Brasil tem condição de superar recuo no ensino fundamental
O Globo
Estados que obtiveram sucesso mostram como é
possível recuperar educação do retrocesso da pandemia
Vigente desde 2014, o Plano Nacional de Educação estabeleceu
20 objetivos a cumprir até 2024. Um dos principais é universalizar o ensino
fundamental, com duração de nove anos, para toda a população de 6 a 14 anos,
garantindo que pelo menos 95% dos alunos concluam essa etapa na idade
recomendada. De 2016 a 2022, a parcela da população nessa faixa etária no
ensino fundamental nunca ficou abaixo de 95,2%. Parecia que pelo menos esse
quesito era uma conquista garantida. No ano passado, porém, o número caiu para 94,6%, mostram dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Continua divulgados recentemente pelo IBGE.
A média nacional mascara realidades
distintas. Alagoas, Amazonas, Ceará, Distrito Federal, Mato Grosso do Sul,
Minas Gerais, Pará, Piauí, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul e São Paulo
apresentam desempenho igual ou superior a 95%. Todos os outros estados estão
abaixo, com destaque negativo para Roraima e Mato Grosso. No ano-limite para
cumprir mais essa meta do Plano Nacional de Educação, os governadores dos
estados retardatários têm o dever de apresentar explicações e planos para
enfrentar o problema.
A pandemia certamente tem boa parte da responsabilidade pelo recuo. O Brasil foi um dos países em que as escolas ficaram fechadas por mais tempo. Diante da liderança débil do Executivo, prevaleceu a vontade dos sindicatos. Ao contrário de funcionários públicos das áreas da saúde e de segurança, os professores se negaram a trabalhar presencialmente durante um tempo demasiado longo. Quando as portas das escolas finalmente reabriram, as crianças já haviam acumulado atraso na trajetória escolar. Em 2019, último ano antes da Covid-19, apenas 11% das crianças de 6 anos — idade recomendada para o início da escolarização formal — frequentavam a pré-escola em vez do ensino fundamental. Na última medição, eram 29%.