*Jürgen Habermas (Düsseldorf, 1929) é um filósofo e sociólogo alemão, ‘Sobre a Constituição da Europa’ (2011), pp. 31-2, Editora Unesp, 2012
Política e cultura, segundo uma opção democrática, constitucionalista, reformista, plural.
quarta-feira, 31 de agosto de 2022
Opinião do dia - Jürgen Habermas*(Direitos Humanos)
Vera Magalhães - Bolsonaro com pouca bala no pente
O Globo
Nunca antes um presidente chegou tão mal
avaliado e com rejeição tão monolítica nos pouco mais de 30 dias anteriores à
eleição
No linguajar armamentista tão caro ao
presidente, Jair Bolsonaro termina o mês de agosto sem muita bala no pente para
reverter uma rejeição que permaneceu inalterada mesmo diante dos programas
sociais turbinados já atropelando a lei eleitoral e que se firma como fator
decisivo da eleição deste ano.
A ajuda inédita dada pelo Congresso às
pretensões eleitorais de Bolsonaro se mostrou relevante para melhorar um pouco
a avaliação do governo e as intenções de voto do candidato do PL. Mas esse
movimento, em escala bem menor que a esperada pelo presidente e por seu
entorno, foi mais intenso em julho que neste mês que se encerra hoje,
justamente quando o dinheiro começou a pingar na conta dos beneficiários do
Auxílio Brasil, do vale-gás majorado e dos outros chamarizes de votos.
Diante dessa situação, e das apostas até
aqui ainda não concretizadas de reposicionamento de imagem de Bolsonaro, resta
à campanha apostar todas as fichas na associação de Lula com a corrupção e com
governos de esquerda a ser demonizados nos países do continente.
O dramático, para ele, é que esses são temas que não dizem absolutamente nada aos eleitores mais pobres, seja do Nordeste ou das grandes cidades do Sudeste, dois focos de atenção da campanha, que deram de ombros para o aumento dos auxílios, continuam sentindo no bolso a inflação de alimentos e não se mostram “gratos” a Bolsonaro, como seus ministros parecem esperar de modo quase infantil nas redes sociais, pelos R$ 600 ou pela redução no preço dos combustíveis.
Elio Gaspari - Bolsonaro quer disputar 2022 com as armas de 2018
O Globo
O capitão comete o erro dos generais
A frase é atribuída a Winston Churchill:
— Os generais estão sempre preparados para
combater a última guerra.
Os sinais dados por Jair
Bolsonaro indicam que ele quer disputar 2022 com as armas de
2018. É uma tarefa impossível, porque, no meio desse caminho, estão os mortos
da pandemia, a carestia e seus três anos e oito meses de governo. Lula continua
tangenciando o tema da corrupção ocorrida em seu governo, mas falta ao
sentimento antipetista o vigor de 2018. A aura de santidade da Operação
Lava-Jato virou fumaça. Personagens eleitos em 2018 na onda que levou Bolsonaro
ao Planalto desapareceram do mapa, como o fulgurante juiz Wilson Witzel,
no Rio, e João Doria,
em São Paulo. Romeu Zema,
eleito em Minas Gerais, disputa a reeleição descolado do capitão.
No debate da Band, Bolsonaro gastou seus dois minutos de considerações finais (livres de qualquer provocação) para relacionar Lula aos presidentes de Chile, Venezuela, Colômbia, Nicarágua e Argentina. Arrumou uma encrenca diplomática inútil, pois a eleição é no Brasil. Ademais, enquanto Bolsonaro teve um chanceler que se orgulhava da condição de pária em que o país foi colocado, Lula teve boas relações com o republicano George W. Bush, e o democrata Barack Obama, ao encontrá-lo, disse que “esse é o cara”.
Bernardo Mello Franco – A conta dos ministérios
O Globo
O ex-presidente Lula fez o anúncio ontem:
se eleito, vai recriar o Ministério da Segurança Pública. Em sua primeira
encarnação, a pasta teve vida breve. Existiu durante dez meses, entre o ocaso
de Michel Temer e a posse de Jair Bolsonaro.
O candidato do PT já havia prometido criar
ou recriar outras sete pastas: da Cultura, da Igualdade Racial, dos Direitos
Humanos, da Pesca, do Planejamento, dos Povos Originários e da Micro e Pequena
Empresa.
No mês passado, ele indicou que a conta
ainda pode aumentar até a eleição. “Nós vamos criar aqueles ministérios que
forem necessários”, disse, em entrevista ao UOL.
No passado recente, os governos petistas foram acusados de inchar a Esplanada para barganhar apoio político, sem se importar com o currículo ou a competência dos indicados. Em muitos casos, a crítica era procedente.
Alvaro Gribel - Bolsonaro e os crimes contra as mulheres
O Globo
Nos últimos três anos, uma mulher foi morte
por motivo fútil no país a cada 6,5 horas. Violência doméstica começa pela
agressão verbal
Nos três primeiros anos do atual governo,
os feminicídios aumentaram 9,1%. Entre 2019 e 2021, 4.026 mulheres foram mortas
por motivos fúteis — como ciúme e sentimento de posse — o que significa uma
mulher assassinada a cada 6,5 horas. Essas mortes, no entanto, são a
consequência mais extrema de uma lista de abusos que transformam as mulheres em
vítimas diariamente no país. A violência contra a mulher não começou no governo
Bolsonaro nem é problema exclusivo do Brasil, mas o comportamento e as falas do
presidente podem ser estímulos para o avanço dos crimes, que já têm números
assustadoramente altos por aqui.
No debate da Band, Bolsonaro se irritou com a colunista Vera Magalhães e distribuiu grosserias à candidata Simone Tebet. Em resposta à jornalista Fabiola Cidral, afirmou que o seu governo “está no caminho certo” e “tem mostrado que o número de mulheres mortas e violentadas tem diminuído”. A realidade, infelizmente, é outra, como mostra o Anuário Brasileiro da Segurança Pública. As mulheres têm sofrido violências de todos os tipos e a toda hora: assédio e importunação sexuais, lesões corporais, ameaças, perseguições, exposição de cenas de sexo, violência psicológica, além de estupros e feminicídios, nos casos mais graves.
Míriam Leitao - Orçamento: sem dinheiro para os mais pobres
O Globo
O texto será enviado hoje para o Congresso
e mostra a natureza do governo Bolsonaro
O texto do
Orçamento que será enviado hoje para o Congresso está sendo
preparado de um jeito a mostrar a natureza do governo Bolsonaro, as promessas
aos pobres não devem ser cumpridas, mas à classe média, sim. Combustível sem
imposto está sendo mantido, uma escandalosa renúncia fiscal, mas até agora não
há previsão de colocar no orçamento o dinheiro para manutenção do Auxílio
Brasil em R$ 600 e a atualização da tabela do imposto de renda. Está mantido
também o dinheiro para a compra política de votos no Congresso, a excrescência
do orçamento secreto, as verbas sem transparência para o Congresso.
O Orçamento não tem espaço para a permanência do Auxílio Emergencial em R$ 600, um descumprimento prévio de promessa já que o presidente tem prometido isso nos palanques. Bolsonaro faz cortina de fumaça quando diz que vai conversar com Paulo Guedes e tudo será resolvido. Há momentos em que afirma que haverá recursos com a reforma tributária. Depois diz que os recursos virão da venda de estatais. No entanto, a venda de estatais não pode cobrir gastos correntes, porque é receita que vem uma vez só, enquanto gasto corrente é despesa permanente.
Luiz Carlos Azedo - Debate não alterou polarização entre Lula e Bolsonaro
Correio Braziliense
A apatia de Lula no debate da Band foi
flagrante, mas não provocou mais do que uma tempestade em copo d’água, em
contradição com a grande repercussão negativa nas redes sociais
A pesquisa Ipec (a turma do antigo Ibope),
divulgada na segunda-feira, mostra um quadro estabilizado há duas semanas na
disputa eleitoral entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o
presidente Jair Bolsonaro. O primeiro com 44% de intenções de voto; o segundo,
com 32%. Ciro Gomes, Simone Tebet e Felipe D’Ávila subiram um ponto cada, estão
com 7%, 3% e 1%, respectivamente, todos na margem de erro. A pesquisa funcionou
como uma espécie de “calma, o Brasil é grande” na cúpula das campanhas de Lula
e Bolsonaro, que foram muito mal avaliados nos trackings do debate de domingo
na Band e no monitoramento das redes sociais. Os demais candidatos se saíram
melhor, principalmente Simone Tebet (MDB).
Vista com lupa, a nova pesquisa mostra que houve pequenas movimentações localizadas. Por exemplo, Lula continua liderando entre os que recebem o Auxílio Brasil, com 52%, mas Bolsonaro subiu um pontinho: passou a 29%. Ciro Gomes, também, chegando a 8%. Entre os que não recebem o auxílio, não houver alteração, mas a distância de Lula para Bolsonaro é menor: o petista tem 40%, e o presidente, 33%. Entretanto, nas capitais, houve uma mudança muito significativa: a vantagem de Lula para Bolsonaro caiu para 2%, ou seja, estão em empate técnico. Há duas semanas, Lula estava com 45%, e Bolsonaro, com 31%. No interior, Lula cresceu um 1%, e Bolsonaro caiu o mesmo percentual: estão como 45% e 32%, respectivamente. O que é isso?
Frei Betto* - Bolsonaro e a religião
Folha de S. Paulo
Como considerar discípulo de Jesus um homem
devoto do torturador Ustra?
O segundo mandamento da lei de Deus,
conhecida como decálogo, é "Não usar o santo nome de Deus em vão". E,
no entanto, nunca se viu um presidente
da República evocar tanto o nome de Deus como o atual ocupante do
Planalto.
Alguém poderia objetar: que mal há em
evocar o santo nome? Nenhum, se a pessoa se esforça por viver os valores
ensinados pela Bíblia,
considerada por nós, cristãos, a palavra de Deus. Não é o caso do Inominável.
Enquanto Jesus propõe "Amai-vos uns aos outros", ele insiste em
estimular a prática de "armai-vos
uns aos outros". Ou "Pátria armada, Brasil".
A manipulação política do nome de Deus é velha como o cachimbo de Adão. Já no século 4 o imperador Constantino, ao perceber que a perseguição aos cristãos, movida pelo Império Romano, tornava seu governo cada vez mais impopular, se declarou convertido à fé cristã, cessou a repressão e deu aos bispos o status de príncipes. Pura cooptação da igreja para impedir que o império desabasse. E a prova de que sua suposta conversão consistia em golpe político é que só se deixou batizar ao se encontrar no leito de morte. Com certeza por via das dúvidas, por temer as penas do inferno...
Mariliz Pereira Jorge - As mulheres que Bolsonaro odeia
Folha de S. Paulo
Ele pode até tentar, mas não vai nos
intimidar
O destempero de Jair
Bolsonaro no debate de domingo (28) não é novidade para quem o
acompanha. Ele apenas levou para o horário nobre o que faz de forma costumeira
no cercadinho do Palácio do Planalto, em entrevistas e nas redes sociais: o
desprezo por mulheres.
A conotação sexual no ataque à jornalista
Vera Magalhães faz parte da retórica usada também por seus eleitores contra
profissionais que ousam criticá-lo. O bolsonarismo não respeita o trabalho
jornalístico e muito menos as mulheres que têm sido protagonistas no debate
político.
Bolsonaro e aliados defendem seu comportamento misógino alegando que as reações não passam de "mimimi", mas jamais vi um colega homem ter seu trabalho questionado com insinuações de cunho afetivo ou acusações criminosas de que teria oferecido sexo em troca de informação.
Bruno Boghossian - A métrica da rejeição
Folha de S. Paulo
Aposta no antipetismo e dificuldade de
melhorar imagem ficam no centro da campanha do presidente
A aposta de Jair Bolsonaro na reativação do
antipetismo deve fazer com que os índices de rejeição se tornem uma métrica
importante das próximas semanas. Com dificuldade para melhorar a avaliação do
governo e ampliar seus números nas intenções de voto, o presidente passou a
dedicar cada vez mais energia à tentativa de vincular fatos negativos à imagem
de Lula.
Bolsonaro fez a investida mais intensa dessa natureza no debate do último domingo (28), quando martelou acusações de corrupção e fez comparações entre Lula e regimes de esquerda na América Latina. As provocações não devem render votos imediatamente e podem até aumentar a antipatia de alguns eleitores, mas também desgastam o rival.
Hélio Schwartsman - Problema paquidérmico
Folha de S. Paulo
Diante das ameaças à democracia tema não será fator eleitoral decisivo
O PT fez coisas boas,
mas também cometeu graves erros ao longo de seus 13 anos de administração
federal. E, se o passado oferece a Lula alguns trunfos para exibir na
propaganda eleitoral, também coloca dois elefantes na sala, que são a recessão
de 2015-16, no governo Dilma, em larga medida autoinfligida, e os escândalos de
corrupção sob a gestão do próprio ex-presidente. Minha sensação
é que Lula ainda hesita em como lidar com o paquidérmico problema.
Na sabatina no Jornal Nacional, o ex-presidente, se não ensaiou uma autocrítica, ao menos admitiu que houve erros; no debate do domingo, optou por desconversar. Penso que ele se saiu melhor na sabatina que no debate. Fugir do assunto diante de perguntas diretas passa uma péssima impressão. Temos, porém, de convir que a matéria é difícil. Se, no caso da recessão, Lula ainda pode empurrar o abacaxi para Dilma, com a corrupção é mais complicado, já que os questionamentos envolvem a pessoa física do ex-presidente.
Marcelo Godoy - O general de passeata virou tuiteiro
O Estado de S. Paulo
Em uma campanha curta, os políticos têm pressa, a mesma urgência de quem passa fome no País
Campanha eleitoral é tempo de candidato
comer buchada de bode e abraçar crianças em comunidades pobres. Em 2022, ela se
tornou também o momento em que general vira tuiteiro. A rede social é o novo
Clube Militar, o local em que oficiais fazem política, como descobrira o
ex-comandante Eduardo Villas Bôas.
Agora foi a vez de Walter Braga Netto. Desde segunda-feira, o lacônico oficial se converteu em um loquaz tuiteiro. O candidato a vice dos sonhos de Jair Bolsonaro, por não dar palpites nem ameaçá-lo, apresenta-se como um mineiro “alinhado aos valores conservadores e ao liberalismo econômico do presidente”. Na rede social, todos têm pressa – a concorrência é enorme para capturar o eleitor. O novo tuiteiro do Planalto já conta com 87 mil seguidores e 13 publicações. “Foi com muita honra e orgulho que recebi a missão de ser candidato a vice-presidente, a mais desafiadora e importante dos meus 65 anos de vida.”
Fábio Alves - A volta do risco fiscal
O Estado de S. Paulo
O teto de gastos foi desmantelado pelo atual governo a ponto de perder sua credibilidade
O bom desempenho das contas públicas ao
longo deste ano, em razão, em parte, da inflação mais alta e de uma atividade
econômica mais forte do que o esperado, contribuiu para deixar os investidores
anestesiados em relação ao risco fiscal do Brasil, mas a pressão dos mercados
para uma sinalização clara sobre a trajetória da dívida pública e das contas do
governo no médio e no longo prazos deve voltar logo após a eleição
presidencial.
O que o mercado já dá como certo é que, diante de uma situação social e econômica bastante adversa do País, agravada pela fome e pela inflação elevada, o gasto público adicional e a redução de impostos aprovada neste ano dificilmente poderão ser revertidos em 2023. Por exemplo, tornar permanente o Auxílio Brasil no valor de R$ 600, manter o corte de impostos federais sobre os combustíveis ou ainda corrigir a tabela do Imposto de Renda.
Maria Cristina Fernandes - Definição precoce do voto marca campanha
Valor Econômico
Migração das preferências está mais difícil
A estabilidade da disputa eleitoral, a
despeito das sabatinas dos candidatos à Presidência da República no “Jornal
Nacional” e do início do horário eleitoral gratuito, decorre de dois
indicadores muito claros da última pesquisa Ipec: o alto grau de definição da
escolha e do voto espontâneo dos eleitores. Ambos os indicadores, na percepção
da diretora do Ipec, Márcia Cavallari, estão em patamares extraordinariamente
altos para esta fase da campanha.
A pesquisa nem mesmo desmontou a
possibilidade de segundo turno. Nos votos válidos, Lula tem 50% e Bolsonaro,
37%, o que deixa o presidente estacionado e o ex-presidente com dois pontos
percentuais a menos, perdidos para Ciro e Simone.
Para a rodada divulgada nesta segunda-feira, o Ipec colocou seus entrevistadores em campo entre a sexta-feira, 26 (estreia do horário eleitoral e último dia das sabatinas no “JN”), e o domingo, 28. No questionário estimulado, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva permanece com os mesmos 44% dos votos e o presidente Jair Bolsonaro, também estacionado nos 32%. O resultado reproduziu aquele de 15 de agosto, data da rodada anterior.
Fernando Exman - Trinta minutos de jogo para a terceira via
Valor Econômico
Soraya representa os bolsonaristas
arrependidos
Foi na quinta-feira de manhã, durante
sabatina realizada por Valor,
“O Globo” e CBN, quando talvez a senadora Simone Tebet (MDB) tenha verbalizado
em público pela primeira vez o seu desapontamento com a demora dos partidos que
um dia sonharam em construir uma única candidatura de terceira via à
Presidência da República. Fez um desabafo importante, mas, muito provavelmente,
tarde demais.
“Não tenho meias palavras. Então, vou ser bem direta”, afirmou ela ao introduzir o assunto. E logo prosseguiu: “Acho que as pessoas jogaram a toalha muito cedo em torno desse nome ‘terceira via’. O desespero de achar o menos pior... No desespero de achar que vai dar no primeiro turno, e eu nunca achei que a eleição daria no primeiro turno e havia essa possibilidade, no final do ano passado já desacreditaram a terceira via. Esse é um ponto pacífico que precisa ser colocado”.
Com razão, a candidata ponderou que não se pode menosprezar a batalha que resultou na escolha de seu nome para encabeçar a coligação formada por MDB, PSDB, Cidadania e Podemos. Ela lembrou que o posto foi disputado por dois ex-ministros, um da Justiça e outro da Saúde, além do presidente do Congresso Nacional. Não citou o ex-governador de São Paulo, João Doria (PSDB), com quem por tempo demasiado rivalizou pela indicação do que hoje é chamado de centro democrático. “Eu era a café com leite”, completou.
Daniel Rittner - Propostas para os candidatos: gás natural
Valor Econômico
Fórum
de entidades empresariais sugere conjunto de medidas
Velha
piada que ainda faz sucesso entre iniciantes na indústria de óleo e gás: o
diretor de exploração da companhia petrolífera entra tenso na sala do chefe.
“Presidente, tenho duas notícias para dar. Uma ruim, outra boa”, avisa, já se
preparando para a bronca, e começa. “A ruim é que, depois de tanto investimento
e tantos poços furados, não achamos nenhuma gota de petróleo”, afirma, com
receio. Desânimo na sala. Então, na tentativa de levantar o astral do chefe, o
diretor complementa com a boa notícia: “Mas também não encontramos gás”. Os
dois respiram aliviados e terminam abraçados, em comemoração.
A anedota serve para ilustrar como o gás natural era visto, historicamente e sobretudo no Brasil, como fardo e mero subproduto do petróleo. Não é mais assim. A descoberta do pré-sal deixou em evidência o potencial do gás como fonte de energia e insumo para garantir competitividade à indústria de transformação. No entanto, apesar do avanço que foi propiciado pela nova Lei do Gás (14.134/21), esse arcabouço ainda tem sido apontado como insuficiente para uma evolução plena e rápida do setor. Basta observar os grandes números.
O que a mídia pensa - Editoriais / Opiniões
Editoriais / Opiniões
Houve exagero contra empresários
bolsonaristas
O Globo
Evidências comprovam necessidade de
investigar, não de congelar contas ou promover busca e apreensão
Fez bem o ministro Alexandre de Moraes, do
Supremo Tribunal Federal (STF), em divulgar enfim explicações sobre a operação
deflagrada pela Polícia Federal (PF) na semana passada contra um grupo de oito
empresários bolsonaristas que, em conversas num aplicativo de mensagens
reveladas pelo portal Metrópoles, prestavam apoio a um golpe que mantivesse o
presidente Jair Bolsonaro no cargo e evitasse a volta ao poder do ex-presidente
Luiz Inácio Lula da Silva.
O teor absurdo das conversas precisa ser repudiado com veemência por qualquer um preocupado com o futuro da democracia brasileira, mas, como elas não traziam nenhum indício concreto de que os autores estivessem mesmo tramando ou financiando atos de cunho golpista — apenas manifestavam um desejo sem fundamento nem cabimento —, havia uma dúvida legítima sobre o embasamento da decisão de Moraes, que a divulgação contribui para dirimir.