quarta-feira, 27 de agosto de 2014

Opinião do dia: Aécio Neves

Quem fala olhando para trás tem receio de enfrentar o presente e não tem propostas para o futuro.

Aécio Neves, senador (PSDB-MG) e candidato a presidente da República, no debate na TV Bandeirante, São Paulo, 26 de agosto de 2014.

Marina abre 10 pontos sobre Aécio e venceria Dilma no 2º turno

• Pesquisa Ibope contratada pelo 'Estado' e pela Rede Globo mostra candidata do PSB 9 pontos à frente da presidente em disputa direta

José Roberto de Toledo e Daniel Bramatti - O Estado de S. Paulo

Como substituta de Eduardo Campos na candidatura a presidente pelo PSB, Marina Silva chegou a 29%, segundo nova pesquisa Ibope encomendada peloEstado e pela Rede Globo. A ex-ministra se isolou na segunda colocação e ficou a cinco pontos porcentuais atrás da presidente Dilma Rousseff (PT), que ainda lidera sozinha, com 34%. Aécio Neves (PSDB) está com 19%, em terceiro lugar. Em um segundo turno, se a eleição fosse hoje, Marina seria a vencedora.

A margem de erro máxima da pesquisa é de 2 pontos porcentuais, para mais ou para menos. Não há empate técnico no primeiro turno, porque Marina poderia ter no máximo 31% e Dilma, no mínimo 32%. Nem Aécio poderia estar em segundo lugar, porque chegaria no limite da margem a 21%, enquanto Marina teria ao menos 27%.

O Pastor Everaldo (PSC) marcou 1% das intenções de voto estimuladas, o mesmo porcentual de Luciana Genro (PSOL). Os outros candidatos não chegaram individualmente a 1%, mas juntos somam 1%. Há ainda 7% de eleitores que pretendem anular ou votar em branco, e outros 8% que estão indecisos. A soma dos adversários de Dilma dá 51%, 17 pontos a mais do que os 34% da presidente.

Segundo turno. Na simulação de segundo turno, Marina seria eleita com 45%, contra 36% da petista. Há, porém, ainda 11% de indecisos e outros 9% que anulariam. Contra Aécio, Dilma ainda seria reeleita: 41% a 35%. Nesse cenário, há mais indecisos e eleitores que anulariam: 12% em cada grupo.
Embora o cenário de primeiro turno testado pelo Ibope seja diferente do da pesquisa anterior - pois aquela ainda media as intenções de voto em Eduardo Campos (PSB) -, percebe-se que Marina, ao entrar na disputa, tirou eleitores de tudo e de todos: Dilma e Aécio perderam 4 pontos cada um; os nanicos perderam 3 pontos; a taxa dos que anulariam ou votariam em branco está 6 pontos menor; e há 3 pontos a menos de indecisos.

Na pesquisa espontânea - pergunta-se a intenção de voto do eleitor sem mostrar para ele a cartela circular com os nomes dos candidatos -, Dilma segue na liderança, com 27%. Marina chega a 18%, e Aécio tem 12%. O número de eleitores indecisos na espontânea despencou de 43% para 28%, em relação à pesquisa anterior do Ibope, de 6 de agosto.

Dos três primeiros colocados, Marina tem a menor rejeição. Apenas 10% dizem que não votariam nela de jeito nenhum, contra 36% que não votariam em Dilma, e 18% que rejeitam Aécio. Destacam-se ainda a rejeição ao Pastor Everaldo (14%) e a Zé Maria (PSTU), que tem 11%. Os demais candidatos têm menos de 10% de rejeição.

Avaliação. A avaliação do governo Dilma segue estável. Os que acham a gestão petista ótima ou boa oscilaram dois pontos para cima, de 32% para 34%. Já os que consideram o governo ruim ou péssimo passaram de 31% para 29%. A taxa de regular foi de 35% para 36%. E outros 2% não souberam responder.

O Ibope fez 2.506 entrevistas, entre os dias 23 e 25 de agosto, em 175 municípios de todas as regiões do Brasil. A margem de erro máxima é de 2 pontos percentuais, para mais ou para menos, em um intervalo de confiança de 95%. A pesquisa foi registrada no Tribunal Superior Eleitoral com o número BR428/2014.

José Roberto de Toledo: Marina vira favorita

- O Estado de S. Paulo

Marina Silva superou Aécio Neves e venceria Dilma Rousseff na simulação de segundo turno porque personificou o desejo de mudança. Pela primeira vez nesta campanha eleitoral, um nome da oposição assumiu claramente a preferência entre os 71% de eleitores que querem mudar tudo ou quase tudo no governo. Desde junho de 2013, essa é a principal força da eleição presidencial, mas não estava concentrada em ninguém.

Hoje, se dependesse só dos mudancistas, Marina estaria em primeiro lugar na corrida presidencial, com 34% – bem à frente de Dilma (24%) e de Aécio (22%). Isso é inédito. Enquanto Eduardo Campos era o candidato a presidente do PSB, os mudancistas se dispersavam entre Dilma (27%), Aécio (28%), Eduardo (10%), e entre brancos, nulos e indecisos (28%).

Dilma só se mantém em primeiro lugar no geral por causa dos 26% de eleitores que querem pouca ou nenhuma mudança. A presidente tem dois em cada três votos desse eleitorado.

O problema aumenta para Dilma quando a disputa fica no mano a mano do segundo turno. Nessa simulação, Marina conquista 56% dos mudancistas, e a presidente não ganha quase nenhum eleitor a mais nesse grupo do que já conseguira no primeiro turno: fica com 25% dos mudancistas. Entre os continuístas as proporções se invertem: Dilma fica com 66%, e Marina, com 26%. Como há quase 3 vezes mais mudancistas do que continuístas, Marina é favorita para vencer um segundo turno contra Dilma.

Se o “drive” da eleição não mudar, é até esperado que Marina cresça mais nas próximas pesquisas – à medida que mais eleitores mudancistas se identifiquem com ela. E isso tem mais chances de acontecer com Marina do que com Aécio porque ela tem maior potencial de voto e menor rejeição que o tucano.

Apesar dos números muito favoráveis à candidata do PSB, é preciptação achar que a eleição acabou. Como a tragédia de Eduardo Campos provou, tudo pode mudar num instante.

Dilma evita Marina em debate e Aécio tenta ligar ex-ministra ao PT

• Em 1º debate de TV da disputa ao Planalto, candidata do PSB explora imagem de ‘terceira via’ fazendo elogios a FHC e Lula

Ricardo Galhardo, Isadora Peron, Pedro Venceslau, Vera Rosa, João Domingos, Débora Bergamasco e Roldão Arruda - O Estado de S. Paulo

Sob o impacto da pesquisa Ibope que mostrou Marina Silva (PSB) isolada na segunda colocação da corrida presidencial, o primeiro debate entre os candidatos à Presidência, realizado nesta terça-feira pela TV Band, foi marcado por confrontos estratégicos e calculados entre os principais adversários na disputa. Enquanto a presidente Dilma Rousseff, candidata à reeleição pelo PT, mirou na polarização com o nome do PSDB, o tucano Aécio Neves partiu preferencialmente para um embate direto com a sucessora de Eduardo Campos.

Marina reforçou a tática de tentar se colocar como a terceira via propositiva, apontando o que classifica como equívocos da briga entre PT e PSDB e insistindo em temas que lhe credenciem como a “nova política”.

Não por acaso, a ex-ministra do Meio Ambiente abriu o bloco de perguntas dos candidatos questionando a presidente - que lidera as intenções de voto - sobre o que deu errado com os pactos propostos por Dilma na esteira das manifestações de junho do ano passado. A petista insistiu que os cinco pactos que ela desencadeou após as manifestações tiveram bons resultados. “Nós acreditamos que tudo deu certo.” Marina retrucou que “o Brasil que a presidente Dilma acaba de mostrar com colorido quase cinematográfico não existe.”

Na sua vez de perguntar, a petista questionou Aécio se a expressão “medidas impopulares” utilizada por ele iria significar redução do valor dos salários e do índice de empregos. O tucano lembrou a carta que Dilma enviou ao ex-presidente FHC, no início do governo dela, elogiando medidas como o controle da inflação e a responsabilidade fiscal. Os dois também protagonizaram o confronto mais duro, no quarto bloco, quando Aécio perguntou a Dilma se não era hora de a petista pedir desculpas por “gestão temerária” na Petrobrás.

Dilma afirmou que a declaração do adversário era uma “leviandade” e citou problemas enfrentados pela empresa estatal durante o governo FHC. Foi o momento do debate em que a tradicional polarização entre PT e PSDB ficou mais “quente”.

Alvo. Mas o tucano não podia disfarçar a necessidade de criar um confronto direto com Marina, que na pesquisa Ibope lhe ultrapassou e abriu uma vantagem de 10 pontos porcentuais. Na primeira oportunidade que teve para perguntar, o candidato do PSDB questionou a coerência da ex-ministra em relação à nova política pelo fato de ela se negar a compartilhar a campanha com o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), apoiado pelo PSB, e, ao mesmo tempo, fazer um aceno ao ex-governador e candidato ao Senado, José Serra (PSDB).

Marina disse que defender a nova política é combater a velha polarização. Aécio criticou o discurso da candidata do PSB afirmando que o importante é distinguir a boa da má política. Fez também questão de lembrar que o PT, na época que Marina era filiada, foi contra o Plano Real e o processo de estabilização.

No final do debate, tentou ligar a ex-ministra de Lula à presidente. Concluiu sua fala dizendo que “as propostas de Dilma e Marina são muito parecidas”. Sugeriu que um governo Marina poderá ser uma “aventura”. E “nomeou” o ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga, que ocupou o posto no governo FHC, seu ministro da Fazenda caso seja eleito em outubro.

Como já era esperado, para rebater as críticas sobre a falta de experiência administrativa, Marina citou os ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Fernando Henrique Cardoso, classificados não como gerentes, mas pessoas com visão estratégica. Fez elogios aos ex-presidentes - à estabilidade da gestão FHC e aos investimentos sociais de Lula -, mas ressaltou que não é “complacente com os erros”.

Quando pôde, se disse a favor de um “estado laico” - adversários usam a religiosidade da ex-ministra para associá-la a um “obscurantismo evangélico”. Fez várias menções a Eduardo Campos, cuja morte em 13 de agosto após um acidente de avião abriu caminho para a sua candidatura ao Planalto.

Os outros candidatos usaram as perguntas sobretudo para valorizar algum ponto de vista mais marcante de sua campanha. Eduardo Jorge, do PV, quis saber de Aécio Neves qual era a posição dele sobre o aborto. Depois de ouvir o tucano afirmar que vai defender a legislação atual, Jorge defendeu a mudança da lei, lembrando que 800 mil mulheres praticam aborto anualmente no Brasil, em condições precárias, em clínicas clandestinas.

Presidente joga no ataque usando montanha de dados

Cláudio Couto - É professor da FGV São Paulo

É difícil que eleitores renitentes tenham mudado seu voto após o debate desta terça-feira, 26. Contudo, para os que vacilam, houve atrativos. Num jogo que privilegiou os três principais contendores, que tocaram a bola entre si e foram priorizados pelos jornalistas, a presidente se destacou.

Dilma mostrou-se bem mais desenvolta do que há quatro anos, demonstrando que a experiência presidencial lhe proporcionou um bom treino verbal - decerto aprimorado por comunicólogos. Mas não foi apenas no teatral que a presidente se destacou. Logrou apresentar dados positivos de seu governo, listando números que sabia de cor estocando seu adversário favorito - o PSDB - sem se tornar antipática. Impôs ao debate a tônica de sua campanha: apresentar dados que desmintam as avaliações negativas sobre sua administração. Jogou no ataque e fez vários gols. Ao final, administrou.

Aécio, por sua vez, embora longe de uma performance desastrosa, não se destacou. Diríamos que jogou para empatar. Porém, num momento em que as pesquisas indicam estar ele uns quatro tentos atrás do adversário mais próximo, que continua atacando, jogar pelo empate não é a estratégia mais produtiva. Questionou Dilma sobre temas já exaustivamente tratados pelos jornais, dos quais não era mais possível extrair trunfos. Fez o óbvio, mesmo ao corretamente defender o legado de Fernando Henrique - o que os tucanos anteriores se envergonharam de fazer.

Já Marina, embora menos acabrunhada que Aécio, também não se destacou. Quem assistiu apenas ao começo do debate deve ter-lhe achado confusa. Melhorou com o passar do tempo e teve seu melhor momento numa resposta a Luciana Genro, do PSOL, que lhe questionava sobre seus assessores econômicos. Ao ser equiparada à “velha política” de PSDB e PT disparou contra a velha política de esquerda, que se acha dona da verdade. Boa jogada, mas já era tarde e o conjunto da performance pode ter desapontado eleitores conquistados na última semana. Talvez por nervosismo, atrapalhou-se ao menos três vezes ao conjugar o verbo “perder”. Ato falho?

Para analista, Marina surpreendeu no 1º debate

Elizabeth Lopes – O Estado de S. Paulo

A candidata do PSB, Marina Silva, alçada à cabeça de chapa após a morte do ex-governador Eduardo Campos, em acidente aéreo em Santos, surpreendeu no primeiro debate entre os presidenciáveis, promovido na noite deste terça-feira, 26, pela TV Bandeirantes. Chamou atenção por sua postura mais incisiva, por não fugir das perguntas e conseguir atacar os adversários do PT, Dilma Rousseff, e do PSDB, Aécio Neves, sem se mostrar agressiva. A avaliação foi feita pelo especialista em pesquisa eleitoral e marketing político Sidney Kuntz. "Quem apostou na fragilidade de Marina Silva perdeu, ela mostrou que está preparada para este embate eleitoral", afirmou o analista.

Na sua avaliação, outro bom desempenho no debate da Band foi o do candidato do PSDB, Aécio Neves. Para Kuntz, o tucano, que participou de seu primeiro debate em uma disputa eleitoral, mostrou segurança, não fugiu das perguntas e conseguiu falar das propostas que vem defendendo neste pleito. Além disso, seguiu na linha de criticar a adversária petista e levantar questionamentos sobre a nova concorrente Marina Silva, que o desbancou do segundo lugar na pesquisa de intenção de voto do Ibope, divulgada na tarde desta terça-feira.

Para o especialista, dos três candidatos mais bem posicionados nas pesquisas (Dilma, Marina e Aécio), quem mais perdeu no debate da Band foi a petista Dilma Rousseff. No seu entender, a presidente demonstrou nervosismo e pareceu não estar muito à vontade, não olhou diretamente para a câmera (telespectador), talvez pelo fato de ter sido o alvo preferencial dos concorrentes. Tanto que ela nem explorou a boa popularidade de seu padrinho político, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, citando-o apenas uma única vez, nas considerações finais do debate.

Até mesmo Marina Silva, destaca Kuntz, falou dos bons projetos realizados na gestão de Lula e do ex-presidente tucano Fernando Henrique Cardoso. "Ao citar os dois ex-presidentes, Marina reforçou sua tese de que, se eleita, não irá fechar portas para ninguém e irá governar com as melhores cabeças, independentemente de partidos", disse. Segundo o analista, a candidata do PSB mostrou também, "na medida certa", sua dor pela perda do companheiro de chapa Eduardo Campos e garantiu que irá respeitar os acordos que firmou com ele. "Outro ponto positivo para Marina foi quando ela disse que não é contra o agronegócio."

Tom de Marina no debate surpreende adversários

Carla Araújo e Ana Fernandes – O Estado de S. Paulo

A candidata Marina Silva (PSB) surpreendeu membros da campanha de Aécio Neves (PSDB) e de Dilma Rousseff (PT) por ter aberto o debate em tom considerado alto e combativo, especialmente porque essa atitude não é esperada de quem está bem colocado nas pesquisas, como é o caso da socialista. O marqueteiro da campanha de Marina Silva, Diego Brandy, disse que não foi uma estratégia e resumiu: "Ela foi ela".

Mais cedo, o deputado federal Carlos Sampaio (PSDB-SP), ao avaliar o desempenho dos candidatos, disse que Aécio demonstrou ser o mais preparado para cuidar do País. Sobre a candidata do PSB, Marina Silva, ele disse que, apesar de não apresentar nenhuma proposta concreta, evidenciou preparo para responder às perguntas. Já a presidente Dilma Rousseff, "como de costume" , demonstrou que não está preparada para absolutamente nada".

A ministra do Planejamento Miriam Belchior disse que alguns dados apresentados pelos adversários da presidente Dilma Rousseff e dos próprios jornalistas que fizeram perguntas não estavam corretos. Ela deu como exemplo o dado que 74% dos 20 mil cargos públicos são comissionados. Segundo ela, este número é de concursados.

Críticas aumentam, mas ninguém dispara uma ‘bala de prata’

Marcelo de Moraes - diretor da sucursal de Brasília do ‘Estado’

O crescimento expressivo de Marina Silva (PSB) nas pesquisas de intenção de voto, confirmado pelo Ibope poucas horas antes da realização do debate desta terça-feira, 26, da Band, deflagrou a temporada de críticas mais diretas entre os principais candidatos à sucessão presidencial. Sem ofensas pessoais, os participantes miraram alvos previamente estudados, trocaram ataques, mas ninguém conseguiu encontrar alguma “bala de prata” capaz de produzir dano irreversível ao adversário.

Embalada pelo Ibope, Marina defendeu sua “nova política” e procurou carimbar Dilma Rousseff (PT) e Aécio Neves (PSDB) como representantes de um modelo superado. Também surpreendeu ao partir imediatamente para o ataque, criticando os pactos propostos pela presidente depois dos protestos de junho de 2013.

Com cautela, Dilma e Aécio tentaram transmitir a imagem de que Marina não teria experiência e conhecimento suficiente para ser a gestora que a Presidência da República necessita. Ambos pareceram mais à vontade nas críticas feitas entre si. Dilma procurou colar Aécio no governo Fernando Henrique Cardoso e acusou os tucanos de quebrarem o País. Já o senador disse que a presidente deveria pedir desculpas pelas irregularidades envolvendo a Petrobrás e fez coro com Marina ao ironizar o programa exibido por Dilma no horário eleitoral gratuito, dizendo que todo brasileiro gostaria de morar naquele País que era mostrado.

A maior surpresa do debate foi, sem dúvida, a disposição de Marina de aceitar o confronto crítico com seus principais oponentes em vez de se resguardar, aproveitando o bom momento apontado nas pesquisas.

Mas, como os adversários, também oscilou. A ex-ministra se enrolou ao falar da presença de empresários, como Neca Setúbal e Guilherme Leal, na sua campanha, juntando-os numa elite na qual incluiu até o ambientalista Chico Mendes. Ao mesmo tempo, teve habilidade para reconhecer publicamente as qualidades dos ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Fernando Henrique Cardoso, inibindo os adversários. Apesar da combatividade do trio, nesse primeiro round o nocaute passou longe.

Aécio: sonho do brasileiro é morar na propaganda do PT

Elizabeth Lopes – O Estado de S. Paulo

Na abertura do terceiro bloco do debate entre presidenciáveis que acontece na TV Bandeirantes, o jornalista Boris Casoy perguntou à presidente Dilma Rousseff se ela manterá ou mudará a política econômica. Dilma argumentou que hoje ninguém pode negar que enfrentamos uma grave crise internacional e ao contrário do passado, em que se sempre se usava a receita de ''colocar o trabalhador para pagar'' os custos, seu governo se recusou a fazer isso, destacando que o governo conseguiu manter empregos - enquanto o mundo inteiro desempregou - e a inflação sob controle. Ela destacou ainda que, além de investimento em infraestrutura, o governo investiu pesado em educação e ofereceu oportunidades à população.

Na sequência, Aécio Neves, dizendo que "o sonho do brasileiro é morar na propaganda do PT", se direcionou à Dilma, e questionou se é possível hoje comprar as mesmas coisas que se comprava meses atrás, argumentando que o Brasil precisa iniciar um novo ciclo de mudanças.
Dilma respondeu que Aécio "claramente desconhece a grave crise internacional", relacionou os avanços do governo petista e disse não ser possível fazer comparação entre o momento atual e o que ocorria no País há 12 anos.

Marina Silva (PSB) foi perguntada se manteria o atual número de ministérios e se atuaria como uma gerente, caso vença as eleições. A candidata disse que os ex-presidentes Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não eram gerentes, mas fizeram coisas boas para o País. E utilizou o mesmo mote que seu companheiro de chapa, o falecido governador Eduardo Campos, dizendo que, mesmo com uma presidente que se diz gerente (a presidente Dilma Rousseff), o Brasil "será entregue no ano que vem ao próximo governante muito pior do que estava no início da gestão da petista".

Marina disse que um presidente da República precisa de credibilidade, legitimidade e visão estratégica para gerir o Brasil. "Quando não se tem visão estratégica, não é possível gerir nem a si mesmo", argumentou, dizendo que o atual governo petista faz uma política do ''toma lá, dá cá'' na administração do País.

Indagado sobre reforma administrativa, o candidato do PSDB, Aécio Neves, voltou a citar a sua experiência nos oito anos de administração do governo de Minas Gerais. E falou que construiu o maior número de parcerias público-privadas "da história do Brasil". Na réplica, Marina criticou a gestão do tucano na área da educação no Vale do Jequitinhonha, onde os professores, segundo ela, ganham muito mal. Na tréplica, Aécio a ironizou, dizendo que ela falava isso não por maldade, mas por desconhecimento, reiterando que melhorou, sim, o salário dos professores dessa região, considerada o "nordeste de Minas".

Fator Previdenciário
Pastor Everaldo (PSC) foi indagado se manteria o fator previdenciário e destacou que tem um aposentado em casa, o seu pai, criticando esse fator, pois no seu entender achatou as aposentadorias. "Isso foi um desastre para os aposentados brasileiros, provocando defasagem nos salários, mas vamos trabalhar para recuperar as perdas dos aposentados do Brasil". Na réplica, Marina lamentou a realidade em que vivem os jovens e os idosos do Brasil, destacando que se mede a responsabilidade de um país pela forma com que ele cuida de seus jovens e idosos. "Estamos comprometidos para fazer uma correção e dar dignidade aos aposentados."

Neste bloco, a candidata do PSOL, Luciana Genro, criticou a política econômica do governo petista, dizendo que eles tentam controlar a inflação com a elevação da taxa de juros. "A política econômica da presidente Dilma tem gerado muito lucro para o setor financeiro, onde só os bancos ganham e a inflação não fica sob controle". E desafio a presidente a implantar o imposto sobre grandes fortunas. A candidata do PSOL falou que a maneira de baixar a inflação seria com a reforma agrária. "Defendo a demarcação imediata das terras indígenas com reforma agrária", disse

O candidato do PV, Eduardo Jorge, falou de suas bandeiras, como o financiamento público de campanha, apenas para as pessoas físicas, para evitar o chamado ''voto de cabresto'', onde o eleitor se sente obrigado a atuar em favor dos grandes grupos do capital que o ajudaram a eleger com as doações.

O tucano Aécio Neves falou também de uma de suas bandeiras nesta campanha, o fim da reeleição com mandato de cinco anos para presidente da República.

Levy Fidelix (PRTB), questionado sobre a independência do Banco Central, disse que o Brasil está falido, quebrado financeiramente. "Vamos fazer um auditoria fiscal com relação à dívida, caso contrário este País vai para o buraco", disse. Eduardo Jorge, do PV, afirmou que o Banco Central independente, proposta da coligação de Marina Silva, "é apenas um fetiche para favorecer os rentistas e aumentar os juros, beneficiando os banqueiros".

Dora Kramer: Sustentar é preciso

- O Estado de S. Paulo

De susto os números da pesquisa Ibope/Estadão/TV Globo não mataram ninguém nos comitês eleitorais dos principais candidatos a presidente: Dilma Rousseff balança para baixo com 34%, Marina Silva sobe para 29% e Aécio Neves oscila para 19%.

Grosso modo os índices confirmam o que as consultas telefônicas informavam diariamente às campanhas, desde que o acaso levou Marina de novo à condição de titular perdida junto com o prazo de registro de seu partido na Justiça Eleitoral.

Mesmo antes disso, lembra o cientista político Antonio Lavareda, quatro pesquisas publicadas entre outubro de 2013 e abril de 2014 apresentavam a ex-senadora sempre em segundo lugar. Na última, tinha 27% das intenções de votos.

Era concorrente forte, com força devidamente medida. Tira votos de todo mundo. Não por outro motivo forças ligadas ao PT colaboraram para que ela não conseguisse a tempo o registro da Rede de Sustentabilidade. Marina no páreo, já se sabia, seria garantia de segundo turno.

Pode-se dizer, então, que por ora as coisas voltaram ao seu curso natural. Com acréscimo do fator comoção pela morte de Eduardo Campos e a estrutura de um partido como o PSB - minimamente mais bem organizado do que seria a Rede. Sem falar dos utilíssimos contatos da legenda com o mundo real.

Isso aliado à sensação de bem-estar que o voto em Marina proporciona ao eleitorado de um modo geral, Dilma Rousseff e Aécio Neves têm pela frente a difícil tarefa de travar um duelo entre o concreto e o intangível.

Mas ela também terá de enfrentar os espinhos inerentes ao pesado exercício do contraditório com os adversários que não lhe darão trégua.

Lei da atração. O partido agora em segundo lugar na disputa presidencial não quer comprar briga com o PT e o PSDB; prefere tentar neutralizar os adversários.

Razão dos elogios feitos aos ex-presidentes Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio da Silva, ao ex-governador José Serra e aos "melhores quadros" dos dois partidos que, segundo declararam correligionários de Marina Silva, seriam convidados a fazer parte do governo caso ela fosse eleita.
Pelo mesmo motivo a candidata apressou-se a incluir na agenda o aviso de que não concorreria à reeleição. O recado: sinalizar que em 2018 o terreno estaria livre. O canto da sereia, contudo, nesse momento não seduz tucanos nem petistas. Muito pelo contrário.

Majestades. A presidente Dilma Rousseff voltou a abordar a crítica da candidata Marina Silva ao perfil de gerente dizendo que essa característica é essencial à função. E acrescentou: quem não compreende isso está querendo ser "rainha".

O termo remete à imagem de "rainha" pretendida pelo marqueteiro oficial, João Santana, para a presidente quando ela ainda era candidata. Explicou isso numa entrevista à Folha de S.Paulo em que falava como Dilma poderia vir a suceder Lula também no "grande vazio sentimental e simbólico" deixado por ele no público.

Discorria Santana: "Há na mitologia política e sentimental brasileira uma imensa cadeira vazia, que chamo metaforicamente de cadeira da rainha e que poderá ser ocupada por Dilma".

A presidente agora usou a palavra em sentido diferente do utilizado por Santana. Ela quis dizer que a adversária ficaria alheia aos problemas cotidianos do governo, como uma rainha da Inglaterra. Ele se referia à figura que desperta reverência e adoração.

Dilma não conseguiu ocupar essa cadeira. Faltam-lhe os requisitos necessários para a montagem do personagem. Já Marina os tem de sobra. Concorre no terreno do imaginário, naquela via por onde já transitou a lenda do operário que comandava um partido que mudaria a política no Brasil.

Ataques marcam primeiro debate entre presidenciáveis na TV

• Dilma vira alvo por gestão econômica, reage com críticas a Aécio e Marina, que também se acusam

- O Globo

RIO - A 40 dias da eleição, o primeiro debate da campanha de 2014 entre os sete presidenciáveis, ontem na TV Bandeirantes, elevou a temperatura da disputa. Houve ataques recíprocos entre os três principais adversários: a presidente Dilma Rousseff (PT), que concorre à reeleição, o ex-governador Aécio Neves (PSDB) e a ex-senadora Marina Silva (PSB). Logo no início do primeiro bloco que permitia perguntas entre os candidatos, pelo menos um tema uniu, em perguntas distintas, Aécio e Marina contra Dilma: a situação econômica do país. Levando para o debate ecos das manifestações de junho de 2013, Marina citou os pactos pela mobilidade urbana e pelo controle da inflação. E acusou Dilma de não tê-los cumprido.

A presidente reagiu, afirmando que “a inflação está sendo sistematicamente reduzida”. A candidata do PSB respondeu com um ataque direto à gestão Dilma, que teria, segundo ela. apresentando um Brasil “quase cinematográfico”, que não existe.

Aécio Neves, ao criticar a política econômica do governo petista, acusou a presidente de ter “um conjunto de ações desastradas e desconexas em vários setores”. Aécio e Marina também se estranharam diante de dois assuntos: o tucano cobrou da ex-senadora “coerência” em torno dos nomes que escolhe para integrar seu rol de aliados, e Marina criticou a gestão de Aécio como governador de Minas, na área da Educação.

Aécio e Dilma travaram embate por conta do escândalo da venda da refinaria de Pasadena, envolvendo ex-diretores da Petrobras. O presidenciável declarou que a Petrobras passou das páginas econômicas para as páginas policiais e encerrou seu tempo de questionamento perguntando a Dilma se não era hora de ela pedir desculpas pela gestão temerária da empresa. Temas como o controle social da mídia e os conselhos populares também fizeram parte da discussão.

Em suas considerações finais, ao querer enfatizar a ideia de que o "Brasil não comporta novas aventuras" e de que somente ele representaria a mudança com responsabilidade, Aécio antecipou que, caso eleito, escolheria Armínio Fraga, ex-presidente do Banco Central na gestão Fernando Henrique, ministro da Fazenda. Já Marina voltou a citar Eduardo Campos ao final do debate, lembrando ter vivido uma “realidade traumática", e Dilma reforçou que fora eleita para "fazer avançar o legado de Lula".

Ao abordar a questão da economia em sua pergunta para Aécio, Dilma aproveitou também para criticar as altas taxas de desemprego no governo Fernando Henrique Cardoso.

Mantendo as fortes críticas, Aécio declarou que o governo Dilma não inspira confiança e que não tem credibilidade por conta de ações que considera “desastradas e desconexas”, além de um intervencionismo forte na economia. E disse ainda que o governo do PT se aproveitou de reformas feitas no governo FH.

— É preciso que a senhora reconheça que o país não cresce e não gera emprego. O governo que a senhora comanda, infelizmente, perdeu a capacidade de inspirar confiança, credibilidade por um conjunto de ações desastradas, desconexas, um intervencionismo absurdo em setores como o de energia. A grande verdade é que o governo do PT surfou nas reformas feitas no governo do presidente Fernando Henrique. Mas a bendita herança acabou, e os brasileiros estão preocupados com o futuro — afirmou o tucano.

Em resposta aos ataques, a petista criticou a gestão tucana à frente do Palácio do Planalto, dizendo que o PSDB quebrou o Brasil e citou números de geração de empregos dos dois governos petistas. Dilma afirmou que, apenas em seu governo, já gerou mais empregos no país do que nos oito anos de Fernando Henrique:

— A verdade é que o governo do PSDB quebrou o Brasil três vezes. Propôs aumento de tarifa, propôs que não se desse aumento de salários, tivemos redução salarial terrível nesse período. No meu governo, geramos mais empregos do que vocês geraram em oito anos. Estou gerando 5 milhões e 500 mil empregos, os números não podem ser enganosos, e o governo do PSDB cortou salários e deu tarifaços.

Manifestações de junho foram lembradas
Aécio pediu a Dilma um “gesto de grandeza” para reconhecer que os programas sociais do governo do ex-presidente Lula tiveram o embrião nas gestões tucanas. E ironizou o fato de Dilma, ao assumir, ter mandado carta a Fernando Henrique elogiando os feitos na economia.

— Não tivesse havido governo do presidente Fernando Henrique, com estabilidade da moeda, sempre contra apoio do PT, modernização da economia, privatização de setores que deveram estar fora do estado, não teria governo do presidente Lula. Foram os programas sociais do governo Fernando Henrique que levaram aos do presidente Lula. Reconhecer é gesto de grandeza que tem faltado a seu governo — alfinetou.

No mesmo bloco, Dilma e Marina Silva também foram para o embate. Primeira do bloco a perguntar, a ex-senadora escolheu questionar a petista sobre o que deu errado, já que, segundo ela, as propostas feitas por Dilma depois das manifestações de junho de 2013 não saíram do papel. A presidente respondeu que avalia que todas as propostas deram certo, que fez cinco pactos, entre eles a destinação de 75% dos royalties do petróleo e fundos do pré-sal para a Educação. Ela afirmou ainda que prometeu e cumpriu a implementação do programa Mais Médicos, e que a reforma política foi enviada para votação do Congresso, mas não passou:

— Eu considero que tudo deu certo, veja você. Fizemos também um compromisso com a reforma política, enviamos ao Congresso e não foi aprovada. Acredito que a reforma vai exigir a consulta popular através de plebiscito.

Partindo para o ataque, Marina Silva respondeu dizendo que o Brasil “cor-de-rosa” apresentado por Dilma simplesmente não existe:

— Uma das coisas mais importantes para que a gente possa resolver os problemas é reconhecer que existem. Quando a gente não reconhece, não passa esperança para a população de que serão enfrentados à altura. Esse Brasil colorido, quase cinematográfico que Dilma mostrou, não existe na vida das pessoas. A gente continua parado no trânsito, a reforma política virou troca de ministros em troca de apoio e tempo de televisão.

Dilma e Aécio voltaram a se confrontar em torno da Petrobras. O candidato tucano afirmou que a empresa perdeu metade do valor de mercado e que está nas páginas policiais. E perguntou a Dilma se não era hora de pedir desculpas pela condução “temerária” da Petrobras.

Dilma cita segurança durante a copa
Dilma disse que Aécio desconhece a empresa.

— Hoje a Petrobras é a maior empresa da América Latina. Passou de um valor de R$ 15 bilhões do seu governo para R$ 110 bilhões no nosso. No meu governo a Petrobras descobriu e perfurou o pré-sal. Vocês disseram que tínhamos inventado o pré-sal, e conseguimos tirar 540 mil barris. O volume de reservas permite à Petrobras ser uma das maiores empresas de petróleo do mundo. Em 2018, vamos produzir 3,8 milhões de barris. A Petrobras é uma grande riqueza do Brasil. Não fomos nós que tentamos mudar o nome para Petrobrax, porque soava melhor na língua inglesa.

Aécio replicou:
— Uso emprestado o termo da candidata. É uma leviandade a atuação da presidente diante dos casos que surgem na Petrobras. Um colega seu está preso hoje (referência ao ex-diretor Paulo Roberto Costa). Todas as denúncias acabam caminhando para benefícios a seu partido e a partidos que lhe dão apoio.

Dilma usou a tréplica:

— Repito que é uma leviandade. Quem investiga a Petrobras é um órgão do governo federal, a Polícia Federal (...) e doa a quem doer. Nós nunca escondemos para debaixo do tapete os crimes de corrupção. Nunca tivemos uma relação com o Procurador-geral da República para transformá-lo em engavetador-geral da República.

No quinto bloco, Aécio foi questionado sobre a criação dos conselhos populares, defendida pelo governo federal. O tucano respondeu dizendo que vê com enorme preocupação a criação dos conselhos, e afirmou que a formatação definida pelo PT avilta o poder do Congresso e pode ser definido como controle social da mídia:

— A democracia pressupõe instituições sólidas, que tenham independência entre si. Participação popular é essencial, temos dezenas de conselhos atuando, mas a formatação que o PT busca trazer é algo que avilta um poder que deve ser independente e soberano porque eleito pela sociedade brasileira. O conjunto de ideias que o PT deixa à discussão pública, mesmo que não as assuma diretamente, vem aquela do controle social da mídia. A liberdade de imprensa é pressuposto fundamental para que tenhamos democracia no país. Esse decreto nos preocupa imensamente, por isso estamos apoiando no Congresso a suspensão desse decreto.

No comentário, Dilma disse que o PSDB sempre temeu o diálogo e a participação popular:

— É normal que o candidato Aécio pense assim, sempre tiveram muito medo do diálogo e da participação popular e social. Não há nenhum conselho de participação social, há um decreto que regulamenta conselhos, e é para consulta, não é processo decisório. É estarrecedor que se considere plebiscito algo bolivariano.

Aécio questiona Marina sobre contradições da ‘nova política’

• Candidata nega incoerência ao elogiar Serra e recusar Alckmin

- O Globo

Ameaçado de perder a vaga no segundo turno para a candidata do PSB, Marina Silva, segundo a pesquisa Ibope divulgada ontem, o tucano Aécio Neves elegeu a adversária como alvo logo no início do segundo bloco do debate. Dirigindo- se a Marina, Aécio questionou a “nova política” defendida por ela, que se nega a subir no palanque “de um dos políticos mais íntegros do país”, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB). Ao mesmo tempo, afirmou Aécio, Marina disse que deseja ter o apoio
do tucano José Serra, caso seja eleita presidente:

— Essa nova política não precisa de uma boa dose de coerência? — questionou Aécio.

Em sua resposta, Marina também atacou e disse que a polarização PT e PSDB dividiu o país e precisa acabar, procurando-se firmar como uma alternativa aos partidos que se revezam no poder desde 1995:

— Me sinto inteiramente coerente. Defender a nova política é combater a velha polarização que há vinte anos tem se constituído num verdadeiro atraso. A polarização PT x PSDB já deu o que tinha que dar. Quando disse que não ia subir em palanques que não havia antes acordado com o saudoso Eduardo Campos, mantive a coerência porque não queria favorecer partidos da polarização. Quando digo que quero governar com o melhor, reconheço que existem pessoas boas em cada partido, mas a maioria está no banco de reservas. Eu estava dizendo que tenho certeza que, se ganhar a Presidência,
ele (o governo) não haverá de ir pelo caminho mesquinho da oposição que só
vê defeitos, mesmo quando avanços são evidentes, como o Bolsa Família, que o PSDB tem grande dificuldade de aceitar.

Ou da situação pela situação, que só vê virtudes. O PT tem dificuldade de reconhecer os erros — reagiu Marina, que citou, além de Serra, os senadores Eduardo Suplicy (PT) e Pedro Simon (PMDB) como políticos a quem pretende recorrer.

Ulysses e Tancredo lembrados
Aécio questionou novamente Marina sobre a divisão que ela faz entre a velha e a nova política e citou nomes de políticos já falecidos:

— Não posso crer que homens como Ulysses Guimarães, Miguel Arraes, Tancredo Neves praticavam a velha política. E a boa política pressupõe coerência. Estou aqui acreditando no que sempre acreditei, que a estabilidade da moeda era essencial, que as privatizações de determinados setores da economia eram essenciais para gerar emprego. Fizemos tudo isso com a oposição — afirmou Aécio, frisando que saber ver méritos em adversários.

Houve novo embate entre o tucano e a candidata do PSB quando Aécio foi perguntado sobre o tamanho da máquina pública e os cerca de 20 mil cargos de confiança na administração federal. Como fez em outros momentos, Aécio se valeu de seus dois mandatos como governador de Minas Gerais e enumerou realizações, como o corte de um terço das secretarias estaduais e a prioridade na educação, tendo deixado o governo de Minas com “a melhor educação fundamental do Brasil”.

— A obra pública em Minas é referência. O estado remunera os servidores baseado na meta estabelecida. Reduzi em um terço as secretarias, extingui mil cargos comissionados. A prioridade era a educação. No fim do governo, Minas é a melhor educação fundamental do Brasil.

Na saúde, melhor qualidade de atendimento da região. Acredito muito que a gestão publica não precisa ser ineficiente por ser pública, desde que tenha metas estabelecidas de forma clara.

Marina critica gestão de Aécio
Assim como fizera em relação à presidente Dilma Rousseff, a quem acusou de apresentar um “Brasil colorido e quase cinematográfico”, Marina questionou os dados apresentados por Aécio. Marina disse que o tucano se esqueceu do Vale do Jequitinhonha (uma das regiões mais pobre e com os piores indicares sociais de Minas), onde, segundo ela, os professores “vivem nas penúrias.” — Aécio citou tudo colorido em seu estado. Mas não incluiu em Minas o Vale do Jequitinhonha, que os professores reclamam de seus salários e os alunos sofrem — afirmou Marina.

Aécio então acusou Marina de desconhecer seu governo em Minas:

— Marina, mais por desconhecimento do que por má-fé, comete uma enorme injustiça com o Vale do Jequitinhonha. Os professores ganham mal no Brasil inteiro. Em Minas, as metas avançaram mais nas regiões mais pobres do estado. Investimos três vezes mais per capita no Jequitinhonha do que nas regiões mais ricas do estado — afirmou o tucano.

Gerência ou visão estratégica
Marina também polemizou com Dilma, quando, em uma pergunta de um jornalista, foi lembrada de sua recente declaração, de que “o Brasil não precisa de um gerente”. Foi a senha para que as duas adversárias se alfinetassem. A candidata do PSB reafirmou que, para governar o Brasil, o mais importante é se ter uma “visão estratégica”. Ela citou os ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Fernando Henrique Cardoso como políticos com esse atributo e que, graças a ele, legaram ao país, respectivamente, a redução da pobreza com inclusão social e a estabilidade econômica. E hoje, disse, o governo entregará o país pior do que recebeu.

Dilma reagiu e insinuou que Marina é inexperiente e, por isso, menospreza a capacidade de gestão. Segundo Dilma, os problemas de um país complexo como o Brasil não serão resolvidos “só com discurso”.

PT e PSDB tentam manter polarização; PSB aposta em 3ª via

• No 1º debate dos presidenciáveis, cientistas políticos destacam estratégias de Dilma, Aécio e Marina

Alessandra Duarte e Carolina Benevides – O Globo

RIO — No primeiro debate dos candidatos à Presidência, a petista Dilma Rousseff e o tucano Aécio Neves, segundo os cientistas políticos ouvidos pelo GLOBO, optaram por continuar com a polarização PT x PSDB e por manter as diferenças entre os dois partidos. Marina Silva, do PSB, por sua vez, preferiu marcar a imagem de terceira via para tentar se associar aos desejos de mudança registrados nas pesquisas e apostou na “nova política”, destacando que quer “unir” o Brasil.

— Marina fez parecer o seguinte: eu estou sintonizada com as demandas de junho de 2013, eles são a velha política, eu sou a nova e vou governar com os melhores quadros, tendo citado o (Eduardo) Suplicy, o (Pedro) Simon e o (José) Serra. Ela foi marcando seu terreno, ainda que tenha incoerências e contradições, já que citou pessoas da política tradicional, da velha política — diz Marly Motta, da FGV, destacando que “Aécio e Dilma usaram suas experiências no Executivo para contar o que já fizeram”: — Provavelmente tentam despertar a desconfiança no eleitor da Marina, que só pode falar de futuro. Eles, bem ou mal, têm história.

Professor da PUC-Rio, Ricardo Ismael crê que Marina teve estratégia bem definida para alcançar eleitores esgotados com o PT, mas que não querem a volta do PSDB:

— Ela quis dizer algo como: Aécio e Dilma dividem o país, eu quero unir o Brasil. Há uma parte do eleitorado que está esgotada com o PT, e outra que não quer a volta do PSDB, ela está falando para essas pessoas. E ela deu seu recado logo no 1º bloco, lembrou o Eduardo Campos (candidato do PSB morto) e disse que é a esperança na política. 

— Marina tentou resgatar os protestos de 2013 para ela. Dilma se esquivou bem, falando da aprovação do dinheiro do pré-sal para a Educação, da proposta de plebiscito para a reforma política. Marina quer polarizar com a Dilma, mas a Dilma quer manter a polarização com Aécio — diz Paulo Baía, da UFRJ, lembrando que a candidata do PSB “reforçou a posição de tentar ser diferente dos outros dois principais candidatos”: 

— Aécio questionou Marina sobre o que seria a nova política de que ela tanto fala. Ela deu explicação genérica, e Aécio se saiu bem ao falar da “boa e da má política”, que havia nomes bons também em períodos anteriores. 

Para Baía, em relação aos outros candidatos, Luciana Genro (PSOL) se destacou ao provocar Marina ao dizer que há candidato que fala de nova política e tem na coordenação de campanha uma banqueira (em alusão a Neca Setúbal, da campanha de Marina). 

— Aécio falou do que fez em Minas e, na hora de atacar, escolheu mesmo a Dilma — completa Carlos Pereira, da FGV/Ebape: — Dilma foi previsível, com discurso defensivo, preparado, se eximindo de responsabilidades de problemas atuais. Marina tentou se mostrar alternativa superior ao que veio antes (PT e PSDB). 

Segundo Marly, nesse 1º debate, “Dilma e Aécio não quiseram sair do terreno que já conhecem”, e o tucano anunciou Armínio Fraga como ministro para mostrar que ele é a mudança segura.
— O Ibope mostra Marina em crescimento, ela não sai do debate atingida e se apresentou mais preparada do que em 2010. Dilma e Aécio vão ter que usar a propaganda na TV para atacá-la — diz Ismael.

— Deixaram Marina solta. Até Aécio, que confrontou Marina, mas bateu mais em Dilma,, parece que desconheceu a pesquisa que saiu hoje (ontem) — conclui Baía.

José Casado: Mudem o rumo, avisam os eleitores

- O Globo

A nova pesquisa eleitoral provocou comoção na liderança do Partido dos Trabalhadores. Impressionou muito mais a solidez da rejeição a Dilma Rousseff do que a rápida ascensão de Marina Silva (PSB) à segunda posição entre os adversários, com larga vantagem à frente de Aécio Neves (PSDB).

Dilma é uma presidente-candidata cuja taxa de rejeição (36%) já supera a soma de suas intenções de voto (34%) a apenas 40 dias da eleição. Esse quadro, definido pelos entrevistados com a resposta "não votaria de jeito nenhum", mantém-se praticamente estável há seis meses para a presidente-candidata - tendência confirmada por outras sondagens como a realizada pelo Datafolha na semana passada. A taxa de rejeição a Dilma supera em seis pontos as de Marina (10%) e de Aécio (18%).

Isso acontece em um cenário no qual ampla maioria do eleitorado manifesta, sucessivamente em todas as pesquisas, ansiedade por mudanças na forma de governar. Até agora, porém, os principais candidatos à Presidência mais dissimularam do que se dedicaram à discussão de propostas objetivas sobre o quê, como, onde e quem pagaria a conta de eventuais mudanças.

A chance de segundo turno se cristaliza com a força exibida por Marina (29%) e a posição de Aécio (19%). A liderança numérica de Dilma - próxima do empate com Marina - está dez pontos percentuais abaixo da soma dos adversários. É da tradição do PT não se surpreender com a possibilidade de um segundo turno.

Ontem, porém, a cúpula do PT se mostrava abalada com o cenário de Marina (45%) com nove pontos de vantagem sobre Dilma (36%).

Nem mesmo a confirmação da tendência de liderança (41%) da presidente-candidata numa projeção de disputa com Aécio (35%) serviu de consolo: sua vantagem na hipótese de embate com o candidato do PSDB se mantém minguante desde abril, segundo o Ibope. A distância que os separava era de 13 pontos dois meses atrás. Agora é de apenas seis.

Para Dilma, um complicador é o rarefeito entusiasmo que sua candidatura provoca em boa parte das lideranças do PT - obstinados devotos do "Volta, Lula!" O ex-presidente talvez seja, de fato, o principal responsável por manter essa chama acesa desde o ano passado, quando Dilma já havia demonstrado vontade de ir à luta pela reeleição. O problema do partido, nesta altura da campanha, é inovar na oferta ao eleitorado para continuar no poder. Movimento nessa direção pressupõe um reconhecimento da "insuficiência" do que já se fez, mas prevalece a relutância na admissão de "erros" - quaisquer que sejam. O preço a pagar está sugerido em pesquisas, como a de ontem.

Do outro lado, observa-se que há em comum um desconcerto com a velocidade da ascensão de Marina. Esse sentimento permeava, por exemplo, as reações dos seus aliados, líderes do PSB e do PPS.

Foram surpreendidos com o súbito avanço, de uma votação potencial em torno de 20 milhões - similar à obtida na eleição de 2010 - para cerca de 41 milhões, no espaço de uma semana. A perspectiva de poder passou a ser considerada como real e já impôs mudanças de comportamento da cúpula do PSB em relação à candidata, até então tratada com frieza em manifestações públicas e, sobretudo, no planejamento de campanha em estados como São Paulo e Rio de Janeiro.

No PSDB de Aécio Neves o choque com a passagem de Marina à segunda posição na preferência eleitoral, e com larga vantagem, detonou um processo de questionamento interno sobre o rumo da campanha. Bem sucedido na costura de acordos partidários regionais, ainda incólumes, Aécio talvez tenha se descuidado do embate direto com o eleitorado, onde suas propostas para mudanças ainda sequer são conhecidas. Agora, só lhe resta correr contra o tempo.

Faltam apenas cinco semanas e os eleitores renovam o aviso: mudem o rumo.

Agora, um novo jogo

• Para especialistas, "efeito marina" deve acelerar reações de petistas e tucanos

Cássio Bruno e Leticia Fernandes - O Globo

A pesquisa Ibope/TV Globo/"O Estado de S. Paulo" divulgada ontem, que mostrou uma arrancada da candidata do PSB à Presidência, Marina Silva, abrindo dez pontos percentuais de vantagem sobre o tucano Aécio Neves e vencendo a presidente Dilma Rousseff no segundo turno, pode acelerar a reação das campanhas de PT e PSDB sobre o "efeito Marina". Na avaliação de especialistas ouvidos pelo GLOBO, o mais prejudicado é Aécio, que até então era o nome da oposição com mais estrutura para enfrentar Dilma.

Para Luís Carlos Fridman, professor de Ciência Política da Universidade Federal Fluminense (UFF), a ascensão de Marina é "impressionante":

- Mas o jogo mais pesado ainda está por vir, que incluirá a exploração das divergências internas entre o PSB e a Rede, além das definições eleitorais de setores econômicos poderosos, como o agronegócio e as elites industriais e bancárias, que já sabem o que é Dilma, mas não sabem ao certo o que será Marina no poder.

Felipe Borba, do Instituto de Estudos Sociais e Políticos da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Iesp), avalia que Aécio foi o maior prejudicado:

- Queriam tanto um segundo turno que parece que vão assistir de fora. Isso vai antecipar a campanha negativa. A partir de agora, se Marina se consolidar nessa posição, isso vai estimular uma disputa bem acirrada. Ela começou a ocupar posições que ninguém esperava. E quem perde posições reage. Acho que vem por aí uma reação forte de ambas as partes.

Já Eurico Figueiredo, coordenador do programa de pós-graduação de Ciência Política da UFF, o crescimento de Marina vem, de um lado, da aspiração brasileira por um líder salvacionista, que personifique um novo tempo e novas aspirações. Por outro, Figueiredo acredita que o crescimento da ex-senadora se deve apenas a seu carisma, já que Marina não possui, ao contrário de Dilma e Aécio, estrutura partidária ou tempo de TV:

- Há uma ideia no imaginário brasileiro do salvacionismo, o personalismo na vida política, a ideia de que existe uma figura que, em um momento de crise, pode representar um novo tempo e novas aspirações. A arrancada dela não deve ser atribuído a nada, a não ser ela mesma.

David Fleischer, professor de Ciência Política da Universidade de Brasília (UnB), disse que Marina conseguiu tirar votos de Dilma e de Aécio:

- Na pesquisa Datafolha, Marina conquistou os votos dos indecisos. No Ibope, ela atraiu os eleitores que votariam nos adversários.

- A Marina é nacionalmente conhecida, já teve 20 milhões de votos nas eleições de 2010. Agora, está sendo a maior beneficiada com os votos das pessoas que desacreditam na política e que pretendiam votar em branco e nulo - afirmou Cláudio Gurgel, professor de Ciência Política da UFF.

De acordo com Gurgel, outro fator que contribuiu para o crescimento de Marina foi o sentimento de comoção com a morte de Eduardo Campos.

- Houve um impacto emocional de pesar. Antes da morte do Eduardo Campos, Aécio era o candidato que representava a rejeição ao governo Dilma. No ponto de vista dos eleitores, ele seria o único capaz de derrotá-la. Mas tudo mudou com a entrada da Marina - avaliou.

Borba e Figueiredo, porém, não creem que Marina surfe na onda de comoção gerada pela morte de Campos. E alertam para o fato de que a arrancada da candidata pode ser uma tendência momentânea por ela não ter tempo de TV e estrutura partidária:

- É preciso saber se essa é uma tendência momentânea ou processual, um processo que leva a um embalo ainda maior. E ver como vai funcionar a campanha na televisão e a máquina partidária - completou Figueiredo.

Giannetti afirma que trabalharia com tucanos

• Assessor de Marina, economista volta a declarar ideia de aliança com Lula e FH

Raphael Kapa – O Globo

O economista Eduardo Giannetti, que assessora a candidata à Presidência Marina Silva (PSB) em seu programa econômico, afirmou que não vê problemas em trabalhar ao lado do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), num eventual governo tucano.

- Eu não posso falar em nome de outras figuras, mas, se for uma agenda com a qual nós temos identidade, eu não vejo por que não colaborar para que ela seja bem sucedida em nome do Brasil - afirmou o economista.

A afirmação é uma resposta a um comentário de Fernando Henrique. O ex-presidente disse que gostaria de ver Marina no governo de Aécio Neves, caso o tucano fosse eleito presidente. O comentário de FH, reproduzido ontem por Mônica Bérgamo em sua coluna na "Folha de S.Paulo", foi motivado por outra declaração do próprio Gianetti feita anteontem. O economista dissera na ocasião que Marina gostaria de ter FH e o ex-presidente Lula (PT) como aliados.

A declaração de Gianetti também foi comentada por Aécio anteontem, em visita ao Saara, centro de comércio popular do Rio. O candidato tucano afirmou que a declaração do economista aliado de Marina confirma que o PSDB possui os principais quadros para governar o país:

- Ninguém tem propostas em condições melhores que a nossa. A própria declaração do meu amigo Gianetti é que ele encontra no PSDB os quadros mais qualificados - disse Aécio.

Giannetti, que participou de uma palestra sobre "Ética e Economia" na Academia Brasileira de Letras, manteve o discurso de que é necessário unir forças:

- Nós queríamos ter os melhores trabalhando conosco com uma visão generosa e de boa vontade. O Brasil tem que contemplar a possibilidade de unir forças, ao invés de fazer oposição pela oposição - afirmou Giannetti.

O economista também disse que o plano de governo de Marina sobre economia será apresentado no dia 29.

Merval Pereira: A outra eleição

- O Globo

Sobrou até para o Pastor Everaldo. Ele vinha bem, ali entre 3% e 4% das intenções de voto, e tinha planos de até dobrar essas intenções para se tornar um eleitor de peso no segundo turno da eleição presidencial. Veio o fenômeno eleitoral Marina Silva e tirou os votos evangélicos do pastor, um efeito colateral da verdadeira limpa que Marina fez, acrescentando nada menos que 20 pontos aos 9 que Eduardo Campos tinha na última pesquisa Ibope: Dilma e Aécio perderam 4 pontos cada; os candidatos nanicos perderam 3 pontos no seu conjunto; a taxa de votos nulos ou em branco caiu 6 pontos; e a de indecisos, outros 3 pontos.

A questão parece ser que Dilma e Aécio se prepararam para uma eleição e estão disputando outra, que mudou radicalmente desde a morte de Campos, há 13 dias. Não atribuo esse crescimento de Marina à comoção popular, embora a morte trágica de Campos tenha dado a ela uma exposição nacional maior naqueles dias do que terá em toda a campanha eleitoral, com os poucos minutos que tem de propaganda oficial.

Embora sejam números semelhantes, o crescimento do candidato Paulo Guerra em Pernambuco, nada menos que 18 pontos nos últimos dias, dando-lhe condições de aspirar a vencer a eleição para governador, nada tem a ver com os 20 pontos que Marina acrescentou à sua candidatura.

Em Pernambuco, a comoção com a morte de Campos e a politização proposital de seu enterro pela família, numa homenagem à sua memória política, vão se transformar possivelmente na vitória do candidato que o ex-governador havia escolhido para sucedê-lo. Com relação a Marina, sua votação me parece fruto do despertar de um eleitorado que estava em busca de um candidato que se identificasse com o desejo de mudança registrado em todas as pesquisas.

Mudança, sobretudo, de relação política entre o Palácio do Planalto e o Congresso, e deste com os cidadãos-eleitores. A busca é tão clara que o candidato tucano Aécio Neves apareceu em pesquisas anteriores em empate técnico com a presidente Dilma num possível segundo turno, e hoje aparece perdendo por seis pontos, o que o coloca a dois pontos apenas desse empate, mesmo estando em terceiro lugar.

Já a candidata Marina está a um ponto do empate técnico no primeiro turno com a presidente, e aparece na frente 9 pontos no segundo turno. Creio que, se ela tivesse conseguido organizar seu partido, estaria desde o início disputando o segundo lugar com Aécio, e haveria mais tempo para que a escolha fosse feita de maneira racional, como propõem os tucanos.

A presidente Dilma montou toda sua campanha eleitoral no contraponto com o PSDB, tentando diluir seus fracassos nos 12 anos de governos petistas. Já Aécio Neves preparou-se para discutir os quatro anos de Dilma, e mostrar-se como a escolha segura para quem queria dar um fim aos anos de PT no poder. A mudança segura.

Enquanto seu contraponto era Eduardo Campos, ia no caminho certo, e tinha até condições de vencer num segundo turno - e continua tendo, como mostra a pesquisa Ibope -, mas agora está às voltas com uma concorrente que traz consigo a marca do novo, fantasiosa embora, pois Marina está na política há muito tempo, já foi vereadora, senadora, ministra de Estado, já esteve em três partidos diferentes (PT,PV e PSB) e prepara sua Rede para mais adiante.

Mas conseguiu, nesse tempo todo, manter-se fiel a seus princípios éticos na política, a ponto de dar a sensação a seus seguidores de que ela nunca esteve envolvida na política tradicional, que rejeita. Por isso, desconstruí-la será tarefa árdua para Dilma e Aécio.

É possível que boa parte da base aliada da presidente comece a debandar, em busca de salvar-se na candidatura Aécio, se a vitória de Marina no segundo turno deixar de ser uma "onda que vem e vai" para se transformar em uma possibilidade real. Esses partidos só estão com Dilma porque consideravam inevitável sua vitória, e devem estar lamentando não terem desertado antes, como fizeram alguns setores do PMDB, do PP, do PTB.

Mas talvez aí seja tarde demais para reverter a situação que se desenha no horizonte.

Fernando Rosdrigues: Marina quebrando paradigmas

- Folha de S. Paulo

A pesquisa Ibope divulgada nesta terça-feira (26) mostra uma possível quebra de paradigmas na política brasileira. Realizado de 23 a 25 deste mês de agosto, o levantamento do Ibope mostra Dilma Rousseff (PT) com 34% contra 29% de Marina Silva (PSB). Aécio Neves (PSDB) surge em terceiro lugar, com apenas 19%.

Se esse resultado vingar daqui a menos de 40 dias, em 5 de outubro, pela primeira vez o Brasil terá um segundo turno de disputa presidencial 100% feminino --com Dilma e Marina. Ou seja, a partir de 2015, novamente o Palácio do Planalto será comandado por uma mulher.

A disparada de Marina Silva, sinalizando que hoje é favorita contra Dilma no segundo turno (45% X 36%), indica também a primeira possível virada numa eleição presidencial depois do início do horário eleitoral em rádio e TV. Em disputas anteriores, desde 1989, nunca um candidato que começou a propaganda eletrônica liderando as pesquisas foi ultrapassado por um adversário na fase seguinte da campanha.

Outra escrita a ser quebrada --caso a pesquisa se confirme nas urnas-- é que um tucano não será finalista, um padrão dos últimos 20 anos, desde 1994. A polarização entre PT e PSDB no plano nacional será interrompida. Aécio Neves está arriscado a carregar essa marca negativa em seu currículo para sempre.

Por fim, o PSB é como um besouro que assombra a todos quando começa a voar, pois não tem a aerodinâmica adequada --é pequeno no Congresso, está mal em todas as disputas estaduais, tem poucos recursos e acaba de perder Eduardo Campos, seu principal líder.

Políticos de todos os partidos dirão que é cedo para tirar conclusões. É verdade. Mas essa interpretação vale também quando petistas e tucanos sugerem que Marina Silva é só uma nuvem passageira. Por enquanto, a candidata do PSB está sendo muito mais.

Elio Gaspari: Uma ideia simples

- O Globo

Todos os candidatos prometem crescimento e austeridade. Entre os chavões mais batidos vem sempre a reforma tributária, tema complexo, chato mesmo, acaba sempre em parolagem. Promete-se a simplificação das leis que regulam os tributos, e a cada ano eles ficam mais complicados. Uma coletânea da legislação brasileira pesa seis toneladas. Aqui vai uma contribuição, trazida pelo Instituto Endeavor. Relaciona-se com o regime de cobrança de impostos de pequenas empresas, aquelas que faturam até R$ 3,6 milhões por ano (R$ 300 mil por mês). É o "Simples", pode-se estimar que ele facilita a vida de algo como três milhões de empresas ativas.

Seu mecanismo, como diz o nome, é simples. Em vez de pagar sete impostos, cada um com suas guias, o empresário desconta entre 4% e 12% do seu faturamento. Ao fim do ano, quem faturou no limite de R$ 3,6 milhões, terá pago à Viúva R$ 435 mil. Há poucas semanas, numa iniciativa benfazeja, a doutora Dilma expandiu esse regime, aliviando centenas de milhares de profissionais liberais, com alíquotas de até 16%.

O problema surge exatamente na hora em que a empresa trabalha direito, cresce e fatura além do teto. Quem comete essa imprudência é mandado ao inferno dos outros regimes tributários. Numa simulação, resulta que sua conta sobe para algo entre R$ 652 mil e R$ 727 mil. Com uma margem de lucro de 10%, arrisca ir para o ralo.

Como ninguém trabalha para pagar mais impostos, acontece o óbvio. O empresário desiste de crescer ou vai para a informalidade e, daí, para a sonegação. Desde que o rei da Itália pôs fiscais na orla marítima para vigiar as mulheres que iam ao mar para buscar água para ferver o macarrão (o sal era monopólio do Estado), sabe-se de poucas irracionalidades parecidas.

O Brasil tem 4,5 milhões de empresas grandes, médias e pequenas. Delas, entre 2008 e 2011, cerca de 17 mil pequenas cresceram 20% ao ano durante três anos seguidos. É provável que tenham gerado 300 mil empregos, 10% da massa criada no período. Quase todas estavam no Simples, muitas delas às portas do inferno do sucesso.

Se começar hoje uma discussão em torno da elevação do teto de faturamento do Simples, chega-se a algum lugar. No mínimo, reconhece-se que a mudança abrupta, derivada do êxito, não faz sentido. Pode-se criar uma escadinha. Pode-se relacionar o benefício ao número de empregos criados, pode-se fazer qualquer coisa, desde que se tenha na cabeça que o crescimento de uma empresa é um benefício para a sociedade.

Os impostecas do governo certamente dirão que uma iniciativa dessas reduzirá a arrecadação. Isso poderá acontecer num primeiro momento, mas o que engorda a bolsa da Viúva não é apenas a cobrança de mais impostos, é o crescimento da economia. O imperador Tibério ensinava que suas ovelhas deviam ser tosadas e não escalpeladas. Se a empresa for para a sonegação, à espera de uma anistia parcial disfarçada (pode me chamar de Refis), todos perdem. Ademais, é preferível abrir mão de alguma arrecadação com um alívio genérico do que ficar distribuindo benefícios para grandes empresas com grandes amigos no Planalto ou no Congresso, colocando gatos nas tubas das Medidas Provisórias.

Marina parte para ataque contra Dilma e vira alvo de Aécio

Fernando Taquari, Letícia Casado e Cristiane Agostine - Valor Econômico

O primeiro debate entre os candidatos à Presidência da República, realizado na noite de terça-feira pela TV Bandeirantes, foi marcado pelo confronto entre os principais postulantes. A candidata do PSB, Marina Silva, agora colocando-se como a chamada terceira via, não poupou críticas à presidente Dilma Rousseff e virou alvo do candidato do PSDB, Aécio Neves. O tucano foi contundente nas críticas contra a ex-senadora, além de ter confrontado a petista na discussão de temas econômicos e sobre a gestão da Petrobras.

O debate ocorreu no mesmo dia em que o Ibope divulgou a primeira pesquisa com Marina como candidata do PSB, com 29% das intenções de voto, ante 19% de Aécio. Dilma ficou com 34%, mas perderia de Marina em um eventual segundo turno entre elas.

Logo no início do debate, Marina escolheu Dilma para o confronto e colocou em xeque as ações do governo federal como resposta às manifestações de junho de 2013. A candidata ainda criticou a política de segurança, educação e saúde como um estado de “penúria”. “Esse Brasil colorido que a presidente acaba de mostrar não existe. A reforma política virou troca de ministros”, afirmou. Em outro momento, as duas voltaram a discutir sobre a capacidade de administrar o país.

"Essa história de que para ser presidente tem que ser gerente começou no campeonato de gerência de 2010, entre Dilma e (José) Serra", afirmou Marina, acrescentando que nem Luiz Inácio Lula da Silva e nem Fernando Henrique Cardoso eram gerentes.

Marina, por sua vez, foi alvo de Aécio. O tucano questionou a coerência da ex-senadora. O candidato do PSDB expôs as contradições das alianças feitas pelo PSB nos Estados com o discurso da nova política feita pela adversária.

“Me sinto inteiramente coerente. A nova política é para combater a velha polarização que há 20 anos vem se constituindo como velho atraso”, disse Marina. “Quando disse que não ia subir nos palanques que havia acordado com Campos mantive a coerência porque não queria favorecer os partidos da polarização”, complementou.

Os dois voltaram a trocar farpas quando Marina comentou que Aécio apresentava uma realidade diferente de Minas Gerais, Estado que o tucano governou, na propaganda eleitoral. O tucano se defendeu e disse que reduziu em um terço o número de secretarias, além de ter criado avaliação de desempenho de funcionários públicos.

Já Dilma atacou a gestão do PSDB quando confrontou Aécio. Disse que os tucanos quebraram o país em três momentos. Os salários dos trabalhadores, afirmou a presidente, sofreram cortes no governo de FHC. O tucano respondeu que a presidente “fala para trás” porque tem receio de debater o futuro. Argumentou que o governo petista sucateou a indústria e que o país terá neste ano um dos piores crescimentos na economia.

“O governo perdeu a capacidade de inspirar confiança”, disse Aécio, que acusou o PT de ter sido beneficiado pela “herança bendita” dos tucanos na estabilidade da economia.

A Petrobras provocou outro embate entre a presidente e Aécio. O tucano afirmou que a petista devia desculpas ao povo brasileiro pelas denúncias de corrupção na estatal. Dilma respondeu que a Petrobras ampliou seu valo r de mercado no governo do PT para US$ 110 bilhões. No governo do PSDB, afirmou ela, o valor era de US$ 15 bilhões.

A presidente também acusou o PSDB de leviandade e de quase ter mudado o nome da estatal para Petrobrax quando governou o Brasil, entre 1995 e 2002. “Leviandade é a forma como a Petrobras vem sendo administrada (pelo PT). A PF diz que há uma organização criminosa atuando no seio da estatal. As denúncias são graves”, rebateu Aécio.

No fim do debate, Aécio declarou que nomeará Armínio Fraga como ministro da Fazenda, se eleito.

Após pesquisas, PT fala pela primeira vez em risco de derrota

• Expectativa inicial era que só Aécio Neves cairia, mas números mostraram que Dilma também perdeu votos Campanha de Marina já esperava crescimento e agora tenta conter clima de "já ganhou" no entorno da candidata

Valdo Cruz e Andréia Sadi – Folha de S. Paulo

BRASÍLIA - O resultado da pesquisa Ibope e de levantamentos informais, que mostraram queda nas intenções de voto de Dilma Rousseff (PT) e uma possível derrota no segundo turno para Marina Silva (PSB), acenderam o sinal amarelo na cúpula da campanha dilmista.

Pela primeira vez, o governo fala em risco de derrota na eleição presidencial deste ano, o que até a entrada de Marina na disputa era visto como improvável.

Segundo um interlocutor da presidente Dilma, a campanha está alerta porque a expectativa inicial era que apenas Aécio Neves (PSDB) caísse, mas os levanamentos indicaram que a petista também perdeu votos.

Dilma oscilou no Ibope de 38% para 34%. Aécio, de 23% para 19%. Marina teve 29%. Agora, petistas avaliam a melhor estratégia para desconstruir a imagem de Marina, visando principalmente a disputa de um segundo turno com a candidata do PSB. No Ibope, Marina vence a petista na reta final, com 45% contra 36%.
Integrantes da cúpula petista, ministros e secretários executivos foram convocados para uma reunião nesta terça-feira (26) à noite no comitê petista para discutir os rumos da campanha.

A queda das intenções de voto de Dilma e a subida de Marina levaram lulistas a defender, nos últimos dias, mais uma vez, a troca de candidatura no PT, hipótese rechaçada pelo ex-presidente Lula.

Defensores do movimento "volta, Lula" dizem que a opção pelo ex-presidente teria sido mais "segura", diante do novo cenário eleitoral. Admitem, porém, que a esta altura dificilmente o petista toparia o desafio.

O ministro Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral da Presidência) minimizou o crescimento de Marina. "Qualquer pesquisa nesse momento tem que ser tomada como uma coisa muito provisória. Não é por causa desses números, mas eu já tenho dito há alguns dias que lá pelos dias 7 a 10 de setembro nós teremos uma fotografia mais aproximada do embate eleitoral. Porque nós estamos sob a influência, o lançamento da novidade e da exposição enorme que a Marina teve", disse.

Euforia
A campanha de Marina esperava um cenário semelhante ao que foi apontado pelo Ibope. Pessebistas dizem que a ordem agora é não deixar a euforia tomar conta do entorno da candidata. "O clima de já ganhou" nunca é favorável, mas estamos animados, é claro", avalia um aliado.

Assessores de Aécio afirmaram que a pesquisa não surpreendeu a campanha, que já aguardava um crescimento de Marina. Para os aliados do tucano, esta era "a semana" da ex-senadora. Alguns chegaram a manifestar alívio pelo fato de Aécio ter se mantido no patamar de 20% das intenções de voto. Algumas pesquisas internas apontavam um índice menor para o candidato.

Luiz Carlos Azedo: Mudança, que mudança?

• Nada justifica, num campo de batalha, atirar para o lado errado. Ao centrar o fogo no tucano Aécio Neves nas primeiras semanas do horário eleitoral, talvez a campanha de Dilma tenha catapultado Marina Silva, que tem menos tempo de televisão

Correio Braziliense

A grande charada da eleição para a Presidência da República é acertar o conceito de mudança desejada pela maioria da sociedade. Desde junho do ano passado, esse sentimento gravita em torno da casa dos 70% dos eleitores. Os jovens que foram às ruas naquela ocasião expressaram esse desejo, que foi sufocado em razão da violência de grupos radicais de manifestantes e da repressão policial.
Estava adormecido, principalmente após a Copa do Mundo, até ser catalisado nas eleições pelo trágico acidente que afastou da disputa sucessória o ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos. Marina Silva (PSB), por gravidade, absorveu 29% desses votos; mesmo que já estejam consolidados, outros 41% desses eleitores estão em disputa.

A presidente Dilma Rousseff (PT), que pleiteia a reeleição, persegue esses votos e faz malabarismos para convencer os eleitores de que um novo mandato seria de mudanças. Aécio Neves (PSDB) responsabiliza o governo pela estagnação do país e garante ter equipe de governo e apoio político para viabilizar as mudanças, ao contrário de Marina Silva e sua Rede.

Nós contra eles
Como mudar sem jogar a criança fora com a água da bacia? É mais ou menos disso que se trata, para o eleitor comum. O bom senso, porém, não tem favorecido os governistas. Dilma era favorita, mas não conseguiu convencer a maioria dos eleitores de que é possível mudar o seu próprio governo. De certa forma, o oba-oba petista sinaliza o contrário.

Talvez o grande equívoco da campanha de Dilma Rousseff tenha sido apostar no confronto de indicadores dos governos Lula (PT) e Fernando Henrique (PSB), uma polarização que remete ao passado e não ao futuro. Ou seja, que obedece a uma lógica conservadora. É uma polarização que existe na cabeça dos militantes, mas não na memória da maioria dos eleitores.

O PT errou de candidato, diria a turma do “Volta, Lula!”. Agora, isso não importa; nada justifica, num campo de batalha, atirar para o lado errado. Ao centrar o fogo no tucano Aécio Neves nas primeiras semanas do horário eleitoral, talvez a campanha de Dilma tenha catapultado Marina Silva, que tem menos tempo de televisão.

Dois Brasis
O país que a presidente Dilma Rousseff mostrou na propaganda de tevê também não é o da conjuntura. A economia passou por uma recessão técnica no primeiro semestre. O PIB recuou 0,45% no segundo trimestre deste ano, após ter diminuído 0,12% nos primeiros três meses, sempre em relação ao trimestre imediatamente anterior, de acordo com o Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV).

A última vez que a economia brasileira passou por uma recessão técnica foi no início de 2009, no auge da crise financeira mundial. Resultado: a projeção para o crescimento do PIB para este ano é de 0,7%, segundo o boletim Focus divulgado pelo Banco Central na segunda-feira.

Além disso, frustrou-se a previsão de que a taxa de juros (Selic) encerraria 2015 em 11,75% ao ano. Agora, a previsão voltou a ser de 12% ao ano. A expectativa para o IPCA deste ano também passou de 6,25% para 6,27%. A projeção para o ano que vem aumentou de 6,25% para 6,28%.

Outra bandeira de Dilma na eleição está ameaçada: o emprego. A Volkswagen deu férias coletivas de 10 dias para funcionários da unidade de Taubaté, que emprega cerca de 4.500 trabalhadores. A General Motors do Brasil pode suspender temporariamente o contrato de cerca de 900 funcionários.

Com 1,2 mil trabalhadores em lay-off (suspensão de contratos de trabalho) desde julho, a Mercedes-Benz negocia com o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC medidas para reduzir a tabela de salários e o quadro de pessoal na fábrica de São Bernardo do Campo. A fábrica de caminhões e ônibus emprega 10,5 mil funcionários. Ou seja, a palavra de ordem no bastião do PT é “apertar o cinto”.