terça-feira, 29 de outubro de 2013

OPINIÃO DO DIA – Aécio Neves: agenda para o futuro

"Estamos aqui hoje não nos reunindo para um projeto partidário, muito menos para um projeto de aliança política. Estamos aqui hoje reunidos em Uberlândia, a segunda capital de Minas, para dizer que nós queremos dar fim a este ciclo de governo [do PT] que tão mal vem fazendo ao Brasil, na fragilização de nossa economia e na capacidade de avançarmos nas conquistas sociais."

Aécio Neves,"Em MG, Aécio fala em 'largada para a vitória'." Folha de S. Paulo, 29/10/2013

Ganhamos 2013, diz Campos a militantes do PSB-Rede

No primeiro encontro entre as duas legendas, governador de Pernambuco e provável candidato à Presidência afirma que aliança vai permitir 'vencer o debate de 2014'

Isadora Peron e Lilian Venturini

SÃO PAULO - Na abertura do primeiro encontro entre integrantes do PSB e da Rede Sustentabilidade, nesta segunda-feira, 28, o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, afirmou que a aliança com a ex-ministra Marina Silva fez os partidos "ganharem 2013" e vai permitir "vencer o debate de 2014".

Para uma plateia de 150 militantes dos dois partidos, Campos recorreu a frases que em muito lembram o discurso da nova aliada. Adiantou que o compromisso do PSB-Rede "não é ganhar a qualquer preço" e, num recado aos adversários, disse que os partidos saíram vitoriosos em 2013. "Nós ganhamos 2013. Na medida que muitos pensavam que iam nos aniquilar, nós ganhamos o jogo. Esse processo que hoje estamos inaugurando vai nos permitir vencer o debate de 2014, e mais que vencer o debate, espero que tenhamos as condições de fazer o povo brasileiro vencer em 2015", disse Campos, provável candidato à Presidência.

O encontro desta segunda será o primeiro de uma série de eventos com o objetivo de construir um programa de governo para a eleição presidencial de 2014. Marina destacou que este é o momento de traçar um "mapa do caminho". A ideia do evento é fazer um documento com uma visão geral que irá, posteriormente, se desdobrar em diretrizes programáticas. "Nós vamos iniciar aqui uma jornada, vamos fazer o mapa do caminho, para que tenhamos uma aliança, com altura e profundidade, do desafio que está posto", afirmou.

As falas de Campos e Marina destacaram os três eixos que irão pautar a discussão: a preservação de conquistas econômicas e sociais, a necessidade de novas práticas na política e de um olhar mais atento ao desenvolvimento sustentável. Os cerca de 150 participantes serão divididos em grupos para debater essas ideias.

A ex-ministra defendeu que os avanços do País não podem ser "fulanizados", por mais que a estabilidade econômica tenha sido alcançada durante o governo de Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e os avanços na área social sejam fruto das iniciativas do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). "Esses ganhos já não podem mais ser fulanizados, para evitar uma institucionalização predatória das conquistas da sociedade."

Na mesma linha, Campos afirmou que é preciso agir porque, segundo ele, as conquistas dos governos anteriores correm o risco de serem perdidas. Para o governador, chegou o momento de iniciar um novo ciclo e colocar em prática a nova política reclamada nas ruas pela população.

"[Nós temos o] Compromisso em preservar as conquistas que o Brasil fez. Temos clareza que não podemos jogar fora as conquistas que tivemos e destacamos isso porque temos a clara percepção de que se não cuidarmos dessas conquistas e se não tivermos uma ação estratégica, essas conquistas correm risco", afirmou.

Diferenças. Ciente das diferenças ideológicas entre as duas legendas, Marina pediu para que o grupo fizesse, durante o evento, "o exercício da escuta interessada". "Só é possível estabelecer a troca na diferença", afirmou.

Apoiadores da Rede chegaram a deixar o projeto depois da filiação de Marina ao PSB, em 5 de outubro. Do outro lado, socialistas reclamam das dificuldades de colocar em prática projetos que já estavam em curso antes da aliança da Rede.

"Vamos criar espaço de heteroestima. Não vamos desconstruir as trajetórias de ninguém. A de vocês de 70 anos, a nossa de 7 meses. Vamos criar, nesse espaço entre nós, a ideia de uma nova política", disse Marina.

Apesar das divergências, Campos fez questão de afirmar que os que torcem contra o sucesso da aliança irão se decepcionar. "Se acham que vão me jogar contra a Marina, ou a Marina contra mim, ou que militantes vão disputar, estão completamente errados. Não estamos nesse jogo", disse.
Segundo ele, se Marina quisesse ter um partido para ser candidata, ela não teria entrado no PSB, assim como se o PSB quisesse ter apenas uma opção de candidato, não teria feito o acordo com a Rede.

Fonte: O Estado de S. Paulo

Marina e Campos lançam programa e atacam feudos

Os presidenciáveis Marina Silva e Eduardo Campos anunciaram um programa conjunto da aliança Rede/PSB a ser lançado em 2014, com foco no desenvolvimento sustentável, e atacaram, em documento, os "feudos no Estado".

Campanha Antecipada: Para tentar aparar arestas

Campos e Marina discutem programa, atacam feudos e tentam reduzir atritos na aliança

Sérgio Roxo

SÃO PAULO - Unidos há mais de três semanas, a ex-senadora Marina Silva e o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), lançaram ontem um projeto de debates internos para tentar aparar as arestas que ainda deixam em lados opostos seguidores da Rede e do PSB. Até março, a ideia é ter um esboço do programa conjunto para apresentar na campanha. E, de forma articulada, usaram seus discursos para avisar aos apoiadores que não aceitarão provocações que ponham em risco a aliança para 2014.

O tom da reunião foi definido em um encontro no domingo, na casa do deputado federal Walter Feldman (PSB-SP). Ficou decidido que o ponto de partida seria a discussão do programa da aliança, a partir de um texto apresentado ontem com três diretrizes: manter e avançar nas conquistas econômicas e sociais; democratizar a democracia; e adotar desenvolvimento sustentável. Apesar das críticas aos rumos da administração Dilma Rousseff em todos os segmentos, Marina deixou claro que pretende se valer do "melhor" legado dos governos Lula e Fernando Henrique.

As principais críticas ao atual governo estão na diretriz "democratizar a democracia" O texto diz que o "sistema político permanece impregnado de práticas atrasadas, permeadas por uma persistente cultura patrimonialista" e que as alianças devem se dar "em torno de afinidades programáticas e não em torno da distribuição de feudos dentro do estado" O documento ressalta que o modelo atual afasta a população da participação política. A mudança, conclui, se daria com controle social das políticas públicas.

A avaliação da atual política veio depois de outro capítulo, no qual reforça desigualdades na área social:

"A sociedade civil se fortaleceu e milhões de pessoas saíram da condição de extrema pobreza, mas as desigualdades sociais ainda são marcantes e questão estratégicas, como a "Educação, a Saúde e gestão pública, que demandam uma verdadeira revolução, não têm recebido resposta à altura, limitando-se a políticas isoladas" diz o trecho sobre as conquistas.

Necessidade de ouvir novos aliados
Ao discursar antes de Campos, Marina fez questão de alertar que, para a Rede, é importante ouvir posições diferentes do PSB:

— O Caetano Veloso diz que Narciso acha feio o que não é espelho. Nós estamos aqui para achar bonito o que não é espelho. Porque não é possível estabelecer a troca na mesmice. Só na diferença — disse Marina.

Para a ex-senadora, os aliados precisam estar prontos para discutir como novo parceiro todos os temas, inclusive aqueles que não integram a linha de pensamento da Rede.

— Às vezes a gente tem o vício da escuta seletiva: eu gosto de sustentabilidade e tudo que o PSB disser sobre sustentabilidade eu escuto; tudo que a Rede falar sobre desenvolvimento econômico, inclusão social, o PSB escuta, quando vem com esse papo de ecologia, isso já não escuto.

Marina destacou que o programa da aliança ainda não está pronto.

— Há uma frase muito interessante que diz que a verdade não está com nenhum de nós, que a verdade está entre nós. A verdade neste momento não está com a Rede, não está com o,:PSB, não está com nenhum de nós.

Apelo contra a divergência pública
A ex-senadora afirmou também que deve haver diálogo para não tomar as divergências públicas.

— Diante de qualquer dúvida, nunca esquecer que o olho no olho, que a conversa é muito mais importante do aquilo que a gente lê no jornal.

Em seu discurso, Campos disse que não existe possibilidade de conflito entre os novos aliados:

— Se eles acham que vão me jogar contra Marina ou Marina contra mim, ou se os militantes da Rede vão disputar a cotovelada com o PSB, eles estão completamente errado. Nós não estamos nesse jogo.

Afirmou que a preocupação não é com o nome que encabeçará a chapa.

— Se Marina quisesse um partido para ser candidata, ela tinha. E se o PSB quisesse só ter uma opção, ele também só tinha uma opção. Nosso encontro foi muito além do olhar eleitoral.

O governador de Pernambuco fez coro com Marina, que havia falado sobre a importância da manutenção das conquistas obtidas pelos últimos governos.

— Se não tiver atuação no estratégico, essas conquistas correm risco. A democracia pode andar para trás, a estabilidade corre risco. Proteger o legado é algo estratégico. Precisa ser cuidado.

A união tem gerado saias-justas. Num primeiro momento, integrantes da Rede, principalmente a ala jovem, se manifestaram contra a opção de Marina, questionando a falta do compromisso do governador de Pernambuco com questões ambientais e alianças tradicionais.

Mas a união com Marina afastou Campos dos representantes do agronegócio, que manifestavam simpatia por sua candidatura. Em entrevista coletiva, Campos adotou o discurso de Marina para o setor dizendo que é necessário "mais produção na agricultura com mais cuidado com a nossa natureza" mas defendeu aproximação com o setor que é responsável "por 25% do PIB e dos empregos" do país.

Os problemas entre os dois partidos também passaram pelo constrangimento provocado pela decisão da Rede de recusar o convite para indicar representantes para participar da Executiva do PSB.

Outra diferença que ainda precisará ser administrada é o posicionamento nas eleições estaduais. A Rede quer candidaturas próprias e o PSB defende alianças, com possibilidades de divisão de palanques com Aécio Neves (PSDB).

Em entrevista, Marina e Campos foram questionados se o governo de Pernambuco, que conta com a participação de 14 partidos, segue o modelo pregado.

— Se fosse uma gestão puramente fisiológica, não seria o governador mais bem avaliado do país — defendeu Marina.

— Não podemos achar que uma pessoa por ter filiação partidária não pode ocupar uma função pública. Aí é outro tipo de preconceito — rebateu Campos.

Participaram do encontro cerca de 150 pessoas, indicadas pelos partidos.

NOVOS ALIADOS
O que discutem Rede e PSB

REFORMA DO ESTADO
Adotação de mecanismos de combate à cultura patrimonialista na composição dos governos; ampliação dá transparência da gestão pública; e redução do número de cargos comissionados.

NOVO PACTO FEDERATIVO
Debate sobre a forma peia qual os recursos arrecadados pela União são divididos entre estados e municípios.

DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
Adoção de modelos de agricultura que aumentem a produtividade no campo, mas sem ferir o meio ambiente; políticas de proteção dos biomas e promoção do empreendedorismo; Adoção de uma "modelo integrador" do progresso, com preocupação da conservação do projeto para gerações futuras.

REFORMA POLÍTICA,
Debate sobre o fim da reeleição, formas de financiamento de campanhas, aumento da participação da população nas decisões, por meio de referendos, plebiscitos; e ampliação do alcance dos projetos de iniciativa popular.

EDUCAÇÃO
Políticas educacionais voltadas ao fomento da inovação e ao fortalecimento do ensino técnico.

Fonte: O Globo

Programa para 2014 divide aliados de Campos e Marina

Primeiro encontro de apoiadores do PSB e da Rede expõe divergências

Documento de caráter preliminar recebe críticas dos dois grupos que se uniram para a eleição presidencial

Paulo Gama

SÃO PAULO - Aliados do governador de Pernambuco, Eduardo Campos, e da ex-senadora Marina Silva expuseram ontem suas divergências no primeiro encontro realizado pelos dois grupos para discutir um programa único para as eleições presidenciais de 2014.

Campos e Marina se esforçaram para mostrar afinidade em seus discursos e pediram aos aliados que se empenhem para superar suas diferenças, que vários fizeram questão de expor em público.

"Temos que procurar ser transparentes no que nos une e no que nos divide, até porque temos trajetórias próprias. Não temos de ter receio de afirmar nossas diferenças e divergências", justificou o ex-ministro da Integração Nacional Fernando Bezerra Coelho (PSB), aliado de Campos.

O encontro de ontem, que reuniu cerca de 150 militantes do PSB e da Rede em São Paulo, foi convocado para discutir um documento de referência da aliança, anunciada no início de outubro, quando Marina se filiou ao PSB após ter o pedido de registro da Rede Sustentabilidade negado pela Justiça.

O documento defende as conquistas dos governos dos ex-presidentes Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT), como a estabilidade econômica e a inclusão social, e prega em termos genéricos a adoção de novas práticas políticas e a construção do desenvolvimento sustentável.

Reconhece que "nas duas últimas décadas, o país evoluiu positivamente pela redução da vulnerabilidade da economia" e que "milhões saíram da pobreza", mas afirma que "questões estratégicas não têm recebido respostas à altura" do Estado.

"A sensação é que o documento é muito bom, mas não deixa claro, líquido e certo que nós viemos para mudar", disse o ex-secretário-executivo do Ministério do Meio Ambiente João Paulo Capobianco, aliado de Marina. "Estamos propondo uma mudança, não só manter e avançar."
Na apresentação das conclusões de um dos grupos de debate, Bezerra Coelho ignorou uma das principais bandeiras de Marina, a busca por fontes alternativas de energia.

"Não podemos fugir ao desafio de ampliar e qualificar a infraestrutura", disse. "Portos, saneamento, aeroportos, estradas, ferrovias, energia, petróleo, gás, tudo isso é a infraestrutura que precisa ser construída para que a gente possa melhorar a qualidade de vida da população e elevar a produtividade da indústria."

Também foi exposta preocupação de que a da "nova política" se transforme na negação da política e sobre a necessidade de resgatá-la como "espaço de ação nobre".

Ao final do encontro, Marina disse que as lacunas do documento foram positivas. "Imagina se a gente tivesse feito um documento tão completo que todos dissessem: Aprovado'? A bênção da falta nos fez completar um ao outro."

Os participantes das discussões de ontem apresentaram o que consideram os cinco principais desafios para o país. Fizeram propostas amplas, que devem orientar a sequência das discussões.

Os desafios indicados serão transformados em nova carta, que será discutida em encontros regionais e receberá contribuições pela internet. Entre os pontos mais citados pelos grupos estão as reformas política e administrativa, com mecanismos de transparência, e a definição dos limites do crescimento econômico sustentável.

Cargos
Entre as práticas políticas condenadas pelo documento inicial está a distribuição de "feudos do Estado" em troca de apoio no Legislativo. Em entrevista, Campos --que é apoiado por 14 partidos em Pernambuco-- disse que "é preciso fazer uma distinção".

"Não podemos achar que uma pessoa com filiação partidária não pode ocupar cargo público. Aí se cria outro tipo de preconceito", disse.

Campos também defendeu aproximação de Rede e PSB com o agronegócio, mas pregou que isso seja feito de uma maneira sustentável. "O mundo não quer comprar nada de quem não respeite os valores de que ele está em busca".

Fonte: Folha de S. Paulo

Marina defende coalizão de 14 partidos da gestão Campos

Crítica de “feudos” em governos, no primeiro encontro “programático” PSB-Rede, ontem, Marina Silva defendeu a megacoalizão montada por Eduardo Campos em Pernambuco. O novo aliado da ex-ministra conta com apoio de 14 partidos, parte deles contemplada com cargos no Estado. “Se fosse fisiológica (a coalizão), ele não seria o (governador) mais bem avaliado do País”, disse Marina

Crítica de "feudos" em governos, Marina defende megacoalizão da gestão Campos

Sucessão 2014. Ex-ministra afirma que gestão em Pernambuco, apoiada por 14 legendas, parte delas abrigada no 1,J escalão da máquina estadual, não é "fisiológica"; governador diz que não se pode "vetar o exercício democrático de quem tem filiação partidária".

Isadora Peron, Beatriz Bulla e Ângela Lacerda

RECIFE - No primeiro encontro "programático" PSB-Rede, realizado ontem em São Paulo, Marina Silva saiu em defesa da megacoalizão montada por Eduardo Campos no governo de Pernambuco. O novo aliado da ex-ministra do Meio Ambiente conta com o apoio de 14 partidos, parte deles contemplada com cargos na máquina estadual. "Se fosse fisiológica (a coalizão), ele não seria o (governador) mais bem avaliado do País", afirmou Marina em entrevista.

O próprio Campos buscou se defender. "Se eu não tivesse um governo que tivesse mudado as práticas políticas, que não tivesse inovado na vida do cidadão pernambucano, eu não teria 83% dos votos numa terra com tradição democrática", disse o governador. "Nós não podemos pensar que só por ter uma filiação partidária uma pessoa pode participar (do governo), mas também não podemos vetar o exercício democrático de uma pessoa que tem filiação partidária", completou Campos.

Campos e Marina uniram forças em 5 outubro para a disputa ao Palácio do Planalto tentando impor um discurso de "nova política". Nessa lógica, o modelo de coalizão da presidente Dilma Rousseff é um dos principais alvos. Num documento discutido ontem, marineiros e os integrantes do PSB afirmam que é "necessária uma mudança profunda no sistema político". Segundo o texto, atualmente há "feudos (departidos) dentro do próprio Estado".

Campos foi eleito em 2006 pela coligação Frente Popular de Pernambuco, integrada por 14 partidos: PSB, PT, PDT, PTB, PP, PR, PC do B, PRB, PSL, PSDC, PHS, PTC, PRP e PT do B. Cinco deles compuseram o primeiro escalão do governo no primeiro mandato: PT, PTB, PP, PR e PC do B.

Com a reeleição, em 2010, o PV se integrou ao governo. Foi criada a Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade, comandada por Sérgio Xavier, candidato derrotado ao governo do Estado, ligado a Marina.

Dentro da sua cota pessoal, Campos chamou o deputado licenciado Pedro Eurico, do PSDB, partido que não faz parte da base do governo. Eurico tinha forte ligação com o ex-governador Miguel Arraes, avô de Campos e se aliou ao ex-governador Jarbas Vasconcelos (PMDB), depois que ele derrotou Arraes nas urnas. Pedro Eurico assumiu a Secretaria da Criança e da Juventude.

Com o recente desembarque do PSB do governo federal, PT e PTB entregaram os cargos que ocupavam em Pernambuco - a Secretaria de Saúde, a Secretaria da Cultura e a Secretaria do Trabalho, além da Secretaria Executiva de Agricultura.

Marina citou o caso de Xavier ao defender Campos. "Posso falar de uma pessoa que Campos convidou que não foi com base na visão patrimonialista: o Sérgio Xavier (secretário de Meio Ambiente) foi convidado para integrar o governo em cima de um programa", disse a ex-ministra.

Marina defendeu que a posição que critica é quando legendas fazem alianças "fora de um programa" comum. "Não significa governar sozinha", disse. "Se ganharmos, queremos governar com os melhores do PT, os melhores do PMDB, os melhores do PSDB, porque essas pessoas existem em todos os partidos."

Temas. Além da crítica ao modelo de governabilidade, o documento debatido ontem entre 150 participantes do encontro trazia outros dois temas: a necessidade de manter as conquistas das últimas décadas e a de promover um desenvolvimento sustentável.

Na abertura do evento, Marina defendeu que os avanços do País não podem ser "fulanizados", por mais que a estabilidade econômica tenha sido alcançada durante o governo de Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e os avanços na área social sejam fruto das iniciativas do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). "Esses ganhos já não podem mais ser fulanizados, para evitar uma institucionalização predatória das conquistas da sociedade."

Ciente das diferenças ideológicas entre os dois grupos, Marina pediu para que os presentes fizessem, durante o evento, "o exercício da escuta interessada", para que conseguissem superar as divergências.

Apoiadores da Rede chegaram a deixar o projeto depois da filiação da ex-ministra ao PSB, em 5 de outubro.

Fonte: O Estado de S. Paulo

Marcos Palmeira, reforço na urna

Ator se filia e é cotado até para o governo do Rio

Fábio Grellet

RIO - Entusiasta da ex-ministra Marina Silva, o ator Marcos Palmeira, de 50 anos, filiou-se ao PSB e passou a ser cotado para disputar o governo do Rio em 2014. Se isso ocorrer, pode ter como um de seus adversários outro novato na política: o treinador de vôlei Bernardinho, que se filiou ao PSDB.

Mas Palmeira nega a intenção de se candidatar. "A filiação ao partido foi um ato simbólico de apoio à Rede! Não estive com Eduardo Campos nem fui convidado a ser candidato a nada, apenas participo das discussões com Marina Silva na Rede por um Brasil novo!", disse em nota (com as exclamações) o ator.

Procurado pelo Estado, Palmeira não se manifestou. Em entrevista a O Globo, ontem, admitiu: "Fui sondado, mas não veio nada através da Marina, e meus passos são dados muito em cima do que eu acordo com ela. Teve uma reunião do Campos com alguns artistas, e me ligaram e disseram: se prepara que você vai ser candidato. Achei tudo muito louco, já queriam formar o meu grupo de trabalho, mas não tem a menor condição.

“Ainda temos que achar esse nome para o Rio".

Palmeira sugeriu o nome de Miro Teixeira (PROS-RJ) para o governo do Rio, por ser um político com credibilidade, e afirmou ter "simpatia" por Eduardo Campos. O ator não descarta uma participação na política a partir de 2018, quando pretende estar filiado à Rede. A reportagem tentou ouvir o PSB sobre a filiação de Palmeira, mas não obteve resposta.

"Bonitão". Informada, por telefone, sobre a filiação de Palmeira, uma funcionária do diretório se derramou em elogios: "Aquele bonitão? Nossa, eu votaria nele para qualquer cargo!"

Fonte: O Estado de S. Paulo

Aécio pede tempo, enquanto Serra diz que 'muitas surpresas' ainda virão

Em Minas e em SP, tucanos mostram que PSDB ainda não tem consenso para 2014

Ezequiel Fagundes

BELO HORIZONTE- Depois de um encontro com tucanos e aliados em Uberlândia (MG), no qual foi tratado como pré-candidato à Presidência pelo PSDB, o presidente nacional do partido e senador Aécio Neves admitiu que ainda não há clima no partido para assumir a disputa contra a presidente Dilma Rousseff. Enquanto isso, em São Paulo, o ex-governador José Serra disse ontem

que até as eleições presidenciais ocorrerão "muitas surpresas" e considerou que "ainda tem muita coisa por definir" no quadro eleitoral Em Uberlândia, no Triângulo Mineiro, Aécio foi a atração principal do encontro batizado de "Conversa com os mineiros" que reuniu 40 deputados, 120 prefeitos e 200 vereadores de 11 partidos.

— Tenho dito há muito tempo e repito hoje aqui: a principal das artes das política é administrar o tempo. Não há necessidade de termos uma candidatura colocada agora. Tenho viajado o Brasil como presidente nacional do PSDB. Acho que no início do ano que vem teremos o clima adequado para a definição de quem irá empunhar essas bandeiras. Nada adianta você ter um candidato hoje que as pessoas não compreendam com clareza o que ele representa — disse Aécio, que acrescentou:

— A nossa unidade é o combustível mais valioso que temos para vencer as eleições.

Aécio ainda luta para transformar em consenso dentro do PSDB sua provável candidatura a presidente, porém Serra continua dando sinais de que deseja concorrer.

Mudança no quadro eleitoral
O ex-governador de São Paulo participou de reunião quinzenal da diretoria da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), onde apresentou um cenário sobre os desafios atuais do país. E fez questão de analisar o cenário político e as possibilidades de mudanças no quadro atual.

— Eu acho muito difícil prever, é muito cedo. Voltem para outubro de 1993 e vejam o que aconteceu. Em outubro de 1994, houve uma mudança muito grande. Naquela época, em 1993, estávamos empenhados no PSDB para que (o ex-governador do Rio Grande do Sul) Antonio Britto viesse para o PSDB para ser candidato a presidente. Em janeiro de 1994, ainda insistimos para que ele fosse candidato pelo PMDB. Em outubro daquele ano, Fernando Henrique Cardoso estava eleito. Ainda vão vir muitas surpresas — disse o tucano.

Por já ter disputado duas sucessões presidenciais, o ex-governador de São Paulo considerou "óbvio" o bom desempenho dele na última edição da pesquisa Ibope, divulgada na semana passada.

Unidade contra Dilma
O único cenário com possibilidade de segundo turno é quando a presidente Dilma Rousseff disputa contra José Serra e Marina Silva, mesmo cenário de 2010. Mesmo assim, ele minimizou seu desempenho nos levantamentos:

— Eu disputei a eleição passada, tive 44% dos votos e ganhamos em onze estados. É natural que eu sendo colocado em pesquisa esteja relativamente bem. Para quem nunca participou de eleição (presidencial), também é natural que tenha menos em pesquisas.

No momento em que lideranças do partido admitem a possibilidade do PSB se tornar um rival do PSDB no primeiro turno da sucessão presidencial, José Serra defendeu a importância de se evitar "mal-entendidos" entre as candidaturas de oposição. Na avaliação dele, as forças alternativas ao governo federal devem "estar unidas" Para ele, a filiação de Marina Silva ao PSB foi "absolutamente surpreendente"

— É muito difícil de prever tudo o que vai acontecer e é muito importante evitar que ocorram mal-entendidos entre as forças que são de oposição. Elas têm de estar unidas seja dentro de um partido seja de maneira suprapartidária — disse.

Fonte: O Globo

Aécio lançará ‘agenda’

O senador Aécio Neves disse que o PSDB lançará até dezembro a “agenda para o futuro", prévia do plano de governo para a disputa presidencial de 2014

Aécio diz que lançará "agenda" em dezembro

Senador promete "prévia" de programa de governo e afirma que "foi dada a largada".

Rene Moreira

O senador Aécio Neves disse ontem, em Uberlândia, no Triângulo Mineiro, que o PSDB lançará até meados dezembro uma prévia do plano de governo tucano para a disputa presidencial do ano que vem, o que ele chamou de "agenda para o futuro".

O mineiro anuncia que vai antecipar a divulgação de suas propostas no momento em que o provável presidenciável do PSB, Eduardo Campos, promete lançar em 2014 uma "carta" para reforçar compromissos macroeconômicos e apresentar uma plataforma de gestão, conforme revelou o Estado. A intenção de Campos, apoiado pela ex-ministra Marina Silva, é reeditar um documento que dissipe desconfianças no setor econômico, a exemplo da estratégia adotada na eleição de 2002 pelo então candidato petista, Luiz Inácio Lula da Silva, ao divulgar a "Carta ao Povo Brasileiro".

No encontro organizado por aliados no Triângulo Mineiro, Aécio ressaltou que já foi "dada a largada" da corrida pelo Palácio do Planalto. Ele lembrou as viagens que tem feito pelo País. Disse que na semana que vem voltará ao Rio Grande do Sul e depois visitará o Norte e o Centro-Oeste.

"A partir daí estaremos prontos, acredito que na primeira quinzena de dezembro, para lançar não um programa de governo, há tempo ainda, mas as linhas gerais daquilo que vou chamar de agenda para o futuro", afirmou. "As principais ações que, na nossa visão, deveriam rapidamente (ser) implementadas para que o Brasil volte a crescer de forma digna."

Em Uberlândia, Aécio deu início a uma série de eventos batizados de "Conversa com os Mineiros", organizados pelo PSDB e dez partidos aliados no Estado. Apesar de cumprir uma agenda típica de campanha, o senador voltou a dizer que a definição do presidenciável tucano deve ocorrer apenas no ano que vem. "Tenho viajado o Brasil como presidente nacional do PSDB."

Embrião. Aécio destacou que o partido, primeiro, "vai construir as linhas gerais daquilo que será o embrião de um programa para o Brasil e, a partir daí, "estará pronto para, no início do ano que vem, ter o seu candidato".

O encontro, em um salão de festas, reuniu, segundo os organizadores, mais de mil pessoas, sendo 120 prefeitos, 45 deputados e 200 vereadores. O ex-ministro Pimenta da Veiga, apontado como provável candidato tucano ao governo de Minas, atacou o governo federal: "O Palácio do Planalto virou as costas para Minas. A dona do poder age com arrogância e prepotência", disse, sobre a presidente Dilma.

O governador Antonio Anastasia defendeu o voto em Aécio para a Presidência: "Está dada a largada. E daqui para a vitória ", discursou. "Queremos dar fim a esse ciclo de governo que tanto mal está fazendo ao Brasil".

Fonte: O Estado de S. Paulo

Em MG, Aécio fala em 'largada para a vitória'

Provável candidato do PSDB ao Planalto, senador usa palanque em seu reduto para pregar 'fim do ciclo do PT'

Anastasia lança aliado à Presidência em Uberlândia; Serra diz que ainda haverá 'muita surpresa' em 2014

Felipe Amorim

UBERLÂNDIA - Provável candidato do PSDB à Presidência em 2014, o senador Aécio Neves (MG) afirmou ontem que "está dada a largada para a grande vitória" em 2014.

O discurso foi feito em evento do PSDB em Uberlândia (556 km de Belo Horizonte), no qual o senador foi saudado como o candidato tucano ao Planalto por 10 dos 11 líderes estaduais do partido que usaram o palanque antes dele, como o ex-ministro Pimenta da Veiga, cotado para disputar o governo estadual no ano que vem.

"Estamos aqui hoje não nos reunindo para um projeto partidário, muito menos para um projeto de aliança política. Estamos aqui hoje reunidos em Uberlândia, a segunda capital de Minas, para dizer que nós queremos dar fim a este ciclo de governo [do PT] que tão mal vem fazendo ao Brasil, na fragilização de nossa economia e na capacidade de avançarmos nas conquistas sociais", disse Aécio.

Antes, o governador de Minas, Antonio Anastasia, defendeu o nome de Aécio para a sucessão de Dilma Rousseff. "É chegada a hora de Minas mostrar ao Brasil o que temos de melhor. Vamos com Aécio Neves à Presidência da República", disse Anastasia.

Ontem, em São Paulo, o ex-governador do Estado José Serra voltou a colocar em dúvida a definição do nome de Aécio para concorrer ao Planalto pelo PSDB.

"Ainda haverá muita surpresa no cenário eleitoral", disse Serra, após ministrar palestra para empresários.

Colaborou Marina Dias, de São Paulo

Folha de S. Paulo

Aécio Neves diz que está dada a largada para vitória em 2014

Presidenciável inicia a “Conversa com Mineiros” e é recebido, em Uberlândia, como candidato

Tâmara Teixeira,  Isabella Lacerda

O senador Aécio Neves (PSDB) protagonizou ontem, em Uberlândia, no Triângulo Mineiro, o lançamento do “Conversa com Mineiros” – uma das estratégias adotadas pelos tucanos para fortalecer o nome do ex-governador como candidato ao Palácio do Planalto em 2014 e dar palanque aos pré-candidatos ao governo de Minas.

O evento marcou a primeira aparição conjunta da provável chapa para o governo estadual, com o ex-ministro Pimenta da Veiga (PSDB) e o presidente da Assembleia Legislativa e cotado a vice, Dinis Pinheiro (PP). Outros postulantes como o governador Antonio Anastasia – que pode disputar o Senado – o atual vice-governador, Alberto Pinto Coelho (PP), também formaram o palanque.

Em uma plateia com 11 partidos da base, Aécio discursou como presidenciável e, apesar de afirmar que o PSDB não precisa definir neste momento quem será o candidato, declarou que está “dada a largada para a grande vitória em 2014”.

Diante das recentes pesquisas que apontam uma recuperação das intenções de voto da presidente Dilma Rousseff e a ampliação do espaço da aliança entre o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), e a ex-senadora Marina Silva, Aécio mandou um recado e garantiu que no ano que vem o PSDB será a melhor via.

“O sentimento que acho que vai reger essas eleições é o de mudança, e ninguém estará em melhores condições do que o PSDB – pela estrutura que tem, pelos governos exitosos que tem, a começar pelo de Minas Gerais – para fazer esse enfrentamento. Na hora certa, vamos chegar muito competitivos”, disse o senador.

Com menos críticas ao governo federal, o senador mineiro voltou a focar nas privatizações. “O PT realizou a maior privatização da história do Brasil no pré-sal. Mas tem dificuldades de sequer admitir isso”, rebateu.

Apoio. Após o encontro, o presidente do PSDB no Estado, deputado Marcus Pestana, disse que o evento “cumpriu o seu papel”. “Reforçou a presença de Aécio em Minas, que foi colocado como protagonista. Foi um evento pensado em torno dele”, disse. Anastasia também engrossou o coro dos tucanos na pré-campanha. “É chegada a hora de Minas mostrar ao Brasil o que temos de melhor. Vamos com Aécio”, discursou.

Cerca de 40 deputados estaduais e federais, 120 prefeitos e 200 vereadores mineiros marcaram presença e, com bandeiras, gritaram “Brasil, pra frente, Aécio presidente”.

Fonte: O Tempo (MG)

Aécio: "Não me assusto com nada"

SÃO PAULO - No mesmo dia em que Eduardo Campos e Marina Silva, ambos do PSB, começaram a discutir o programa da aliança que firmaram no início do mês, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) disse, ontem, que "não se assusta com nada" e que é seu partido que pode fazer uma oposição clara ao governo da presidente Dilma Rousseff.

"Não tenho dúvida de que quem tem as condições de apresentar estruturalmente uma proposta de oposição clara, com bases sólidas no País, com discurso absolutamente claro, somos nós. Eu tenho que acreditar nisso. Não me assusto com absolutamente nada", disse Aécio, após ser questionado sobre a aproximação entre o governador Eduardo Campos e o deputado Roberto Freire, presidente do PPS, aliado do PSDB na última eleição presidencial.

Aécio disse que o PSDB continua conversando com o PPS, mas que respeitará a posição que o partido vier a tomar. "O que é certo é que eles estarão no campo oposicionista", disse. O senador afirmou que pretende apresentar uma agenda para o futuro do Brasil em dezembro. Segundo ele, a proposta seria um esboço de programa de governo do PSDB, para ser discutido no primeiro semestre de 2014, antes da eleição.

Aécio elogiou a presença de Eduardo, presidente do PSB, e de Marina, recém-filiada ao PSB, na oposição ao PT. "Ruim seria se estivessem no campo do governo, fortalecendo o governo", afirmou o tucano.

José Serra
Aécio disse não se incomodar com a movimentação do ex-governador José Serra (PSDB-SP), que trabalha para tentar ser indicado como o candidato tucano ao Planalto pela terceira vez. "Acho natural (a postulação de Serra) e bom para as oposições", afirmou o senador tucano.

Fonte: Jornal do Commercio (PE)

PSDB lança a candidatura de Pimenta

Ao lado do senador Aécio Neves, do governador Antonio Anastasia e de outros tucanos mineiros de alta plumagem, o ex-ministro das Comunicações Pimenta da Veiga foi aclamado como candidato do partido ao Palácio da Liberdade em 2014

Pimenta aclamado como candidato ao governo

Ao lado de Anastasia e Aécio, ex-ministro é ovacionado em encontro com prefeitos e deputados como o futuro cabeça de chapa tucano na disputa pelo Palácio da Liberdade

Alessandra Mello

UBERLÂNDIA – O ex-ministro Pimenta da Veiga (PSDB) foi lançado ontem candidato ao Palácio da Liberdade durante evento em Uberlândia, no Triângulo Mineiro, que reuniu o senador Aécio Neves, o governador Antonio Anastasia e lideranças da base governista no estado. Posicionado sempre ao lado do senador, Pimenta foi aclamado como candidato ao governo pelo secretário de Ciência e Tecnologia, Nárcio Rodrigues (PSDB), que até pouco tempo era um dos cotados para disputar o cargo pelo PSDB. Segundo Nárcio, os apoiadores da candidatura presidencial de Aécio Neves devem trabalhar também para a eleição de Pimenta governador. Também estava no palco do evento o presidente da Assembleia Legislativa, Dinis Pinheiro, que recentemente deixou o PSDB e se filiou ao PP para compor a chapa majoritária da base governista.

Esta foi a primeira vez que o nome do ex-ministro e ex-prefeito de Belo Horizonte foi citado publicamente como candidato. Nárcio foi o responsável também por lançar, de maneira semelhante, em 2002, durante um evento do partido, o nome do então deputado federal Aécio Neves para o governo do estado. Na época, como hoje, o PSDB tinha mais de um postulante ao cargo e ainda não havia batido o martelo sobre o assunto. Apesar de já ter anunciado Pimenta como candidato, o secretário disse que o nome ainda não foi definido oficialmente e que isso só deve acontecer no início do ano que vem. Dinis Pinheiro desconversou sobre a indicação de seu nome para ser o candidato a vice-governador. Disse que seu novo o partido está conversando sobre as eleições e que ele defende que a legenda cerre fileiras, também em nível nacional, com a candidatura do PSDB. O PP faz parte da base do governo Dilma Rousseff e comanda um dos maiores orçamentos da União, o Ministério das Cidades.

Afinado com o discurso que vem sendo feito pelo senador e pelo PSDB mineiro, Pimenta disse que Minas Gerais está abandonada pelo governo Dilma e que o Palácio do Planalto não está conseguindo "sequer controlar a inflação", colocando em risco, segundo ele, a estabilidade assegurada pelo governo Fernando Henrique Cardoso (1995–2002). Questionado se será mesmo candidato, Pimenta afirmou que o partido ainda não definiu. "Mas não posso negar que meu nome tem ganhado força", afirmou em entrevista.

O presidente da Juventude do PSDB mineiro, Caio Nárcio, filho de Nárcio Rodrigues, disse que não há nenhuma definição do nome de Pimenta . "Não tem sinalização oficial do partido, mas a gente vê os sinais. Ao lado de quem o Pimenta da Veiga ficou durante toda a cerimônia? ". O ex-ministro chegou ontem cedo a Uberlândia e aproveitou para se reunir com diversas lideranças locais.

Senado. Durante o encontro na cidade, batizado de Conversa com os Mineiros, o governador Anastasia foi chamado de senador diversas vezes pela militância presente. Ele chegou a fazer gestos pedindo às pessoas que estavam logo à frente do palco que parassem de gritar. O governador é o candidato natural do partido ao Senado, mas segundo interlocutores tem se mostrado um pouco resistente ao cargo. Em entrevista, ele também disse que ainda não é hora de anunciar nomes e que o partido tem tempo para escolher quem serão os três indicados para compor a chapa majoritária (governador, vice-governador e senador). No dia 11 de novembro, o PSDB promove mais um encontro com lideranças da base governista no estado, desta vez em Poços de Caldas, no Sul de Minas.

Fonte: Estado de Minas

Pesquisa Sensus : Dilma lidera e Aécio tem a menor rejeição

Dilma na frente e Aécio com menor rejeição

Pesquisa mostra petista em 1º, mas vantagem em relação ao tucano fica menor entre os que conhecem os candidatos

Juliana Cipriani

Se as eleições fossem hoje, a presidente Dilma Rousseff (PT) venceria os adversários em todos os cenários, segundo pesquisa do Instituto Sensus feita entre os dias 17 e 21 de outubro em 136 municípios de cinco regiões do Brasil. O levantamento mostra, porém, que entre os eleitores que de fato conhecem os candidatos, a vantagem da petista diminui e quem mais cresce é o senador Aécio Neves (PSDB). O tucano é também o menos rejeitado entre os 2 mil eleitores pesquisados. Nesse quesito, o ex-governador de São Paulo José Serra (PSDB) seria a pior opção do partido, por apresentar rejeição de quase metade dos entrevistados.

No primeiro cenário pesquisado, Dilma teria 40,2%, contra 18% do senador Aécio Neves e 10,6% do governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB). Indecisos, votos brancos e nulos somaram 31,3%. A margem de erro do levantamento encomendado pelo PSDB é de 2,2%. Quando são avaliados os mesmos nomes, mas entre os 1.117 entrevistados que declararam conhecer os três, a preferência por Dilma cai para 33,5% e a por Aécio sobe para 19,2%. Já as intenções de voto em Eduardo Campos atingem 13,3%.

Quando a ex-senadora Marina Silva é o nome do PSB, Dilma tem 38,2% das intenções de voto, Marina 18,4% e Aécio 17,8%. Nesse cenário, entre os que declaram conhecê-los, Dilma cairia para 33,5%, Aécio subiria para 21,3% – uma diferença de 12,2 pontos percentuais – e Marina para 19,9%.

Se o nome do PDDB for José Serra, a presidente vence com 38,8% dos votos. Nesse cenário, o tucano paulista teria 18,6% e Eduardo Campos 13,3%. Considerando o conhecimento dos eleitores sobre os nomes, Dilma teria 32,5%, Campos 18,5 e Serra 18,1%. Ainda com Serra na disputa, mas contra Marina pelo PSB, Dilma teria 38,2% dos votos, seguida por Serra com 18,3% e a candidata do PSB com 18%.

Em um eventual segundo turno, Dilma também venceria, mas Aécio é o que tem o melhor desempenho no embate entre os adversários. Com o mineiro candidato, ele teria 27%, contra 45,2% da petista. Essa diferença cai quando são considerados apenas os que declaram conhecer os candidatos. Nesse caso, Dilma teria 41,7% contra 30,2% de Aécio – 11,5 pontos percentuais. Para o diretor do Instituto Sensus, Ricardo Guedes, os dados da comparação entre conhecimento e voto são importantes pois mostram uma tendência de votação. "Hoje, a maior tendência, com o desenvolvimento do tempo e das campanhas , é termos um segundo turno entre Dilma e Aécio", prevê.

Outro ponto importante que o PSDB deve observar, segundo o responsável pelo levantamento, são os índices de rejeição. Nesse critério, 47,4% dos entrevistados afirmaram que não votariam de modo algum em José Serra. Em seguida aparece Eduardo Campos, com rejeição de 39,7%, e Marina Silva, de 39,4%. Na ponta estão Dilma Rousseff, rejeitada por 36,1% e Aécio Neves, por 34,6%. "A rejeição é um dos indicadores fundamentais da pesquisa, pois mostra um percentual do eleitorado que não votaria de jeito nenhum no candidato. Quem tem 40% ou mais está muito dificultoso no processo eleitoral", afirmou Ricardo Guedes.

O pesquisador destacou que, além de Serra, Marina e Eduardo Campos aparecem com percentuais próximos de 40%. "Quem tem entre 36% e 38% de rejeição é mais fácil, pois temos que, de 100% do eleitorado, 20% vão para branco, nulo ou abstenção. Os 80% restantes, se dividirmos por dois, dá 40%. Então, quem tem 40% ou mais não passa para o segundo turno", explicou. O levantamento Sensus avaliou também as preferências partidárias. Preferem o PT 17,3% dos entrevistados e o PSDB 7,6%. Sobre o governo Dilma Rousseff, 39,4% consideram o resultado positivo e 38,1% regular. Para 20,8% a gestão da petista é considerada negativa.

Empate
O senador Aécio Neves (PSDB) e a presidente Dilma Rousseff (PT) estão empatados na preferência dos eleitores do Espírito Santo para a sucessão presidencial em 2014. Segundo levantamento feito pela empresa Enquet, de Vitória, e publicado pelo jornal A Tribuna, Dilma tem 26,8% das intenções de voto, contra 26,5% de Aécio, uma diferença de 0,3 ponto percentual. O terceiro colocado nesse cenário, o governador do Pernambuco Eduardo Campos (PSB), aparece com 12,4% . Outros 14,4% responderam que votariam nulo ou em branco e 19,9% não souberam ou não opinaram. Quando o ex-governador de São Paulo José Serra (PSDB), é o candidato tucano, Dilma aparece no Espírito Santo com 27,5% contra 21,1% do rival. Nessa hipótese, Eduardo Campos tem 17,1%, brancos ou nulo 12,9% e não sabe ou não opinou 21,4%. Dilma apresenta também a maior rejeição naquele estado, com 40,1% dos entrevistados dizendo que não votariam nela. Foram ouvidas 1.400 pessoas. A margem de erro é 2,7% para mais ou para menos.

Fonte: Correio Braziliense

No Estado, Eduardo bate Dilma mas perde para Lula

Pesquisa do Instituto Maurício de Nassau sobre a sucessão presidencial em Pernambuco mostra o governador à frente da presidente em dois cenários

Eduardo à frente de Dilma e atrás de Lula no Estado

Pesquisa para a corrida presidencial sinaliza embate duro entre PSB de Eduardo e PT de Lula em Pernambuco. PSDB está frágil

O possível embate entre o governador-presidenciável Eduardo Campos (PSB) e a presidente e pré-candidata à reeleição Dilma Rousseff (PT) nas eleições 2014 tende a ser bem duro em Pernambuco. Essa é uma das constatações da primeira pesquisa do Instituto de Pesquisa Maurício de Nassau (IPMN), em parceria com o Jornal do Commercio e o Portal LeiaJá, sobre como o eleitor pernambucano está vendo a corrida presidencial. A um ano das eleições, Eduardo ficou à frente de Dilma nos dois cenários em que foram colocados como candidatos, mas não com larga diferença (33% das intenções de voto contra 30% no cenário 1 e 33% a 28% no cenário 3). Além disso, um "perde e ganha" entre os dois é apontado nas divisões por regiões do Estado.

Nos outros dois cenários da pesquisa, as opções de disputa do PSB e do PT foram trocadas. E as mudanças nos resultados se mostraram bastante significativas. Com a ex-senadora Marina Silva entrando na disputa pelo PSB no lugar de Eduardo, Dilma lidera em Pernambuco com folga: 36% das intenções de voto contra 15% de Marina e 3% de Aécio Neves (PSDB) no cenário 2. Marina firmou aliança com Eduardo no início do mês, após ver fracassada sua tentativa de viabilizar a Rede Sustentabilidade dentro do prazo para participar das eleições de 2014. Desde então vem sendo cogitada para a vice de Eduardo, mas também é lembrada para a cabeça da chapa.

Já no cenário 4, com Luiz Inácio Lula da Silva sendo colocado como o candidato do PT no lugar de Dilma, o ex-presidente derrotaria, hoje, o ex-aliado Eduardo Campos no seu próprio Estado, também com uma diferença expressiva: 44% a 25%. Aécio ficou com 2%. Lula vem sinalizando que estará fora da disputa 2014 e que sua participação será firme em defesa da reeleição de Dilma. Mas, a exemplo de Marina, seu nome nunca deixou de ser cogitado, principalmente na hipótese de o governo Dilma sofrer desgastes. A força do ex-presidente em Pernambuco é mostrada também na pesquisa espontânea: lidera com 22% das intenções de votos contra 14% de Dilma e 14% de Eduardo.

A pesquisa IPMN/JC foi realizada entre os dias 21 e 22 deste mês, englobando 2.423 entrevistas em todas as regiões do Estado. A margem de erro é de 2,2 pontos percentuais para um nível de confiança estimado em 95%. E Além das nuances apontadas para o provável embate entre socialistas e petistas - ex-aliados hoje rompidos -, os cenários do levantamento estimulado - com os nomes dos candidatos sendo apresentados aos entrevistados - apontam uma situação bastante desfavorável no Estado para o PSDB, principal partido da oposição nacional. Tanto o senador mineiro Aécio Neves como o ex-governador paulista José Serra - a cúpula do partido quer Aécio candidato, mas Serra não retira seu nome - aparecem com índices bem pequenos de intenção de voto em Pernambuco.

Quando colocado na disputa, Aécio obteve 2% das intenções de voto (cenários 1 e 4) e 3% (cenário 2). Já Serra, no único cenário em que foi colocado, ficou com 4%, no confronto com Eduardo e Dilma no cenário 3.

Fonte: Jornal do Commercio (PE)

Linhas para um programa - Declaração Final da Conferência Caio Prado Jr.{1}

Digo adeus à ilusão/ mas não ao mundo. /Mas não à vida, meu reduto e meu reino./Do salário injusto,/ da punição injusta,/ da humilhação, da tortura,/do terror,/ retiramos algo e com ele construímos um artefato/um poema/ uma bandeira

(Agosto de 1964, Ferreira Gullar)

A Conferência Caio Prado Jr reconhece que a atual situação brasileira está a exigir que se procure defender e introduzir valores e comportamentos, particularmente de sentido ético, capazes de provocar uma revolução na cultura política do país, na forma de exercer mandatos, na forma de ser governo e na forma deste se relacionar com a sociedade civil, e no trato correto da coisa pública. Que atue a partir de doutrinas e ideais democráticos e humanistas, e identificados com as lutas pela equidade social e de gênero, pela defesa do meio ambiente, pluralidade étnica e religiosa, diversidade sexual, paz mundial e convivência pacífica entre países e povos, não interferência de um país em questões internas de outros, e contra a exclusão, as desigualdades e todas as formas de discriminação social.

É que, apesar dos diversificados esforços de partidos, correntes e personalidades, existe no país um espaço público incomodamente vazio. Daí a CCPJ propor que se trabalhe para ocupá-lo com uma esquerda democrática, republicana, identificada com a contemporaneidade, radicalmente reformista, compromissada particularmente com os social, econômica e politicamente excluídos e que esteja ancorada no regime de liberdades sancionado pela Constituição de 1988.

Por isso, a fim de corresponder ao anseio por uma cidadania plena de direitos e responsabilidades, apóia a necessidade de se discutir a centralidade e universalidade da questão democrática e suas conseqüências para qualquer agenda política no Brasil, tendo em vista que todo nosso sistema de relações sociais é profundamente viciado por padrões autoritários, desde a família, a escola, as empresas, a própria administração pública e a atividade política, e constata que sem projeto e métodos claros e transparentes, o campo da esquerda pode chegar ao poder, mas não consegue promover a mudança, isto é, ser esquerda no poder.

Dentro dessa perspectiva, propõe que se construa uma força política que tenha condições de contribuir para modernizar o conjunto da esquerda, de resto necessariamente plural, e, mais ainda, de incidir positivamente sobre todo o sistema político. Desta forma, pretende concorrer para que a extrema e contraditória diversidade de interesses e opiniões, que nasce naturalmente num país tão complexo como o nosso, tenha como um dos seus canais privilegiados de expressão a “forma partido”, sem nenhum prejuízo do amplo e rico tecido de organizações que deve caracterizar toda sociedade dotada de vida cívica democrática.

A auto-reforma das esquerdas - que nestes tempos nossos significa também “aggiornamento” - é, pois, um dos objetivos essenciais colocados por esta Conferência, uma primeira iniciativa que pretendemos dar na busca de novos rumos para o país. Já é hora de superarmos vocação autoritária da esquerda, uma vez que se baseia na incapacidade de compreender e absorver a centralidade da questão democrática.

Nestes termos, a democracia que aqui se afirma não é só um valor a que, há muito, aderimos com sólida convicção, mas também é o terreno mais adequado para a organização e a ação de mulheres e de homens, estimulando-os a ensaiar e exercitar o processo democrático na base da sociedade e no quotidiano de cidadãs e cidadãos. Pedagogicamente fundamental é se estabelecer uma correta e diferenciada relação com os movimentos sociais, evitando o aparelhismo e a partidarização das entidades.

Os recursos e os instrumentos da democracia política, por legitimarem plenamente a luta e o diálogo, o conflito e o consenso, são o método por excelência das imperiosas transformações sociais e econômicas requeridas. O eixo dessa mudança é a ampliação progressiva da democracia em extensão e profundidade. Trata-se de criar as condições materiais e políticas e gestar uma alternativa democrática que enfrente de forma positiva a atual realidade que oprime, aliena e exclui milhões de brasileiros de uma vida digna e livre. Um foco evidente da intervenção pública é a promoção ativa da cidadania.

A sociedade brasileira requer um Estado moderno que tenha nos processos democráticos e nos fundamentos republicanos a sua própria razão de ser. Ou se reforma o Estado, ou ele continuará a deformar impiedosamente as relações sociais e de poder. Por isso, o ponto central da agenda da esquerda é a Reforma democrática do Estado, necessária para retirar a máquina pública do atendimento de interesses privados restritos e corporativos, e abri-lo às necessidades de todos, submetendo-o ao controle da sociedade civil. A reforma deve ser completa, atingindo o funcionamento dos três Poderes, todas as agências do Executivo, assim como as instâncias de governo federal, estadual e municipal, tornando-as mais leves, ágeis, transparentes, reduzindo o arbítrio nas nomeações e fazendo valer o critério do mérito, em detrimento das relações de clientela. Para tanto são fundamentais a desconcentração e descentralização do poder, imprescindíveis também para que novos conjuntos de decisões sejam transferidos para as instâncias representativas locais, onde os cidadãos vivem, participam, decidem e fiscalizam.

Estas são, a nosso ver, pelo menos algumas das premissas irrenunciáveis da inadiável reconstrução das esquerdas brasileiras. E este, também, é o quadro mais geral em que se podem debater as mais diferentes soluções para as mais variadas questões tópicas.

Vivemos o fim de um ciclo – um rico período histórico, iniciado com a vitória de Tancredo-Sarney em 1985 e que parece encontrar seu fim com o Governo Lula. Vivemos seus estertores, mesmo que possam se prolongar um pouco mais no tempo, projetos diversos nascidos da resistência à ditadura e de paradigmas mundiais ultrapassados no seu tempo histórico. Um novo ciclo de desenvolvimento se torna imperioso, exigindo novas idéias, a materialização de paradigmas alternativos, enfim, um outro projeto reformador.

E esse novo ciclo no Brasil, como de resto em todo o mundo, exige repensar o modelo de desenvolvimento que deu formato ao chamado mundo moderno, em todas as suas configurações macroeconômicas. Outros critérios, que não apenas as taxas de crescimento econômico a todo custo, devem ser levados em consideração como por exemplo o respeito à sustentabilidade ambiental e à garantia de formas concretas de redução das desigualdades.

Os objetivos da Conferência Caio Prado Jr. permanecem vigentes como terreno de debate aberto aos diversos setores políticos, sociais, econômicos, e intelectuais, sobre esses aspectos fundantes da vida nacional. Ela se confirmou efetivamente como um primeiro passo para estimular a criação de um movimento amplo e sem hegemonismo capaz de construir e viabilizar as soluções para os graves problemas do país.

Essa grande tarefa nacional só será possível se articulada por forças partidárias democráticas renovadas, a começar pela esquerda, por amplos movimentos sociais, pela intelectualidade, pelos mundos do trabalho e da cultura, enfim por uma diversidade social e ideológica de quantos na sociedade brasileira almejam mudar os rumos da condução do país.

Imperioso reconhecer que, neste novo período da vida brasileira inaugurado com a Carta de 1988, infelizmente não tivemos nem temos uma esquerda dotada de agenda positiva para o conjunto do país, simultaneamente vocacionada para a luta e para o governo, enraizada capilarmente na sociedade, expressando suas demandas e reivindicações, mas em permanente ação de educação política, gerando cidadãs e cidadãos responsáveis, éticos e ciosos dos seus direitos e deveres. E também antenada com o seu entorno no continente e com o mundo em seu conjunto.

Este é um primeiro passo e que outros mais sejam dados em busca da construção de uma esquerda democrática capaz de estimular uma nova forma de fazer política e de criar uma nova perspectiva para o país. É isso que o povo brasileiro merece e precisa!

Brasília, DF, 19 de agosto de 2007 – Ano Caio Prado Jr.

{1} Sem caráter resolutivo, este documento levou em conta as várias idéias e manifestações apresentadas, nos dois dias de intenso trabalho da Conferência, seja dos componentes das mesas de discussão e do público, seja dos que participaram de debates, nos seminários preparatórios e na internet. Os temas escolhidos e as abordagens feitas foram, em essência extraídos de forma muito ampla, refletindo não o ideário de um partido, no caso o PPS, nem de sua Fundação Astrojildo Pereira, mas de quantos, independente de filiação ou concepção ideológica e política – com destaque para os intelectuais, técnicos e lideranças e sociais, pessoas de diferentes partidos ou sem partido, que participaram desta iniciativa – acreditam que o mundo e o Brasil podem e devem ter novo rumo.

Fonte: “O que é ser de esquerda, hoje?” p.p. 295-298. Fundação Astrojildo Pereira /Contraponto Editora Ltda. Brasília, Rio, 2013.

Segundo turno - Almir Pazzianotto Pinto

Teremos eleições no primeiro domingo de outubro de 2014. É o que prescreve o art. 77 da Constituição, cujo texto, para ciência de quem não o conhece, transcrevo: "A eleição do presidente e do vice-presidente da República realizar-se-á, simultaneamente, no primeiro domingo de outubro, em primeiro turno, e no último domingo de outubro, em segundo turno, se houver, do ano anterior ao do término do mandato presidencial vigente".

O primeiro turno pertence, portanto, ao círculo dos fatos políticos concretos; o segundo não passa de mera hipótese, que se concretizará se "nenhum candidato alcançar maioria absoluta na primeira votação", "não computados os em branco e os nulos", conforme reza o citado dispositivo nos parágrafos 2° e 3°.

Excluídos proprietários de legendas minúsculas, que concorrem para marcar presença e arrecadar dinheiro, teremos, a prevalecer o quadro atual, três candidatos se digladiando: do PT, que tudo fará a fim de eliminar o segundo turno; do PSDB e do PSB, empenhados em gozar da segunda oportunidade.

Salvo inesperado cataclismo econômico, Dilma Rousseff será vitoriosa na rodada inicial. Confiante, mas não negligente, S. Exa. deflagrou campanha, e lança mão das melhores armas de que dispõe: atrair parcerias para aumentar minutos na televisão, distribuir benefícios e alimentar esperanças de participação em próximo mandato. Espera, ainda, contar com a ajuda de candidatos postiços, que avançarão, como matilha, sobre os dois adversários. Marina Silva, a sonhadora que pensava ter chances de se eleger, passou pelo processo de defenestração, e procurou ajeitar-se entre socialistas.

Para Aécio Neves e Eduardo Campos, resta tentar atingir o segundo turno. Ambos não dispõem de cacife para impor derrota a Dilma. Disputam, vamos ser objetivos, a segunda colocação, e isso significa que alguém será relegado à terceira, e afastado na semifinal.

Parece-me fantasioso supor que unirão forças contra o PT. Política é, acima de tudo, conduta pragmática, ou uso da inteligência na busca de resultados práticos. Ambos sabem que combaterão em duas frentes: de um lado, Dilma e aliados; do outro, o terceiro pretendente.

Aécio Neves e Eduardo Campos exibem perfis semelhantes. São netos de astros de primeira grandeza no cenário nacional, cujo falecimento não os tomou esquecidos. Tancredo e Arrais permanecem em nossa memória como lideranças que fizeram da luta contra o autoritarismo ponto alto de espinhosa carreira a serviço da democracia.

Aécio foi governador de Minas Gerais e tem a respaldá-lo o PSDB, nascido do ventre do PMDB, sucessor do MDB. Reside aqui, creio eu, a força e a fraqueza da candidatura. Os tucanos não conseguem se harmonizar, como demonstra conflito em andamento. É visível a presença de duas correntes: o grupo concentrado em torno de Aécio; outro que insiste em lançar José Serra.

As chances de Aécio dependem da capacidade de elevar o tom das críticas, ao falar sobre 12 anos de governo petista. Deverá demonstrar que, com novo mandato, Dilma Rousseff provocará catástrofe, na qual o desastre econômico se somará à tragédia social. Cabe-lhe estimular o renascimento das esperanças dos desiludidos, atrair idosos e jovens, mostrar como os brasileiros padecem da ilusão do consumo fácil, e que a extinção da miséria não passou de propaganda, terreno em que o PT é criativo.

Eduardo Campos surge como oponente inesperado. Demonstra habilidade ao cooptar Marina Silva para o redil do PSB. Não incorpora, todavia, imagem de oposição. Permaneceu todo o tempo ao lado do governo, na procura legítima de benefícios para Pernambuco. Trata-se, porém, de cristão novo na cidadela oposicionista. Entra na disputa para correr por fora, como se diz na linguagem turfística. Se vencer, ótimo; se derrotado, marca presença para ressurgir em 2018, caso antes não consiga emplacar alguns ministérios.

A prudência recomenda não descartar a hipótese de reeleição de S.Exa, a presidente Dilma, logo no primeiro turno. Se tal acontecer, o PSDB corre o risco de enfrentar destino semelhante ao DEM: ser abandonado por dirigentes e filiados que migrarão em busca de legenda mais promissora. Os poucos que se mantiverem fiéis terão a ingrata tarefa de juntar cacos, na tentativa desesperada de sobreviver politicamente. Durante muito tempo, então, viveremos sob despótico regime do partido único, como sucede em Cuba, conforme sempre aspirou o PT.

Advogado, foi ministro do Trabalho e presidente do Tribunal Superior do Trabalho (TST)

Fonte: Correio Braziliense

Marina contra Ronaldo - Xico Graziano

Marina Silva entrou no PSB por uma porta, saiu o deputado federal Ronaldo Caiado (DEM-GO) por outra. Mais que uma decorrência do jogo político, o episódio expõe uma intriga que contamina o ambientalismo brasileiro: alguém, sendo ruralista, pertence ao mal. Terrível preconceito.

A atitude radical da ex-senadora acriana provocou imediata reação do líder ruralista, que acusou Marina Silva de ser "intolerante". O veto político, disse ele, recai sobre todo o setor produtivo, expondo uma visão, ultrapassada, de "inimigo histórico". A Frente Parlamentar da Agropecuária, forte no Congresso Nacional, acusou a líder da Rede Sustentabilidade de praticar o "sectarismo", lamentando a "demonização de sempre". Forte polêmica.

No fundo, o gesto beligerante de Marina supõe existir uma incompatibilidade entre as ideias dos que protegem o meio ambiente e as dos que defendem a agricultura. Válida no passado, hoje em dia essa polarização anda amenizada. Embora haja divergências de pontos de vista, normais numa equação tão complexa, os fóruns atuais de discussão sobre o assunto, em todo o mundo, caminham buscando convergências. Nesse panorama construtivo, eliminar o contendor, como procedeu Marina, expressa uma intransigência negativa.

Há tempos, quando a tecnologia ainda gatinhava no campo, ninguém acreditaria que a agronomia e a ecologia pudessem um dia se aproximar. A contaminação pelos agrotóxicos, o desmatamento desenfreado, a erosão dos solos, entre tantos problemas, configuravam uma tragédia ambiental que parecia irreversível. Todavia, passadas algumas décadas, o controle integrado das pragas, o plantio direto na palha, a proteção dos recursos hídricos, entre outras virtudes, configuram modelos sustentáveis no agro. Firma-se um novo patamar de produção, no qual a agronomia namora firme a ecologia.

Abençoa-os, concretizando seus íntimos desejos, o desenvolvimento tecnológico. Basta verificar a "economia" de novas áreas causada pela elevação de produtividade da tem. Pesquisadores da Embrapa, analisando o período entre 1950 e 2006, calcularam esse efeito ponpateira na pecuária brasileira. Sua conclusão é sensacional: sem os ganhos de produtividade ocorridos na bovinocultura, teriam sido necessários 525 milhões de hectares a mais para j produzir a mesma quantidade de carne. Área maior que a Amazônia inteira.

Todo esse sucesso, real, ainda não foi suficiente para, no mundo da ideologia, sobrepujar o ranço negativo, trazido do passado, que estigmatiza o setor rural como atrasado, depredador. Chega a ser curioso. Muita gente no meio urbano desconhece totalmente a moderna produção capitalista no campo, vendo problemas onde existem soluções. Dai Aringa certa utopia regressiva que enxerga a agricultura como dantes, aquelas galinhas caipiras cocoricando no terreiro, canteiros adubados com esterco do curral, vaquinhas ordenhadas à mão, carpição do mato na enxada. Puro bucolismo.

Muito se falou sobre o drama da fome no Dia Mundial da Alimentação, em 16 de outubro. Haveria muito mais famintos, e as pessoas não teriam elevado sua longevidade, se não fosse a revolução tecnológica na agropecuária mundial. Por volta de 1890, quando imperava a produção camponesa, a população mundial somava apenas 1 bilhão de habitantes. Com a urbanização e a industrialização tudo mudou. Começou a explosão demográfica, aumentado a pressão sobre os recursos naturais do planeta.

Nunca custa repetir o óbvio: a fonte básica dos problemas ecológicos está no crescimento da população humana. É das demandas criadas no processo civilizatório que brotam os dilemas contemporâneos entre produzir e preservar, desafiando o conhecimento científico. Vale para todos os setores da economia. Na agricultura, pode-se comprovar que a inteligência dos laboratórios tem conseguido modificar a velha equação dicotômica, trocando o sinal de "Vezes" (produzir x preservar) por "mais" (produzir + preservar). Nasce assim, aos poucos, a agricultura sustentável que certamente ocupará o futuro.

Nesse processo de evolução, difícil não é a teoria, mas sim a prática da sustentabilidade. E, nesse ponto, o carimbo negativo de Marina Silva em Ronaldo Caiado atrapalhou. Seu discurso irritado aumentou a cizânia. Ao invés de procurar consensos, favoreceu a divergência. Virou manchete, agradou à turma fundamentalista, mas pouco construiu. Ao grudar em Caiado a pecha de inimigo, destruiu uma alternativa de diálogo. Fechou uma porta.

Imaginem o contrário. Entrando no PSB, que se articulava no apoio à candidatura majoritária de Caiado em Goiás, Marina poderia com ele, alicerçado pelas circunstâncias eleitorais, construir uma ponte sólida, aproximando o líder ruralista de suas ideias ecológicas. Descobriria que o atual líder do DEM, embora famoso pelo ruralismo, é reconhecido neurocirurgião, dá valor à vida humana. Pessoa séria, acompanhou de perto a evolução recente da agricultura no Brasil, jamais deixando de reconhecer a exigência do novo patamar de responsabilidade socioambiental. Nunca aceitou, porém, a imposição de regras, consideradas lunáticas, que violentassem a história dos agricultores tradicionais do País, condenando-os como se fossem criminosos. Sou testemunha desse processo político.

Já pensaram, com seu jeito dengoso, a lutadora ambientalista conquistando o vozeirão ruralista? Teria sido sensacional. Mas não vingou, a oportunidade foi perdida. A intolerância venceu a benevolência, atrasando por um tempo o casamento da agronomia com a ecologia. Os noivos, porém, apadrinhados pela História, não romperam. O amor, e não o ódio, pertence à sustentabilidade.

A intolerância atrasou por um tempo o casamento da ecologia com a agronomia.

Agrônomo, foi secretário de agricultura e secretário do meio ambiente do Estado de São Paulo.

Fonte: O Estado de S. Paulo

A supremacia do coletivo - Eliane Cantanhêde

O direito de manifestação de vândalos ou a segurança do Estado e da propriedade? O das corporações ou o do futuro do país e da maioria da população? O voluntarismo de um punhado de puristas ou pesquisas científicas que beneficiam a todos? O que prevalece, o interesse coletivo ou o privado?

Os manifestantes de junho que foram às ruas para exigir direitos voltaram para casa, deixando como rastro os "black blocs" e uma polarização entre essa minoria mascarada que bate e depreda e a maioria que dá de ombros para tudo.

Os doentes pobres comem o pão que o Diabo amassou e a classe média paga SUS, plano de saúde e, não raro, profissionais particulares atrasados e desatentos que nivelam os serviços particulares aos públicos, numa competição macabra: qual é pior? Mas o corporativismo médico prefere gastar energia contra o reforço estrangeiro.

O uso de animais em laboratórios merece atenção e reflexão, mas as pesquisas são para a coletividade, e os invasores do Instituto Royal atropelam a discussão e as leis, como anjos do bem contra o mal. Justiça com as próprias mãos?

E os capitais privados e internacionais já têm maioria a favor, mas persiste o confronto entre os que assumem isso e os que disfarçam e tergiversam, abrindo espaço para a minoria sindicalista e saudosista que grita e ensurdece a razão sobre o pré-sal.

Nessa onda de polarizações, o foco nas biografias não autorizadas vem bem a calhar, porque opõe dois direitos fundamentais: o direito coletivo à liberdade de expressão e o individual à privacidade.

O que deve prevalecer, o interesse comum e da história ou o privilégio daqueles que tomam decisões públicas e/ou inspiram milhões de brasileiros, sobretudo jovens?

Para a boa e velha esquerda, o coletivo sempre se sobrepunha ao individual e ao setorial. Mas não se fazem mais esquerdas como antigamente. Hoje? Sabe-se lá...

Fonte: Folha de S. Paulo

Partido precisa escolher discurso - Leonardo Avrítzer

Faz sentido Eduardo Campos se achar um "vencedor" em 2013, mas é uma vitória relativa. O ano, para o PSB, termina melhor do que começou: conseguiu uma aliada importante e conseguiu dobrar a intenção de votos que tinha.

Mas é preciso relativizar a afirmação. Até aqui, a candidatura do PSB obteve a transferência de um terço dos votos de Marina Silva. Seu primeiro desafio é atrair os outros dois terços, para que não se distribuam entre os rivais. O segundo é o desafio da coerência programática. Campos encontrou-se recentemente com Roberto Rodrigues, ex-ministro de Lula e representante do agronegócio e dos transgênicos.

Não está claro como homogeneizar o discurso de Marina com esse outro campo da política. Na prática, o PSB terá de escolher se quer um discurso mais conservador, para competir com o tucano Aécio Neves, ou mais progressista, contra a petista Dilma Rousseff.

É positivo Marina dizer que aos ganhos não podem ser fulanizados" - a ideia de que programas sociais são políticas de Estado, não de um partido ou de uma pessoa. Mas enxugar ministérios, e governar com alianças programáticas, é coisa que depende de uma ampla reforma política.

Cientista político da UFMG

Fonte: O Estado de S. Paulo

Indefinição do PSDB favorece avanço de Eduardo Campos - João Bosco Rabello

Deve ser preocupante para o PSDB a informação de que o PPS está a um passo de uma aliança com o PSB. O fato, se confirmado, representa a antecipação da previsível disputa entre o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, e o senador tucano, Aécio Neves, pela liderança eleitoral no campo da oposição e dá mais nitidez à vulnerabilidade do PSDB ditada pela indefinição do candidato oficial do partido.

As últimas semanas demonstraram que o acerto interno que pôs fim à ameaça do ex-governador José Serra de deixar o partido passa pela admissão de sua candidatura. O que devolve o conflito do partido à estaca zero. Se para Campos a zona de incerteza em relação à sua candidatura desde a filiação da ex-ministra Marina Silva é um suspense que ajuda a ampliar sua visibilidade, para Aécio é perda de tempo precioso dividir a vitrine com um possível candidato com recall maior que o seu. Isso os torna rivais, e não parceiros. É um círculo vicioso: se não há clareza quanto ao candidato, não haverá retorno claro dos potenciais adeptos da candidatura.

A dúvida recorrente sobre Aécio é quanto à sua determinação em ser candidato, decorrente de uma oposição considerada ainda tímida demais. Trocando em miúdos, ceder à pressão de Serra transmitiu a dúvida quanto à sustentação da candidatura pelo senador.

Campos vai disputar votos tanto no segmento eleitoral de Aécio quanto no de Dilma Rousseff, o que já levou à intensificação da campanha aberta da presidente - agora, escancarada. O PSDB, ao . contrário, parece imobilizado pelo conflito interno. É ó que leva Aécio a fazer chegar ao governador Geraldo Alckmin sua urgência por uma demonstração de apoio explícito, pois o PSB também já está batendo à porta do tucano, para um acerto regional.

É colunista do Estado

Fonte: O Estado de S. Paulo

Espadas e floretes - Tereza Cruvinel

Eduardo Campos defende o legado dos governos FH e Lula. Reconhecer feitos do adversário é algo politicamente honesto, mas de resultados eleitorais discutíveis

No encontro de ontem, em que PSB e Rede começaram a discutir as bases de um programa de governo conjunto, o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, assegurou: o “novo ciclo” de desenvolvimento que se propõe a liderar no Brasil preservará as “conquistas” de governos passados, como a estabilidade da moeda (FH) e a inclusão social (Lula/Dilma). Amanhã, o PT voltará a brandir a paternidade desta última, em ato com batida eleitoral, pelos 10 anos do Bolsa Família, com as presenças de Lula e de Dilma. É o aviso de que, na campanha, fará um cabo de guerra com os programas sociais, reivindicando a paternidade e advertindo sobre o risco de serem extintos se houver descontinuidade no governo federal. Se não podem negar o legado social do lulismo, ao qual eram ligados até ontem, defendê-lo será um dilema para Campos e Marina. Reconhecer feitos do adversário é algo politicamente honesto, mas de resultados eleitorais discutíveis.

Os eleitores que o PT conquistou com seus programas sociais — não apenas pela garantia da renda mínima, mas também pelos efeitos que tiveram sobre as microeconomias locais, especialmente no Nordeste — poderão se perguntar: se é para continuar, para quê mudar de governo? E se outro governo resolve mesmo acabar com o que temos hoje? Neste momento da pré-campanha, PT e governo parecem ter uma estratégia bastante clara: reavivar a memória dos que ascenderam socialmente nos últimos anos com dados sobre todos os programas que Dilma reuniu sob o carimbo do Brasil sem Miséria: além do Bolsa Família, fazem parte do pacote Brasil Carinhoso, Luz para Todos, Mulheres Mil, Inclusão Produtiva (ações de crédito e capacitação para bolsistas, no campo e na cidade) e o Pronatec (ensino profissionalizante). Os dois últimos serão usados para rebater o argumento dos críticos ao “assistencialismo”, mostrando que o governo oferece ou vem tentando oferecer “portas de saída” para os assistidos.

Se o voto dos mais pobres ninguém tasca, o problema do PT e de Dilma é com a classe média, parte dela gerada pelo próprio lulismo, especialmente com os jovens, que, como visto nos idos de junho, cobram melhores serviços de educação, transporte, saúde e segurança. Para isso, o publicitário João Santana já tem um slogan: “Quem garantiu emprego e renda garantirá também melhores serviços públicos”. Algo assim. Se o eleitorado será convencido a dar mais quatro anos a Dilma, são outros quinhentos.

Voltemos a Campos/Marina, PSB e Rede. Feita a promessa de manter a inflação controlada e a de preservar os programas sociais, ontem os grupos de trabalho apenas começaram a discutir as cinco metas que encabeçarão o programa de governo. Mas é certo, diz o líder do PSB na Câmara, Beto Albuquerque, que um dos cinco pontos tratará do novo modelo de crescimento, com ênfase na sustentabilidade, e outro das mudanças na política. Tais mudanças comporão o eixo “democratizar a democracia”, pleonasmo que talvez queira dizer algo como aprofundar ou radicalizar a experiência democrática. Mas é certo que, nessa frente, PSB e Rede levam vantagem sobre o PT no diálogo com as legiões que foram às ruas. Essa massa que, agora, ressabiada com a violência dos vândalos, gasta na internet uma energia enorme no combate aos desatinos de políticos e de partidos no poder e à defesa de uma nova representação, com maior controle do eleitor sobre o eleito, a começar pelo voto, que deveria ser aberto em todas as circunstâncias. O discurso de Marina, de que é possível governar o Brasil fora do presidencialismo de coalizão, com base no apoio popular, que livraria o governante das mordidas que o sistema de alianças lhe impõe, em forma de concessões, barganhas e “distribuição de feudos”, foi incorporado por Campos. Mais adiante, espera-se que esclareçam melhor como tal modelo de governança, amplamente desejado, funcionaria na prática. Por exemplo, como seriam aprovados os atos do governo que dependem do Congresso sem compor uma maioria parlamentar.

Candidaturas de terceira via esbarram nesse dilema, de não fazer a negação total do governo a que se opõem. E, com isso, acabam lutando de florete, e não de espada. Apostando na polaridade, Aécio Neves vem sendo mais incisivo e frontal, a começar com o endosso às críticas do FMI à política econômica de Dilma. Mas, mesmo ele, no social, apela para a lembrança de que tais programas começaram no governo FH, o que é verdade, mas com alcance muito mais restrito.

Aqui ao lado
A oposição, é certo, teve uma grande vitória na eleição de domingo na Argentina, embora o governo de Cristina Kirchner tenha garantido maioria no Congresso. O revés eleitoral é semelhante ao de 2009, que foi, porém, superado graças ao bom momento econômico e à unidade no peronismo, circunstâncias hoje em falta. Ninguém sabe sequer ao certo quando a presidente Cristina reassumirá suas funções. PSB e PSDB viram ali sinais de que todo poder um dia se esgarça. Quando, é que nunca se sabe, pois depende de inúmeras coisas. Talvez até dos astros.

Fonte: Correio Braziliense