O Globo
Bolsonaristas sentiram-se abandonados e
reagiram à presença de Eduardo Bolsonaro no Catar
A revolta que a aparição do deputado
Eduardo Bolsonaro no jogo do Brasil contra a Suíça na Copa do Mundo do Catar
provocou em bolsonaristas nas redes sociais mostra bem o clima delirante em que
se envolvem os que buscam um “terceiro turno” da eleição presidencial,
acampando em torno de quartéis, reivindicando uma intervenção militar para
evitar a posse do presidente eleito Lula em 1º de janeiro. Sentiram-se
abandonados pelo filho Zero Três de Bolsonaro, entendendo que ele estar
vibrando com o futebol do Brasil no Catar é sinal de que nada acontecerá no
país nos próximos dias. Mas é preciso que esses lunáticos parem de agir como
guerrilheiros, perseguindo seus supostos inimigos pelo mundo afora.
O que aconteceu no Catar com um dos maiores ícones da cultura brasileira, Gilberto Gil, é repugnante. Mais perigoso ainda é justificar a perseguição política como se ela nada significasse. O empresário de Volta Redonda Ranier Felipe dos Santos Lemache admitiu que fazia parte do grupo que assediou moralmente Gil e sua mulher, Flora, mas negou tê-lo xingado.
Ele não entende (ou finge não entender) que perseguir uma pessoa para criticá-la ou xingá-la em locais públicos ou privados é crime, pois todos têm o direito de pensar e agir como quiserem sem ser perseguidos ou moralmente atacados. É preciso desnaturalizar essas atitudes, pois a vida em sociedade pressupõe a convivência entre contrários. A liberdade de expressão não permite ataques e acusações levianas, que devem ser reparadas na Justiça.