O Globo
Bolsonaro politizou militares, que agora
temem um governo petista
O governo Lula, que nem mesmo começou, já
está tendo de apagar um incêndio na área militar. Tudo indica que está tendo
sucesso. Os comandantes das três Forças — Exército, Marinha e Aeronáutica —
iniciaram um movimento conjunto para sair de seus postos antes mesmo que Lula
assumisse a Presidência da República. Um fato gravíssimo, pois não há outro
motivo para essa substituição prematura que não seja a explicitação da rejeição
dos comandantes ao sucessor eleito.
O comandante da Aeronáutica,
tenente-brigadeiro do ar Carlos de Almeida Baptista Junior, já marcou o dia 23
deste mês como data para a transmissão do cargo. O que muitos entre os
militares consideram indisciplina, quebra da hierarquia, está sendo negociado
nos bastidores para que não se confirme, pois essa restrição seria um sinal
para que os subordinados, como já acontece, se sintam à vontade para exprimir
seu repúdio à eleição de Lula, fato sem precedentes.
Assim como essa atitude extrema, a leniência nos quartéis com os bolsonaristas acampados em áreas de segurança nacional se deve à influência do próprio presidente Bolsonaro, que mesmo em silêncio estimula essas atitudes. Além do mais, a ação para impedir as manifestações cabe às forças de segurança pública, e não à Forças Armadas, que só atuariam diretamente em caso de decretos para ações de Garantia da Lei e da Ordem (GLO).