sexta-feira, 6 de junho de 2014

Opinião do dia: Aécio Neves

Hoje, os caminhos que se apresentam são muito claros. O da continuidade fará muito, mas muito mal mesmo ao Brasil. E o da mudança, que espero poder encarnar, é do início de um novo e virtuoso ciclo de desenvolvimento no Brasil. Quero dizer que estamos prestes a comemorar, nós, brasileiros, de todos os partidos ou sem partidos, duas grandes vitórias: vamos torcer para que o Brasil vença a Copa do Mundo e vamos trabalhar para que o Brasil vença também, derrotando o PT nas próximas eleições e elegendo um governo honrado, digno e, sobretudo eficiente.

Aécio Neves é senador (MG) e presidente nacional do PSDB. Entrevista concedida no Rio de Janeiro, 5 de junho de 2014.

Dilma continua em queda e rivais não sobem, diz Datafolha

Ricardo Mendonça – Folha de De S. Paulo

SÃO PAULO - Pesquisa Datafolha concluída nesta quinta-feira (5) confirma a lenta tendência de queda de intenções de voto pela reeleição da presidente Dilma Rousseff. Em relação a maio, data do levantamento anterior, ela variou de 37% para 34%. Desde fevereiro, já caiu dez pontos percentuais.

Os principais adversários da petista, porém, não estão conseguindo tirar proveito disso. Juntos, eles somavam 38% na pesquisa anterior. Agora, recuaram para 35%.

Em relação a maio, os dois principais rivais de Dilma variaram negativamente. O senador Aécio Neves (MG), pré-candidato do PSDB à Presidência, oscilou um ponto para baixo. Agora está com 19%.

Movimento mais brusco ocorreu com o ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos (PSB), que recuou quatro pontos. Com 7%, ele aparece em situação de empate técnico com o Pastor Everaldo Pereira (PSC), 4%.

A nova rodada do Datafolha mostra que o que cresceu de forma notável entre maio e agora foi o total de eleitores que não sabem em quem votar, de 8% para 13%. Além disso, outros 17% afirmam que pretendem votar nulo, em branco ou em nenhum dos candidatos apresentados.

Combinados, esses números podem ser um sinal de forte desalento em relação à disputa. Na comparação com os mesmos períodos de eleições anteriores, a atual taxa de eleitores sem candidato (30%) é recorde desde 1989.

A pesquisa sugere que esse comportamento do eleitor é um reflexo do aumento do pessimismo da população com os rumos da economia do país e da deterioração das expectativas com inflação, emprego e poder de compra, que também fizeram cair a aprovação ao governo Dilma.

O Datafolha entrevistou 4.337 pessoas entre terça (3) e quinta (5) em 207 municípios. A margem de erro do levantamento é de dois pontos para mais ou para menos.
A disputa eleitoral deste ano também poderá ficar marcada por uma forte tendência de clivagem regional. O maior contraste está entre os nove Estados da região Nordeste e os quatro do Sudeste. No Nordeste, cujo apoio foi decisivo para a eleição da presidente em 2010, Dilma ostenta ampla vantagem sobre seus adversários: 48% para a petista contra 11% de Eduardo Campos e 10% de Aécio.

No Sudeste, a disputa está mais apertada. Na região mais populosa do país, Dilma tem 26% e aparece em situação de empate técnico com Aécio, que foi governador de Minas Gerais e tem 25%. Campos, que governou Pernambuco, tem 4%.

Metodologia
A pesquisa do Datafolha é um levantamento por amostragem estratificada por sexo e idade, com sorteio aleatório dos entrevistados. O universo é composto pela população brasileira com 16 anos ou mais.

Neste levantamento realizado de 3 a 5 de junho, foram feitas 4.337 entrevistas em 207 municípios, com uma margem de erro máxima de 2 pontos percentuais para mais ou para menos, considerando um nível de confiança de 95%.

Isso significa que, se fossem realizados 100 levantamentos com a mesma metodologia, em 95 os resultados estariam dentro da margem de erro.

Essa pesquisa foi encomendada pela Folha e feita pela Gerência de Pesquisas de Opinião do Datafolha. Está registrada no Tribunal Superior Eleitoral com o nº BR-00144/2014.

Pessimismo com economia bate recorde

• Expectativas de inflação e desemprego se deterioram, e 36% dizem que situação econômica do país vai piorar

• Aprovação ao governo Dilma cai para 33% e se aproxima do ponto a que chegou no auge dos protestos de 2013

David Friedlander – Folha de S. Paulo

SÃO PAULO - O pessimismo com o futuro da economia disparou e bateu recorde, mostra a mais nova pesquisa Datafolha. Segundo o levantamento, 36% dos brasileiros acham que a situação vai piorar nos próximos meses --taxa oito pontos maior que a da pesquisa anterior, do início de maio.

É a primeira vez que o grupo dos pessimistas supera o dos que acham que tudo fica como está --opinião compartilhada hoje por 32%.

O Datafolha entrevistou 4.337 pessoas entre terça (3) e quinta (5) em 207 municípios. A margem de erro do levantamento é de dois pontos para mais ou para menos.

O levantamento mostra aumento no número de pessoas que está com medo da inflação e até do desemprego, indicador ao qual o governo tem se agarrado para sustentar que a situação econômica não é tão ruim quanto apontam os seus críticos.

Em comparação com a pesquisa de maio, o conjunto das pessoas que acreditam em aumento do desemprego nos próximos meses cresceu seis pontos e atingiu 48%, recorde sob Dilma, somente inferior aos 59% registrados em março de 2009, no auge da crise financeira global, no governo do ex-presidente Lula.

Nos últimos meses, as montadoras intensificaram a concessão de férias coletivas, o que pode ter contribuído para aumentar a sensação de que o emprego corre perigo.

No campo da inflação, apesar das promessas de Brasília de que os preços ficarão sob controle, 64% da população pensa o contrário e acha que a inflação vai subir.

Com isso, o medo do aumento do custo de vida volta ao patamar recorde de abril, depois de cair no levantamento do mês passado e dar a impressão de que o pessimismo com a inflação tinha começado a diminuir.

Como consequência, aumentou também o medo de empobrecer. A porcentagem de brasileiros que espera diminuição no poder de compra dos salários cresceu de 34% para 38%. Esse índice era de 28% em novembro do ano passado e vem subindo.

A aprovação ao governo da presidente Dilma Rousseff caiu, aproximando-se do ponto mais baixo a que sua popularidade chegou no ano passado, em meio às manifestações de rua de junho.

Segundo o Datafolha, 33% dos brasileiros consideram seu governo ótimo ou bom, e 28% acham que ele é ruim ou péssimo, taxa dois pontos maior que a da última pesquisa. A nota dada pelos entrevistados ao governo foi 5,6, a mais baixa desde março de 2011.

Eliane Cantanhêde: Salve-se quem puder

Sabe qual a principal conclusão do Datafolha publicado nesta sexta (6)? Que o eleitor e a eleitora estão de mau humor, insatisfeitos e sem conseguir enxergar a luz no fim do túnel, ou melhor, "aquele" candidato na cédula.

Esse cenário é ruim para a política, para a eleição e principalmente para os candidatos, mas quem mais sai perdendo é quem disputa a reeleição. Mesmo com todos os seus instrumentos à mão, mesmo com todas as entrevistas, mesmo com a maior coligação partidária do planeta --ou seria justamente por causa de tudo isso?-- Dilma continua perdendo pontos. Desde fevereiro, lá se foram dez pontos. Não é desprezível.

Curiosamente, porém, nenhum dos expoentes da oposição consegue entrar no vácuo e colher os votos que Dilma vai deixando aos punhados pelos descaminhos da economia, com crescimento ridículo, preços altos e juros altíssimos, sem nenhuma explicação plausível para o digníssimo público leitor e eleitor. Nem explicação, nem porta de saída para um ambiente melhor.

Aécio Neves, que ganhara fôlego com a propaganda do PSDB na TV, estacionou depois disso, oscilando da marca dos 20% para 19%. E Eduardo Campos, que precisava correr muito, coitado, está comendo poeira e se aproximando constrangedoramente do Pastor Everaldo, que seria importante para haver segundo turno, mas nem é mais tanto.

Pela trajetória dos índices, o segundo turno hoje está virtualmente garantido. Dilma tem apenas 34%, contrariou as expectativas de crescimento e mantém a tendência descendente no final do primeiro semestre. Nada indica que terá munição para entrar em alta no segundo.

Aliás, o Datafolha joga luz sobre a fragilidade de Dilma, e fortalece as incertezas sobre sua capacidade de ganhar, justamente no momento decisivo das convenções partidárias. O PMDB, o PSD, o PP e o PR estão com ela, certo? Certo, mas eles têm imenso instinto de sobrevivência.

Escolha do vice deve ficar para depois das convenções, diz Aécio

• Previsão do PSDB era anunciar nome da chapa tucana na próxima semana, mas definição de alianças pode atrasar anúncio

- Agência Estado

BRASÍLIA - Prevista inicialmente para ocorrer até o próximo dia 14, quando ocorre a convenção nacional do PSDB, a escolha do vice na chapa do pré-candidato do partido à Presidência da República, Aécio Neves, deve ser adiada. Em conversa com o Broadcast Político, nesta quinta-feira, 5, Aécio considerou que não há nenhuma obrigação legal de se chegar ao dia do encontro do partido com o nome do vice definido. "Acho que o momento é de aguardar algumas definições.

A escolha deve ficar para depois da convenção", afirmou. De acordo com a Lei Eleitoral, as chapas tanto no âmbito nacional quanto no estadual devem ser oficializadas até o próximo dia 30.

O possível adiamento na escolha do vice na chapa majoritária do PSDB se deve em razão de alguns partidos da base aliada estarem travando disputas internas e ainda não terem oficializado apoio à candidatura à reeleição da presidente Dilma Rousseff (PT). Entre os aliados de Dilma que estão nessa situação de racha está o PR. Apesar de o presidente da legenda, senador Alfredo Nascimento (AM), apoiar a aliança nacional com o PT, uma parte da bancada da Câmara defende aliança com Aécio e uma minoria também sinaliza apoio à candidatura de Eduardo Campos (PSB). "O resultado da convenção do partido ainda está indefinido. Mas estamos conversando", afirmou Nascimento.

A cúpula do PSDB também vem acompanhando de perto as movimentações do presidente do PSD, Gilberto Kassab, em constantes negociações com o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), que tentará a reeleição. A possibilidade de o PSD migrar para uma chapa nacional do PSDB é considerada por parte dos tucanos como pouco provável, mas não impossível.

Ato promovido pelo presidente do PMDB no Rio em apoio a Aécio e Pezão reúne 1.600 líderes

• Em evento na capital fluminense, tucano promete implementar UPPs em todas as regiões metropolitanas do país caso eleito

Cássio Bruno, Marcelo Remígio e Tais Mendes – O Globo

O Tamanho da rebeldia

RIO e BRASÍLIA — O pré-candidato à Presidência da República pelo PSDB, senador Aécio Neves, participou nesta quinta-feira, no Rio, do lançamento do “Aezão”, movimento criado pelo presidente regional do PMDB, Jorge Picciani em apoio às pré-campanhas do tucano e do governador Luiz Fernando Pezão (PMDB) à reeleição. Aécio considerou o encontro, numa churrascaria na Barra da Tijuca, na Zona Oeste, como o mais importante evento político em defesa de seu nome promovido nos estados. A reunião foi uma demostração de força de Picciani, que reuniu 1.600 lideranças, entre elas representantes de 17 partidos.

Em um discurso de 15 minutos, Aécio não citou Pezão, justificando, em entrevista, que o PSDB não tem candidatura própria no Rio e ainda negocia com o DEM e o PPS possível apoio ao ex-prefeito Cesar Maia (DEM), outro pré-candidato ao governo. Após o evento, Picciani disse que em 48 horas o impasse será resolvido, e que o PSDB e o PPS devem migrar para a aliança do governador.

Em sua fala, o tucano atacou o governo da presidente Dilma Rousseff nas áreas de Segurança Pública, Saúde e Educação e lembrou escândalos na Petrobras. Aécio prometeu criar Unidades de Policias Pacificadoras (UPPs) nas regiões metropolitanas do país.

— Na segurança pública, a omissão do governo federal é quase criminosa. O modelo de UPP será levado para todas as regiões metropolitanas — disse Aécio, que no final do discurso declarou: — Me dêem a vitória no Rio de Janeiro que eu dou a vocês a Presidência da República.

Além de parte do PMDB, o “Aezão” teve apoio oficial de PSDB, PSD, PP, PSL, PEN, PMN, PTC e Solidariedade. No entanto, havia representantes de partidos como o PR, do deputado federal Anthony Garotinho; o PRB, do senador Marcelo Crivella, ambos pré-candidatos ao Guanabara; e o PCdoB, que integra a aliança do senador Lindbergh Farias (PT), que disputará o governo. Ainda participaram da reunião lideranças regionais do PROS, PPS, PTB, DEM e PDT que integram o grupo político de Picciani.

Governador culpa PT por dissidentes
Pezão não compareceu ao encontro. Durante o almoço, o peemedebista cumpria agenda também na Barra da Tijuca: o lançamento de obras de recuperação ambiental das lagoas da região. Embora tenha reafirmado apoio à reeleição de Dilma, ele justificou o crescimento da dissidência no PMDB como reação à decisão do PT de não impedir a candidatura de Lindbergh:

— Domingo, tive a oportunidade de conversar sobre isso com a presidenta Dilma, eu, o prefeito (do Rio) Eduardo Paes e o ex-governador Sérgio Cabral. Nós estamos com a presidenta. Mas desde o momento em que o PT saiu da aliança e que alguns membros petistas vão para o interior do estado e fazem críticas contra nós, cria um ambiente ruim. Não é por culpa nossa. As pessoas que estão saindo tiveram algum problema no relacionamento com o PT também — disse, ressaltando que parte do “Aezão” constitui uma “base forte” para sua campanha: — Temos outros partidos, como o Solidariedade, que está com o Aécio. Tem aqui o PSD do Rio que está com ele. Tem outro candidato (à Presidência), o pastor Everaldo, que está dentro da nossa coligação com PSC. Esse movimento vai existir. (...)(Aécio) É um grande candidato e vai dar trabalho, mas estou com a presidenta Dilma .

O presidente regional do PT, Washington Quaquá, reagiu ao “Aezão” e fez críticas às visitas de Dilma ao Rio, quando se reune com Pezão e Cabral:

— O PMDB deixou os generais com a Dilma e a tropa com o Aécio. Mas não se vence guerra com generais. Quem dá tiro é a tropa. É claro que Pezão e Cabral aprovam essa estratégia. A presidente Dilma precisa entender que está em curso uma traição no Rio. Ela não pode mais vir ao Rio e ficar só com Pezão e Cabral.

Quaquá disse não fazer a crítica para defender Lindbergh, mas por temer o efeito dessa estratégia para a própria candidatura de Dilma.

— A nossa preocupação não é a ausência dela no palanque do Lindbergh, porque ele é candidato o suficiente para vencer a eleição sem precisar se escorar em ninguém. O problema é a candidatura dela. Ela precisa tomar providências em relação a isso. O Cabral e o Pezão só não estão oficialmente com o Aécio por covardia. Pegaria muito mal eles fazerem isso. Como iriam explicar abandonar a presidente e o Lula agora? Ela tem que sair do círculo oficial ao vir ao estado — defendeu (colaborou Guilherme Amado)

‘Me deem a vitória no Rio que eu dou a vocês a Presidência’, diz Aécio ao PMDB

• Em evento na capital fluminense, tucano promete implementar UPPs em todas as regiões metropolitanas do país caso eleito

Cássio Bruno, Marcelo Remígio e Tais Mendes – O Globo

Atualizado as 18,hrs de 5/.6/2014
RIO — Sem citar o governador do Rio, Luiz Fernando Pezão, pré-candidato ao governo do Rio pelo PMDB, o senador Aécio Neves prometeu implementar as Unidades de Policias Pacificadoras (UPPs) em todas as regiões metropolitanas do país caso seja eleito. A promessa ocorreu durante discurso em evento organizado, nesta quinta-feira, por peemedebistas fluminenses, chamado de “Aezão”, em um restaurante na Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio.

— Na segurança pública, a omissão do governo federal é quase criminosa. O modelo de UPP será levado para todas as regiões metropolitanas. Vamos aprimorar — disse Aécio sobre projeto inciado no governo Sérgio Cabral.

No fim do discurso, Aécio declarou:

— Me dêem a vitória no Rio de Janeiro que eu dou a vocês a Presidência da República.

No Estado do Rio, o PSDB não tem candidatura própria. Aécio Neves não decidiu se dará apoio ao ex-prefeito Cesar Maia do DEM ou se faz uma aliança formal com o PMDB. Neste caso, todo o material de campanha dos peemedebistas seriam confeccionados com o nome e a foto do tucano ao lado de Pezão.

Publicamente o ex-governador Sérgio Cabral, o prefeito do Rio, Eduardo Paes, e Pezão apoiam a reeleição de Dilma, mas no bastidores não trabalham para evitar o movimento Aezão.

No evento, o tucano criticou também a economia, a educação, e a saúde do governo Dilma, além de lembrar do escândalo envolvendo a Petrobras. Aécio ainda atacou o que ele chamou de “cemitério de obras paradas” para a Copa do Mundo.

Pelo menos 54 deputados federais e estaduais, 58 prefeitos e o senador Francisco Dornelles (PP), participam do lançamento do movimento, criado após rompimento da aliança no estado com o PT, que lançou a pré-candidatura ao governo do Rio com o senador petista Lindbergh Farias. A lista de presença tem ainda políticos do PR, legenda do também candidato a governador, o deputado federal Anthony Garotinho, e do PCdoB, que integra a aliança de Lindbergh.

Aécio chegou no local de helicóptero, acompanhado pelo presidente nacional do Solidariedade, deputado Paulinho da Força, e do deputado federal Otávio Leite (PSDB). Ele foi recebido pelo presidente regional do PMDB, Jorge Picciani, líder dos dissidentes do partido. No restaurante, há faixas e banners com as fotos de Aécio e Pezão e com as frases “Estamos com Aécio pelo Rio e pelo Brasil” e “O Rio é mais Aezão, o Rio e Pezão”. No cardápio, além do apoio a Aécio, há churrasco, camarão, saladas e música ao vivo.

Pezão reforça: ‘nós estamos com Dilma’
Após participar do lançamento das obras de recuperação ambiental das lagoas da Barra e de Jacarepaguá, no Parque dos Atletas, na Barra, o governador Luiz Fernando Pezão reafirmou na manhã desta quinta-feira o compromisso de apoiar Dilma.

— Domingo tive a oportunidade de conversar sobre isso com a presidenta Dilma, eu, o prefeito Eduardo Paes e o ex-governador Sérgio Cabral. Nós estamos com a presidenta Dilma. Mas desde o momento em que o PT saiu da aliança e que alguns membros petistas vão para o interior do estado e fazem críticas contra nós, cria um ambiente ruim. Não é por culpa nossa. As pessoas que estão saindo tiveram algum problema no relacionamento com o PT também — declarou o governador.

Pezão também afirmou que parte do movimento Aezão constitui uma “base forte” para sua campanha no Rio.

— Temos outros partidos, como o Solidariedade, que está com o Aécio Neves. Tem aqui o PSD do Rio que está com ele. Tem outro candidato, o pastor Everaldo, que está dentro da nossa coligação com PSC. Esse movimento vai existir. O Aécio sabe do meu pensamento. Admiro muito o senador. É um grande candidato e vai dar trabalho, mas quero reafirmar que estou com a presidenta Dilma — disse Pezão.

Festa do 'Aezão' reúne quase mil no Rio

• Evento defende apoio do PMDB regional à candidatura de Aécio Neves à Presidência

O Dia

RIO - O pré-candidato à Presidência da República pelo PSDB, Aécio Neves, compareceu nesta quinta -feira ao 'Aezão', movimento que defende o apoio do PMDB do Rio à candidatura do senador às eleições em troca de Neves subir em palanques ao lado do governador Luiz Fernando Pezão. Pezão não compareceu, mas o almoço reuniu cerca de mil pessoas do PMDB, PSDB, Solidariedade, PSD, PPS, PP, PSL, PMN, PEN e PPC, com vereadores, deputados federais e 58 dos prefeitos do estado do Rio.

No local do evento, um restaurante na zona sul, cartazes com fotos de Aécio e de Pezão foram colocados lado a lado, com outro cartaz com um sinal de '+' no meio.

Campos anuncia apoio a ruralista do PMDB

• Viagem a Mato Grosso do Sul para firmar aliança acontece no mesmo dia em que ex-governador reuniu ambientalistas para discutir programa de governo

Sérgio Roxo – O Globo

SÃO PAULO - No mesmo dia em que reuniu ambientalistas para discutir os temas que vão pautar a construção de seu programa de governo para o setor, o pré-candidato do PSB à Presidência da República, Eduardo Campos, vai ao Mato Grosso do Sul anunciar a aliança a um candidato a governador ligado ao agronegócio.

Para pegar carona no dia do Mundial do Meio Ambiente e "prestar uma homenagem" aos que lutam pela causa, Campos e a candidata a vice de sua chapa, Marina Silva, realizaram um seminário sobre sustentabilidade em São Paulo. Às 19h, a agenda do presidenciável prevê a participação no ato de apoio a Nelson Trad Filho (PMDB), em Campo Grande

A Rede, partido que Marina tentou criar no ano passado e está abrigado no PSB, não vai apoiar Trad.

- Dentro da realidade que nós vivemos no Mato Grosso do Sul nós fizemos a composição possível em torno de uma candidatura que tem relação com o chamado PMDB autêntico progressista - afirmou Campos.


“Podemos botar fim a esse ciclo de governo que está colocando em risco as principais conquistas”, diz Aécio

RIO DE JANEIRO (RJ) – O presidente nacional do PSDB, o senador Aécio Neves, concedeu entrevista coletiva nesta quinta-feira (5), no Rio, após participar de ato político em que recebeu apoio de oito partidos. Na entrevista, o senador respondeu a perguntas sobre o apoio recebido, as eleições 2014, PSDB-RJ e segurança pública. A seguir, trechos da entrevista.

Sobre ato político no Rio de Janeiro.
Quero dizer que estou imensamente feliz de ter participado hoje do maior evento que o Rio de Janeiro fez nessa pré-campanha eleitoral. Aqui hoje estão se encontrando forças políticas de várias matizes, de várias regiões do estado, se unindo em torno, em primeiro lugar, do fortalecimento econômico e do desenvolvimento social do Rio de Janeiro e, acima de tudo, de um novo ciclo de governo no Brasil, onde ética e eficiência possam caminhar juntas. Recebo essa manifestação como uma das mais eloqüentes manifestações de mudança que tenho visto por todo o Brasil. O Rio de Janeiro, com qual tenho enorme familiaridade, vivi muitos anos da minha vida no Rio de Janeiro, minha filha nasceu no Rio de Janeiro… Isso para mim, portanto, tem um significado do ponto de vista pessoal também muito grande.

Mas o que vejo é que várias forças políticas compreenderam que, se pudermos ter um belo resultado no Rio de Janeiro, podemos botar fim a esse ciclo de governo que está colocando em risco as principais conquistas que nos trouxeram até aqui ao longo desses últimos anos, como a estabilidade da moeda, a credibilidade internacional do Brasil e, mais do que tudo, os avanços sociais que viemos conquistando ao longo dos anos. tudo isso está sendo colocado em risco por um governo que, para se manter no poder, abandonou um projeto de país.

Hoje, os caminhos que se apresentam são muito claros. O da continuidade fará muito, mas muito mal mesmo ao Brasil. E o da mudança, que espero poder encarnar, é do início de um novo e virtuoso ciclo de desenvolvimento no Brasil.Quero dizer que estamos prestes a comemorar, nós, brasileiros, de todos os partidos ou sem partidos, duas grandes vitórias: vamos torcer para que o Brasil vença a Copa do Mundo e vamos trabalhar para que o Brasil vença também, derrotando o PT nas próximas eleições e elegendo um governo honrado, digno e, sobretudo eficiente.

É praticamente um lançamento de pré-campanha aqui?
Acho que sim. Mais do que isso. Acho que é uma demonstração de apoio e solidez à nossa pré-candidatura que se transforma, a partir de agora, em uma candidatura suprapartidária. A minha candidatura será a candidatura do Rio de Janeiro. A candidatura dos melhores valores do Rio, do desenvolvimento econômico do Rio, dos avanços sociais do Rio de Janeiro. Minha candidatura não tem a marca do partido A ou B, tem a marca dos brasileiros, cariocas e fluminenses honrados, que estão indignados com tudo isso que está acontecendo no Brasil. Fico muito honrado de poder estar recebendo hoje apoios tão importantes, tão expressivos e de regiões tão diversas do estado, o que me dá uma grande confiança de que poderemos vencer as eleições no Rio de Janeiro. Isso facilitará e muito a nossa vitória no Brasil.

Sobre apoio formal do PSDB ao pré-candidato Pezão.
O meu partido está discutindo isso e dirá nos próximos com o Democratas, com o PPS, com os quais temos aliança proporcional já fixada. E vamos definir de que forma o PSDB formalmente participará da campanha. Eu, pessoalmente, estou extremamente honrado de ser candidato dos melhores sentimentos dos fluminenses, dos cariocas, dos melhores sentimentos do Rio de Janeiro. E no Rio de Janeiro vamos vencer. Vencendo no Rio, vamos vencer no Brasil.

Sobre o governador do Rio
Pezão é meu amigo de muitos anos. Pezão é um governador honrado e tem todas as condições de vencer as eleições. Estar ao seu lado recebendo o apoio de forças políticas que o apoiam para mim é uma honra.

Sobre ações do governo federal em segurança pública já que é uma atribuição estadual.
Você acha que o governo federal não pode participar da política nacional de segurança? Ao contrário. O que falta ao Brasil hoje é uma política nacional de segurança. O governo federal gasta apenas 13% de tudo que se investe em segurança pública no Brasil, 87% são dos municípios. Queremos uma política nacional de segurança, onde o Fundo Penitenciário e o Fundo Nacional de Segurança Pública sejam impedidos de ser contingenciados, para que possamos fazer um planejamento com estados e municípios.

Fui governador por oito anos e senti quanta falta faz ao país uma política nacional de segurança, uma garantia para os estados e municípios de transferências mensais de recursos. Grande parte dos recursos de segurança pública tem sido contingenciados ao longo desses últimos anos. Para citar um exemplo, apenas o Fundo Penitenciário, do que foi aprovado ao longo dos últimos três anos no governo da presidente Dilma, apenas 10,5% foram executados. Do Fundo Nacional de Segurança Pública, apenas 35%.

No momento em que formos aplicar, implementar com inteligência, com planejamento, todos os recursos aprovados no orçamento da União, vai haver espaço para parcerias com estados e municípios para levarmos sim experiências vitoriosas, como essa do Rio de Janeiro, (as UPPS) que, obviamente, precisará e terá sempre aprimoramentos, a outras regiões metropolitanas de todo o Brasil.

Jorge Picciani é pé quente?
Pé quente e foi o grande responsável por essa organização aqui.

PSB deve contrariar Marina e definir nesta sexta apoio a Alckmin

• Partido sonha em atrair eleitores tucanos de São Paulo para Eduardo Campos

Sérgio Roxo – O Globo

SÃO PAULO — O PSB deve aprovar amanhã, em reunião do Diretório Estadual, o apoio à reeleição do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB). A posição contraria a vice da chapa presidencial da legenda, a ex-senadora Marina Silva, que defende uma candidatura própria no estado.

Na votação, será decidido se o posto de vice é condição para o acerto com os tucanos. A aposta é que Alckmin rejeitará a ideia de ter o ex-prefeito de São Paulo Gilberto Kassab (PSD) como vice. Os dirigentes do PSB, porém, admitem ficar só com a vaga da chapa ao Senado.

Hoje, Marina e Campos ainda falavam em ter uma candidatura própria em São Paulo.

— Tanto eu quanto o Eduardo, principalmente ele, temos persistindo em termos um projeto que esteja coerente com esse movimento. Estamos trabalhando para que o movimento (de ter candidato próprio) que estamos conseguindo em todos os estados, possamos conseguir aqui também em São Paulo — disse Marina.

— Nós, desde o primeiro momento, defendemos uma posição política da constituição da candidatura própria. Tem gente que trabalha para viabilizar isso, e tem gente que trabalha para inviabilizar. Eu trabalho para viabilizar. Mas não vou ficar discutindo uma questão de São Paulo passando por cima dos que devem liderar o processo no estados — disse Campos.

Apesar das declarações, a convocação para a reunião do Diretório Estadual do PSB postada no “site” da legenda já dizia que o encontro de amanhã tem como objetivo tratar “da aprovação e coligação majoritária com Geraldo Alckmin”.

Se confirmada a aprovação da aliança, a Rede, partido que Marina tentou criar e foi rejeitado pela Justiça Eleitoral, vai seguir um outro caminho e apoiar o candidato do PV ao governo paulista, Gilberto Natalini. Para a reunião de amanhã foram convidados todos os pré-candidatos a deputado do PSB no estado, mas os integrantes da Rede abrigados no partido avisaram que não irão.

Os dirigentes do PSB acreditam que a união com Alckmin pode dividir o PSDB paulista na eleição presidencial. Eles esperam que prefeitos do partido do governador optem por Campos, em detrimento do senador tucano Aécio Neves (MG), também pré-candidato a presidente. A estratégia inclui a montagem de 40 comitês nas maiores cidades paulistas apelidados de “Edualdo”, em referência aos primeiros nomes (Eduardo e Geraldo) dos dois candidatos.

— O PSB quer fazer um projeto para ganhar eleição presidencial. E, com isso, apoia Alckmin, que também representa os valores éticos que o povo busca na política — disse o vice-presidente estadual do PSB de São Paulo e prefeito de Campinas, Jonas Donizette.

Hoje, após participar de um seminário para ambientalistas, no qual discutiu os temas que vão pautar a construção de seu programa de governo para o setor, Campos foi a Mato Grosso do Sul anunciar apoio ao candidato a governador pelo PMDB, Nelson Trad Filho, ligado ao agronegócio.

Cúpula do PMDB monta QG em Brasília para evitar maior debandada de convencionais

• Lula se une ao esforço de manter aliança nacional com o PT em apoio à reeleição de Dilma

Maria Lima – O Globo

BRASÍLIA — Para evitar uma debandada de convencionais em outros estados, como acontece no Rio de Janeiro, a cúpula do PMDB montou, com a ajuda do ex-presidente Lula, um quartel-general em Brasília para monitorar a ala rebelde do partido que tenta impedir a reedição da coligação com o PT. A continuidade da aliança garantirá o tempo de TV do partido para a campanha da presidente Dilma Rousseff e a manutenção de Michel Temer na vaga de vice.

Além de Lula, Temer e a presidente Dilma, os telefonemas estão sendo coordenados pelo presidente da Fundação Ulysses Guimarães, Eliseu Padilha. Ele admite que há traições no Rio Grande do Sul, Pernambuco e Rio, e em menor escala em outros estados, mas que Dilma deve levar o apoio de 70% dos 740 votos na convenção do dia 10. Mas o vice-líder Danilo Forte (CE) diz que tudo vai depender do desfecho da disputa do PT com o PMDB em 15 estados.

— Tem muita espuma do outro lado, quem é contra fala muito. Mas a maioria é silenciosa. Como dizia Ulysses, quem entra naquele quadradinho para votar, sente uma vontade danada de trair, mas nem em Pernambuco perderemos a totalidade dos votos. Apenas o tamanho da vitória é indefinido, mas vamos ganhar — aposta Eliseu Padilha.

Ele admite que há situações ainda delicadas, como a do Ceará, onde o líder do partido no Senado, Eunício Oliveira, pode compor com adversários de Dilma se o PT se juntar aos irmãos Cid e Ciro Gomes (PROS) contra sua candidatura ao governo. E quem está cuidando de Eunício e seus 50 votos na convenção é Lula, que fala diariamente com ele por telefone. Teria oferecido, inclusive, gravar uma mensagem de apoio a sua candidatura.

— Os 50 votos do Eunício podem ir inteiros para um lado ou para o outro. Lula tem ligado para ele não só porque o Ceará é importante, mas porque gosta muito do Eunício — diz Padilha, que já dá como perdidos os votos de Danilo Forte e Aníbal Gomes, do Diretório do Ceará.

E é Danilo quem diz que a situação não está definida a favor de Dilma, apesar dos telefonemas “dramáticos” feitos por Lula, Michel e Padilha para os convencionais em todos os estados.

— Estão fazendo uma marcação cerrada. Uma hora dizem que o partido vai liberar os palanques para qualquer candidato a presidente nos estados. Mas também tem o discurso da misericórdia. Dizem que o Michel não pode ficar na mão, desempregado. Os apelos são dramáticos, mas chegou a hora de pensar num projeto coletivo para o partido, não só para Michel. Essa chantagem emocional não cola — diz Danilo Forte.

Dilma defende decreto; já Temer pede projeto de lei

• Presidente nega que conselhos ameacem o Legislativo e diz que ‘muitas cabeças’ pensam melhor que só as ‘cabeças do Executivo’

Rafael Moraes Moura e Tânia Monteiro - O Estado de S. Paulo

BRASÍLIA - A presidente Dilma Rousseff e seu vice, Michel Temer, deram declarações divergentes nesta quinta-feira, 5, sobre o decreto que cria os conselhos de consulta popular nos órgãos da administração federal direta e indireta e nas agências reguladoras. Enquanto Dilma defendeu o decreto, dizendo que “muitas cabeças pensam mais” do que apenas “as cabeças do Executivo”, Temer afirmou que o assunto precisa ser chancelado pelo Congresso.

Dez partidos na Câmara dos Deputados decidiram apoiar pedido de urgência na votação de um projeto que derruba o decreto de Dilma, publicado em 23 de maio. Na avaliação da oposição, o decreto burla a democracia representativa e permite o “aparelhamento” dos conselhos por aliados do governo federal. A criação dos conselhos populares de consulta ainda não tem data para começar. Pelas regras do decreto presidencial, o governo não é obrigado a atender as sugestões saídas desses conselhos.

“Somos a favor da consulta, nós somos a favor da participação de todos os segmentos no processo de estruturação das políticas do governo. Muitas cabeças pensam mais do que só a cabeça do Executivo. É uma convicção que nós temos e faz parte, eu acho, da construção da democracia no nosso país”, afirmou Dilma ontem em Brasília, em reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, o chamado “Conselhão”, órgão consultivo criado pelo antecessor de Dilma, Luiz Inácio Lula da Silva, e também criticado à época por ameaçar, segundo a oposição, as prerrogativas do Congresso.

“Esse é um processo que tem um tempo e mostra o papel importante que um conselho tem no processo de formulação de políticas no Brasil, e nada comprometendo o papel do Legislativo. São papéis diferentes, não é? O Legislativo apoia, aprova o corpo, e de onde a gente tira todas as características do corpo? A gente tira as características do corpo de uma consulta à sociedade”, disse a presidente.

Já Temer, em entrevista ao Estado, afirmou: “É provável que venha a ter um projeto de lei sobre isso. É uma matéria que está sendo discutida. Os conselhos são sempre úteis, mas vale mais um projeto de lei para integrar o Congresso Nacional nesta discussão”, disse.

Críticas. O presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), que na quarta-feira se recusou a colocar o projeto da oposição na pauta, criticou nesta quinta a edição do decreto em ano eleitoral, embora considere que o decreto não seja “ilegal, ilegítimo ou inconstitucional”. “Tomar uma decisão dessa, a seis meses do fim do governo e a três meses de uma eleição, não é o momento apropriado”, disse. “Que tipo de projeto poderá ser feito ainda a tempo deste governo executar, e antes do processo eleitoral, e que venha a passar por esse conselho?”

Alves afirmou que não pautou o requerimento de urgência do projeto do DEM que visa a sustar os efeitos da decisão de Dilma por considerá-lo “eleitoral”. “É uma discussão muito séria para se dar um conteúdo político eleitoral. Acusar, portanto, de políticas de outros países, de práticas bolivarianas, não é o caso nem o foco”, disse o presidente da Câmara.

Indefinição no Pros complica palanque para Campos no RJ

• Petistas querem que partido, que compõe aliança nacional, apoie a candidatura de Lindbergh Faria ao governo.

Eduardo Miranda - Brasil  Econômico

Às vésperas das convenções partidárias para oficializar as alianças nacionais e estaduais, o presidenciável Eduardo Campos (PSB) está correndo o risco de não ter ao seu lado, num palanque fluminense, um candidato ao governo do Rio de Janeiro. O socialista já havia anunciado apoio ao deputado federal Miro Teixeira (Pros), que é muito amigo de Marina Silva, vice na chapa de Campos, mas as negociações estão emperradas há algumas semanas.

O PSB quer satisfazer seus próprios interesses e propôs que a aliança fosse selada apenas nas eleições majoritárias, tendo Campos para presidente, Miro para governador e Romário (PSB) para o Senado. Nas proporcionais, pela vontade dos socialistas, não haveria coligação — ambas as legendas têm três deputados federais na Câmara. O Pros, que não vê a distinção da aliança com bons olhos, também está repensando a possibilidade de caminhar sozinho nas eleições do estado, diante do desempenho de Miro nas pesquisas de intenção de voto.

Esta semana, a situação de Campos no Rio de Janeiro se complicou. O PT nacional interveio na negociação, por não aceitar que o Pros, partido da base aliada do governo federal, feche uma aliança com o PSB para fazer oposição à presidenta Dilma Rousseff. Por isso, o presidente regional do PT, Washington Quaquá, tem conversado frequentemente com o dirigente fluminense do Pros, deputado federal Hugo Leal.

A proposta do PT é que o Pros entre na chapa do senador petista Lindbergh Faria para o governo do Estado. Além da pressão petista influenciando a decisão do Pros, este último tem avaliado que o apoio ao petista é uma das formas de se manter forte no Rio de Janeiro, já que as chances de se coligar, hoje, ao PMDB são mínimas. A chapa do governador Luiz Fernando Pezão (PMDB) está com as atenções voltadas para o PSDB. Ontem, o senador tucano Aécio Neves esteve no Rio e recebeu o apoio "informal" de prefeitos, deputados e vereadores do PMDB.

Internamente, comenta-se que o Pros está empenhado em fazer avançar seu diálogo com os petistas e que o deputado Miro Teixeira aceitaria abrir mão de sua candidatura ao governo do Estado. Mas, segundo integrantes do Pros, o parlamentar tem, também, algumas exigências: uma delas é ser indicado pelo PT como o candidato ao Senado na chapa.

Por isso, o PT fluminense está tentando convencer a deputada federal Jandira Feghali (PCdoB-RJ) a tentar a reeleição na Câmara. No final de abril, os petistas já haviam demovido a parlamentar comunista da disputa ao governo do Estado, selando com os comunistas a aliança para apoiar o senador Lindbergh. A vaga única de cada estado no Senado deixa o PCdoB receoso de que Jandira seja derrotada. Na Câmara, a deputada teria mais chances. Em 2010, ela, assim como Romário,
foi eleita com 146 mil votos.

Se o PT conseguir montar o quebra-cabeças com os aliados, aumentam as chances de ter Miro Teixeira na chapa de Lindbergh. Em tese, Jandira Feghali teria ganhos no longo prazo, com um prometido apoio do PT para que a deputada saísse candidata à Prefeitura do Rio numa chapa competitiva.

A ida de Miro e do Pros para a chapa de Lindbergh agrada a duas figuras da política fluminense: Alfredo Sirkis (PSB), que não deixou de demonstrar publicamente sua insatisfação, ao ser preterido como candidato ao governo do Estado e braço fluminense de Eduardo Campos; e o deputado Anthony Garotinho (PR).

Recentemente, o ex-governador rechaçou o apoio a Dilma Rousseff, argumentando que os demais candidatos da presidenta — Pezão, senador Marcelo Crive-11a (PRB) e Lindbergh — têm o apoio de partidos da base aliada, e ele, não. Apesar de dizer que não quer influenciar os 120 filiados do PR estadual, que escolherão nas prévias de 21 e 22 de junho o presidenciável que a legenda deve apoiar, Garotinho faz muitos elogios a Campos diante dos jornalistas.

Em conversa com o Brasil Econômico, o deputado federal Miro Teixeira disse que sua pré - candidatura está mantida e que ele recebeu, na semana passada, um e-mail do primeiro vice-presidente do PSB, Roberto Amaral, declarando apoio. Embora alguns líderes petistas admitam a real possibilidade de compor a chapa com o Pros, a ordem é não comentar o assunto até que a aliança seja oficializada.

Fernando Gabeira: Dilma e as uvas

• Agora que o fracasso se revela, resta ironizar o padrão Fifa que Lula se comprometeu a adotar

- O Estado de S. Paulo

Num de seus recentes discursos, Dilma Rousseff afirmou que as obras para a Copa terão padrão brasileiro, não padrão Fifa. Com essa frase queria dizer também que nossos padrões são mais democráticos, naturalmente referindo-se aos altos preços dos ingressos. Dilma fez tal declaração no fim de um período em que a Copa do Mundo foi perdida fora do campo e todos esperamos, ela com ansiedade singular, que seja ganha dentro do campo.

Essa frase de Dilma marca uma inflexão do governo nas suas relações com a Fifa, cujos dirigentes afirmam que o Brasil propunha a Copa em 17, e não 12 cidades. Foi preciso conter a megalomania de Lula e a própria Fifa foi otimista quando considerou 12 um bom número, levando em conta o tamanho do Pais, não suas reais possibilidades.

O Estádio Mané Garrincha, beirando o R$ 1,5 milhão, custou mais caro que um estádio do Qatar - país com a maior renda per capita do mundo - para 2022. Se os cálculos forem comprovados, o padrão brasileiro foi mais caro, no Mané Garrincha, do que o padrão Fifa sonharia. O estádio de Brasília é um monumento. Não sabemos ainda se é um monumento à incompetência ou à roubalheira, embora no padrão brasileiro os dois joguem no mesmo time, bem perto do gol.

Três estádios foram plantados em cidades cujo futebol não atrai multidões. O velho estádio de Natal só conseguiu lotação plena quando o papa visitou a cidade. Para o novo estádio teremos de combinar com o papa Francisco algumas visitas regulares, algo difícil porque um papa não faz visitas apenas para cumprir tabela.

Em Cuiabá presenciamos um fato inédito na história: no dia da visita de inspeção da Fifa, o governador e o presidente da Assembleia estavam presos. É a Copa das Copas, ou o mico dos micos, como quiserem.

Em Manaus, na imensidão um estádio vazio, uma arena amazônica que me deixa perplexo, sobretudo quando vejo o que vi na Vila de Boim, a seis horas de barco de Santarém: o esforço das comunidades para jogarem a sua própria Copa, numa região da floresta para a qual não existe política de esporte.

Lula quis dar salto maior que as pernas e agora que o fracasso se revela resta apenas ironizar o padrão Fifa que se comprometeu a adotar.

A esquerda não tem o monopólio da duplicidade e da dissimulação. Mas num partido como o PT e, sobretudo, num governo ditatorial como o cubano, são os dois elementos vitais para sobreviver e crescer. 

Em O Homem que Amava os Cachorros, Leonardo Padura fala de uma família cubana, possivelmente a do próprio escritor, que ensinou aos filhos exatamente o oposto dessa regra da sobrevivência: falar a verdade, ser fiel a si próprio.

O discurso do governo brasileiro em relação à Copa é de um zigue-zague acrobático, uma tentativa desesperada de abordar os fatos de frente e cair na realidade. Não foi uma ideia feliz trazer a Copa para o Brasil e assumir os compromissos que assumiu com a Fifa.

Isso não significa que a Copa não deva ocorrer, muito menos que deixamos de torcer pela vitória dentro do campo. Significa apenas que a linguagem cínica do governo é uma fonte permanente de degradação da vida política. Reflete uma lei interna segundo a qual não é preciso dizer o que pensa, regra válida para todos os que aderem. Basta que façam o jogo, dancem de acordo com a música.

Até que ponto o cinismo triunfará amplamente numa sociedade democrática é o enigma que envolve o futuro próximo do Brasil. Controlar o aparato estatal, o Parlamento e até o Supremo Tribunal ainda é um cobertor curto. Restam a sociedade, a imprensa, a internet.

Os militares compreenderam que não tinham resposta para o futuro e organizaram a retirada para não baterem em fuga desordenada, arriscando a instituição. O PT não acumulou forças para encarar a verdade, arriscar o poder e preservar-se para o futuro.

O discurso de Dilma não é voltado para a frente. Apenas adverte que a vitória da oposição significará um ajuste que vai reduzir salários, aumentar o desemprego e cortar verbas sociais. Embora não reconheça, ela deve saber que é necessário um ajuste, que pode ser moderado, no sentido que lhe dá Amartya Sen. Quer dizer, não precisa reduzir salários nem cortar verbas sociais. Um ajuste desse tipo seria voltado para os gastos irracionais do governo. Mas bateria de frente com o mundo político e burocrático, toda essa gente agarrada a cargos, verbas, negociatas. Às vezes, quando falamos em defender o salário do povo, estamos defendendo os nossos próprios salários. E reaparecem aí a duplicidade e a dissimulação.

Dotar o Brasil de um governo inteligente, aberto e conectado, transformar um sistema político que se tornou uma gigantesca sanguessuga não figuram no seu horizonte. O único caminho é usar os interesses populares como escudo para os seus próprios interesses e agarrar-se ao poder.

Na classificação de presidentes de toda a República no quesito crescimento, Dilma está em penúltimo e Fernando Collor em antepenúltimo lugar, atrás de Floriano Peixoto, portanto, entre os quatro de baixo que vão para a Segundona. Ao afirmar que as dificuldades econômicas foram conjunturais, ela pede uma segunda chance. Mas pede como se estivesse no grupo de cima, preparando-se para a Libertadores.

Como dizia Cazuza, suas palavras não correspondem aos fatos, sua piscina está cheia de ratos. Aceitar que suas palavras não correspondem aos fatos e limpar a piscina política e administrativa dos seus ratos é uma tarefa gigantesca. O caminho mais fácil é controlar o Estado, o Parlamento o Supremo, mobilizar uma artilharia eletrônica.

Que venham todos, porque, independentemente de resultados eleitorais, há um imenso número de brasileiros sabendo o que há por trás dessa duplicidade e dissimulação. Gente que gostaria de falar sério sobre nossos problemas, e não perder a energia desmontando as bravatas de Lula, como essa da Copa. Perdemos tempo, dinheiro, operários, moradias, irresponsabilidade que nem a vitória no campo conseguirá apagar.

Jornalista

Sandro Vaia: Gato por lebre, por Sandro Vaia

- Blog do Noblat

Entre uma greve de metrô e uma manifestação contra a Copa, entre um gol de Neymar e um berro de Felipão, a presidente Dilma, depois de dizer que os turistas não levam aeroportos nem estádios para casa, assinou no meio de uma pilha de decretos um especial: o 8.243, que praticamente joga para escanteio a democracia representativa, substituindo-a por uma peculiar democracia direta feita sob medida para que todos os caminhos levem a Roma.

Entenda-se como Roma, no caso, o governo, que o PT sonha em tornar intransferível.

Por causa do ruidoso silêncio em que o governo baixou o decreto, ele demorou a ser notado, tanto pela imprensa como pelos pré -candidatos de oposição, e até mesmo pelas suas principais vítimas, os legisladores, cuja condição de representantes do povo o decreto minimiza, criando instâncias acima deles formadas por ativistas de “movimentos sociais”.

Nove partidos representados no Congresso Nacional, que têm um total de 229 deputados, pretendem derrubar o decreto pelo voto e pediram regime de urgência para tramitação. Eles precisam de 257 votos - metade mais um. Mas o presidente da Casa, Henrique Alves, do PMDB, diz que não coloca na ordem do dia “porque não quero”.

O primeiro alerta veio da parte da imprensa tradicional que ainda se preocupa com a institucionalidade da democracia.Em editorial, o Estadão alertou:

"O Decreto nº 8.243 é um conjunto de barbaridades jurídicas, ainda que possa parecer, numa leitura desatenta, uma resposta aos difusos anseios da rua. Na verdade é puro oportunismo para colocar em prática as velhas pretensões do PT a respeito do que membros desse partido entendam que seja uma democracia".

O jurista Ives Gandra foi direto:

"Quando eles falam de participação da sociedade, todos nós sabemos que essas comissões serão de grupos articulados, como os movimentos dos Sem Terra e dos Sem Teto que têm mentalidade favorável à Cuba, à Venezuela". Para Gandra, o decreto tenta "alijar o Congresso".

O governo foi oportunista e pegou carona na crise de representatividade que levou milhões às ruas na Europa, no Oriente Médio, na Ásia e na América para baixar um decreto que cria formas de participação “da sociedade civil”, mas aplicou o truque de definir “sociedade civil” como “movimentos sociais” estruturados ou não, quando até as pedras da rua sabem quem controla esses “movimentos sociais”, que formarão os conselhos que já nascerão devidamente aparelhados.

O jornalista Fernão Lara Mesquita fez em seu blog (vespeiro.com) um ponto-a-ponto mostrando as ameaças de cada artigo e parágrafo do decreto à democracia,e o escritor e professor Augusto de Franco, (http://net-hcw.ning.com ou em sua página no Facebook) criador da Escola de Redes, também está dissecando o decreto ditatorial do ponto de vista do novo ambiente de interação democrática criada pelas redes sociais.

O decreto 8.243 tenta passar gato por lebre.

Sandro Vaia é jornalista. Foi repórter, redator e editor do Jornal da Tarde, diretor de Redação da revista Afinal, diretor de Informação da Agência Estado e diretor de Redação de “O Estado de S.Paulo”. É autor do livro “A Ilha Roubada”, (editora Barcarolla) sobre a blogueira cubana Yoani Sanchez e "Armênio Guedes, Sereno Guerreito da Liberdade"(editora Barcarolla).

Merval Pereira: Fora do campo

- O Globo

A frase famosa do escritor e pensador inglês do século XVIII Samuel Johnson “o patriotismo é o último refúgio dos canalhas” volta e meia retorna ao debate quando governantes se utilizam do sentimento patriótico para encobrir seus erros. Parece que chegamos a esse ponto.

A situação está tão caótica que os ministros do governo Dilma já estão apelando até mesmo para o patriotismo dos grevistas na tentativa de reduzir os danos que já estão sendo causados pelo trânsito impossível em São Paulo, devido à greve dos metroviários ontem, e a diversas manifestações nos últimos dias, que prometem se repetir hoje no jogo treino da seleção.

Ganhar a Copa também fora do campo virou mantra das autoridades brasileiras, a começar pela própria presidente Dilma. Infensa a entrevistas, a presidente anda procurando programas de televisão em todos os canais para falar bem da organização da Copa do Mundo, e pedir apoio da população para que tudo corra bem.

Não se cansa de repetir “nosso queridíssimo e saudoso” Nelson Rodrigues para dizer que a seleção é a pátria de chuteiras. Interessante que a hoje presidente renda homenagens a um dos maiores autores brasileiros, mas que sempre foi um reacionário de carteirinha.

Certamente a “guerrilheira” Dilma deveria considerar Nelson Rodrigues um direitista repulsivo, e a citação a ele não passa de ação de marketing para tentar uma aproximação com os torcedores. Nelson era dos que considerava que torcer pela seleção brasileira é um ato de patriotismo, e Dilma, embora tenha confessado que em 1970 torceu pelo Brasil mesmo sem querer, necessariamente pensava de maneira diversa antes de chegar ao poder.

O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, mistura política e futebol da mesma maneira que os grevistas oportunistas, que aproveitam a visibilidade do país no mundo para encostar na parede seus empregadores na área estatal.

Quando Cardozo diz que é necessário projetar uma boa imagem do país, está dando a dimensão geopolítica que a organização da Copa do Mundo (e também das Olimpíadas) tem, e que o governo menosprezou, ao dar mais importância a ganhar a Copa do que a realizá-la, na análise correta do secretário-geral da Fifa Jérôme Valcke.

Já o ministro Gilberto Carvalho, da Secretaria Geral da Presidência, está preocupado com manifestantes e grevistas, que oficialmente são o público- alvo de seu ministério.

É ele o responsável pela ligação com os chamados “movimentos sociais”, que o PT cevou com dinheiro público e tratou com leniência até recentemente, imaginando que eles tivessem o “bom senso” de ajudar o governo numa hora como essa da Copa.

Mas o movimento dos sem-teto, que organiza manifestação em São Paulo para hoje, já ameaçou impedir que os torcedores cheguem ao Itaquerão para ver o jogotreino da seleção brasileira.

Falando em tom quase épico, Gilberto Carvalho pediu “uma trégua cívica” aos grevistas que paralisam serviços essenciais nas cidades-sede dos jogos da Copa.

Ora, quando o governo do ex-presidente Lula decidiu considerar de interesse nacional disputar a realização da Copa do Mundo e das Olimpíadas, pensava-se que se tratava de uma estratégia de política internacional que o governo havia montado para ressaltar a presença do Brasil nos Brics e, em consequência, no mundo.

A seu tempo, também Rússia, China e África do Sul assumiram esse papel. À importância geopolítica da tarefa não correspondeu, porém, à maneira desleixada como ambos os governos petistas trataram a realização dos eventos, e só na undécima hora veem nossas autoridades apelar para o patriotismo do povo
brasileiro.

Surpreendentemente, o povo tão amante do futebol está separando a disputa em si dos erros do governo.

O desânimo que se reflete na falta de ruas enfeitadas certamente dará lugar à alegria dentro dos estádios.

Fizeram bem os jogadores e a comissão técnica em evitar uma ligação mais politizada com as autoridades governamentais e políticos de maneira geral.

Uma vitória do Brasil dentro do campo dará uma alegria à população, mas dificilmente fará o ambiente político se desanuviar. Uma derrota no futebol vai exacerbar os ânimos já exaltados. A vitória fora do campo está cada vez mais difícil.

Dora Kramer: Casamento aberto

• Cinco dias antes da convenção, PMDB dá salvo-conduto à traição

- O Estado de S. Paulo

A fidelidade partidária não é norma escrita nem praticada entre nós, sabemos disso. Mas, sempre foi costume manter as aparências. Os infiéis atuavam por baixo dos panos, mantinham alguma discrição, deixando espaço para o desmentido da traição.

Desde ontem, porém, ficaram revogadas quaisquer cerimônias depois do ato público do PMDB do Rio de Janeiro de adesão à candidatura do tucano Aécio Neves, cinco dias antes da convenção do partido que, conforme assegura o vice-presidente Michel Temer, renovará a aliança com o PT no plano federal.

Em matéria de infidelidade, nunca se viu nada igual. Houve, em eleições passadas, o movimento "Lulécio", que buscava eleitores de Lula e Aécio, rifando a candidatura presidencial tucana em Minas Gerais. Houve também a adesão do então presidente do PSDB à candidatura de Ciro Gomes, em detrimento do desafeto José Serra.

Mas, nada parecido com o ato de ontem que reuniu nove legendas, mais da metade dos prefeitos do Estado, centenas de pessoas e as principais lideranças regionais do partido num almoço de arromba para celebrar o oponente da presidente Dilma Rousseff por ora mais bem posicionado nas pesquisas.
O movimento chama-se "Aezão", junção dos nomes de Aécio e (Luiz Fernando) Pezão, o vice-governador que assumiu com a renúncia de Sérgio Cabral Filho e que agora concorre pelo PMDB.

Com o apoio da presidente Dilma, a quem ele também confere todas as honras. Não a ponto de ter feito um gesto contrário ao ato oficial (sim, pois lá estavam todas as instâncias oficiais do PMDB regional) de adesão ao adversário.

Nem o governador nem Cabral estiveram no almoço, mas digamos que não seria necessário. Ficou muito bem entendido: desta vez, o casamento com o PT é uma relação "aberta". O PMDB dá o tempo de televisão, recebe em troca a vice-presidência, mas não tem obrigação alguma de pôr sua mão de obra nos Estados a serviço da campanha pela reeleição da presidente.

O apoio do PT em eleições anteriores foi um ativo para os partidos aliados. O desafio do governo é que não se transforme em um passivo. Enquanto o Planalto estava bem nas pesquisas, interessava aos políticos seguirem juntos. A virada dos ventos os leva à busca de alternativas.

Note-se o que corre em São Paulo. O ex-prefeito havia declarado apoio a Dilma e já começa a reexaminar a escolha, considerando não apenas a hipótese de ser vice do inimigo Geraldo Alckmin, como de não firmar aliança nacional com o PT para Henrique Meirelles poder ser vice de Aécio.

E Paulo Skaf? Diante da afirmação de Dilma de que ela teria duas candidaturas, a dele e a de Alexandre Padilha, para tentar derrotar o PSDB em São Paulo, deu um alto lá: "Aqui o PT é adversário".

Pela lógica. O jornalista estrangeiro pergunta à presidente Dilma Rousseff por que o Brasil está crescendo tão pouco. Ela responde: "Não sei".

De onde é improvável que saiba como fazer para o País crescer tão pouco.

Outra música. Com toda irritação, contestação aos gastos, megalomanias vexatórias e promessas descumpridas, uma coisa é certa: a maioria das pessoas não vai trocar a oportunidade de aproveitar o espetáculo de festejar uma Copa do Mundo no Brasil pela militância da reclamação.

Até porque os motivos não cessam e haverá tempo de sobra para protestar. Descontada a possibilidade de vaia nos estádios, da qual autoridade nenhuma está livre, o mais provável é que "baixe" no País um clima de relativa trégua no pessimismo.

Seria, porém, conveniente que o governo não tentasse se aproveitar e que a oposição se recolhesse um pouco em reconhecimento da insignificância da disputa eleitoral diante da magnitude das emoções dos embates em campo durante o Mundial.

Quem tentar atrapalhar ou tiver a intenção de se beneficiar vai enfrentar reação.

Claudia Safatle: Recessão entra no horizonte da economia

• Adiada a transição do consumo para o investimento

- Valor Econômico

Recessão. Essa palavra voltou ao vocabulário dos economistas do setor privado como uma possibilidade concreta para os próximos trimestres, mas é vista como uma conclusão prematura por autoridades do governo. Depois de um crescimento de apenas 0,2% no primeiro trimestre do ano, as expectativas se consolidam para uma contração da atividade no segundo e no terceiro trimestres.

"Já estamos em recessão", adiantou, porém, o ex-diretor do Banco Central, Luiz Fernando Figueiredo, da Mauá Sekular Investimentos. Ele explicou: qualquer contração do PIB igual ou superior a 0,2% no segundo trimestre provocará um ajuste sazonal, pelo IBGE, nos dados do primeiro trimestre que passaria a registrar PIB negativo ao invés do crescimento de 0,2%. Isso caracterizaria uma recessão técnica, entendida como dois trimestres consecutivos de queda do produto.

Modelos estão sendo rodados pelos economistas da área financeira com os dados mais recentes da economia real: queda de 0,3% na produção da indústria em abril e retração mais acentuada, de 0,6%, da indústria em maio, segundo dados divulgados pela Anfavea (associação das montadoras), além de menos dias úteis para a produção em junho com o início da Copa do Mundo.

O resultado seria um PIB negativo entre 0,4% e 0,5% no segundo trimestre. Desempenho que gera uma herança estatística ("carry over") ruim para o terceiro trimestre, que também apresentaria taxa negativa de cerca de 0,25%. Nos últimos três meses do ano, a variação do PIB tenderia a zero. Se confirmadas essas projeções, a expansão da economia no último ano da gestão de Dilma Rousseff pode ficar abaixo de 1%.

Técnicos do governo não descartam de todo a possibilidade de recessão. Mas consideram cedo para tomá-la como um cenário provável. Examinando os resultados do IBC-Br de julho de 2013 até o último dado conhecido, de março deste ano, o que se constata é que o país estagnou: teve, na média, uma taxa negativa de 0,02%.

É difícil entender como a inflação resiste no patamar de 6% com uma economia tão fraca, assim como as expectativas de inflação também não cedem.

A resposta está na ata do Comitê de Política Monetária (Copom), divulgada ontem, que cita o "realinhamento dos preços domésticos em relação aos internacionais e dos preços administrados em relação aos livres". Ou seja, os destinos incertos da taxa de câmbio e dos preços represados pelo governo (energia, gasolina) concorrem para manter a expectativa inflacionária elevada para 2015. De março para cá os prognósticos do mercado colhidos pelo relatório Focus do Banco Central já agregaram mais de 1 ponto percentual na projeção de aumento dos preços administrados em 2015.

Em resumo: para levar o IPCA para a meta de 4,5% será preciso, antes, passar por uma inflação na casa dos 7% em 2015. A convergência da inflação, portanto, só pode ser vislumbrada de 2016 em diante, na avaliação de importantes fontes oficiais.

Outra questão que a ata ressalta é que mudanças relevantes na composição da demanda e da oferta agregada só devem ocorrer no médio prazo. Isso se traduziria pela transição do crescimento centrado na expansão do consumo para um modelo privilegiado pelo investimento. Apesar de essa mudança constar dos discursos oficiais, ela não se materializou.

O consumo das famílias e do governo cresceram ao limite e sustentaram a demanda agregada. Mas, agora, ambos bateram no teto. De pouco adianta o ministro da Fazenda, Guido Mantega, declarar como fez ontem que "a taxa de crescimento da economia seria maior se houvesse mais crédito para o consumo".

Com os níveis de confiança do consumidor e dos empresários próximos ao que estavam no auge da crise global de 2008/09, não há como incentivar as famílias a se endividarem mais frente ao risco de perda do emprego. Os bancos não vão expandir o crédito a contento nem o governo poderá acelerar seu consumo com aumento do endividamento público, por limitações fiscais.

O crédito externo que financiou o aumento da demanda - processo que levou o déficit em conta corrente do balanço de pagamentos para quase 4% do PIB - também rareou.

O aumento do investimento, porém, não ocorreu, deixando a economia estagnada e o governo sem instrumentos para reanimá-la.

A política monetária implementada pelo Banco Central elevou a taxa básica de juros em 3,75 pontos percentuais e seus efeitos começaram a aparecer. O aperto nos juros derrubou a demanda, mostrando que o juro como elemento central do controle da inflação continua eficaz. Não dobrou as expectativas porque elas estão sendo alimentadas por um eventual choque de preços administrados em 2015.

A elevação da taxa Selic não foi o fator preponderante a desestimular os investimentos. A queda vertiginosa da confiança dos empresários no futuro e a corrosão no relacionamento do setor privado com o governo é que estão na raiz da retração dos investimentos, apesar dos generosos financiamentos do BNDES a juros subsidiados.

Conforme a ata do Copom os juros devem ficar parados em 11% ao ano por um bom tempo. Os efeitos do aumento da Selic sobre a inflação, que são defasados e cumulativos, começaram a aparecer nos indicadores mais recentes da atividade econômica. Ficarão mais evidentes quando em agosto, no auge da campanha eleitoral, o IBGE divulgar o PIB do segundo trimestre.

O tempo econômico está andando mais rápido que o tempo político e isso preocupa o PT, principalmente se o desemprego começar a aumentar de forma visível antes das eleições. Dilma Rousseff concorre ao segundo mandato em uma situação bem mais adversa da que embalou sua campanha em 2010, quando o então presidente Lula turbinou o crescimento para 7,5%, deixou a inflação em 5,91% mas crescente e um ambiente de otimismo no país que elegeu sua sucessora. Foi uma herança ruim. A presidente entrega o primeiro mandato com menos crescimento, mais inflação e o pessimismo está disseminado no país.

Rogério Furquim Werneck: A agenda de reconstrução de 2015

• São as perspectivas de expansão da economia que estarão em jogo em outubro

- O Globo

O melancólico apagar das luzes do atual mandato presidencial vem surpreendendo até mesmo quem jamais escondeu seu pessimismo sobre as possibilidades do governo Dilma Rousseff. O desempenho da economia deteriora-se a cada dia. Na esteira de um colapso na confiança de consumidores e investidores, o nível de atividade praticamente estagnou no primeiro trimestre. E está em queda no trimestre em curso. Já se estima que o crescimento do PIB em 2014 não chegue a 1,5%. O que deixaria a taxa anual média de crescimento da economia no governo Dilma Rousseff abaixo de 1,9%.

Apesar desse crescimento pífio, o quadro inflacionário continua preocupante. A inflação em 12 meses está prestes a ultrapassar o teto de tolerância da meta. Inflação de 7,5%, em 2015, em decorrência da inevitável descompressão de preços administrados que ocorrerá depois das eleiçoes, é o que agora prevê um dos principais responsáveis pela desastrosa pajelança ministrada ao país sob o rótulo de “nova matriz macroeconômica” (entrevista de Nelson Barbosa, “O Estado de S. Paulo”, 29/5).

É bom não ter ilusões sobre a herança amarga com que terá de arcar o novo governo. Há pela frente uma complexa agenda de reconstrução da política econômica. E, dessa perspectiva, o cenário de reeleição da presidente só pode ser visto com enorme desalento. O governo mostra-se completamente despreparado para fazer o que precisa ser feito. Insiste em negar a necessidade de mudanças na política econômica. E, agarrando-se a um discurso primitivo e populista, que marca retrocesso de pelo menos 20 anos no debate econômico do país, vem denunciando qualquer proposta de mudança como defesa de arrocho salarial e desemprego.

A análise do cenário alternativo, de vitória da oposição na eleição presidencial, permite vislumbrar com mais clareza a agenda de reconstrução da política econômica que terá de ser enfrentada em 2015. É bom notar que, em meio às muitas dificuldades, haveria amplo espaço para uma colheita fácil de resultados iniciais importantes, com o anúncio de medidas que possam dar lugar ao choque de credibilidade que há muito tempo se faz necessário na condução da política econômica.

A simples nomeação de uma equipe econômica respeitável, que soubesse manter um discurso coerente e fosse capaz de restabelecer sintonia entre as atuações da Fazenda e do Banco Central, já faria enorme diferença. Na área fiscal, a restauração da credibilidade do registro das contas públicas seria um grande avanço. Bastaria um anúncio singelo de encerramento definitivo do festival de truques contábeis que vêm pautando a política fiscal. Naturalmente, isso exigiria a desmontagem do gigantesco orçamento paralelo que, há muitos anos, o governo vem alegremente mantendo no BNDES.

A condução da política econômica em novas bases, aliada à percepção de efetivo compromisso do novo governo com a manutenção de regras estáveis, agências reguladoras bem tripuladas e postura desarmada em relação ao papel do capital privado na expansão da infraestrutura, poderia engendrar vigorosa recuperação dos investimentos e do nível de atividade.

Depois de todo um mandato presidencial em que as autoridades monetárias se permitiram manter a inflação muito acima da meta, reancorar as expectativas inflacionárias deverá exigir bem mais do que a simples nomeação de uma diretoria competente para o Banco Central. Em meio à necessidade de reajustar preços administrados represados, é bem provável que o novo Banco Central leve algum tempo para fazer a inflação convergir para a meta, mesmo que se mostre convincentemente comprometido com esse objetivo.

Tudo isso seria só o começo: a reconstrução institucional preliminar que, em seguida, permitiria reabrir agenda mais ambiciosa de medidas que possam destravar o crescimento econômico do País. Uma agenda que desapareceu de cena já há muitos anos.

É essa possibilidade de ampliar as perspectivas de expansão da economia que estará em jogo na eleição de outubro.

Rogério Furquim Werneck é economista e professor da PUC-Rio

Roberto Freire: Dilma, a presidente do 'pibinho' e da inflação

- Brasil Econômico

Não foram poucas as tentativas do governo petista de edulcorar a realidade e vender aos brasileiros a imagem de que o país avançava sob o comando de Dilma Rousseff, mas os fatos insistem em desmentir os artífices da propaganda enganosa. Os dados mais recentes divulgados pelo IBGE revelam que o Produto Interno Bruto (PIB) registrou um pífio crescimento de 0,2 % no primeiro trimestre em relação aos últimos três meses de 2013. O consumo das famílias recuou 0,1% no período, pior resultado desde o terceiro trimestre de 2011.

Houve retração de 2,1% nos investimento se a indústria caiu 0,8%.A desaceleração verificada no Início do ano se dá em meio à evidente falta de confiança dos agentes econômicos nas políticas adotadas pelo atual governo, que demonstra reiteradamente sua incompetência na condução da economia.

Diante de desempenho tão medíocre, a alcunha de presidente do "pibinho" cai bem em Dilma. Às portas do fim de seu governo, a média anual de crescimento do PIB durante a gestão da petista é de 2,1%, segundo cálculos do professor Reinaldo Gonçalves, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Após a redemocratização, apenas o período de Fernando Collor, com retração de 1,3%, foi mais desastroso. O índice atual é inferior aos de Itamar Franco, Lula e Fernando Henrique Cardoso.

A presidente também está abaixo da média de crescimento da história republicana do país: 4,4% ao ano desde Deodoro da Fonseca, em 1889. Na lista dos 30 mandatos presidenciais do Brasil, Dilma aparece na sofrível antepenúltima colocação, ao lado de Venceslau Brás (1914-1918) e só à frente de Collor e Floriano Peixoto (1891-1894), que registrou queda média de 7,5% por ano.

Com a série interminável de "pibinhos", diminuem a renda e o consumo das famílias, que sofrem com o aumento da inflação (6,31% no acumulado dos últimos 12 meses) e a diminuição da oferta de emprego. De acordo com a Pnad Contínua, do IBGE, a taxa de desemprego subiu de 6,2% para 7,1% no primeiro trimestre (no Nordeste, é de 9,3%). O número de brasileiros sem trabalho saltou de 6,1 milhões para 7 milhões de um trimestre para outro. Além disso, há cerca de 62 milhões de pessoas que não trabalham nem procuram emprego e 9,6 milhões de jovens sem estudo ou trabalho, compondo a geração "nem-nem".

O esgotamento do atual modelo leva à insatisfação generalizada da população, como revela um levantamento feito pelo renomado instituto de pesquisa norte-americano Pew Research Center. Segundo a sondagem, nada menos que 72% dos brasileiros se dizem descontentes com a situação do país e 85% apontam a escalada de preços como a maior preocupação. Dois terços (67%) dos entrevistados consideram a situação econômica ruim. Depois da inflação, surgem na lista de preocupações a saúde (83%), a corrupção (78%) e o desemprego (72%).

Dilma será lembrada pela deterioração da economia e pelos "pibinhos" que acumulou nos quatro anos de mandato. Por mais que a máquina de propaganda do PT tente ludibriar a sociedade e o mercado, inclusive com manipulação de dados e controle artificial de preços, cada vez mais gente se dá conta da peça de ficção encenada com a desfaçatez que caracteriza os atuais ocupantes do poder. Mas eles vão passar. O país já não suporta um desempenho econômico tão medíocre, com o PIB lá embaixo e a inflação no alto. A mudança virá.

Roberto Freire é deputado federal (SP) e presidente nacional do PPS

Ações e reações: O Estado de S. Paulo - Editorial

Na política, frequentemente o que importa, mais do que a ação, é a reação. É a capacidade de corrigir os erros, impedindo ou reduzindo os seus efeitos deletérios. Neste sentido, a reação do Congresso ao Decreto 8.243, da presidente Dilma Rousseff, trouxe esperanças de que ainda existem instituições no Brasil não enfeitiçadas pelo lulismo. Dez partidos - DEM, PPS, PSDB, SDD, PV, PSB, PRB, PSD, Pros e PR, sendo que os últimos três integram a base aliada do governo - assinaram requerimento de urgência para que a Câmara dos Deputados vote um decreto legislativo revogando o ato presidencial. Esses partidos decidiram que não querem assistir passivamente ao solapamento das instituições democráticas pelo PT.

Foi uma reação imediata e proporcional a um decreto que fere a democracia representativa consagrada na Constituição, criando canais paralelos de poder, não legitimados pelas urnas, com o consequente aparelhamento do Estado. Conforme já dissemos em editorial, a mensagem subliminar em toda essa história é a de que o Poder Legislativo é dispensável.

A tomada de posição dos dez partidos foi suficientemente forte para que o ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, viesse a público defender o decreto, o que também fez, no dia seguinte, a presidente Dilma Rousseff. É compreensível a atitude de ambos. A dela, por ter assinado um ato que, se pode asfixiar o sistema representativo, está perfeitamente de acordo com suas convicções ideológicas. E a dele, porque o tal ato presidencial só aumenta o seu poder, ao subordinar a Política Nacional de Participação Social à sua pasta.

Mas o que diz o sr. Gilberto Carvalho não tem propósito. Afirma ele que o decreto apenas regulamenta o que existe. Ora, a existência de Conselhos não provocou a oposição dos políticos e também de influentes setores da sociedade civil. A reação ocorreu por força da manipulação expressa no Decreto 8.243, que não se limita a regulamentar o que já existe. O que o decreto visa é criar um complexo sistema de "participação popular" e instituir uma verdadeira política de participação ideologicamente orientada, que se sobrepõe ao Poder Legislativo. Tenta-se fazer, sem a incômoda convocação de uma Constituinte e nem mesmo por meio de uma emenda constitucional, a substituição do sistema representativo por uma "democracia direta e participativa".

Até mesmo os brasileiros mais jovens, que felizmente não tiveram a experiência de viver sob um regime que não sabe respeitar nem conviver com um Congresso livre, podem ter uma ideia do que se pretende com essa "sutil" mudança de regime. Basta observar o que acontece em alguns países latino-americanos, cujos líderes chegaram ao poder prometendo governar ouvindo o povo, sem a intermediação de partidos carcomidos. Fizeram o seu próprio partido, organizaram a sua corriola e governam com poderes extraordinários - embora convoquem eleições regularmente. É a essas ditaduras disfarçadas que o governo do PT continua fiel e orgulhosamente envia sinais de simpatia.

E, se ainda pairasse alguma dúvida sobre o que significa o decreto, o próprio ministro Gilberto Carvalho ofereceu um didático exemplo. Em defesa do ato que lhe conferia tão sonhados poderes, disse que o decreto foi construído em parceria com os movimentos sociais e com a sociedade civil. Ora, como pode ter havido ampla discussão sobre o conteúdo de um decreto que, ao ser publicado, surpreendeu a todos - deputados e senadores, juristas, lideranças civis, etc.? Evidentemente, os movimentos sociais e a sociedade civil a que o ministro se refere são predominantemente as militâncias, encabrestadas ou não, que se iludem achando que serão protagonistas da tal "democracia direta e participativa". Mas a história mostra que esse tipo de regime, uma vez instalado, produz ditaduras ferozes.

E essas coisas são contagiosas. Na quarta-feira passada, o presidente da Câmara, deputado Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), afirmou a quem quis ouvir que não colocaria na pauta de votação da Casa o pedido de urgência dos dez partidos. Indagado sobre suas razões, respondeu, imperioso:

"Porque não quero!".