Recuo do Brasil no combate a corruptos tem efeito global
O Globo
OCDE manifesta preocupação com decisão do STF
que anulou provas do acordo de leniência com Odebrecht
A Organização para a Cooperação e
Desenvolvimento Econômico (OCDE)
publicou na semana passada um relatório específico sobre o combate à corrupção
no Brasil. Não é um relatório qualquer. Faz parte da avaliação do Grupo de
Trabalho Antissuborno (WGB, na sigla em inglês) sobre o cumprimento da
Convenção Antissuborno do organismo multilateral, a que o Brasil aderiu em
2000. Foi o quarto escrutínio a que o país se submeteu para avaliar a
implementação de mecanismos de prevenção e combate à corrupção, em especial
praticada por estrangeiros. A OCDE registrou preocupação com a impunidade e
constatou o retrocesso nos últimos anos, marcados pelo recuo dos processos
vinculados à Operação Lava-Jato.
Em dez anos, as autoridades investigaram, segundo o relatório, apenas 28 de 60 alegações de corrupção envolvendo estrangeiros. Oito de nove réus foram absolvidos por prescrição de crimes. Ninguém recebeu condenação final, necessária para cumprir pena. “O grupo de trabalho está preocupado que o Brasil não seja capaz de sustentar o nível de combate à corrupção atingido nos últimos anos”, diz o documento.