegráfica, a apresentação oferece um resumo pífio da plataforma, cuja íntegra a sigla promete divulgar em uma semana.

Em entrevistas concedidas a esta Folha e a outros veículos nos últimos dias, o ex-prefeito Fernando Haddad, que coordena a elaboração do documento, detalhou algumas das suas propostas, mas o resultado se revelou igualmente frustrante.

Ele é um dos cotados para substituir o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva como candidato ao Planalto se a Justiça barrar, como se espera, a indicação do líder petista, preso há mais de três meses.

Ao falar do programa de governo, a impressão que Haddad passou foi a de quem está mais preocupado em agradar à militância do que em propor soluções para os desafios que o país enfrenta.

Segundo o ex-prefeito de São Paulo, uma das prioridades seria reduzir a concentração da propriedade de veículos de comunicação no Brasil, com o objetivo de aumentar a diversidade, especialmente nos meios eletrônicos.

Uso político adultera agências reguladoras: Editorial | O Globo

Neste momento de barganhas políticas em torno de alianças para disputar as eleições de outubro, reportagem do GLOBO de domingo sobre o aparelhamento fisiológico de cargos nas principais agências reguladoras funciona como oportuno alerta sobre o que pode vir por aí. Basta continuar tudo na mesma.

O candidato tucano Geraldo Alckmin, em fase de entendimentos mais profundos com os partidos do centrão (DEM, PP, PR, PRB e SD), precisa saber em que terreno está pisando. Na verdade, ele sabe, pela experiência que tem na vida política.

São deste grupo algumas pequenas e médias legendas especializadas em barganhas pelas quais cedem apoio parlamentar para receber em troca cargos e acesso a dinheiro público. De preferência, sem maiores controles. Não importa a qualidade de programas de investimento e projetos. Isso é secundário.

Aliás, está na raiz desta prática o mensalão tucano em Minas, protótipo do esquema petista, executado em escala industrial no Congresso, no primeiro mandato de Lula. Esse toma lá dá cá começou a ser exercitado já na campanha de 2002. Como prova a memorável conversa entre Valdemar Costa Neto (SP), na época no PL, e o futuro ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, a portas fechadas, enquanto, do lado de fora, esperavam Lula e José Alencar, cujo passe para ser vice do petista era literalmente negociado.

É preciso blindar as agências contra as indicações políticas: Editorial | Valor Econômico

Depois que o presidente Michel Temer perdeu o controle de sua base no Congresso, os parlamentares começaram a retirar em dobro o que haviam concedido antes. O caso das agências reguladoras é exemplar e não é o único, nem talvez o mais grave.

A Lei das Estatais estabeleceu restrições importantes para a ocupação de cargos de diretoria e do Conselho, criando regras que afastavam a mera indicação política e o nepotismo na ocupação de posições importantes nas companhias em que o Tesouro é acionista relevante. Na votação do projeto de lei 6621, que traçava novas diretrizes para os órgãos de regulação, os deputados voltaram atrás e tornaram a permitir a indicação de parentes e de membros dos diretórios partidários para esses cargos. Cabe ao Senado a palavra final e o desfecho não deve ser republicano.

Como órgãos de Estado, e não de governo, as agências reguladoras deveriam ser autônomas operacional e financeiramente, além de tecnicamente sólidas. Não são nada disso. Com a proliferação dos partidos e a consequente necessidade de barganhas políticas exaustivas por parte do Executivo, em que a oferta de cargos é a moeda de troca, as agências entraram na dança e tornaram-se presa fácil das indicações partidárias com critérios rebaixados ao nível da atual representação política e de seu irrisório espírito público.

Como a Operação Lava-Jato mostrou, assim como antes outros escândalos, o MDB é um dos grandes condutores dos lobbies e traficante de interesses privados no interior do aparelho de Estado. Com quase toda sua cúpula alvejada por suspeitas graves de corrupção, inclusive o presidente da República, Michel Temer, é a legenda campeã em nomeações para as agências, segundo levantamento de "O Globo" (22 de julho) - 18 das 35 indicações políticas, em uma amostra de 40 cargos dos oito principais órgãos regulatórios do país. Seus companheiros de viagem na base governista, com reputação igual ou ainda pior, também foram aquinhoados, como o PR, do mensaleiro Valdemar Costa Neto, ou o PP, a legenda proporcionalmente mais atingida pelas investigações da Lava-Jato. O PT, que sempre quis ter o controle político das agências, tem seis indicados na amostra, inclusive um policial federal que fez parte da equipe de segurança da presidente Dilma Rousseff, lotado na Agência Nacional da Aviação Civil (Anac).

30/7/2028: Encontro com Luiz Werneck Vianna


Adoniran Barbosa é tema de exposição em São Paulo

'Trem das Onze – Uma Viagem Pelo Mundo de Adoniran' fica em cartaz no Farol Santander até 30 de dezembro

Amilton Pinheiro | O Estado de S. Paulo

Quando um dos vagões do Trem das Onze partiu pela última vez, em 23 de novembro de 1982, levava consigo não somente o maior sambista paulista, Adoniran Barbosa, morto aos 72 anos, vítima de enfisema pulmonar, autor de clássicos como Saudosa Maloca, Iracema, Samba do Arnesto, Tiro ao Álvaro, e Trem das Onze. Levava também o grande cronista de São Paulo, que agora ganha exposição no Farol Santander, Trem das Onze – Uma Viagem Pelo Mundo de Adoniran.

A mostra traz objetos pessoais, fotos, vestuário, o chapéu e a gravata-borboleta xadrez, que eram a sua marca, além do roteiro do filme O Sertanejo, que não foi realizado, recortes de jornais, gravações, trechos de alguns dos seus 14 filmes, novelas, programas de TV, capas de discos, entre outras peças.

“O maior mérito da exposição é abordar o lado menos conhecido de Adoniran, para além dos grandes sambas. Também humorista, o artista teve personagens memoráveis em rádio, TV, como ator de novelas e filmes. O seu lado artesão não foi esquecido e está nos brinquedos que criou em sua casa, como um parquinho de diversão, que foi recuperado para funcionar na mostra”, diz um dos curadores, Celso de Campos Jr., por telefone ao Estado. Ele é autor de Adoniran – Uma Biografia, de 2004, que ganha nova edição no segundo semestre.

A exposição, que será aberta nesta terça, 24, no Farol do Santander, só foi realizada graças a um trabalho incansável e algumas vezes frustrante da família e de fãs do artista. Com a morte da segunda mulher de Adoniran, Matilde Lutiis, em 1986, o seu acervo, que ela formava desde os anos 1940, passou por uma verdadeira via-crúcis.

Matilde deixou o acervo para única filha de Adoniran, Maria Helena Rubinato, do primeiro casamento do artista, com Olga Krum. Tendo em vista a relação do pai com a cidade, Maria Helena doou o acervo para a Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo, com a garantia de que haveria um museu para abrigá-lo.

Mas aí começa a peregrinação e o descaso com o material sobre o artista, que foi guardado no Teatro Sérgio Cardoso, depois foi para o MIS e acabou no cofre de um banco.

A família entrou na justiça contra o Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo, já que a promessa de restauração e digitalização do material não foi cumprida, e teve o acervo de volta. Na sequência, o acervo ficou em uma garagem, depois foi catalogado, passou quase dez anos em um sítio no interior de São Paulo, seguiu para um galpão na cidade de Salto, até que a família e amigos alugaram uma loja na Galeria do Rock para guardar o rico material que recompõe a memória e a importância de Adoniran. “O que está hoje na exposição é apenas 5% do acervo do artista”, diz Cassio Pardini, produtor de cinema, que participou da organização da mostra.

Um dos espaços especiais da exposição é a Sala da Garoa, com chão espelhado, teto com guarda-chuvas e nas paredes fotos dos lugares em que Adoniran gostava de passear.

Adoniran Barbosa: O trem das onze

Bertolt Brecht: Elogio do aprendizado

Aprenda o mais simples!
Para aqueles cuja hora chegou
Nunca é tarde demais!
Aprenda o ABC; não basta, mas
Aprenda! Não desanime!
Comece! É preciso saber tudo!
Você tem que assumir o comando!

Aprenda, homem no asilo!
Aprenda, homem na prisão!
Arenda, mulher na cozinha!
Aprenda, ancião!
Você tem que assumir o comando!
Frequente a escola, você que não tem casa!
Adquira conhecimento, você que sente frio!
Você que tem fome, agarre o livro: é uma arma.
Você tem que assumir o comando.

Não se
envergonhe de perguntar, camarada!
Não se deixei convencer
Veja com seus olhos!
O que não sabe por conta própria
Não sabe.
Verifique a conta
É você que vai pagar.
Ponha o dedo sobre cada item
Pergunte: O que é isso?
Você tem que assumir o comando.