quinta-feira, 3 de outubro de 2024

O que a mídia pensa / Editoriais / Opiniões

Melhor nota de risco não é motivo para complacência

O Globo

Agência Moody’s colocou Brasil a um passo do grau de investimento, mas incerteza fiscal persiste

Não surpreende a comemoração do governo com a decisão da agência de classificação de risco Moody’s de elevar a nota do risco soberano do Brasil para o nível imediatamente abaixo ao de bom pagador, ou grau de investimento. Há apenas cinco meses, a agência alterara a perspectiva brasileira para positiva, mas não era esperado novo anúncio tão cedo. Há motivo para celebração, mas também para cautela, devido à incerteza fiscal.

Na explicação para a decisão, a Moody’s destaca o desempenho acima das expectativas. Pelos seus cálculos, o PIB crescerá 2,5% neste ano. Alicerçado nas reformas dos últimos anos, o patamar deverá continuar alto, diz a agência. É fato que as mudanças nas leis trabalhistas no governo Michel Temer melhoraram o ambiente de negócios. A independência do Banco Central na gestão Jair Bolsonaro pavimentou o caminho para uma política monetária confiável. E a nova arquitetura tributária, proposta no atual mandato de Luiz Inácio Lula da Silva e em via de ser regulamentada no Congresso, deverá elevar o potencial de crescimento da economia. Mas não foi só isso.

Maria Hermínia Tavares - A Venezuela não é aqui

Folha de S. Paulo

Nada autoriza afirmar que haja falta de compromisso de Lula e do PT com a democracia no Brasil

Nos oito anos em que exerceu a Presidência, Fernando Henrique Cardoso nunca foi criticado por manter relações cordiais com seu homólogo venezuelano Hugo Chávez. FHC gosta de contar episódios jocosos que demonstram que os dois mandatários se davam muito bem, para além dos protocolos exigidos pelos cargos que ocupavam —mesmo que já então não fosse difícil prever para onde o populismo chavista conduziria Caracas.

A diplomacia presidencial de Cardoso seguia pelos trilhos tradicionais da política exterior brasileira para a América do Sul: boas relações com os vizinhos; não interferência nos assuntos internos de cada qual; busca de convergências sobre questões regionais. Isso não impedia que o ocupante do Planalto tivesse presença internacional ativa, projetando o país como uma grande nação democrática e abrindo caminho para o pleito brasileiro por reconhecimento internacional.

Merval Pereira - O fator Marçal

O Globo

Vencendo a eleição, Marçal passará a ser o candidato da direita à Presidência da República, queira Bolsonaro ou não

A eleição para a Prefeitura de São Paulo está tão estranha que uma eventual ida do candidato Pablo Marçal ao segundo turno poderá abrir “as portas do inferno” no campo da direita. Se for contra o psolista Guilherme Boulos, deverá unir a direita e colocar em situação delicada tanto o ex-presidente Jair Bolsonaro quanto o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, principal apoiador do prefeito Ricardo Nunes.

Vencendo a eleição, Marçal passará a ser o candidato da direita à Presidência da República, queira Bolsonaro ou não. A estratégia do ex-presidente — jogar até o último momento com a esperança de que possa vir a ser absolvido pela Justiça para concorrer à Presidência, como fez Lula em 2018 — irá por água abaixo. A direita já terá seu candidato, que, para chegar à Prefeitura paulistana, terá convencido a maioria dos direitistas de que hoje é ele quem pode derrotar Lula e o PT, não mais Bolsonaro.

Malu Gaspar - Procurando Lula

O Globo

Nesta reta final das eleições municipais, com disputas indefinidas e emboladas em capitais cruciais como São PauloBelo Horizonte e Fortaleza, não foram poucos os candidatos de partidos de esquerda que batalharam por um vídeo, fala de apoio ou pela presença de Lula num evento de campanha. O presidente da República, porém, frustrou quase todo mundo.

Nas últimas duas semanas, emendou uma viagem internacional atrás da outra e passou mais tempo entre Estados Unidos e México do que no Brasil. Também não deu nenhuma declaração sobre as eleições e foi obrigado a cancelar a live que faria com Guilherme Boulos (PSOL) na noite de ontem por causa da emergência com o avião que o trazia do México.

O resultado é que a única participação de Lula neste sprint final da campanha antes do primeiro turno será um ato com Boulos na Avenida Paulista, no sábado.

Bruno Boghossian - As eleições do crime, do caixa dois e da porrada

Folha de S. Paulo

Ameaça da inteligência artificial não é nada perto da barbárie medieval das disputas municipais

Aconteceu em Alagoas. Uma semana antes do primeiro turno, um juiz eleitoral mandou suspender a campanha no município de Taquarana. Ele relatou "agressividade exagerada", "denúncias de perseguições" e "uso de arma de fogo" na disputa. Proibiu carreatas, passeatas e comícios. Pediu o reforço de tropas federais e determinou: ninguém poderá comemorar o resultado da votação em locais públicos.

Nos gabinetes da Justiça Eleitoral, muita gente acreditou que a inteligência artificial seria o maior desafio desta campanha. Mas uma boa parte da política do país está mais próxima de tempos medievais do que de qualquer revolução tecnológica.

Míriam Leitão - Barões da energia e a nossa conta

O Globo

O governo tem errado no setor de energia em decisões que podem favorecer grupos privados e elevando a conta para o consumidor

Na energia o governo tem errado muito. Erros que podem aumentar a conta de luz no futuro. Esse setor é um campo minado de interesses privados e tem um único pagador de todas as promessas: o consumidor. Todo o cuidado é pouco. Decisões erradas do governo têm riscos e custos. Entrar em briga para que a Aneel aceite o acordo das térmicas e da Amazonas Energia é mandar o consumidor pagar R$ 8 bilhões a mais do que pagaria para viabilizar um negócio que só favorece o J&F, dos notórios Joesley Batista e Wesley Batista.

Vinicius Torres Freire - Lula 3 tira nota boa na prova

Folha de S. Paulo

Governo ri do mercado, mas Moody's elogia reformas e pede contenção de gasto social

Uma dessas firmas que dão nota para o crédito de governos e empresas concedeu um ponto positivo para a nota da dívida pública do Brasil, como se sabe. Se ganhar mais um ponto dessa firma, da Moody’s, o empréstimo de dinheiro para o governo federal deixa de ser "especulativo" para ser "investimento".

Parte de Lula 3 ficou contente com o mimo; alguns lulistas, petistas e esquerdistas também, além de tripudiarem sobre "o mercado". Os donos do dinheiro, credores do governo, obviamente discordam da Moody’s, pois as taxas de juros aumentaram horrores desde abril deste ano.

A fim de ganhar outro ponto e ser promovido de categoria, o governo teria de melhorar a "credibilidade da situação fiscal", ainda "limitada". Isto é, seria preciso conter gastos obrigatórios, tais como os de Previdência, saúde e educação.

Eugênio Bucci - É hora de acabar com a publicidade das ‘bets’

O Estado de S. Paulo

Não há como livrar as pessoas da compulsão de apostar, mas, na publicidade abusiva, ao menos nela, a gente ainda consegue dar um jeito

As casas de apostas online estão ganhando todas. O Brasil se entregou: transformou suas crianças, seus adolescentes e seus jovens em cacife de jogatina e os deu de presente para os cybercrupiês, os barões das “bets”. Não é o governo que se perdeu sozinho, não é o Legislativo que ficou sem fichas, não é o Judiciário que dormiu no ponto, não é a sociedade que se deixou engrupir – todos juntos erraram e seguem errando. A essa altura, o País inteiro já percebeu o estrago e se pergunta: existe como desfazer a besteira que foi feita?

As medidas que abriram caminho para os cassinos virtuais vieram aos poucos, em ondas sub-reptícias. Os passos se sucederam num minueto entre a gatunagem e a inépcia, até que de repente ficou explícito: a roleta digital engoliu a Nação, numa calamidade de saúde pública polvilhada com lavagem de dinheiro a céu aberto. Alguns dos parlamentares que votaram a favor de benesses agora se declaram arrependidos. Acredite se quiser. O quadro é ruim, tão feio que faz o velho jogo do bicho parecer passatempo de coroinha – santa fezinha.

William Waack - 2026 será diferente

O Estado de S. Paulo

A eleição municipal paulistana indica desgaste das bolhas

O primeiro turno da eleição municipal paulistana traz um problema para Lula e Bolsonaro, os donos das duas grandes bolhas. Eles parecem menos influentes do que se supunha.

O cenário mais provável de um segundo turno continua sendo o da polarização “normal” da política brasileira (é considerada pequena a probabilidade de que o candidato da esquerda não chegue lá). Ainda assim, permanecerá a sensação de desgaste das duas figuras.

O de Lula é mais evidente até mesmo na sua disposição física de encarar campanhas domésticas, diante de um mundo lá fora a ser salvo por ele. A questão central para o petista, porém, é o notável enfado que causam suas ideias antigas e seu apego a um passado que existiu sobretudo na sua própria cabeça.

Maria Cristina Fernandes - A linha divisória da política nos municípios

Valor Econômico

Tarifa zero se expandiu pelas mãos da direita. A questão é saber o que determinou a dianteira

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva mal tinha tomado posse quando o presidente da Câmara Municipal de São Paulo, Milton Leite (União), disse que se o prefeito Ricardo Nunes não adotasse a tarifa zero perderia para Guilherme Boulos. A proposta seria adotada um ano depois, aos domingos.

Manda-chuva da política local desde 2017, quando o ex-prefeito João Doria o apoiou para presidir a Câmara, Leite tem suas ligações no setor de transportes sob a lupa do Ministério Público do Estado, mas a sugestão também tinha faro político.

Apontava para a adoção de uma política pública que, reclamada pelas manifestações de junho de 2013, se espraiou sob gestões à direita. Em toda campanha, os candidatos eram acossados sobre reajuste de tarifa. Desta vez, nem precisou. Permanecerá congelada. A meta é expandir a gratuidade.

Luiz Carlos Azedo - Israel comemora ano novo com bombardeio a Beirute

Correio Braziliense

Nesta quarta-feira, o governo do Líbano informou que, nas últimas duas semanas, mais de 1 mil pessoas morreram e 6 mil ficaram feridas em ataques israelenses no país

Comida, som, oração, reflexão, celebração e bombas, muitas bombas, em Beirute e no sul do Líbano marcam este ano novo judaico, o Rosh Hashaná, o início do ano 5785 no calendário hebraico, celebrado entre esta quarta e quinta-feira. Shanah tovah é a saudação que significa um feliz ano novo para a comunidade judaica! O povo judeu comemora em setembro ou outubro, não em janeiro, em observância ao calendário hebreu lunissolar, que se originou com a criação bíblica do universo, uma semana mais curta do que o calendário gregoriano, que conta os anos antes e depois do nascimento de Jesus Cristo.

Segundo a tradição religiosa, o Rosh Hashaná é uma oportunidade de olhar para a frente. Não apenas celebrar o futuro. É preciso considerar o passado e rever o relacionamento com Deus. Também marca o primeiro dia de um período conhecido como os Dez Dias de Temor, ou Dias de Arrependimento, durante o qual as ações de uma pessoa são consideradas capazes de influenciar tanto o julgamento de Deus quanto o plano de Deus para com ela.

Maria Clara R. M. do Prado - O mundo se arma, a ONU fraqueja

Valor Econômico

"Pacto do Futuro", que tem objetivo de reforçar cooperação multilateral e reabilitar o poder político da ONU, mais parece aquele tipo de decisão para inglês ver

As oscilações para cima ocorridas nos últimos dias nos preços do petróleo e do ouro são reações imediatas a eventos com potencial de imprimirem insegurança aos mercados. Eram previsíveis, pois não pode haver dúvida de que a escalada da guerra no Oriente Médio, com o envolvimento direto de Israel, do Líbano, do Irã e, indiretamente, dos Estados Unidos, acentua a gravidade de uma disputa que coloca em risco a estabilidade global. No entanto, nos bastidores que movimentam a geopolítica, há muito tempo os países relevantes preparam-se militarmente para enfrentar um cenário mundial de instabilidade crescente.

Os gastos militares mundiais aumentaram 6,8% em 2023, em termos reais (descontada a inflação). Foi a mais acentuada expansão anual observada ao longo de nove anos consecutivos, desde 2014, representando despesas no total de US$ 2,443 trilhões. Os Estados Unidos aparecem em primeiro lugar, com um total de despesas no setor militar de US$ 916 bilhões no ano passado (2,3% a mais sobre 2022), seguido da China com a estimativa de gastos da ordem de US$ 296 bilhões (6% acima do ano anterior).

Entrevista | Joseph Stiglitz - Mercados ‘livres’ sem restrições só geraram crises, diz o Nobel de Economia

Valor Econômico

Vivian Oswaldo / Valor Econômico

As gigantes da tecnologia e os paraísos fiscais, segundo o economista americano, “são exemplos do lado mais sombrio da globalização”

Aos 81 anos, o economista americano Joseph Stiglitz se diz um ativista. Para ele, é impossível ver como o mundo “não funciona, ou funciona de forma injusta, sem se envolver”. Talvez por isso não tenha papas na língua.

Em entrevista ao Valor, o vencedor do Prêmio Nobel de Economia de 2001 e professor da Universidade Columbia afirma que a agenda climática está andando muito devagar, que a conta da transição energética e do desenvolvimento tem que ser paga pelos muito ricos e pelas multinacionais, que, “em parte, tornaram-se tão ricos porque não pagaram a sua parcela justa de impostos”. Neste contexto, o planeta precisa de mais, e não menos, Estado.

“Vemos um populismo perigoso em locais onde o governo fez muito pouco”, ressalta. Stiglitz afirma que o republicano Donald Trump é um grande perigo para os Estados Unidos e para o mundo, assim como as big techs, que, em sua avaliação, aproveitam-se da globalização para se fazer inatingíveis pelas leis. As gigantes da tecnologia e os paraísos fiscais, segundo ele, “são exemplos do lado mais sombrio da globalização”.

Tudo isso o teria levado a escrever seu novo livro: “The Road to Freedom: Economics and the Good Society” (O caminho para a liberdade: economia e a boa sociedade, em tradução livre), lançado em abril deste ano, onde afirma que mercados “livres”, sem restrições, só geraram crises: financeira, dos opioides e da desigualdade.

Poesia | Aproveitar o tempo, de Fernando Pessoa

 

Música | Teresa Cristina - Positivismo (Noel Rosa)

 

quarta-feira, 2 de outubro de 2024

O que a mídia pensa: Editoriais / Opiniões

Faltam planejamento e integração no combate a queimadas

O Globo

Era prevista temporada mais intensa de incêndios florestais. Reação dos governos tem sido tardia e insuficiente

Não é novidade que o Brasil vem se tornando mais seco. De 2011 a 2020, houve em média cem dias sem chuvas por ano, 25% a mais que no período de 1961 a 1990. Também não é novidade que, para 2024, era previsto recrudescimento da seca. Climatologistas advertiam sobre o agravamento dos incêndios florestais. O Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) afirma que eles começaram no segundo semestre de 2023. Diante da escalada previsível, a prudência aconselhava se preparar. Não só para combater o fogo, mas também com campanhas de esclarecimento sobre o risco de queimadas antes do plantio provocarem incêndios incontroláveis. Não foi o que o governo fez.

Pelos dados oficiais, fica evidente que a reação tem sido insuficiente. De acordo com os boletins do Ministério do Meio Ambiente, a área queimada na Amazônia cresceu 140% entre o fim de junho e o fim de setembro, alcançando 11,7 milhões de hectares, ou 2,8% da floresta. No Cerrado, apenas em duas semanas de setembro, a superfície incendiada cresceu quase 40%, para 12,3 milhões de hectares, ou 6,2% do total. No Pantanal, a área queimada triplicou desde julho, com destruição de 2 milhões de hectares, 13,4% do bioma.

Vera Magalhães - As palavras-chave da eleição em SP

O Globo

Violência que marcou a disputa em São Paulo conseguiu colocar prosperidade e civilidade em palanques diferentes

Duas palavras parecem sintetizar a reta final da mais imprevisível eleição paulistana dos últimos anos: de um lado, Pablo Marçal conseguiu chegar competitivo até aqui pregando a prosperidade como plataforma; de outro, a esquerda apela ao conceito de pacto civilizatório para tentar impulsionar a candidatura de Guilherme Boulos na reta final.

Prosperidade e civilidade não deveriam ser antônimos, mas a violência que marcou a disputa em São Paulo conseguiu colocar os valores em palanques diferentes. O que obriga a uma análise mais aprofundada e menos ligeira da rápida e constante transformação política, social, cultural e econômica da maior metrópole brasileira — que costuma levar de arrasto, com o tempo, o resto do país.

Bernardo Mello Franco – Os caminhos do voto útil

O Globo

Em SP, manifesto pró-Boulos irrita Tabata; no Rio, pressão por voto em Paes irrita Tarcísio

Na reta final do primeiro turno, a pregação pelo voto útil deu as caras nas maiores cidades do país. Em São Paulo, o apelo é para evitar um duelo entre dois candidatos da direita. No Rio, para encerrar logo a disputa pela prefeitura.

Em manifesto, artistas e intelectuais paulistanos tentam convencer eleitores de Tabata Amaral a votarem em Guilherme Boulos. O argumento é que só o psolista poderia “evitar o desfecho trágico de um segundo turno entre dois bolsonaristas”.

O texto descreve um eventual confronto entre Ricardo Nunes e Pablo Marçal como “a consagração, pelo voto popular, da violência política, da defesa da tortura, do negacionismo científico”. “Estamos diante de um risco que o país não pode correr”, dramatiza.

Elio Gaspari - Anatomia de um apagão

O Globo

Estádio do Mineirão, 8 de julho de 2014. Aos 24 minutos do primeiro tempo, Toni Kroos marcou o terceiro gol da Alemanha. Eremildo, o idiota, gritou da arquibancada para que o Brasil atacasse. Depois do desastre, o técnico Felipão teve a humildade de reconhecer que sua equipe sofreu um “apagão”.

Na segunda-feira, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou, com uma gravidade que só os ares de Brasília concedem, que sairão do ar cerca de 500 sites de apostas que funcionam no Brasil sem o devido credenciamento.

Em 2014, todos os jogadores alemães estavam credenciados. Em 2024, os sites ilegais funcionam porque o governo viveu por mais de um ano num esplêndido apagão. Quando Haddad diz que a Anatel tirará os sites do ar, algum desavisado pode achar que a agência já poderia ter feito isso. Quem os deixou no ar foi o Ministério da Fazenda porque, em dezembro de 2023, deu-lhes o prazo de até 1º de outubro de 2024 para que regularizassem seus papéis. Prenunciava-se o apagão. (Alemanha 1 a 0.)

Posse no México

Jéssica Sant'Ana / Valor Econômico

Em cerimônia com delegações de 105 países e 16 chefes de Estado, incluindo o presidente Lula, Claudia Sheinbaum destacou o protagonismo feminino e o papel de seu antecessor e padrinho político

Primeira mulher a assumir a presidência do México, Claudia Sheinbaum tomou posse ontem no cargo, que ocupará pelos próximos seis anos. Em seu discurso, ela destacou o papel de seu antecessor e padrinho político, Andrés Manuel Lopez Obrador, responsável pela “revolução pacífica da quarta transformação da vida pública” do país, como vem sendo chamada por aliados a polêmica agenda política implementada pelo governo anterior.

Sheinbaum toma posse como a primeira mulher a presidir o México

A cientista e ex-governadora da Cidade do México promete continuar o legado de seu mentor Andrés Manuel López Obrador

A cientista e ex-governadora Claudia Sheinbaum tomou posse nesta terça-feira (1°) como presidente do México, sendo a primeira mulher a ocupar esse cargo. Ela ficará à frente do país latino-americano pelos próximos seis anos.

“É tempo de transformação e é tempo de mulheres. Pela primeira vez, chegamos nós mulheres a conduzir o destino de nossa nação. E eu digo nós, porque não chegamos sozinhas, chegamos todas”, frisou em seu discurso de posse na Câmara dos Deputados do México.

Luiz Carlos Azedo - Alguém precisa barrar a escalada da guerra

Correio Braziliense

Uma guerra total entre Israel e o Irã parece iminente. O homem que poderia impedi-la é o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden. Sua impotência, porém, não tem precedentes

Jean Jaurés (1859-1914) era um liberal radical que se tornou socialista, integrando a ala direita do Partido Socialista Francês. Em 1897, com Émile Zola e Georges Clemenceau, liderou a campanha em favor de Alfred Dreyfus, o capitão francês injustamente acusado de espionagem pelo alto comando do Exército francês por ser judeu. Sempre defendeu a aproximação entre a França e a Alemanha para garantir a paz na Europa. Era um pacifista, precursor de Mahatma Gandhi (“Posso até estar disposto a morrer por uma causa, mas nunca a matar por ela!”) e Martin Luther King (“Sempre e cada vez mais devemos nos erguer às alturas majestosas de enfrentar a força física com a força da alma”).

Jaurés foi assassinado no dia da declaração da guerra, 31 de julho de 1914, por Raoul Villain, um nacionalista fanático. Foi o principal líder da II Internacional a defender a paz. Quase todos os demais apoiaram a entrada dos seus países na guerra, a começar pelos dirigentes da poderosa Social-Democracia Alemã, que estava no poder. Com exceção de Vladimir Lênin, que defendeu a paz para derrubar a autocracia czarista.

Martin Wolf - É o fim do dinheiro barato?

Valor Econômico

Taxas de juros reais? Quem se importa? A inflação galopante pode ser outra história

Estamos vendo o início de um ciclo de flexibilização da política monetária. Muitos agora perguntam até onde as taxas de juros poderão cair e o que essas quedas poderão significar para as nossas economias. No entanto, para mim, as questões mais interessantes são de longo prazo. Para ser preciso, há três. A primeira é: será que as taxas de juros reais deram finalmente um salto ascendente duradouro, após seu declínio secular para níveis extraordinariamente baixos? A segunda: a valorização dos mercados de ações deixou de ser reversível à média, mesmo nos EUA, onde parecia ser a norma há muito tempo? A terceira: a resposta à primeira pergunta pode ter alguma influência na resposta à segunda?

Lu Aiko Otta - Eleições e pressão sobre o ajuste fiscal

Valor Econômico

Resultado vai testar resolução do presidente Lula em apoiar o projeto do ministro da Fazenda, Fernando Haddad

O resultado das eleições de domingo ajudará a traçar os contornos do terreno em que dois projetos de governo se digladiarão ao longo dos próximos meses: o que busca melhorar o ambiente macroeconômico a partir do equilíbrio fiscal e o dos “tempos áureos do PT”.

Quanto pior for o resultado para o governo, mais testada será a resolução do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em apoiar o projeto do ministro da Fazenda, Fernando Haddad.

Os encontros de Lula com integrantes das agências de classificação de risco durante sua passagem por Nova York reforçaram seu apoio um projeto que se propõe, ainda que gradualmente, a estabilizar a dívida pública brasileira e a recuperar o “investment grade” até o fim de 2026.

Fernando Exman - Por enquanto, comedimento do governo sobre a Selic

Valor Econômico

Intenção, pelo menos neste momento, é a de sofrer em silêncio

A intenção no governo Lula, pelo menos neste momento, é sofrer em silêncio por causa do início do ciclo de alta da Selic. Olha-se para frente. O “horizonte relevante” na política, para usar um termo bastante empregado pelo Banco Central quando olha para os próximos meses ao calibrar a taxa de juros, é o ano eleitoral de 2026.

Já se espera, ainda que com muito pesar, o aumento do juro nas próximas duas reuniões do Copom, em novembro e dezembro. Pelo cenário atual, viria então um período de estabilidade da Selic e na sequência, a partir de meados do ano que vem, uma nova rodada de afrouxamento da política monetária. Isso abriria espaço para uma aceleração da economia no ano seguinte.

Maria Cristina Fernandes - Segundo turno está nas mãos do eleitor de Tabata

Valor Econômico

Candidata tenta fidelizar eleitor que Boulos - e Nunes - buscam atrair com ‘voto útil’

A definição do primeiro turno está, em grande parte, nas mãos do eleitor de Tabata Amaral. Apesar de as pesquisas indicarem que a candidata do PSB não tem chance de passar para o 2º turno, seu desempenho na reta final pode privar tanto Guilherme Boulos (Psol), que é a segunda opção de dois terços de seus eleitores, quanto de Ricardo Nunes (MDB), segunda opção de um terço, dos votos de que precisam para assegurar a vaga. A Quaest de segunda-feira mostrou a candidata do PSB à Prefeitura de São Paulo, pela primeira vez, além da barreira dos dois dígitos (11%), na maior subida, a única fora da margem de erro, da pesquisa.

A disposição em não abrir mão desse quinhão foi exposta pelo comportamento da candidata depois do debate do Flow na semana passada. Foram seis “merdas” e um “filha da puta” em três minutos. Despejou aborrecimento pela repercussão do murro no marqueteiro Duda Lima a ofuscar as propostas apresentadas. Antecipou, assim, as dificuldades que os adversários terão para conquistar o “voto útil” de seus eleitores.

Bruno Boghossian - Três fatores vão desatar o nó em São Paulo

Folha de S. Paulo

Chave da disputa estará no voto de última hora, no eleitor silencioso e na abstenção

Três fatores vão desatar o nó da disputa pela Prefeitura de São Paulo: o voto de última hora, o eleitor silencioso e a abstenção. O apelo final dos candidatos vai levar em conta quem são esses paulistanos e o que eles pensam. As últimas pesquisas dão pistas importantes.

Há um atalho para entender esses votos e ausências que serão decisivos. É o grupo de entrevistados que, poucos dias atrás, não sabiam citar um candidato de forma espontânea, sem ver uma cartela com as opções. Segundo o Datafolha, eles eram 28% dos paulistanos na semana anterior à votação.

Hélio Schwartsman - Pelo voto útil

Folha de S. Paulo

Particularidades do pleito paulistano dão um nó nos raciocínios que costumam justificar o voto útil

Sou fã incondicional do voto útil, que é um outro nome para pensamento estratégico. O panorama da disputa pela prefeitura paulistana, contudo, dá um nó nos raciocínios que normalmente embasam um voto útil.

A grande dificuldade é definir o objetivo que orienta as preferências do eleitor. Uma meta "civilizacional" defensável seria excluir do segundo turno o candidato extremista e antissistema que é Pablo Marçal. Seria uma aposta na volta da normalidade eleitoral, com um candidato mais à esquerda enfrentando um da direita republicana.

Wilson Gomes - Debates eleitorais em questão

Folha de S. Paulo

Como melhorar esses eventos para impedir os 'pombos enxadristas'?

Os debates eleitorais ao vivo têm servido bem à democracia desde o primeiro grande confronto televisionado entre Kennedy e Nixon, em setembro de 1960. Por 64 anos, esses eventos forneceram uma plataforma para que eleitores comparassem, lado a lado, as propostas e visões dos candidatos, algo que sabatinas ou entrevistas isoladas não conseguem oferecer.

Isso não impediu, contudo, que os debates fossem transformados em arenas para encenações, constrangimentos e manipulações. Todo mundo aprendeu a jogar o jogo, a mentir descaradamente, a se esquivar de perguntas constrangedoras, a atacar os adversários por meio de acusações falsas. Esse jogo de dissimulação chegou a um extremo recentemente em São Paulo, com a participação de um candidato cujo propósito declarado era desmoralizar tanto o debate em si quanto o jornalismo que o promove. Um único "pombo no tabuleiro" mostrou-se capaz de instalar um caos de que só ele é beneficiário.

Vera Rosa - O dia em que Alckmin dormiu no posto

O Estado de S. Paulo

Amigos do vice veem suas andanças pelo interior como sinal de que ele pode disputar governo de SP

Enquanto a disputa para a Prefeitura de São Paulo continua embolada, Geraldo escapa para “Lins” sempre que pode, nos fins de semana, e dá um “baile” nos seguranças. Engana-se, porém, quem pensa que o destino da viagem seja a cidade localizada a 430 quilômetros da capital paulista, na região centro-oeste do Estado.

“Lins”, para o vice-presidente da República Geraldo Alckmin, significa “Local incerto e não sabido”. Foi driblando os seguranças que no fim do ano passado, por exemplo, Alckmin acabou dormindo num posto de gasolina que vende pamonha, em plena Via Dutra.

O vice estava voltando de Pindamonhangaba para São Paulo quando decidiu estacionar o carro que dirigia para dar uma cochilada. Tinha capinado um lote de seu sítio por três horas e estava cansado. Perto de 18h30, parou embaixo de uma árvore do posto, reclinou o banco e dormiu.

Ivan Alves Filho - Tecnologia, ciência das forças produtivas

O mundo está mudando de uma maneira extremamente rápida. Temos que pensar em formas novas de organizar aqueles que trabalham. Estamos sem política para uma área tão fundamental e em profunda transformação como a do trabalho, essa é a verdade. 

O mundo hoje é o da renovação das fontes de energia: o petróleo do futuro é a indústria eólica ou solar, por exemplo. E ainda há a questão das plataformas digitais. Um dos caminhos pode ser uma proposta de controle coletivo dessas plataformas. Se o movimento anarquista foi a face política da primeira fase da Revolução Industrial, de corte ainda artesanal, o comunismo da Terceira Internacional foi a face política de um período em que predominava a indústria pesada, o chamado “chão da fábrica”. Hoje, com a automação, a robotização e a inteligência artificial (que por enquanto ainda repete o que está armazenado nos bancos de dados) há uma profunda alteração no exercício do trabalho. A própria geração de valor vai mudando e esse é um ponto ainda pouco estudado. Algumas das empresas mais fortes hoje se encontram no setor de informação, com seus trabalhadores do conhecimento. A base material tem sempre o que dizer e acredito que a própria Democracia irá se reformar muito em função dessas alterações.

Aylê-Salassié F. Quintão* - Heróis de hoje serão os vilões amanhã

Este País é, de fato, muito grande e diversificado para ser conduzido pelo bom ou mau humor de um homem só . Como o eleitor se engana, hein! Surpreende ver  as coisas andando - aos trancos e barrancos - mas, aparentemente, sozinhas. O presidente sempre viajando e o vice receoso de assumir. É tudo muito litúrgico, e sem efeitos práticos. Atira-se para todos os lados: criminaliza-se  e se descriminaliza de todos os jeitos. É uma verdadeira "deglutição" ao estilo macunaímico, seja no Executivo, no Legislativo ou no Judiciário.

Concluo que a  Nação pode estar  diante de um modelo poético ou  de uma grande farsa. Ninguém acredita - e nem é para acreditar mesmo - que  estamos numa democracia, alimentada  por uma aristocracia, de base corporativa , que   flutua nas superfícies constitucionais, surfando  pelos corredores dos palácios de Governo.

Poesia | A vida, de Mario Quintana

 

Música | Anitta & Jetlag - Zé do Caroço

 

terça-feira, 1 de outubro de 2024

O que a mídia pensa | Editoriais / Opiniões

Decisão de Toffoli incentiva leniência com corrupção

O Globo

Sozinho, mais uma vez ministro anulou processos contra outro réu confesso da Operação Lava-Jato

Faz um ano que o ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF), vem anulando decisões da Operação Lava-Jato e de outras operações de vulto contra a corrupção em decisões individuais, com a anuência da maioria da Segunda Turma da Corte. A última, anunciada na semana passada, beneficiou Leo Pinheiro, ex-presidente da construtora OAS. Réu confesso, Pinheiro relatou propinas na Petrobras e as reformas no apartamento do Guarujá e no sítio de Atibaia que levaram aos processos, depois anulados, contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Toffoli acatou a versão da defesa, segundo a qual Pinheiro, condenado a mais de 30 anos de prisão, foi vítima de “ilegalidades processuais”. Sozinho, cancelou todas as ações contra ele. Tem sido esse o procedimento-padrão no desmonte da maior operação contra corrupção da História do Brasil. Nada de debate no plenário, nenhuma possibilidade de a população ouvir opiniões divergentes. É difícil pensar que isso contribua de algum modo para a confiança dos brasileiros no Judiciário.

Em setembro do ano passado, Toffoli invalidou as provas do acordo de leniência firmado pela Odebrecht (hoje Novonor). Tornou nulos todos os dados obtidos pelos sistemas de informação do “departamento de propinas” da empreiteira. Cinco meses depois, suspendeu o pagamento das multas. Em maio, anulou as decisões da Lava-Jato contra o também réu confesso Marcelo Odebrecht, ex-presidente da empreiteira. Ele baseou seu despacho nas mensagens trocadas pelo então juiz Sergio Moro e integrantes do Ministério Público. Obtidas de forma ilegal, elas mostraram cooperação entre os responsáveis pela acusação e o juiz. A partir da decisão que beneficiou a Odebrecht, sabia-se que haveria uma avalanche de pedidos de condenados.

Merval Pereira - Voto útil

O Globo

Levantamentos preliminares indicam que a direita terá uma vitória importante no quadro nacional. A presença de Marçal, no entanto, vitorioso tanto quanto Tabata na esquerda mesmo que não vença, deixa o futuro incerto na direita

O voto útil, esse nosso velho conhecido nas eleições, responsável por tantas surpresas nas últimas campanhas eleitorais, volta a dar as caras nas duas maiores cidades do país, São Paulo e Rio de Janeiro. A mais recente foi a vitória de Wilson Witzel para o governo do Rio. Para evitar que Romário pudesse ir para o segundo turno contra Eduardo Paes, muita gente pregou o voto útil em Witzel na ilusão de que seria derrotado no segundo turno com facilidade. Não contavam com a tempestade perfeita que vinha a reboque do fenômeno Bolsonaro naquele 2018, que transformou aquele juiz desconhecido em um fenômeno, passageiro felizmente.

Ao mesmo tempo que, no Rio de Janeiro, o reconhecimento de Ramagem como candidato apoiado por Bolsonaro o leva a melhorar de posição, em São Paulo os candidatos da direita dividem o eleitorado bolsonarista e caminham de maneira quase independente nos últimos dias de campanha, sem que o ex-presidente tente intervir.

À esquerda, também o presidente Lula se afasta da candidatura de Boulos, certo de que dificilmente terá chance de ver seu candidato vencer a disputa, mesmo que vá para o segundo turno. O problema da esquerda paulistana é não ter representante no segundo turno, o que seria uma derrota de grandes proporções. A disputa acirrada pelo segundo turno levou a que um grupo de artistas e intelectuais divulgasse texto defendendo o voto útil a favor de Boulos, para impedir que a direita leve seus dois candidatos ao segundo turno.

Míriam Leitão - O que já se sabe destas eleições

O Globo

As pesquisas das eleições municipais mostram que Bolsonaro não é um bom cabo eleitoral, mas o PT também não tem o que comemorar

A uma semana da eleição, já se pode afirmar que o ex-presidente Jair Bolsonaro não se revelou um grande eleitor. Em São Paulo, caso o candidato Ricardo Nunes vença, a vitória será atribuída ao governador Tarcísio de Freitas. Se ele perder, será debitado na conta de Bolsonaro, que não defendeu a candidatura e viu parte do seu eleitorado migrar para Pablo Marçal. No Rio, seu reduto eleitoral, o candidato apoiado pelo ex-presidente, Alexandre Ramagem, subiu, mas está na reta final com 20% dos votos. Essa é a visão do cientista político, Carlos Melo, do Insper. “Ele não sai dessa como grande eleitor, ele sai fragilizado até porque se for mantida a inelegibilidade, Bolsonaro não tem expectativa de poder.”

As pesquisas de ontem da Quaest mostraram que em Belo Horizonte, o candidato bolsonarista Bruno Engler cresceu, mas ainda está em segundo. No Recife, o ex-ministro do Turismo Gilson Machado está com 11% numa eleição já decidida.

Luiz Gonzaga Belluzzo - Dívida pública: as garantias da maldição

Valor Econômico

Os catastrofistas de mercado esperneiam para promover a elevação da Selic

Não cessa a barulhenta inconformidade com a relação dívida/PIB. Na visão dos catastrofistas, o risco fiscal está associado a uma trajetória “insustentável” da dívida pública.

Não são poucos os que antecipam um calote na dívida do Estado. Calote? Seria devastador para a riqueza financeira privada, aquela que frequenta os balanços de bancos, fundos, gestoras de ativos e seus clientes do dinheirão e do dinheirinho.

Em sua trajetória secular, o capitalismo abriu espaço para o surgimento e desenvolvimento de instituições encarregadas de administrar a moeda e os estoques direitos - títulos de dívida e ações - que nascem de seu incessante movimento de criação e apropriação do valor.

No afã de se apropriar da riqueza, as criaturas do mercado estão submetidas à soberania monetária do Estado. O Estado é o senhor da moeda, mas os bancos, sob a supervisão e o controle do Banco Central, são incumbidos de atender à demanda de crédito das gentes privadas. Esse sistema complexo, em sua evolução, engendrou essa forma de criar dinheiro para dar início ao jogo do mercado. Os bancos apresentam-se como os agentes particulares do senhor da riqueza universal. Universal, porque a forma inescapável que deve denominar e mediar todas as negociações, transações e, sobretudo, marcar o valor da riqueza registrada nos balanços.