- O Globo
A eleição de 2018 se resolveu com o fígado. A de 2022, ao que tudo indica, será decidida pelo estômago. A realidade da fome ou da insegurança alimentar de milhões de brasileiros está posta à mesa do debate político. Isso explica mais que tudo a dianteira alcançada por Lula nas intenções de votos. E pode determinar o rumo do desgoverno de Jair Bolsonaro daqui por diante.
Paulo Guedes continua encenando o papel de
um ministro liberal num governo que já não faz questão de disfarçar seu
verdadeiro caráter: negacionista na gestão da pandemia, reacionário nos costumes,
autoritário na política, populista e fisiológico no trato da coisa pública e
alheio a pautas que dizem respeito à inserção do país na agenda econômica e
geopolítica do século 21.
O ministro já entendeu que é a eleição a única coisa que interessa a Bolsonaro, e que terá de fazer o jogo se quiser continuar onde está. Diante da cada vez mais delicada situação eleitoral do chefe e da inflação galopante de alimentos, que só faz com que essa situação se deteriore mais, Guedes terá de se dedicar única e exclusivamente a entregar uma versão turbinada e de grande potencial de votos do Bolsa Família lulista.