Correio Braziliense
Seu maior legado é a Constituição de 1988,
que assegura as liberdades e os direitos sociais. Vale o registro de que Sarney
estava disposto a apoiar o parlamentarismo
Era uma tensa reunião do Comitê Central do
antigo Partido Comunista Brasileiro (PCB) para discutir a posição da legenda
recém-legalizada, às vésperas das eleições de 1986. Uma ala desejava formar uma
frente de esquerda e apoiar candidatos de oposição ao governo, mas prevaleceu a
posição da cúpula da legenda, então sob a liderança de Giocondo Dias, um
ex-cabo do Exército, que havia liderado a chamada Intentona Comunista em Natal
(RN), em 1935, e sucedera o legendário Luiz Carlos Prestes, em 1980.
"Vocês ainda vão sentir saudades do
Sarney", vaticinou Giocondo, ao defender a manutenção da política de
frente democrática tecida pelos comunistas com os políticos liberais, durante o
regime militar, e que levou à eleição de Tancredo Neves (MDB) no colégio
eleitoral. Estava-se em meio à longa transição negociada com os militares, que
aceitaram, contrariados, a derrota de Paulo Maluf (também não morriam de amores
por ele). A alternativa descartada era uma frente com PDT, PT e PSB, leia-se,
Leonel Brizola, Luís Inácio Lula da Silva e Miguel Arraes, respectivamente.