Vitórias de Haddad impressionam, mas falta controlar gasto
O Globo
Sucesso em 2023 é inquestionável, mas
arrecadar mais não bastará para cumprir metas fiscais agressivas
Depois de um ano como ministro da Fazenda,
Fernando Haddad destacou suas conquistas em entrevista exclusiva ao GLOBO. A
primeira foi o novo arcabouço fiscal, que tranquilizou — ao menos por ora — o
mercado sobre o compromisso do governo em controlar a dívida pública. A segunda
foi a reforma tributária, que começa a corrigir o sistema de impostos mais
disfuncional do mundo.
Em 2023, Haddad contribuiu para um debate
econômico racional, feito nada desprezível tendo em vista o retrospecto de
gestões petistas. Teve a sabedoria de evitar os ataques estéreis à taxa de
juros que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva desferiu contra o Banco
Central. Derrotou a resistência em seu próprio partido e conquistou o apoio de
lideranças do Congresso para aprovar os projetos cruciais a sua gestão. O
resultado de tudo isso se vê nos indicadores: dólar em queda, inflação sob
controle, recuperação na renda e crescimento acima da expectativa no início do
ano. Êxitos inquestionáveis.
Na entrevista, ele foi sábio ao deixar a arrogância de lado e realçar que, nos embates com setores do PT, foi Lula a decidir pelo caminho que seu instinto ou sua experiência anterior como presidente indicavam como correto. No sistema presidencialista, se o presidente não arbitra, nada anda.