sexta-feira, 5 de maio de 2023

Vera Magalhães - Os aprendizados de uma derrota

O Globo

Lições não se resumem aos mecanismos de formar maioria: dizem respeito também à inclinação ideológica divergente entre governo e Congresso

Há muitos ensinamentos a tirar da derrota sofrida pelo governo na derrubada de trechos de dois decretos assinados por Lula para alterar o Marco do Saneamento Básico. O erro será ficar na mais imediata e rasa das leituras: que falta interlocução política para compor a base, e o caminho para resolver isso é só a liberação de emendas parlamentares. Em partes, portanto.

Começando pela superfície. Arthur Lira havia cantado a bola do perigo que rondava o Executivo quando houvesse uma votação que testasse se existe mesmo uma base aliada com esse nome.

Para o presidente da Câmara, o modelo de montagem do governo, de concessão de ministérios a partidos para que eles garantam os votos nas duas Casas do Congresso, está vencido. O caminho seria uma espécie de orçamento secreto 2.0, em que um esquema bem montado de emendas garantiria o apoio aos projetos do governo.

Sim, é necessário criar mecanismos eficazes para que o presidente e o palácio não sejam surpreendidos a cada abertura de contagem do painel eletrônico de votações da Câmara e do Senado. Também é verdade que Lira tem se mostrado disposto a garantir esses votos — e ele, hoje, é capaz disso muito mais que os ministros palacianos e os representantes dos partidos na Esplanada —, desde que esse mecanismo que ele defende seja azeitado.

Pode funcionar de uma maneira geral e nos casos menos polêmicos. Mas o nó da governabilidade de Lula é bem mais cego que esse, e até aqui a questão tem passado ao largo das cobranças do presidente, das atenções de seus auxiliares e de uma reflexão mais madura e realista dos partidos que integram a coalizão governista.

Luiz Carlos Azedo - O governo e três derrotas anunciadas

Correio Braziliense

A derrota de quarta-feira e as que virão nas próximas medidas provisórias revelam a desarticulação governista na Câmara e, sobretudo, a insatisfação de Lira. O conceito de formação da base deu errado

Na quarta-feira à tarde, durante uma conversa com jornalistas no cafezinho da Câmara, o ex-senador petista Paulo Rocha (PA) sentia o cheiro de animal ferido: “não estou gostando do que estou sentindo por aqui, o Alexandre Padilha (ministro das Relações Institucionais) precisa frequentar mais o Congresso”.

Ontem, depois da derrota do governo na Câmara, que derrubou o decreto que alterava o marco regulatório do saneamento, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva praticamente repetiu as mesmas palavras, ao discursar na reunião do Conselhão — integrado por empresários, líderes sindicais e outros representantes da sociedade.

A formação do fórum foi uma ourivesaria de Padilha, mas o ministro deixou desguarnecida a própria retaguarda. Foi advertido pelo presidente da República de que deveria mostrar a mesma competência no Congresso.

Relator do substitutivo que derrubou o marco do saneamento, o líder do Cidadania, Alex Manente (SP), que comanda uma bancada de apenas quatro deputados, articulou a manobra que pegou de surpresa o líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), que ficou vendido na hora da votação.

No primeiro teste importante para o Executivo, o governo teve apenas 136 votos, num universo de 513 deputados. Votaram contra o Palácio do Planalto 295 deputados, ou seja, número suficiente para inviabilizar qualquer proposta do governo. As bancadas do MDB, do PSD, do União Brasil, e até do PSB, que têm nove ministros na Esplanada, votaram maciçamente contra o governo.

Desde quando o decreto foi publicado, o mal-estar na Câmara era grande. Por dois motivos: primeiro, o novo marco sanitário foi fruto de muita discussão e negociação; segundo, ao fortalecer as antigas companhias estaduais de saneamento, o decreto estava na contramão do processo de privatização do setor.

“Estamos sustando a contratação de estatais em diversos estados sem licitação e a possibilidade de contar situações irregulares como parte da capacidade econômica”, argumentou o relator.

César Felício - Acesso à Terceira Via interditado em São Paulo

Valor Econômico

PSDB em São Paulo terá dificuldade em se renovar

O governador gaúcho Eduardo Leite, presidente nacional do PSDB, tem um obstáculo por ora intransponível para ter qualquer chance de se apresentar minimamente competitivo em uma eleição presidencial futura: São Paulo. Depois da perda do governo estadual na eleição do ano passado, o PSDB local caminha para um encolhimento, que pode fazer a sigla, em termos nacionais, migrar da categoria média para a de pequena, rumando para o nanismo.

O partido não tem plano para a eleição municipal do próximo ano. E nem nomes: o ex-governador Rodrigo Garcia está nos Estados Unidos, há semanas não fala com ninguém dentro do partido e a possibilidade de permanecer na legenda é vista como pequena. Seu antecessor, João Doria, voltou a ser um empresário de eventos. José Serra aposentou-se. Alckmin é o vice de Lula.

A morte do prefeito Bruno Covas deixou um vácuo não preenchido pelo seu filho, Tomás, sem idade para disputar. Boa parte do PSDB paulistano ainda está encrustrada na prefeitura comandada por Ricardo Nunes, do MDB. O apoio à reeleição de Nunes é ruim para um projeto presidencial de Leite, que precisa ganhar um rosto em São Paulo, mas disputar com quem?

Eliane Cantanhêde - Anderson Torres e Mauro Cid

O Estado de S. Paulo

Torres se dedicava ao golpe e Cid, a tarefas ‘pontuais’: joias, caixa 2, vacinas falsas

O ex-presidente Jair Bolsonaro tem não só mais um escândalo, mas também mais um homem bomba contra ele: o tenente-coronel da ativa Mauro Cid, preso desde a quarta-feira, que se une ao delegado da Polícia Federal Anderson Torres, preso desde janeiro. Os dois sabem de tudo e participaram de tudo que hoje ameaça levar Bolsonaro a lhes fazer companhia na prisão.

Torres se dedicava ao golpe, mapeando onde o agora presidente Lula venceu no primeiro turno, orientando a PRF contra eleitores petistas e guardando uma minuta para implodir o TSE e anular as eleições. Saiu da Justiça direto para a Secretaria de Segurança do DF, onde deixou tudo pronto, ou nada pronto, para o 8 de janeiro e se mandou para os EUA.

Bernardo Mello Franco - A vingança do Dr. Prevenildo

O Globo

Depois de tudo o que fez, Bolsonaro pode ser preso por fraude em carteirinha de imunização

Jair Bolsonaro sempre defendeu a ditadura, mas tentou demolir um de seus raros legados positivos: o Programa Nacional de Imunizações. O plano foi instituído em 1975. No ano anterior, o regime havia censurado a imprensa para esconder uma epidemia de meningite.

A doença ignorou a mordaça e matou milhares de brasileiros. A contragosto, os generais foram convencidos de que era preciso vacinar em massa. Para encorajar a população, recorreram a um personagem de quadrinhos. Era o Dr. Prevenildo, espécie de avô do Zé Gotinha que aparecia em cartazes e comerciais de TV.

Flávia Oliveira - É caráter o que falta

O Globo

No dicionário, mau-caráter é o indivíduo capaz de ato traiçoeiro, que não é confiável

O sérvio Novak Djokovic é o tenista número um do mundo. Aos 35 anos, caminha para uma centena de títulos, 22 deles em torneios de Grand Slam. Foi o primeiro no ofício a ultrapassar a marca de US$ 100 milhões em premiações nas quadras. Em 2020, quando as competições estavam suspensas em razão da pandemia, organizou torneio em Belgrado com público, sem distanciamento nem obrigatoriedade de máscara. Na sequência, promoveu uma festa, igualmente aglomerada. Pela farra, ele, a mulher, o técnico, o preparador físico e um punhado de atletas adoeceram. Assim, ganhou o apelido de DjoCovid.

Em meio a um planeta ávido por imunização, o tenista decidiu não se vacinar. Em 2022, foi deportado da Austrália, após seu visto ser cancelado por ele não ter esquema vacinal completo. Em entrevista à BBC, disse que perderia outras competições:

— Sim, é o preço que estou disposto a pagar.

E pagou. O Aberto da Austrália foi o primeiro de oito torneios de que não participou; o mais recente foi o Aberto de Miami, em março. Ao todo, abriu mão de conquistar 10 mil pontos no ranking ATP e faturar US$ 11 milhões em prêmios.

Pedro Doria - O fracasso da Câmara com o meio digital

O Globo

Nasceu a ilusão de que haveria uma agência para definir quais informações são publicáveis e quais não

O fracasso da Câmara dos Deputados em votar o Projeto de Lei que regulamenta as plataformas digitais, na última terça-feira, mostra que o processo legislativo brasileiro está fundamentalmente quebrado. Era difícil encontrar mais que dois ou três deputados governistas capazes de defender o texto do relator, Orlando Silva (PCdoB-SP). Não o conheciam. Não quer dizer que fosse fácil encontrar na oposição parlamentares com críticas consistentes — um punhado, não mais. O problema é mais amplo. Boa parte do debate fora do Congresso, na praça pública, estava permeado por desinformação e marcado pela polarização patológica.

A responsabilidade por isso começa no Legislativo e no Executivo. Não houve um esforço real de explicar à sociedade o que o projeto propunha. Como colou o apelido PL das Fake News, criou-se a impressão de que o objetivo era definir o que é mentira. Daí nasceu a ilusão de que haveria uma agência para definir quais informações são publicáveis e quais não. Foi fácil, a partir daí, para plataformas e bolsonarismo se unirem no entorno de outro apelido, “PL da Censura”.

Reinaldo Azevedo - Leviatã monetizado do caos

Folha de S. Paulo

'Big techs' escolheram a guerra e terão a responsabilização civil

Com o adiamento sem data da votação do PL das Fake News, as chamadas "big techs" foram à guerra; colaboraram ativamente para submeter as respectivas cúpulas dos três Poderes —cujas sedes foram espetacularmente depredadas no dia 8 de janeiro— a uma humilhação temporária; deram uma demonstração pública de musculatura, evidenciando que detêm instrumentos para tornar influentes mesmo as distorções mais pavorosas, e estabeleceram ou renovaram uma aliança objetiva com extremistas de direita, compartilhando até vocabulário de exceção para depreciar o moderadíssimo texto do deputado Orlando Silva (PC do B-SP). Uns e outros acusaram a criação de um suposto "Ministério da Verdade" —apropriação indevida porque mal lida de "1984", de George Orwell— e o tal "vigilantismo", com sua indefectível inflexão de crítica supostamente progressista. Foi uma vitória de Pirro, como vou mostrar.

José de Souza Martins* - A comissão e a questão da terra

Eu & Fim de Semana /Valor Econômico

O presidente da Câmara teme que a criação da CPI e sua colocação nas mãos do deputado Salles dela faça um circo

O presidente da Câmara dos Deputados acolheu um requerimento de criação da CPI do MST - Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra. Atende a uma demanda dos ruralistas bolsonaristas. Reivindica a relatoria da comissão o deputado Ricardo Salles, que foi ministro do governo anterior. Notabilizou-se na reunião governamental de 22 de abril de 2020, quando recomendou ao então presidente da República que o governo aproveitasse que a imprensa estava distraída com a pandemia de covid e “deixasse a boiada passar” na questão das normas relativas ao meio ambiente.

O MST alerta para o fato de que a criação da CPI tem por objetivo criminalizá-lo, organização popular que tem uma história de luta pela democratização do acesso à terra. E com isso dar um encaminhamento social à complicada, desfigurada e satanizada questão agrária. Entra no inquérito já condenado e com ele condenado o novo governo.

Vinicius Torres Freire - Uma história sobre juros altos

Folha de S. Paulo

Há meios de evitar que a Selic não fique em 13,75% pelo período mais longo da história

Até esta quarta-feira, o Banco Central havia mantido a Selic em 13,75% por 273 dias. Não vai mexer na taxa básica de juros na próxima reunião do Copom, em 21 de junho, a não ser que os anjos da desinflação baixem do céu ou que ocorra um colapso financeiro mundial.

Na reunião seguinte, em 2 de agosto, há uma chance mínima de a Selic começar a descer da estratosfera. A Selic de 13,75% então quase faria aniversário, com 364 dias de idade.

Em apenas três outras ocasiões a Selic ficara estacionada por mais tempo do que 273 dias, no regime de metas de inflação (desde 1999). Em duas, porém, parara no vale, no nível mais baixo de então.

O recorde de estacionamento na alta ocorreu de 30 de julho de 2015 a 19 de outubro de 2016. A Selic ficou em 14,25% por 446 dias.

Nesse intervalo, o IPCA passou de 9,56% ao ano para 7,87%. No fim desse período, a inflação esperada para o ano seguinte estava pertinho da meta de 2017, de 4,5%.

Bradford DeLong* - O último bastião do neoliberalismo

Valor Econômico

Economia de mercado não pode enfrentar os desafios porque não os vê

A última década não foi boa para o neoliberalismo. Com 40 anos de desregulamentação, financeirização e globalização falhando em não trazer prosperidade para ninguém, exceto para os ricos, os Estados Unidos e outras democracias liberais ocidentais aparentemente abandonaram o experimento neoliberal e retomaram a política industrial. Mas o paradigma econômico que sustentou o thatcherismo, a economia de Reagan e o Consenso de Washington está vivo e bem, em pelo menos um lugar: as páginas da The Economist.

Um recente ensaio celebrando o “espantoso recorde econômico” dos EUA é um exemplo disso. Depois de exortar os americanos desanimados a ficarem felizes com a “história de impressionante sucesso” de seu país, os autores dobram a condescendência: “Quanto mais os americanos pensam que sua economia é um problema que precisa ser consertado, mais provável é que seus políticos estraguem os próximos 30 anos”. Embora reconheçam que a “abertura dos Estados Unidos” trouxe prosperidade para empresas e consumidores, os autores também observam que o ex-presidente Donald Trump e o atual presidente Joe Biden “voltaram-se para o protecionismo”. Os subsídios, eles alertam, podem impulsionar o investimento no curto prazo, mas também “entrincheirar o lobby esbanjador e distorcido”. Para enfrentar desafios como a ascensão da China e as mudanças climáticas, os EUA precisam “lembrar o que impulsionou sua longa e bem-sucedida jornada”.

Armando Castelar Pinheiro* - Raiva, política e desenvolvimento

Valor Econômico

Promover a polarização, energizar a raiva de seus apoiadores, distrai a atenção dos problemas que devem ser resolvidos

Pedalando de volta da aula, lá estavam outra vez os manifestantes na orla de Copacabana, pedindo o impeachment do presidente, com cartazes de “Fora Lula”, agitando o ameno clima do domingo carioca. Antes era o “Fora Bolsonaro”, na sequência do “Fora Temer”, com cores diferentes, é verdade, e antes ainda o “Fora Dilma”, aí com as mesmas cores. Faz pelo menos 10 anos que a política nacional parece se limitar à polarização política, com as eleições de 2018 e 2022 indo pouco além disso.

Essa raiva toda tem definido as eleições, mas ela ajuda pouco a governar. Até porque, nem o vencedor, nem o perdedor, parecem querer deixar essa polarização para trás quando a eleição acaba. Cria-se assim um clima que não favorece a construção de boas políticas, e menos ainda sua aceitação pela sociedade. Como sair disso?

Claudia Safatle - A política monetária está funcionando

Valor Econômico

“Não vejo aceleração do PIB no segundo trimestre”, diz Silvia Matos, coordenadora do Boletim Macro do Ibre

O fato de alguns bancos terem revisado para cima as suas expectativas de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) não estimulou o Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da Fundação Getulio Vargas a fazer o mesmo.

A economista Silvia Matos, coordenadora do Boletim Macro do Ibre, continua com a projeção de crescimento de 0,3% no ano e disse que não está se sentido confortável para rever os prognósticos. “Os serviços prestados às famílias vieram muito negativo em abril e não vejo aceleração do PIB no segundo trimestre”, disse ela. Ao contrário, excluindo a performance do setor de agropecuária e agronegócios, Silvia vê este como um período “levemente negativo”.

Dos três bancos - Bradesco, Santander e ABC Brasil - que anunciaram revisão recente do crescimento, o Bradesco é o mais otimista. A instituição contava com o PIB de 1,5% e agora espera que o país cresça, neste ano, 1,8%.

Compõe o cenário do banco uma taxa de inflação de 6,2% e uma queda da taxa básica de juros (Selic) dos atuais 13,75% ao ano para 12,25% ao ano. A taxa de câmbio, segundo o Bradesco, deve se situar em R$ 5 tendo, portanto, uma apreciação. Para o próximo ano, os prognósticos do banco são de uma taxa de inflação de 4% e de expansão do PIB de 1,5%.

Flávio Tavares* - A crise do clima, fruto da cegueira

O Estado de S. Paulo

Mesmo diante do que é visível a olho nu e apesar das advertências geradas pela observação científica, continuamos insensíveis

O mais recente relatório da Organização Meteorológica Mundial (OMM) em torno das mudanças climáticas é tão preocupante que chega a soar como um antecipado apocalipse que ameace a continuidade da vida no planeta. Mesmo assim, nos comportamos como cegos e surdos, sem entender (ou nem sequer perceber) que o horror que se avizinha é consequência de uma cegueira que nos torna insensíveis até àquilo que é visível a olho nu.

Dias atrás, este jornal publicou amplo resumo do relatório da OMM, com conclusões sobre a elevação da temperatura dos mares e o derretimento das geleiras. Em verdade, mais do que tudo, ali está uma advertência sobre o efeito estufa, que cresceu assustadoramente nas últimas décadas em razão do estilo de vida da sociedade de consumo, com a expansão do seu capitalismo predatório.

Laura Karpuska* - Pensar

O Estado de S. Paulo

Na ânsia do fazer, hoje facilitado pela tecnologia, pode-se perder um pouco do prazer pelo estudo

Os professores de economia enfrentam um desafio particular para dar aula. O desafio da realidade. Para aqueles que ensinam a parte mais matemática e estatística da economia, não é possível passar uma semana sem ouvir dos alunos, normalmente excelentes alunos, “mas como isso se aplica à vida real?”.

Já gastei minutos de aula motivando, trazendo exemplos, esticando cordas para tentar aproximar o que eu explicava ali na lousa usando números e letras gregas com a realidade. Mas nem sempre isso é possível.

Há algum tempo eu tive uma epifania. Eu precisava dizer claramente para os alunos que era excelente que nem tudo fosse diretamente aplicado mesmo. Parte da nossa formação intelectual é receber ferramentas que, sim, nos ajudam a enxergar o mundo. Mas, também nos treinamos para pensar o mundo além do que ele é. É apenas na abstração que podemos conceber um outro mundo possível.

O que a mídia pensa - Editoriais / Opiniões

Bolsonaro começa longa prestação de contas à Justiça

Valor Econômico

Enquanto presidente, Jair Bolsonaro perseguiu as vacinas contra a covid-19, negou seus efeitos, retardou sua compra em doses necessárias para a população brasileira e jurou que nunca seria imunizado. Fora da Presidência, vacinas passaram a perseguir Bolsonaro. O ex-presidente foi alvo nesta semana de uma operação de busca e apreensão em um de seus endereços pela Polícia Federal, assim como 15 pessoas. Seu ex-ajudante de ordens, faz-tudo e conselheiro, o tenente-coronel Mauro Cid, foi preso. A acusação: falsificação de dados sobre vacinação contra covid-19, com inserção indevida nos registros públicos.

É irônico que vacinas sejam fonte da primeira investida da Justiça contra o ex-presidente. A falsificação, pela qual Cid é o principal suspeito, é um problema menor diante das ações e omissões de Bolsonaro, que lhe renderam 16 processos na Justiça Eleitoral, vários deles com um arsenal de provas explícitas, que dispensam investigação e que podem condená-lo, no mínimo, à inelegibilidade e, no máximo, à prisão. Os atos de Bolsonaro que o levam ao radar da Justiça costumam arrastar consigo um bando de gente que tem, quase sempre, um pé no sub-mundo do crime e das milícias.

Poesia | Bertolt Brecht - Os que lutam

 

Música - Miltinho - Conceição / Se alguém telefonar