terça-feira, 26 de outubro de 2010

Reflexão do dia – Luiz Werneck Vianna

Mas, Lula, agora, será apenas um retrato na parede, e o candidato vencedor, com o que vem por aí, inclusive porque, qualquer que seja ele, contará com uma oposição forte e aguerrida, vai precisar muito da ajuda dos céus, tão invocado nessas eleições.

(Luiz Werneck Vianna, no artigo ‘Os céus por testemunha’, ontem no Valor Econômico)

Oposição unida:: Merval Pereira

DEU EM O GLOBO

A radicalização promovida pelo próprio presidente Lula no embate eleitoral, com o objetivo de eleger sua candidata a qualquer custo, gerou uma inesperada unidade de ação na oposição no segundo turno. Além de ter dado novo ânimo à oposição, essa tentativa de Lula de atropelar os adversários fez com que os líderes oposicionistas usassem o segundo turno para ensaiar os primeiros movimentos do que será a atuação de um futuro bloco oposicionista, se for confirmada a eleição de Dilma Rousseff neste segundo turno

O melhor exemplo está na manifestação do fim de semana no Rio, que reuniu as principais lideranças do PSDB, do PP e do DEM em apoio ao candidato tucano, José Serra, no que foi a maior passeata da campanha até o momento.

O fato é que a tentativa de dizimar a oposição acendeu um sinal amarelo nas lideranças que ainda alimentavam a utopia de um relacionamento amistoso com o presidente Lula, e tornou muito mais acirrada a disputa presidencial, quase que obrigando a essa união das forças oposicionistas que sobreviveram ao ataque de Lula.

“O presidente sai desta eleição menor do que entrou”.

A frase do ex-governador e senador eleito por Minas Gerais Aécio Neves é emblemática.

Elegendo sua candidata usando os meios que vem usando, o presidente Lula, como diz a candidata verde Marina Silva, “ganhará perdendo”.

E se, como tudo indica, isso não tiver a menor importância para ele, desde que vença a eleição, estará ratificando a sua opção pela baixa política, o que quase metade do eleitorado brasileiro repudia ao votar na oposição sistematicamente desde que ele se elegeu pela primeira vez em 2002.

Há um mínimo de 40% de eleitores que votam na oposição desde aquela época no segundo turno, e tudo indica que este ano o número será maior ainda, mesmo que os votos válidos oposicionistas não sejam suficientes para vencer a eleição, o que ainda é uma hipótese rejeitada pela oposição.

No meu livro “O lulismo no poder”, da Editora Record — que, aliás, já está na segunda edição —, escrevi na introdução, utilizando uma definição bastante conhecida, que o presidente Lula tem demonstrado que é um político populista, que pensa na próxima eleição, enquanto o estadista pensa nas próximas gerações.

O próprio Lula, na primeira declaração ao ser eleito em 2002, reconheceu em público a atitude “republicana” do então presidente Fernando Henrique Cardoso durante a campanha presidencial, sem a qual ele poderia não ter sido eleito.

Ao contrário do seu antecessor, que promoveu um processo de transição presidencial exemplar, o presidente Lula deixou claro desde muito antes do início oficial da campanha presidencial que o único resultado que lhe interessava era a eleição de sua sucessora.

Chegou ao exagero de dizer que, sem a eleição de Dilma Rousseff, consideraria que seu governo tivesse fracassado.

O ex-operário que chegou ao poder prometendo uma nova maneira de fazer política, e alegando que a corrupção seria reduzida pela simples chegada do PT à Presidência da República, transformouse no mais pragmático dos políticos, no pior sentido do termo, que é o de conviver com o fisiologismo e a corrupção no pressuposto de que são inevitáveis na nossa democracia de massas.

O deputado constituinte que se recusou a se candidatar novamente porque identificou na Câmara pelo menos “300 picaretas” num total de 531 deputados, hoje tem uma maioria parlamentar ampla e heterogênea que abriga grande parte desses picaretas, espalhados por diversas legendas que compõem uma base parlamentar tão grande quanto anódina.

Essa base foi ampliada ainda mais na eleição parlamentar de 3 de outubro, o que dará a Dilma Rousseff, caso se eleja, um apoio político maior do que Lula jamais teve, especialmente no Senado.

Mas para se ter uma ideia de para que ser ve uma base parlamentar tão grande, que chega a 70% das duas Casas do Congresso, basta que se raciocine ao contrário.

Se o candidato da oposição, José Serra, vencer a eleição, terá dificuldades para governar com uma oposição tão forte no Congresso? A resposta é não, não terá nenhuma dificuldade de montar uma base parlamentar que o ajude a governar.

Na verdade, os partidos de esquerda que formavam a base política de Lula nas três eleições presidenciais que perdeu são PT (88), PCdoB (15), PDT (28) e mais recentemente o PSB (34), o chamado “bloquinho”.

Com 165 deputados eleitos para a próxima legislatura, esse a grupamento de esquerda não terá atuação compacta e, além disso, terá que negociar com a segunda bancada da Câmara, a do PMDB, que elegeu 79 deputados.

Os de mais partidos, que formam com o PMDB a maioria da base parlamentar do governo, são de tendência política conservadora, e é previsível que haja muitos conflitos internos, tanto na divisão de cargos e verbas quanto na própria discussão dos rumos do governo.

Uma possibilidade é que a ala mais radical desse grupo de esquerda encontre resistência até mesmo dentro do “bloquinho”, mas principalmente entre os partidos conservadores da base governamental, que terão força política, liderados pelo PMDB, para bloquear movimentos mais radicais

Exceção à regra:: Dora Kramer

DEU EM O ESTADO DE S. PAULO

De um lado da mesa, Paulo Egydio Martins, governador de São Paulo quando Vladimir Herzog foi morto há 35 anos (completados ontem), nas dependências do DOI-Codi, em São Paulo. Do outro, Fernando Henrique Cardoso, na época ainda um anteprojeto de político profissional, ativista da luta contra a ditadura e 19 anos depois eleito presidente da República.

Testemunhar essa conversa é uma lição de história passada, presente e futura - sim, fazem previsões -, mas não deixa de dar uma estranha sensação de desperdício.

Afinal, o que fazem esses dois experientes políticos a uma semana da eleição em pleno sábado à tarde jogando calmamente conversa fora (em termos) diante um sorvete com figos e meia dúzia de ouvintes?

Cumprindo o papel que o partido ao qual ambos são filiados, FH como presidente de honra, diga-se, reservou para eles na campanha presidencial de José Serra pelo PSDB: nenhum.

O ex-presidente da República soube da passeata que o partido faria no Rio no dia seguinte, pelos jornais. O ex-governador desde que se filiou jamais foi chamado para dar um palpite sequer.

De FH todos conhecem a biografia e a experiência por oito anos na chefia da Nação, período em que comandou o processo que acabou com a inflação, extinguiu um dos maiores valhacoutos do fisiologismo do País localizado no setor estatal de telecomunicações e pôs o Brasil na rota do mundo.

Sobre o papel de Paulo Egydio naqueles tempos ruinosos da ditadura a nova geração não tem notícia e a velha raramente lhe faz justiça. Por desconhecimento ou má-fé, visto que pertencia à Arena e foi governador nomeado pelo general Ernesto Geisel.

Em resumo, muito resumido: Paulo Egydio era considerado pela linha dura do regime militar como um "traidor da revolução" porque se aliava aos moderados que queriam o quanto antes - na verdade, desde Castelo Branco, antes de Costa e Silva e Emílio Médici - devolver o poder aos civis.

Paulo Egydio presenciou a demissão do general Ednardo D"Ávila Mello, então comandante do II Exército depois da morte do operário Manuel Fiel Filho, assassinado nas masmorras da ditadura três meses depois de Herzog.

A linha dura achava Paulo Egydio um liberal e queria enfraquecê-lo para, assim, atingir Geisel e o projeto de redemocratização "lenta e gradual".

FH aos 79 anos e Egydio aos 82 são quadros qualificados da política, reúnem experiências complementares, até por terem militado em lado opostos, escrevem, rodam mundo, analisam, cotejam, indignam-se, têm na ética uma companheira de todas as horas, sabem o que houve, percebem o que há e anteveem no futuro próximo o que haverá no mundo.

Mas aqui neste Brasil de política e políticos tão desqualificados o que vale é a gritaria de um presidente transgressor e a palavra de dois ou três marqueteiros e seus truques repetitivos e, pela ausência de originalidade e de elaboração mental, embrutecem os espíritos e "emburrecem" as mentes.

Paulo Egydio e FH acham a campanha eleitoral um horror, a oposição feita pelo PSDB um fracasso. Consideram inexorável o avanço do Brasil, mas veem muita crise política pela frente e a necessidade urgente de o partido se aprumar se não quiser acabar.

No caso de perder e até se ganhar.

Páginas viradas. O senador José Sarney diz que não é candidato a presidente do Senado, seus amigos espalham que, na verdade, é para que todos pensem que realmente é candidato quando, de fato, não é.

Não porque não queira, mas porque não tem a menor condição política de ser.

Diga-se o mesmo de Renan Calheiros, cuja pretensão de voltar ao posto do qual foi corrido por ausência de decoro já é objeto de movimentação de senadores eleitos. Governistas, oposicionistas e pemedebistas.

Abstenção. "O maior castigo para aqueles que não se interessam por política é que serão governados pelos que se interessam". Arnold Toynbee.

Arte de entrar e sair de cena:: Wilson Figueiredo

DEU NO JORNAL DO BRASIL (online)

Desde 1930, mineiros e paulistas, cada qual por um lado, andaram em direções opostas pelo menos em matéria de eleições. Desentenderam- se republicanamente.

Acabou ali a política do café com leite, junto com a República Velha.

Durante os 15 anos seguintes, de completa abstinência eleitoral, o governo provisório e o Estado Novo não podiam ouvir falar de eleição presidencial sem tumultuar as mentes, prorrogar a data da sucessão presidencial e aumentar o prazo de espera.

Mas em 1939 começou a Segunda Guerra Mundial, e o Brasil cedeu à contradição de ter um regime autoritário e alinhar- se com as nações democráticas.

Ficamos do lado das democracias, a contragosto do governo, que insistia na alegação de que o brasileiro ainda não estava preparado para votar Ao final da guerra, o resultado foi o que se sabe: o Brasil entrou aos trambolhões na via democrática.

E, para recomeçar, passamos a operar, como se nada tivesse acontecido, tendo como referência a data da eleição presidencial, no fim do ano (ou do túnel, como pareceu à época).

Com o fim do jejum e, não por acaso, mas consequência direta da Segunda Guerra, os presidentes da República voltaram a ser eleitos. O regime se aperfeiçoaria com o uso. Nem por isso, mineiros e paulistas jogaram no mesmo clube político, mas se deram bem, obrigado enquanto houve eleição.

As condições não estimulavam a nostalgia da política do café com leite num Brasil essencialmente agrícola. Candidato que fosse paulista ou mineiro não mais pegava de muda. A conversa passou a ser outra. O café com leite servido por Minas e São Paulo cedeu espaço à industrialização.

Transcorridos 80 anos da falência do café com leite, São Paulo e Minas se associam, pela mão do acaso, em torno da candidatura paulista, já no segundo turno da mesma eleição presidencial, repleta de perigos a julgar pelo que se diz, de um lado e de outro, numa batalha politicamente equivocada, ao arrepio das pesquisas que insistem em adiantar o resultado como fato consumado.

Há um discreto toque de ironia na disputa dos dois finalistas, um paulista e outra (vá lá) mineira, que não faz o tipo tradicional.

Mas, assim como houve, há e sempre haverá mineiros da categoria dos nascidos fora de Minas, como foi o caso ilustre de San Thiago Dantas, por sinal o autor da definição, nos trepidantes anos 50 e 60 do século passado. Também existe quem nasceu nas Gerais mas não faz o gênero mineiro. A candidata Dilma Rousseff não é considerada mineira autêntica, por falta do essencial, por mais que dissimule o potencial de agressividade de que é portadora.

O tipo que entrou em cena, em Minas, e já agora fora de Minas, para ficar por tempo indeterminado, é o senador Aécio Neves, ainda quente das urnas que levaram seu sucessor no Palácio da Liberdade, e que, além de mineiro legítimo, tipo exportação federal, conforme se viu na irretocável lição de política, quando chamou às falas o presidente Lula.

Aécio Neves disse na hora certa que Lula sai menor do que entrou nesta campanha, e deplorou que o presidente tenha trocado seu papel institucional pelo de cabo eleitoral.

E ainda teve a delicadeza de lembrar que a democracia é muito maior do que o uso que vem sendo feito de recursos indignos dos brasileiros.

A ironia da história não está aí, mas na própria História do Brasil, que se aposentou depois que a República Velha se retirou em 1930, e tanto o café quanto o leite não foram mais servidos juntos. Nos 15 anos de governo provisório e Estado Novo somados, mineiros e paulistas investiram na industrialização e no crescimento da população.

Em 1955, Minas elegeria JK e São Paulo, como prêmio de consolação, ficou com Jânio Quadros em 1960. Daí por diante, o país correu atrás do prejuízo, e o alcançou.

O pós-31 de outubro :: Eliane Cantanhêde

DEU NA FOLHA DE S. PAULO

BRASÍLIA - A foto de Daniel Marenco na capa da Folha de ontem mostra um eleitor de Serra com a mão no ombro de um apoiador de Dilma, os dois andando lado a lado, adversários, não inimigos. Discordar não é odiar. Ninguém jogou rolo de fita adesiva nem balão de água na cabeça de ninguém.

A expectativa é de vitória de Dilma, mas não como Lula, o PT e nós da imprensa alardeamos no primeiro turno. Os 134 milhões de eleitores se dividiram e, ganhe Dilma ou Serra, terá que ouvir as pressões e reivindicações dos cidadãos que ficaram do outro lado. O eleito não será presidente de metade do país, mas de todos os brasileiros.

Se der Dilma, ela terá maioria no Congresso, mas estará sujeita aos caprichos do guloso PMDB e do emergente PSB e obrigada a conviver com os governadores tucanos de São Paulo e de Minas, Estados com 62 milhões de habitantes.

Se for Serra, ele terá Alckmin e Anastasia e apoio no Sul e Sudeste, mas terá de fazer muita estrepolia para atrair a simpatia do Nordeste e as graças do PMDB para reequilibrar o Congresso.

Dilma ou Serra, não importa, saberá governar, cuidar da economia, aprofundar os programas sociais e de inclusão. Ela tende a ter menos traquejo na área externa do que ele, mas nem um nem outro estará confortável no papel de comandante-em-chefe das Forças Armadas.

Um dos problemas de Dilma e de Serra será, curiosamente, o mesmo: o exército petista encastelado por toda a máquina pública. O risco de Dilma é não ter controle sobre essa turma. O de Serra é a guerra de dossiês contra o seu governo.

Após dois anos em campanha, Lula deverá descer do palanque para voltar ao seu gabinete e às suas responsabilidades de presidente nos dois meses finais de seu governo, limpando o caminho para o sucessor ou sucessora e se preparando para desencarnar. A não ser que queira virar um fantasma para asfixiar Dilma ou aterrorizar Serra.

Não ficou pedra sobre pedra:: Blog Pitacos

Não caiamos no discurso fácil de desqualificar a importância do debate da Record e muito menos de avaliá-lo do ponto de vista de quem já está careca de saber das posições, argumentos e até palavras de cada candidato.

O debate foi visto por uma audiência muito superior, apesar do adiantado da hora, do que o debate da Rede TV. Somem-se ainda as demais emissoras de rádio e TV que replicaram e a internet.

Agora a batalha é de soma zero. Um perde, o outro ganha e vice-versa. Não há terceiros que possam faturar o duelo dos principais candidatos e pairar acima do bem e do mal.

Ali estão Serra e Dilma, desnudados perante a audiência e obrigados a duelar argumentos, proposições e imagem televisiva. Já passaram por vários debates e, neste penúltimo, parte da munição estratégica tem de ser usada. Algumas das chances para fazê-lo não surgirão de novo. O debate da Globo terá outro formato, com perguntas de eleitores indecisos. A oportunidade do confronto direto, a última, aconteceu nesta segunda-feira.

Direto ao ponto

Vamos deixar de lado aquilo que já falamos sobre outros debates. Dilma é desconexa, nervosa, troca alho por bugalhos, tem péssima imagem televisiva etc. Poupe-se teclado. Não será em alguns meses que a criatura-ungida saltará anos de vida político-eleitoral. Não dá.

Serra massacrou Dilma do começo ao fim no debate da TV Record. A candidata petista foi levada ao canto do ringue em todas as questões debatidas e ainda deve estar atônita diante da blitzkrieg do candidato tucano.

A petista até que tentou dar uma de esperta, com aquele papo se eu tenho Erenice, você tem “Paulo Preto”. A tática do “somos todos iguais” foi uma péssima escolha. Ficou sem saber o que dizer quando Serra lembrou que ela foi testemunha de Zé Dirceu, que Collor controlava uma das subsidiárias da Petrobrás e que Erenice era seu braço direito e virou ministra da Casa Civil por influência de Dilma. E por cima ainda trouxe à tona Walter Cardeal e o imbróglio do banco alemão, tudo no Ministério das Minas e Energias, “de Dilma”.

Dilma ainda não tinha visto um Serra tão firme, que foi para a ofensiva e deu respostas duras, quando se fez necessário. Pasmem, o tucano conseguiu emparedar a petista até na questão da Petrobrás. Colou na testa de Dilma a pecha de que ela é quem mais fez concessões ao capital privado – nacional e estrangeiro. Dilma tentou sair com uma história que o povão certamente não entende, que foi aquele papo de que no pré-sal a coisa será diferente. Enfim, longe de sair com a pecha de privatista, o tucano jogou a batata quente para as mãos da petista, que não soube o que fazer com ela. E no finalzinho, no apagar das luzes, Serra sacou a informação do Sindicato dos Engenheiros de que havia, sim, privatização no pré-sal.

Na questão da segurança, deixou Serra foi direto ao ponto: o combate ao narcotráfico, através do controle de nossas fronteiras terrestres e marítimas. Por isto, disse ele, vai criar o Ministério da Segurança e a Guarda Nacional, que atuará nas fronteiras em harmonia com as Forças Armadas e a Polícia Federal. Dilma apresentou algumas propostas corretas, sobre questões menores, tais como a separação física dos presos em função de sua periculosidade. Descobriu a pólvora.

Serra sacou mais uma jóia, para se somar ao “orelhão do PT”: o “disco voador da Dilma”. Trata-se da aeronave não tripulada que está quebrada, no solo, e não patrulha coisa alguma. E mais, que poderia ter sido feita com tecnologia nacional, de São José dos Campos, berço da indústria aeronáutica brasileira.

Na questão ambiental Dilma ficou tonta. Até por ser uma “produtivista”, que no encontro de Copenhague, foi o polo de resistência às propostas mais avançadas que finalmente o Brasil adotou, por influência, disse Serra, dele mesmo e de Marina da Silva, que conseguiram convencer Lula, apesar da oposição de sua ministra da Casa Civil.

Serra defendeu o desmatamento zero, tornou público o pau do governo de São Paulo e do Partido Verde com a Petrobrás, cujo diesel que produz tem os maiores teores de enxofre no mundo, é cancerígeno e contribui para o aumento do efeito estufa. A candidata petista não soube o que responder quando o tucano disse que a matriz energética que Dilma, como ministra das Minas e Energia, contribui para o aquecimento global. Se havia algum eleitor que se sensibiliza pela questão do meio-ambiente e está indeciso, com certeza ele saltou do muro e está dizendo: “Dilma, Deus me livre”!

Serra deu nó em pingo d’água quando Dilma quis trazer a discursão para o emprego, onde ela pretendia deitar e rolar com a citação de uma profusão de números.

O tucano pegou o que é central: os baixos investimentos públicos, a desindustrialização do país (de olho no voto ele falava muito de Paraná de Santa Catarina, do interior das regiões Sul e Sudeste), as altas taxas de juros. Deixou claro que o país não manterá o crescimento sustentado, e, portanto, não irá gerar os empregos necessários, se “a política econômica da Dilma continuar”.

Serra poderia ter feito uma longa dissertação sobre as épocas e contextos diferentes, que não poderiam ser medidas pela mesma régua, falar da inflação, do plano real, da reorganização do sistema financeiro, tudo em meio a três crises internacionais. Que nada! O tucano apontou para as questões que atravancam o desenvolvimento econômico, conseguindo trocar em miúdos para o grande público, que entende o que são juros altos, investimentos no piso, aeroportos e portos no limite etc.

Sempre que podia, Serra cravava a marca da mentira em Dilma. Por várias vezes jogou por terra os números e argumentos da adversária, tachados como mentirosos, como no caso da afirmação da candidata segundo a qual São Paulo pulou fora do programa de banda larga para as escolas, federal. Serra disse que São Paulo simplesmente não participou porque já tinha banda larga.

A candidata do “ora isso, ora aquilo” foi relembrada por Serra sempre que havia brecha.

Serra relembrou o discurso híbrido, de acordo com o “faro eleitoral”, no caso do aborto, da privatização (citando as teles e mesmo a Petrobrás) e do MST.

Serra só deixou sem resposta a questão da carta que assinou e registrou em cartório quando candidato a prefeito e que não foi seguida por ele quando se candidatou a governador. Serra poderia ter respondido que no momento em que assinou não poderia prever os acontecimentos posteriores e o fez em razão da chantagem de um jornalista numa sabatina, que insinuava que o candidato utilizava a prefeitura de São Paulo como mero trampolim. Serra poderia acrescentar que essa questão foi submetida ao povo paulistano quando da eleição de Kassab e quando se candidatou a governador. Os paulistanos e paulistas aceitaram sua opção, através das urnas.

Ao final, Dilma, em tom de lamúria, xingou Serra de arrogante e de dono da verdade, com vistas a sensibilizar o telespectador, pela sua condição de mulher. Não colou, pois “Dilminha paz e amor” não compareceu ao debate da Record. Não se pode subestimar a inteligência das pessoas em perceber a hipocrisia da argumentação e da postura.

Do ponto de vista da imagem e da linguagem televisiva não acreditamos que Serra tenha passado do ponto em sua firmeza e na tática do “bateu, levou”, “mentiu, desmascarou”. É preciso desmitificar esta lenda segundo a qual candidatos não podem falar mais duro, quando atacados.

Claro que cada candidato tentará vender sua versão sobre o debate da TV Record, em seus programas televisivos. O PT mostrará uma Dilma esfuziante, conexa, propositiva, com “as melhores propostas”. Haja montagem! O PSDB não precisará editar nada. Basta mostrar Serra como .... Serra.

Serra levou

Não temos dúvidas a respeito do resultado do debate. Dilma saiu, mais uma vez, menor e certamente sangrou, em termos de intenções de voto. José Serra solidificou as intenções dos que pretendem votar nele e, é quase certo, avançou sobre os indecisos, os que pretendiam votar nulo e também sobre eleitores voláteis de Dilma, aqueles que declaram poder mudar de voto.

Sem partidarismos ou posicionamentos apriorísticos, podemos afirmar que José Serra ganhou o debate, de longe, e saiu maior do que entrou nele, em termos de imagem positiva no eleitorado. Era tudo o que sua campanha almejava com o debate da Record.

“Controle social da mídia”: há males que vêm para mal:: Bolivar Lamounier

Poucos dias após a aprovação do projeto cearense que institui um Conselho Estadual de Comunicação, os estados do Piauí, Alagoas e Bahia manifestaram a intenção de implantar órgãos de controle semelhantes.

O projeto votado pela Assembléia cearense apresentado por uma deputada do PT, mas a questão já parece transcender as fronteiras partidárias, se pudermos julgar pelo caso de Alagoas : segundo a Folha de hoje, o governo alagoano, do PSDB, “estuda transformar um conselho consultivo em deliberativo, com poder semelhante ao cearense”.

De fato, eu não ficarei surpreso se vários outros governos e assembléias estaduais se dispuserem a servir como laboratórios para a tentativa de aprovação de medidas restritivas no âmbito nacional.

Se for mesmo instituído, o denominado “controle” será o que seu nome diz : controle ; daí o que sairá serão restrições à atividade da imprensa, sem excluir a censura em suas diversas formas.

O que por esse caminho se começa a gestar é portanto um grave retrocesso na evolução democrática do país. Quais são as origens desse medonho equívoco? De que raízes tem ele se alimentado ?

Primeiro, do petismo, isto é óbvio. Na novilíngua petista, bem o sabemos, o adjetivo “social” geralmente serve como senha para o público interno e disfarce para o público externo.

Como senha, ele convoca os adeptos do partido a darem apoio a determinada iniciativa, quer a compreendam ou não. Como disfarce, ele dilui a feição partidária da questão em jogo e tenta apresentá-la como resposta a um interesse geral : interesse do povo, da sociedade, da democracia etc.

Na ótica do projeto de poder petista, “controle social da mídia” significa que o czar nacional e os mini-czares estaduais da comunicação irão escolher a dedo e colocar nos mencionados conselhos uns tantos representantes dos “movimentos sociais” ; os sindicatos escolherão outros tantos, e por aí iremos, ressuscitando com pompa e circunstância mecanismos corporativistas que deviam ter morrido junto com Mussolini.

O objetivo será barrar tudo o que não agradar ao governo – salvo, é claro, quando se tratar de um eventual governo “burguês”.

Existem, no entanto, fatores mais amplos, não necessariamente enraizados ou aparentados ao lulo-petismo. Se assim não fosse, propostas tão manifestamente contrárias à democracia não estariam prosperando com tanta rapidez.

Os meios de comunicação não desfrutam de um apoio consensual dos cidadãos, em país nenhum : isto é óbvio. Jornais, rádios e TVs têm perfis específicos, qualidades e defeitos, e alguma ideologia, ou pelo menos um posicionamento particular diante de certas questões espinhosas.

Quero com isso dizer que o funcionamento cotidiano dos meios de comunicação não engendra só aplauso. Engendra também crítica e até hostilidade, ora justificada e realista, ora desfocada ou puramente imaginária.

Não dispondo de pesquisas a respeito, mencionarei a seguir duas atitudes que me parecem levar água ao moinho do autoritarismo embutido na proposta de “controle social” da mídia.

Uma, eivada de certo romantismo, é a busca da “verdadeira opinião pública”, isto é, a fantasia de uma opinião pública intocada, virgem de contatos, que se manifestaria tal como é se não fosse a todo momento distorcida pelas parcialidades, interesses, ideologias etc que a mídia supostamente encarna.

A segunda atitude a que me referi – interligada à primeira – é a idéia de que os problemas do país se devem a uma “conspiração das elites”, ou das grandes empresas de mídia, o que dá no mesmo.

Nessa ótica, o cidadão seria como um palimpsesto : para sabermos como ele realmente é e o que pensa, precisaríamos primeiro raspar as sucessivas camadas que a mídia foi com o tempo imprimindo em sua mente.

Como isto não parece prático, a alternativa seria forçar a mídia a comportar-se de maneira rigorosamente imparcial, impedindo-a de veicular determinados conteúdos ou impondo-lhe uma direção multi-setorial – uma espécie de amostra ou miniatura de todos os grupos ou segmentos corporativos da sociedade.

Ora, no Brasil – nunca é demais lembrar – o Estado é todo-poderoso ; dispõe de recursos avassaladores para pressionar, subjugar e chantagear não só a imprensa como qualquer outro setor.

Se os chefes do Executivo federal e estaduais fossem sempre pessoas ponderadas e sinceramente devotadas à democracia, os riscos do “controlismo” seriam menores, mas não há garantia de que elas sempre terão tais qualidades.

Uma imprensa formada por grupos de grande porte e competitivos traz benefícios diretos ao público e indiretos à democracia, na medida em que funciona como um contrapeso ao poder excessivo do Estado.

Resumindo, meu argumento é que o atual frenesi de controle deriva de um projeto de poder partidário, por um lado, e de certos clusters de atitudes que tornam o “controlismo” petista plausível ou palatável, por outro. As assembléias legislativas acima mencionadas não parecem ter percebido o potencial de retrocesso, diria mesmo de risco, inerente à conjunção desses dois fatores.


FONTE: Blog do Bolivar

Tracking: oscilações e empate Tibério Canuto

Conversei com o nosso amigo, Paeco, da equipe de Gonzáles. Ele confirma que o tracking tucano continua dando empate entre os dois candidatos. Há revezamento entre Serra e Dilma, em termos da liderança, mas sempre em situação de empate técnico. De acordo com suas informações, esta oscilação tem sido levemente favorável a Serra.

É, portanto, um quadro completamente diferente do que têm revelado os institutos de pesquisas, principalmente os tradicionais*.

A oscilação dentro da margem de empate técnico está corretamente descrita na nota publicada pelo blog de Lauro Jardim, da revista Veja, segundo a qual a oscilação vem ocorrendo entre 48% e 52%, ora para um lado, oura para o outro. Eis a nota de Lauro Jardim:

Ao contrário das pesquisas do Datafolha, Ibope e outros institutos, que cravam algo como dez pontos percentuais de diferença entre José Serra e Dilma Rousseff, os trackings diários encomendados pelo PSDB têm mostrado uma situação diferente: empate.

Realizadas sob a coordenação de Antonio Prado Júnior, o Paeco, essas pesquisas têm oscilado entre um e quatro pontos pró-Serra, alternando com um e três pontos pró-Dilma. Ou seja: oscilando entre 48% e 52% nos votos válidos para um lado e para o outro.

Em Minas, essas mesmas pesquisas também registram um empate: 50% a 50% nos votos válidos. Aliás, para o comando tucano vencer em Minas é vital para um eventual triunfo no domingo.

Nunca é demais ressaltar que, embora encomendados pelos tucanos, foram esses mesmos trackings que nos dez dias que antecederam o primeiro turno mostravam que haveria segundo turno
.”

Lauro Jardim”

Na nota de Lauro Jardim existe outra informação relevante. As pesquisas internas do PSDB já registram um empate em Minas Gerais: 50 a 50%, em votos válidos.

Por esta informação, Aécio começou a fazer a diferença nas Alterosas, no segundo turno. Caso o crescimento de Serra se acentue em Minas, a virada em escala nacional pode estar próxima.

É importante fazer um registro. Lauro Jardim tem sido um dos poucos blogueiros a levar a sério o tracking tucano. Quando escreve sobre o assunto, ressalta o grau de acerto do tracking, o único a cravar na mosca, com antecedência, que haveria segundo turno.


FONTE : Blog Pitacos

Troca de acusações e privatização dominam penúltimo debate entre Dilma e Serra

EU EM O ESTADO DE S. PAULO

Rodrigo Alvares, Jair Stangler e Rodrigo Alvares

O penúltimo debate entre os candidatos à Presidência da República, Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB), foi marcado por pesada troca de acusações entre os dois. O encontro na TV Record na noite desta segunda-feira, 25. Questionada sobre sua ex-braço direito Erenice Guerra, a petista afirmou que ‘foi um fato importante’ o depoimento dela e voltou a citar o caso de Paulo Preto, dizendo que o ex-diretor da Dersa “levantou dinheiro público” para a campanha do tucano.

Segundo a petista, Paulo é “braço direito, braço esquerdo e talvez até a cabeça. Ele coordenou os principais projetos do Serra, Rodoanel, Marginal e Jacu-Pêssego. E aí quando cai viga, ele diz que isso é ‘competência”‘. “Ela levanta essa questão para dizer que em política é todo mundo igual. Não é não. Ela teve como braço direito uma senhora, a Erenice, que montou um amplo esquema de corrupção na Casa Civil.” Serra afirmou que Dilma foi testemunha de defesa do José Dirceu no caso do mensalão.

Outro tema destacado pelos oponentes foi a política de privatizações nos governos Fernando Henrique Cardoso e Lula. Para Dilma, “após a descoberta do pré-sal, o governo suspendeu todos os leilões e que só a Petrobrás tem direito a explorar o pré-sal. A diferença entre nós é que nós acreditamos que o Brasil tem competência para explorar o pré-sal e inclusive a Petrobrás tem condições financeiras para isso, como mostra o grande volume de recursos da capitalização”.

Serra respondeu mencionando concessões de petróleo a 108 empresas, “sendo 53 estrangeiras”.


“Acho que a Petrobrás tem de ser fortalecida. Hoje, o Collor comanda operações da Petrobrás. Eu vou reestatizar a Petrobrás, para não servir a interesses de grupinhos”, atacou.


Veja também:

0h44 - Serra: “Queria agradecer à Record, à candidata Dilma pela presença, e agora a população pode comparar. Essa é uma eleição decisiva. Presidente será a Dilma ou eu. O Lula não estará mais lá. O que eu quero ao Brasil? Eu quero não à intolerância. Quero a união de todos os nossos estados. Sempre fui identificado com todas as regioes do País. Quero um Brasil onde a verdade prevaleça na vida pública. Eu ofereço o meu passado de lutas, como secretário, ministro, prefeito, governador, e juntos vamos chegar a um Brasil mais solidário”. Termina o debate na TV Record.

0h42 - Dilma termina lamentando que por vezes o debate tenha perdido o nível de qualificação que se espera. Destaca o crescimento do País. Fala do crescimento do Sul e do Sudeste e do Nordeste “crescendo a taxas chinesas”. “Quero ser uma servidora do povo brasileiro. Meu olhar principal é para as pessoas. Estou preparada para ser a primeira mulher presidente do Brasil.” Candidata é aplaudida.

0h40 - “A política econômica que a Dilma defende é a dos juros siderais”, responde Serra, que cita a falta de investimentos em transporte coletivo. “Ela confunde formalização com fiscalização de emprego. Não é que gerou 3 vezes mais emprego.”

0h38 - “Uma das principais questões que eu fiz quando fui ministro da saúde no governo FHC foi a criação de empregos. Por outro lado, no que se refere ao futuro é inverter a tendência que a Dilma marcou nesse País, que é a baixa taxa de investimentos do Brasil. Precisa investir na infra-estrutura até para evitar o aumento descontrolado de preços”, replica Serra.

0h36 - Dilma pergunta para Serra sobre política para emprego. “Isso ele não responde”. Cita números do governo Lula e pergunta qual a proposta de Serra para essa área.

0h34 - Dilma: “Você prometeu par ao eleitor paulista. Mais do que prometer, registrou em cartório. Em matéria de proposta, fica muito complicado para você falar qualquer coisa. Aliás, eu nunca fui a favor de tudo do MST. Nós fizemos um programa de eletrificação rural que beneficiou os pequenos agrucultores que os fez sair da idade média. Temos assistência técnica e que vou expandir. O que não é justo é você achar que o MST é questão de polícia”.

0h31 - Serra diz que Dilma é contraditória com relação ao MST e afirma que o governo FHC fez mais pela reforma agrária que o governo Lula. “Uma coisa é a reforma agrária, outra coisa é usar a reforma agrária para a violência, para quebrar a ordem jurídica.”

0h28 - “Candidato, eu não acho que seja excessivo pedir mais humildade da sua parte. Não se governa com desdém. A soberba não conduz a bons resultados. Nós somos a favor da reforma agrária no País. sabemos que o MST tem a sua política e o governo federal tem o dele. Nós não tratamos eles na base do cassetete. Aliás, as invasões de terrras diminuíram no governo Lula e com certeza diminuirão no nosso. Sempre tivemos conflitos, mas sempre estabelecemos diálogos”.

0h25 - Começa o terceiro e último bloco. Cada candidato fará uma pergunta ao outro. O primeiro a perguntar será José Serra. Serra se diz preocupado com o fato do governo dar dinheiro ao MST. “Dilma vestiu o boné e depois tira o boné”. Pede que ela comente sobre isso.

0h24 - A senadora Marta Suplicy (PT), durante o intervalo, avaliou que “o segundo bloco foi ainda pior que o primeiro para o candidato tucano.” Segundo ela, ele está “extremamente agressivo, isso não acrescenta nada para ele. Ele faz um tom de voz para tentar desqualificar. Ela conseguiu explicar a questão da Petrobrás e do pré-sal e ele tentou desqualificar. Ficou ruim para ele. É muita arrogância. É igualzinho a quando ele concorreu comigo”.

0h17 - Serra diz que Dilma está fantasiando e nem lembra dessa época da mudança de nome. Afirma que irá fazer ‘desamatamento zero’ na Amazônia. Diz que é falso que a petista tenha limpado a matriz energética. “Ficou mais suja”, afirmou. Serra acusa ainda o governo de financiar a expansão da pecuária e diz que Dilma foi contra o Brasil participar de fundo internacional contra a mudança climática.

0h16 - Dilma: “Eu queria destacar que nós definimos uma redução até 2020. Integra essa proposta até 80% do desmatamento na Amazônia. Tivemos uma grande queda nos índices do desmatamento. Mantemos toda nossa política de enrgia renovável. Quero dizer que tenho compromisso claro com essas metas que nós assinamos. Além disso, queria destacar, voltando à Petrobrás, que não houve a mudança do nome porque o povo reagiu”.

0h13 - Serra diz não ter ridicularizado nenhum veículo. “O que eu disse é que esse veículo, que a Dilma diz que vai fiscalizar a fronteira, esse veículo não existe, não está funcionando, ninguém sabe como fazer funcionar.” Serra diz ter feito em seu governo no Estado de São Paulo a melhor lei para mudança climática do hemisfério sul, “a terceira melhor do mundo”, segundo ele.

0h12 - Dilma pergunta sobre o desmatamento: “Propusemos metas para o controle da emissão de gases. Quero saber a opinião do candidato Serra sobre o nosso plano para isso”.

0h11 - Dilma se atrapalha ao falar da ‘política para presídios’ e parte da plateia ameaça rir. Ela afirma que é preciso separar os verdadeiros criminosos, as lideranças do crime, da massa carcerária. “Outro problema, muito sério, é o policiamento das fronteiras. Ridicularizar veículos não tripulados é uma tolice. Desprezar a Força Nacional também não é correto.”

0h10 - “A candidata nem refuta que o Collor de Melo comanda a Petrobrás em troca do apoio dele”, diz o tucano. Serra volta a falar na criação do Ministério da Segurança Pública para “tomar conta das nossas fronteiras”. “Eu vou fazer um ministério para cuidar disso de verdade, e não com disco voador”.

0h08 - Sobre segurança, a petista diz que vai aliar ação repressiva, com Pronasci e PAC. Promete valorizar policiais e construir mais presídios de segurança máxima.

0h06 - Dilma se mantém no tema Petrobrás e diz que “o nível de agressão pessoal do adversário é elevado”. Volta a dizer o petróleo do pré-sal é de alta qualidade contra o de baixa qualidade que havia antes. “Não consigo entender porque alguém pegaria um bilhete premiado e jogaria fora”.

0h05 - Serra pergunta a Dilma o que ela pretende fazer sobre segurança pública no Brasil caso seja eleita.

0h03 - Serra, na tréplica: “Dilma diz que eu minto. Ela que é uma profissional nessa área.” Diz que não houve troca de nome e que houve essa ideia de mudar para Petrobrax no governo FHC, mas que isso era uma ideia tola. Afirma que a Petrobrás fez concessões a 108 empresas, “53 delas estrangeiras”. “Ela inventa, fabula. Como não tem como atingir, pela minha retidão, ela fica inventando coisas.”

0h02 - Dilma: “Você ficou caladinho quando mudaram o nome para Petrobrax. Chegaram a tirar a bandeira da petrobrás. Privatizar a Petrobrás é um absurdo, sim e seu partido quer isso. Você diz que pensa por si só, mas então está no partido errado. Eles querem privatizar o filé da Petrobrás”.

23h59 - Serra: “eu duvido que alguém tenha entendido o que a candidata Dilma diz. Mas se fosse ver quem privatizou mais, eles fizeram mais de 100 concessões de petróleo. Acho que a Petrobrás tem de ser fortalecida. Hoje, o Collor comanda operações da Petrobrás. Eu vou reestatizar a Petrobrás, para não servir a interesses de grupinhos.”

23h58 - Dilma fala para Serra que “o nosso governo governo criou quase 15 mi de empregos formais. Eu pergunto para o candidato: o que você pretende fazer para não repetir o desastre do governo anterior?”.

23h56 - Serra volta a reclamar do cronômetro, que não aparece para ele. Dilma enaltece a descoberta do pré-sal. “O senhor Serra e o senhor FHC fizeram uma regra para o petróleo de baixa qualidade que havia antes. Quando nós descobrimos o pré-sal, um bilhete premiado, nós mudamos a regra, decidimos que isso era do povo brasileiro, para investir em educação, em cultura.”

23h54 - Quando a Dilma comendava o conselho da Petrobrás, ela entregou a concessão para 108 empresas. Se isso é privatizar, então isso é privatizar petróleo. Eu nem defendi o sistema de concessões no caso do pré-sal. A candidata tem uma certa dificuldade em entender isso porque eu não penso com a cabeça dos outros. Eu não digo trololó quando eu estou irritado, eu digo quando eu acho engraçado”.

23h52 - Segundo Dilma, o pré-sal é um bilhete premiado. Diz que após a descoberta do pré-sal, o governo suspendeu todos os leilões e que só a Petrobrás tem direito a explorar o pré-sal. “A diferença entre nós é que nós acreditamos que o Brasil tem competência para explorar o pré-sal e inclusive a Petrobrás tem condições financeiras para isso, como mostra o grande volume de recursos da capitalização”.

23h51 - Serra: “Dilma tem dito mentirosamente que eu pretendo privatizar o pré-sal. No entanto, ela foi presidente de o Conselho de Adminstração da Petrobrás e entregou-a a 108 empresas estrangeiras”. Serra não consegue terminar a pergunta a pergunta e reclama que não consegue ver o tempo ao mediador.

23h48 - No intervalo, senador Sérgio Guerra (PSDB), repercute o primeiro bloco: “Os temas foram citados sem respostas. Houve acusações no meio, mais da parte da Dilma. Ficou uma conversa meio sem nexo”.

23h42 - Primeiro bloco acaba com aplausos tímidos.

23h40 - “Serra não respondeu se vai pedir pro vice dele para retirar a ação contra o ProUni”, declara Dilma. 23h40 – Na tréplica, Dilma diz que Serra não respondeu se o Serra vai tirar a ação de inconstitucionalidade contra o ProUni. Sobre saúde, Dilma diz que vai ampliar o pronto-atendimento do SUS e que vai criar clínicas especialidades, além de criar o programa “Mãe Cegonha”, para cuidar de mulheres grávidas. Promete um sistema de prevenção e tratamento do câncer espalhado pelo Brasil.

23h37 - “Eu nunca vi viga cair e ser exemplo de gestão”, afirma Dilma, sobre os acidentes durante a construção do Rodoanel em São Paulo. “Todos viram que ela não respondeu a pergunta sobre saúde”, replica Serra, que aproveita para prometer a construção de policlínicas. “Vamos multiplicar os hospitais regionais”, diz o tucano, que promete unidades em diversos estados do Nordeste. “Quanto aos malfeitos, a Dilma está enrolada neles”, finaliza Serra.

23h36 - Dilma faz graça com o ‘trololó’: “quando ele fica pressionado, ele fala trololó, mas ele está enrolando”. Ainda segundo a petista, Paulo Preto é “braço direito, braço esquerdo e talvez até a cabeça. Ele coordenou os principais projetos do Serra, Rodoanel, Marginal e Jacu-Pêssego. E aí quando cai viga, eles diz que isso é ‘competência’”.

23h35 - Serra diz que está há 40 anos na vida pública e tem uma vida limpa.

23h33 - Serra: “voltando à questão do Paulo Preto, ela levanta essa questão para dizer que em política é todo mundo igual. Não é não. Ela teve como braço direito uma senhora, a Erenice, que montou um amplo esquema de corrupção na Casa Civil.” Serra afirma que Dilma foi testemunha de defesa do José Dirceu no caso do mensalão.

23h31 - Dilma: “A Polícia Civil de SP poderia investigar o fato de que ele foi preso por receptação. A atitude do governo de investigar e punir é que importa. Tem gente que considera a pessoa que fez o malfeito uma coisa boa”.

23h29 - Serra diz que “essa história do ProUni é outra das enganações que estão sendo usadas”. Diz que vai manter e aprimorar o programa e acusa o PT de inventar coisas contra ele. Lembra que seu vice, Indio da Costa, trabalhou para aprovar a Ficha-Limpa. Sobre o Paulo Preto, diz considerar o apelido do ex-diretor da Dersa racista e que se tivesse acontecido algum crime seria contra a campanha.

23h28 - Dilma pergunta sobre o a Ação de inconstitucionalidade que o DEM impetrou contra o ProUni. “Essa história de ProUni é outra enganação deles”, responde Serra. “Seja na questão financeira, seja no social, o PT inventa”.

23h26 - Dilma afirma que ‘foi um fato importante’ o depoimento da Erenice e volta a citar o caso de Paulo Preto e diz que o ex-diretor da Dersa levantou dinheiro público. “E voltando ao Nordeste, você realmente não conhece o Nordeste.”

23h25 - Com mensagem subliminar, Serra diz que é “esquisita” parceria do governo petista com Chávez para obras.

23h24 - “Para mim, o problema da candidata é de gestão. Refinarias como ela disse, não existem. A Dilma tem até um certo desdém pelo Nordeste”, diz Serra. “O Brasil ficou atrasado oito anos na banda larga. Todos os países importantes fizeram planos e a Casa Civil não fez”.

23h22 - Dilma diz que vai responder depois e que quem sabe das obras do Nordeste é a população do Nordeste. Diz que banda larga nada tem a ver com telefonia e afirma que 65% das escolas tem banda larga, e só não é mais “porque São Paulo não entrou no programa”.

23h21 - Serra questiona Dilma sobre banda larga, “que agora ela diz que é um grande negócio”.

23h19 - Serra afirma que Dilma não respondeu sua questão e volta a afirmar que o PAC é uma lista. Segundo ele, a Norte-Sul começou no governo Sarney e que a transposição do rio S. Francisco foi definida no governo FHC. “Tem refinarias que nem saíram do chão. Um acordo esquisito com o Chávez. Quando a gente olha caso a caso, ou não se fez, ou é uma fantasia.”

23h17 - “Eu acho, candidato Serra, que você está enrolando”, responde Dilma. “Se eu for eleita, se Deus quiser, eu sei como fazer essas obras. Todas essas quatro refinarias o seu amigo Velloso disse que é um absurdo serem feitas”.

23h15 - Serra diz que o PAC é na verdade uma lista de obras, sem planejamento e entrosamento entre as obras, ‘com índice de realização muito pequeno’. O tucano afirma que a ferrovia Transnordestina foi ideia sua em 2002 e que ficou parada durante todo o governo Lula. “Meu projeto para o Nordeste é um projeto de desenvolvimento, para fazer acontecer. Eu vou tocar e fazer acontecer.”

23h14 - Dilma Rousseff faz a primeira pergunta para José Serra sobre os méritos do PAC e o que o tucano pretende fazer caso seja eleito: “Gostaria de saber seus novos projetos de investimentos para beneficiar o Nordeste”.

23h12 - O mediador Celso Freitas começa o debate na TV Record. No primeiro bloco, cada candidato fará duas perguntas alternadamente.

22h42 - O ex-ministro de Assuntos Estratégicos Mangabeira Unger e o candidato a vice-presidente na chapa de Dilma Rousseff, Michel Temer, também estão presentes na emissora. Temer disse acreditar que a candidata vai ‘puxar pelo pragmático’. Segundo ele, não interessa nenhum dos dois polemizar e disse que José Serra vai mencionar questões como o incidente ocorrido no Rio de Janeiro, no qual o tucano atingido por um objeto. “Esse negócio de bolinha de papel e rolo de fita, eu não acredito que ele vai usar isso”, disse o candidato a vice.

22h40 - A senadora eleita por São Paulo, Marta Suplicy (PT), disse não ter expectativas sobre o debate. Segundo ela, o debate tem vida própria. A senadora também comentou a denuncia da revista Veja, segundo a qual o atual secretario nacional de Justiça Pedro Abramovay teria reclamado de ordens de Dilma Rousseff para produzir dossiês. “É uma vergonha, desta vez a Veja extrapolou”, afirmou.

22h38 - Aloysio Nunes (PSDB), senador eleito por São Paulo, chegou à TV Record e disse que, da parte de Serra, espera um debate de propostas. Da parte da candidata Dilma, espera as mentiras que tem falado por parte da campanha petista. “Inclusive a candidata adversária já falsificou o currículo três vezes”, disse. O tucano não quis responder sobre as novas denuncias de Paulo Preto que segundo as quais o ex-diretor da Dersa seria que a empresa que tem como sócios o genro e a mãe dele faria fornecimento para a Dersa e devolveu a acusação dizendo que o PT ainda não explicou de onde veio o dinheiro dos aloprados.

22h07 - Movimentação na TV Record é principalmente de jornalistas. Mas alguns políticos já começam a chegar. O governador reeleito de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), já está no local. Quem também se encontra no local é Levy Fidélix (PRTB), que, sem ser incomodado pelos repórteres, delicia-se com os quitutes oferecidos no coquetel para imprensa e convidados.

No penúltimo debate da campanha eleitoral – marcado para as 23 horas desta noite, na TV Record -, Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB) vão trocar alfinetadas sobre montagem de dossiês e denúncias de corrupção. Embora os dois candidatos à Presidência garantam que estão interessados apenas na apresentação de propostas, as equipes preparam a dupla para um duelo.

“O estilo de quem é do mal é justamente de quem diz que é do bem. Nós batemos na política e nosso adversário, na baixaria”, afirma o secretário de Comunicação do PT, deputado André Vargas, numa referência ao jingle “Serra é do bem”. “Vamos ser incisivos quando precisar. Se quiserem discutir problema de corrupção, vamos discutir. Aliás, tomara que apareça essa questão de dossiê, pois vamos mostrar a guerra entre tucanos.”

Serra, por sua vez, usará o escândalo para alvejar Dilma, alegando que a quebra do sigilo dos tucanos foi ordenada por um grupo de inteligência da campanha petista. “Mas o confronto será na base da civilidade”, diz o senador Sérgio Guerra (PE), presidente do PSDB e coordenador da campanha de Serra.

OAB repudia fiscalização da mídia pelos Estados

DEU EM O ESTADO DE S. PAULO

A Ordem dos Advogados do Brasil repudiou ontem iniciativas, debatidas em ao menos quatro Estados, que visam a criar conselhos estaduais para fiscalizar e monitorar a mídia. Para a entidade, medidas desse gênero são inconstitucionais. A OAB se disse preocupada com os males que esses órgãos possam causar "à livre manifestação de expressão e a liberdade de imprensa, fundamentais para a normalidade do Estado de Direito". 0 presidente da entidade, Ophir Cavalcante, assinalou que a OAB poderá questionar judicialmente a criação dos conselhos.

É inconstitucional Estados vigiarem mídia, avisa OAB

Em nota, a entidade repudia iniciativas de criação de conselhos de fiscalização em debate no Ceará, no Piauí, na Bahia e em Alagoas

Lucas de Abreu Maia

A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) reagiu com veemência à criação de conselhos estaduais para fiscalizar e monitorar a mídia. Em nota divulgada ontem, a entidade repudiou as iniciativas, debatidas em ao menos quatro Estados, e as classificou de "inconstitucionais".

Na semana passada, a Assembleia Legislativa do Ceará aprovou a criação de um conselho de fiscalização da mídia no Estado. Piauí, Bahia e Alagoas também pretendem criar seus próprios colegiados - desta vez por iniciativa do Executivo. A criação de conselhos estaduais para monitorar a mídia surgiu na Conferência Nacional de Comunicação (Confecom), convocada pelo governo no ano passado.

A polêmica ocupou a maior parte da reunião dos presidentes das 27 seccionais da OAB, ontem, em Brasília. Em nota de repúdio à criação dos conselhos, aprovada por unanimidade, a Ordem se diz preocupada com os males que esses órgãos "podem causar à livre manifestação de expressão e à liberdade de imprensa, fundamentais para a normalidade do Estado Democrático de Direito".

O presidente da entidade, Ophir Cavalcante, assinalou que a OAB poderá questionar judicialmente a criação dos conselhos. "Não podemos tolerar iniciativas que, ainda que de forma disfarçada, tenham como objetivo restringir a liberdade de imprensa. A OAB vai ter um papel crítico e ativo no sentido de ajuizar ações diretas de inconstitucionalidade (Adin) contra a criação desses conselhos", afirmou.

A Associação Brasileira das Emissoras de Rádio e TV (Abert) também classificou de "inconstitucionais" as medidas. "De acordo com a Constituição, não cabe às assembleias criar esse tipo de conselho", disse Rodolfo Machado Moura, diretor de assuntos jurídicos da associação.

O diretor executivo da Associação Nacional de Jornais (ANJ), Ricardo Pedreira, também reagiu à criação dos conselhos. "É preocupante imaginar que possa haver instâncias controladas pelo Poder Executivo capazes de avaliar o que é conveniente para ser veiculado pelos meios de comunicação".

O presidente da Associação Nacional dos Editores de Revista (Aner), Ricardo Muylaerte, acredita que "o que está sendo proposto é uma maneira de "comer pela beirada" o assunto da censura propriamente dita".

Inconstitucional. O governo do Piauí rechaçou a proposta de criação de conselhos estaduais de comunicação no Estado após parecer da Procuradoria Geral do Estado, que classificou a proposta de inconstitucional, alegando que a matéria é de competência da União. "Não passa pela cabeça do governador Wilson Martins qualquer tipo de cerceamento de liberdade de expressão", assegurou o coordenador de comunicação do Estado, jornalista Fenelon Rocha.

O deputado estadual e presidente do PT, jornalista Fábio Novo, diz ser favorável aos conselhos para coibir abusos, mas defende a liberdade de expressão. Para o presidente do Sindicato dos Jornalistas, Luís Carlos Oliveira, o objetivo é democratizar os meios de comunicação e não censurar ou controlar.

No Maranhão, a criação do conselho de imprensa se arrasta desde 2007. A proposta foi entregue ao ex-governador Jackson Lago (PDT) e não foi retomada. As discussões cessaram quando ele teve seu mandato cassado, em abril do ano passado.

Colaboraram Luciano Coelho e Wilson Lima

Lula promete, a partir de 2011, mais casas do que fez até hoje

DEU EM O GLOBO

O presidente Lula entregou no Rio 328 apartamentos do Minha Casa, Minha Vida e anunciou a construção de dois milhões de moradias a partir de 2011. Em vigor há um ano e meio, o programa teve desempenho abaixo do esperado. De um milhão de unidades prometidas, só entregou 181,4 mil. A CEF afirma que financiou 3,7 milhões de unidades em oito anos - mas isto porque contabiliza até reformas.

Lula faz promessas para além de 2010
Em eventos no Rio, presidente repete Dilma e diz que programa entregará 2 milhões de casas a partir de 2011

Cássio Bruno e Rafael Galdo

A menos de uma semana para o segundo turno das eleições, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva entregou ontem, em Manguinhos, na Zona Norte do Rio, 328 apartamentos do programa “Minha Casa, Minha Vida”, e anunciou a construção de mais 2 milhões de moradias a partir de 2011, promessa feita pela candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, ao longo da campanha.
O evento ganhou tom eleitoral e, no fim, trabalhadores de uma obra do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), em frente aos novos imóveis, agitaram uma bandeira com o nome, a foto e o número de Dilma, além de gritarem o nome da candidata petista.

— A partir do ano que vem, nós já temos 2 milhões de casas para construir do Minha Casa, Minha Vida — disse Lula num curto discurso.

Lula listou os investimentos no Rio e afirmou que a união entre os governos federal e estadual foi feita sem problemas.

— Foi possível a gente construir grandes projetos para o Rio de Janeiro sem que houvesse nenhum melindre ou nenhuma frescura entre nós. Um governante não tem que brigar com o outro. A briga é pelas eleições — declarou ele.

Sem citar nome, Cabral e Paes pedem voto a Dilma

Receberam os apartamentos famílias com renda de até três salários mínimos. Em seu discurso, sem citar Dilma, o governador afirmou que “só tem mulher craque” ao lado de Lula.

— Eu nunca vi um homem escolher tão bem as suas companheiras de trabalho como Luiz Inácio Lula da Silva. Só tem mulher craque ao lado dele — lembrou o governador.

O prefeito Eduardo Paes (PMDB), também sem citar Dilma, ressaltou que “é a vez das mulheres tomarem o poder”: — Quem manda no governo (do estado) é a Adriana (Ancelmo, mulher de Cabral) — brincou.

O presidente da associação de moradores da localidade, conhecida como Embratel, Leonardo Silva, pregou a continuidade, em seu discurso, sem citar Dilma.

— Pensem bem antes de fazerem qualquer coisa. Olhem como é agora e olhem como foi. Essa parceria tem que con-tinuar, não pode acabar. Vocês sabem do que estou falando, né? — indagou.

Coube ao vice-governador Luiz Fernando Pezão anunciar a doação de linhas telefônicas para os moradores dos apartamentos, e seis meses de conta grátis. Cabral também disse que os beneficiados receberão assinaturas de TV a cabo por três meses sem pagar.

A dona de casa Elisa dos Santos, de 47 anos, que vestia uma camisa do partido, confirmou trabalhar na campanha de Dilma ganhando R$ 25 por dia para fazer propaganda. Na plateia, o público chegou a gritar o nome de Dilma. E, em coro, cantava “O Rio pra frente é Dilma presidente”.

No fim, operários balançavam uma bandeira de Dilma, no canteiro de obra que deve elevar uma via férrea em Manguinhos.

No estacionamento, carros também tinham adesivos com o nome da candidata.

Mais tarde, ao lançar um navio em um estaleiro na Ilha do Governador, Lula foi irônico ao ser perguntado se as inaugurações não eram campanha.

— Se por conta de cada eleição tivéssemos que parar o país, seis meses para as eleições para prefeito, seis meses para as presidenciais, de um mandato de quatro anos, um ano estaria perdido. Nosso adversário foi governo até outro dia. Então, tem coisa para fazer.

O vice dele deve estar inaugurando. Não deve ter muita coisa. Mas tem.

No Alemão, elogios à segurança de Cabral

Em visita ao Complexo do Alemão, uma das principais áreas dominadas pelo tráfico de drogas na cidade do Rio, Lula elogiou a política de segurança do governo fluminense.

Ao participar da entrega de outros 583 apartamentos em dois conjuntos habitacionais, Lula ressaltou a importância de combater o tráfico de drogas.


Colaborou Fabio Brisolla

Governo Lula não cumpriu metas

DEU EM O GLOBO

BRASÍLIA. A questão da habitação tem andado em um ritmo lento nos quase oito anos de mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Até o principal programa do governo para o setor, o Minha Casa, Minha Vida, obteve desempenho abaixo do esperado.

Depois de um ano e meio de vigência, foram entregues apenas 181.641 casas, de um milhão de unidades prometidas.

A situação é pior entre as famílias mais pobres, com renda de até três salários mínimos e nas quais se concentra o déficit habitacional.

Neste caso, foram entregues somente 70.608 unidades — o que representa 17,6% da meta estipulada para este segmento: 400 mil.

A CEF, gestora do programa, alega que são necessários de 12 a 24 meses para a contratação e a entrega das casas. Segundo o Ministério das Cidades, foram contratadas até agora 697.328 unidades, somando propostas da Caixa e do BB.

Os órgãos do governo ligados à habitação não dispõem de dados abertos que comprovem quantas novas unidades foram construídas na gestão Lula.

O Ministério das Cidades e a CEF foram procurados ontem para que informassem números com um balanço da atuação no setor. O único dado disponível de imediato, da Caixa, era de 3,7 milhões de unidades entre 2003 e 2010. Mas este número não pode ser apresentado como entrega de habitações porque inclui financiamentos de material de construção, reformas, imóveis usados, prontos e na planta. Inclui ainda todas as fontes de financiamento — Orçamento da União, FGTS e poupança, sem detalhar o quanto foi investido de cada um.

'Estamos numa luta de Davi x Golias'

DEU EM O GLOBO

Serra critica campanha e, em encontro com entidades, promete elevar investimento em pesquisas a 2% do PIB

Silvia Amorim

SÃO PAULO. O candidato a presidente pelo PSDB, José Serra, comparou-se ontem ao herói bíblico Davi, e disse que esta campanha tem sido uma espécie de luta contra Golias. O tucano elegeu a confiança como a primeira lição que levará desta eleição.

— Eu tiro desta eleição um elemento de confiança, porque estamos numa luta de Davi contra Golias. E nós somos o Davi, e é animador que a gente tenha conseguido chegar onde chegou. Essa é a primeira lição — disse.

Serra voltou a acusar o partido da adversária Dilma Rousseff (PT) de uso da máquina, aparelhamento do Estado e de fazer “jogo baixo” na disputa eleitoral.

— Em matéria de baixaria por parte do adversário, sem dúvida, é a pior das campanhas a que eu assisti no Brasil — disse ele.

Serra prometeu ontem aumentar a verba para pesquisas para 2% do Produto Interno Bruto (PIB), num encontro com representantes da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) e da Academia Brasileira de Ciência.

A proposta faz parte de um texto de 11 páginas com sugestões para o setor entregue ao tucano pelas duas entidades.

Representantes da SBPC e da Academia informaram que a candidata do PT, Dilma Rousseff, recebeu o mesmo texto.

Atualmente, os recursos aplicados em ciência e tecnologia chegam a 1,2% do PIB, segundo as duas entidades. Serra criticou o tratamento dado pelo governo Luiz Inácio Lula da Silva à área.

— O documento apresentado aqui poderia ser muito bem o meu programa de governo.

Acho a meta de 2% do PIB para investimentos nessa área uma boa meta a ser perseguida. O que temos hoje é uma economia de pobreza tecnológica — afirmou o presidenciável, que foi ao encontro acompanhado do coordenador de seu plano de governo, Xico Graziano.

Candidato pede plano para educação de 15 anos Serra defendeu que o desenvolvimento econômico esteja associado ao progresso científico e prometeu aumentar os investimentos em infraestrutura para ampliar a produção de pesquisas no país.

No encontro, que durou cerca de uma hora, o candidato do PSDB atrelou o fortalecimento da área de ciência e tecnologia a uma política de investimentos na educação em geral. E propôs a edição de um Plano Nacional de Educação no país para os próximos 15 anos.

— Na área de ciência e tecnologia, nós temos que aumentar o investimento nacional, que supõe maior investimento do governo e do setor privado. Mas temos também que fazer outras políticas, como a melhora do sistema educacional. Eu venho pro SÃO PAULO. O candidato a presidente pelo PSDB, José Serra, comparou-se ontem ao herói bíblico Davi, e disse que esta campanha tem sido uma espécie de luta contra Golias. O tucano elegeu a confiança como a primeira lição que levará desta eleição.

— Eu tiro desta eleição um elemento de confiança, porque estamos numa luta de Davi contra Golias. E nós somos o Davi, e é animador que a gente tenha conseguido chegar onde chegou. Essa é a primeira lição — disse.

Serra voltou a acusar o partido da adversária Dilma Rousseff (PT) de uso da máquina, aparelhamento do Estado e de fazer “jogo baixo” na disputa eleitoral.

— Em matéria de baixaria por parte do adversário, sem dúvida, é a pior das campanhas a que eu assisti no Brasil — disse ele.

Serra prometeu ontem aumentar a verba para pesquisas para 2% do Produto Interno Bruto (PIB), num encontro com representantes da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) e da Academia Brasileira de Ciência.

A proposta faz parte de um texto de 11 páginas com sugestões para o setor entregue ao tucano pelas duas entidades.

Representantes da SBPC e da Academia informaram que a candidata do PT, Dilma Rousseff, recebeu o mesmo texto.

Atualmente, os recursos aplicados em ciência e tecnologia chegam a 1,2% do PIB, segundo as duas entidades. Serra criticou o tratamento dado pelo governo Luiz Inácio Lula da Silva à área.

— O documento apresentado aqui poderia ser muito bem o meu programa de governo.

Acho a meta de 2% do PIB para investimentos nessa área uma boa meta a ser perseguida. O que temos hoje é uma economia de pobreza tecnológica — afirmou o presidenciável, que foi ao encontro acompanhado do coordenador de seu plano de governo, Xico Graziano.

Candidato pede plano para educação de 15 anos Serra defendeu que o desenvolvimento econômico esteja associado ao progresso científico e prometeu aumentar os investimentos em infraestrutura para ampliar a produção de pesquisas no país.

No encontro, que durou cerca de uma hora, o candidato do PSDB atrelou o fortalecimento da área de ciência e tecnologia a uma política de investimentos na educação em geral. E propôs a edição de um Plano Nacional de Educação no país para os próximos 15 anos.

— Na área de ciência e tecnologia, nós temos que aumentar o investimento nacional, que supõe maior investimento do governo e do setor privado. Mas temos também que fazer outras políticas, como a melhora do sistema educacional.

Plano do PT é 'jogada eleitoral', diz tucano

DEU EM O GLOBO

"Dizem uma coisa e depois, o contrário"

SÃO PAULO. O candidato do PSDB à Presidência, José Serra, desqualificou o plano de governo apresentado ontem pela adversária Dilma Rousseff (PT). Para o tucano, o documento é uma “jogada eleitoral”.

— Não tem nenhum significado, até porque eles dizem uma coisa e depois dizem o seu contrário, segundo a conveniência do momento — acusou Serra.

O presidenciável citou o caso do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) para exemplificar o que considera contradições no discurso petista: — De um lado, dizem que tem que fortalecer o MST, dar mais dinheiro, tratar o MST a pão-de-ló. De outro lado, dizem que são contra as invasões. Dizem, segundo o interesse eleitoral.

Não tem nível nenhum.

O tucano afirmou que os dois discursos que ele encaminhou ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ainda no início da campanha, como programa de governo, têm mais conteúdo do que o documento divulgado por Dilma.

— O que eu mandei para a Justiça são discursos de alta densidade. Deve ter mais do que isso — disse, referindo-se aos 13 pontos do plano petista.

A Justiça Eleitoral exigiu que candidatos a cargos majoritários registrassem no ato do pedido de candidatura um documento com suas propostas. A campanha de Serra não apresentou, até agora, um documento oficial.

No site, há um resumo de suas propostas.

— Nosso plano está na internet, através de debates e tudo mais. Não é um instrumento eleitoral e é o reflexo daquilo que nós vamos fazer — afirmou o tucano.

Jaques Wagner critica Lula por ter desacreditado agressão a Serra

DEU EM O GLOBO

Governador reeleito também desaprova sugestão para "extirpar o DEM"

Adauri Antunes Barbosa

SÃO PAULO. O governador reeleito da Bahia, Jaques Wagner (PT), condenou ontem, em entrevista ao programa “Roda Viva”, da TV Cultura, a reação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de chamar a agressão ao candidato tucano, José Serra, de tentativa de posar como vítima no episódio em que foi agredido em Campo Grande, na Zona Oeste do Rio, na quartafeira da semana passada.

Wagner disse que a baixaria na política é indesejável para a democracia, e que Lula não precisava ter chamado a reação do tucano de farsa.

— (Lula) Não precisava ter dito daquela forma. Acho condenável, independente do tamanho da bola, qualquer tipo de agressão. Acho abominável.

Devemos investir na palavra para ganhar no argumento.

Detesto ofensa pessoal.

Qualquer agressão verbal ou material é extremamente malvinda para a democracia — disse o governador baiano.

No programa, que foi ao ar ontem à noite, Wagner criticou a ação e a reação no caso, mas insistiu na tese de que foi uma bola de papel ao batizá-lo de “episódio da bolinha”.

— O episódio da bolinha eu acho deplorável, como eventualmente o uso como vítima do episódio é igualmente deplorável — afirmou.

Sobre DEM: “Acho que (Lula) não precisava ter falado” Mesmo assim, o governador petista admitiu que o confronto de militantes petistas e matamosquitos com Serra e militantes da campanha do tucano foi um “mal”.

— O mal está feito. Graças a Deus, agora parece que está diminuindo porque o mal já está feito — disse.

O governador também criticou Lula no “Roda Viva” por ter dito em comício, ao lado da candidata Dilma Rousseff, em Joinville, Santa Catarina, durante o primeiro turno, que era preciso “extirpar o DEM da política brasileira”.

— Se você me perguntar: ‘O senhor gostou de ele dizer que precisamos extirpar o DEM da política brasileira?’, vou dizer: ‘Não gostei’. Acho que não deveria ter falado, não precisava ter falado. Essa é minha opinião.

Para Wagner, após a eleição, os líderes políticos vão precisar refletir sobre a baixaria ocorrida no segundo turno, pois esse tipo de atitude “joga o país para baixo”.

— O que está acontecendo em nível nacional, as cabeças pensantes, inclusive a minha, vão ter que se debruçar depois e dizer: Olha, isso não é bom para o país.

Isso não joga o país para cima, joga para baixo. Xingamento não vai levar ninguém a lugar nenhum, baixaria não vai levar ninguém a lugar nenhum.

Kligerman pede retratação de Lula no STF

DEU EM O GLOBO

O advogado Marcelo Cerqueira, candidato derrotado do PPS ao Senado pelo Rio, entrou ontem no Supremo Tribunal Federal (STF) com um pedido para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva explicar as declarações que fez sobre o médico Jacob Kligerman, que atendeu o candidato do PSDB a presidente, José Serra, depois de o tucano ser agredido na semana passada em Campo Grande, na Zona Oeste.

Na ocasião, Lula contestou o atendimento de Kligerman e classificou de farsa a informação de que Serra teria sido atingido por uma bobina de adesivos. Ontem, um ato de desagravo a Kligerman reuniu 120 pessoas num restaurante no Aterro do Flamengo.

— Fiquei muito ofendido porque fui acusado de farsante, e foi um ato médico perfeito. Estava no meu consultório, fui procurado e prestei atendimento qualificado, da maneira que tinha de ser feita — disse o médico, que frisou não ter interesse em indenizações.

— Quero apenas uma retratação pública, porque fui acusado publicamente.

O encontro em defesa de Kligerman foi organizado pela Associação Comercial do Rio. O médico é diretor do conselho de saúde da instituição. Participaram o deputado Fernando Gabeira (PV), candidato derrotado ao governo do Rio, o ex-ministro Marcílio Marques Moreira, o ex-governador Marcello Alencar, o economista David Zylbersztajn e o candidato a vice na chapa de Serra, Indio da Costa (DEM).

CPI da Bancoop pede 'imediata intervenção' do Ministério Público

DEU EM O ESTADO DE S. PAULO

Relatório final da comissão da Assembleia paulista aponta "inegável vínculo" da cooperativa com o PT

Fausto Macedo

A CPI da Bancoop aprovou ontem relatório final em que propõe "imediata intervenção" do Ministério Público na entidade sob investigação por suspeita de fraudes e repasses de recursos para financiamento de campanhas do PT. O documento, com 82 páginas, aponta "inegável vínculo da Bancoop com o PT" e recomenda a desconsideração da personalidade jurídica da Cooperativa Habitacional dos Bancários, fundada por um núcleo do PT em 1996.

"Estamos diante de graves desvios de finalidade decorrentes de práticas supostamente ilícitas e impróprias dos dirigentes da Bancoop, portanto impõe-se a sua descaracterização jurídica", assinala o relator da CPI, deputado Bruno Covas (PSDB).

"O estreito vínculo da Bancoop com o PT se comprovou pelo laudo sigiloso elaborado pelo Laboratório de Tecnologia contra a Lavagem de Dinheiro do Ministério Público, que nos demonstra de maneira cristalina o enorme volume de recursos financeiros doados a campanhas eleitorais da agremiação partidária", destaca o relatório.

Segundo o documento, "restou evidente que empresas foram criadas por diretores da Bancoop com a finalidade de se desviar recursos, fato que contribuiu para a lesão aos cofres da cooperativa e, consequentemente, às mais de 3 mil vítimas".

O relatório foi aprovado sem a presença dos petistas. Segundo a assessoria de Covas, também participaram da sessão Estevam Galvão (DEM), Ricardo Montoro (PSDB), Chico Sardelli (PV), Waldir Agnello (PTB) e Samuel Moreira (PSDB).

"Perderam grande oportunidade de apresentarem uma proposta, como defendemos, para construção de uma solução negociada que contemplasse o pleito dos cooperados", observou o deputado Antônio Mentor, líder do PT na Assembleia de São Paulo. Para Pedro Dallari, advogado da Bancoop, "claramente a maioria da comissão optou por produzir peça de viés político partidário, com ataques à cooperativa, ao PT e ao Sindicato dos Bancários". Ele anota que a intervenção já foi pedida antes por cooperados. "O promotor designado arquivou o pedido por absoluta ausência de amparo legal."

Petrobrás intensifica agenda de eventos na semana da eleição

DEU EM O ESTADO DE S. PAULO

Presidente Lula diz que vai manter agenda de inaugurações até o último dia do seu mandato

Nicola Pamplona e Alexandre Rodrigues

RIO - A Petrobrás intensificou a agenda e eventos nesta última semana de campanha eleitoral. São três eventos agendados para a semana, incluindo o anúncio, ontem, de projetos sociais beneficiados pelo programa Petrobrás Desenvolvimento e Cidadania.

Na quinta-feira, a empresa recebe o presidente Luiz Inácio Lula da Silva para inaugurar o projeto-piloto de produção de petróleo em Tupi, no pré-sal da Bacia de Santos.

"O mundo existe independentemente da eleição", justificou o presidente da estatal, José Sérgio Gabrielli, quando questionado sobre a realização de eventos no período eleitoral. Hoje, a direção da empresa estará no Espírito Santo para inaugurar a unidade de tratamento de gás de Anchieta e, na quinta-feira, leva o presidente Lula à plataforma de Tupi.

Lula também esteve no Rio participando de inaugurações ontem. No fim da tarde, depois do terceiro compromisso na cidade, admitiu que sua agenda tem algum impacto eleitoral, mas frisou que o candidato do PSDB, José Serra, foi governador até abril deste ano.

"O vice dele deve estar inaugurando. Não deve ter muita coisa (para inaugurar), mas tem, está lá", disse Lula, em entrevista.

O presidente da República alegou que não pode parar de governar por causa das eleições. "Se você não vier entregar, não tem sentido governar", declarou. "Se por conta de cada eleição a gente tiver que parar o País, num mandato de quatro anos, um ano está perdido." Ele acrescentou que manterá uma intensa agenda de inaugurações até o último dia do mandato.

No evento da Petrobrás, Gabrielli fugiu ao padrão e leu um discurso, alegando que vivemos um "momento especial" e evitando declarações de cunho eleitoral. O texto, porém, fazia algumas comparações entre as gestões petista e tucanas na estatal. O programa Petrobrás Desenvolvimento e Cidadania vai liberar R$ 110 milhões para 113 projetos sociais selecionados pela empresa. "Em 2002, os recursos destinados à seleção pública (de projetos) eram de R$ 7 milhões", comparou Gabrielli.

Juiz pede que Ministério Público investigue site de mata-mosquitos

DEU EM O ESTADO DE S. PAULO

Blog oficial da entidade convocava militantes para eventos a favor da petista Dilma Rousseff, o que é proibido por lei

Bruno Boghossian / RIO

O coordenador de Fiscalização e Propaganda do Tribunal Regional Eleitoral do Rio (TRE-RJ), juiz Paulo César Vieira de Carvalho Filho, enviou ao Ministério Público Eleitoral o material divulgado na internet em que o Sindicato dos Trabalhadores no Combate às Endemias e Saúde Preventiva do Rio (Sintsaúde-RJ) apoia a candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff.

Até ontem, o blog oficial da entidade convocava militantes para eventos a favor da petista. Depois que a equipe do Estado publicou reportagem sobre o site e conversou com a direção do sindicato, parte do material foi retirada da página.

Integrantes do Sintsaúde participaram da manifestação que causou tumulto durante evento de campanha do candidato José Serra (PSDB), em Campo Grande, na zona oeste do Rio. Na confusão, o tucano foi atingido na cabeça por um objeto e interrompeu a caminhada. A direção do sindicato alega que fazia um protesto e acusa os seguranças do candidato de truculência.

Até o início da noite de ontem, a procuradora regional eleitoral no Rio, Mônica Campos de Ré, ainda não havia recebido o material enviado pelo TRE, que mostra a propaganda do Sintsaúde a favor de Dilma. Por se tratar de assunto relacionado à campanha presidencial, as imagens serão encaminhadas à Procuradoria-Geral Eleitoral, em Brasília.

Segundo Paulo de Carvalho Filho, a Justiça pode determinar que o material seja retirado do blog e aplicar multas ao Sintsaúde. Ainda de acordo com o juiz, Dilma também pode receber multa caso haja provas de que tinha conhecimento da prática e de que era beneficiada pelo material.

"A lei veda expressamente a propaganda política em site de qualquer pessoa jurídica pública ou privada. Além disso, o sindicato é uma instituição que recebe verba controlável por órgãos públicos", afirmou Carvalho Filho.

Defesa. Apesar de o conteúdo ter sido retirado do ar após os contatos feitos pelo Estado, o diretor do Sintsaúde, José Ribamar de Lima, negou que haja irregularidades no conteúdo do blog mantido pela entidade.

"Em momento algum o material foi colocado de forma a apoiar este ou aquele candidato. Nas nossas páginas, apenas convocamos os companheiros para nossas atividades", disse. "Creio que tudo está dentro da lei."

Uma nota publicada no blog do sindicato no dia 18 de outubro, acessada no domingo, convocava os militantes para uma manifestação a favor de Dilma na Central do Brasil. O texto dizia: "Venha dar sua contribuição a nossa causa, Dilma 13, presidenta do Brasil." Ontem pela manhã, a mensagem havia sido apagada. O mesmo aconteceu com uma nota que anunciava o lançamento do programa de governo da petista para a área da saúde.

Ribamar defendeu também a atuação dos manifestantes na última quarta-feira e afirmou que vai processar o candidato tucano por conta de sua declarações. "Ele (Serra) teve uma fala muito ruim, ao nos chamar de fascistas."

Juíza do caso Jorge Viana renuncia

DEU EM O ESTADO DE S. PAULO

Investigada pelo Conselho Nacional de Justiça, Arnete Guimarães é suspeita de ter beneficiado com liminar o então candidato ao Senado

Felipe Recondo / BRASÍLIA

Investigada pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ), a juíza Arnete Guimarães, do Tribunal Regional Eleitoral (TRE) do Acre, renunciou ontem ao cargo. Conforme revelado pelo Estado, ela é suspeita de ter beneficiado com uma liminar o candidato eleito ao Senado Jorge Viana (PT-AC).

As investigações apontam que Arnete esteve no edifício residencial da mulher de Viana, Dolores Nieto, antes de deferir uma liminar que o favorecia. Viana está sendo investigado por suposta compra de votos em sua campanha.

Foi uma denúncia anônima que levou a Polícia Federal (PF), na véspera do primeiro turno das eleições, a apreender os computadores usados na campanha de Jorge Viana. Os agentes buscavam no comitê listas de eleitores e respectivos locais de votação e dinheiro vivo, que seria usado para compra de votos. De acordo com investigadores, as informações contidas em dois notebooks, três discos rígidos de outros computadores e cinco pen drives estão sendo periciadas.

Pelas conversas gravadas com autorização judicial, conforme investigadores, Jorge Viana teria pedido a ajuda da juíza. Minutos depois da suposta conversa, Arnete Guimarães decidiu que a PF deveria devolver os computadores apreendidos no comitê de campanha e destruir eventuais provas das irregularidades.

O Ministério Público recorreu dessa decisão, conseguiu revertê-la e pediu o afastamento da juíza do processo. Diante disso, Arnete abriu mão da relatoria. O juiz que passou a relatar o caso autorizou a PF a analisar as informações apreendidas no comitê.

Carta. Na carta de renúncia, lida ontem pela manhã em sessão no TRE, Arnete Guimarães disse que sua "honra, dignidade e capacidade técnica vêm sendo postas em xeque por acusações levianas". E reclama que membros do Ministério Público Eleitoral, que comandam as investigações contra Jorge Viana, são responsáveis por colocar sua atuação sob suspeita.

"Membros do próprio Ministério Público Eleitoral (MPE-AC) decidiram pôr a minha atuação em suspeição. Não sou mulher para viver sob suspeita de quem, na verdade, busca chegar aos seus objetivos passando por cima da honra e da dignidade de cidadãos e cidadãs de bem", escreveu a juíza.

Arnete poderia ser punida pela Corregedoria Nacional de Justiça e pela Corregedoria da Justiça Eleitoral. Se ficassem comprovadas as acusações, ela poderia ser aposentada compulsoriamente. Como renunciou ao cargo que ocupava por indicação da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), os processos serão arquivados e ela não será punida administrativamente.

Jorge Viana negou que tenha conversado com a juíza sobre o caso e afirmou que sua campanha transcorreu conforme a lei. "Jamais realizei qualquer ato contrário à legislação eleitoral no curso da minha campanha para a eleição ao Senado pelo Estado do Acre", afirmou em nota.

Erenice muda versão e diz à PF que encontrou consultor

DEU EM O ESTADO DE S. PAULO

Ex-ministra negava ter se reunido com negociador que acusa seus filhos de cobrar por influência

A ex-ministra da Casa Civil Erenice Guerra mudou a versão que vinha sustentando e confessou à Polícia Federal que se reuniu com o consultor Rubnei Quícoli, da EDRB, que negociava um contrato com o BNDES e teria sido pressionado; na ocasião, a pagar comissão a filhos e assessores de Erenice. Há um mês, Erenice, que foi braço direito da candidata presidencial Dilma Rousseff (PT), havia dito que a reunião com Quícoli, em novembro de 2009, fora feita pelo assessor Vinícius Castro. Agora, ela admitiu ter participado - mas só do início. Disse que foram tratados de "aspectos técnicos do projeto" e alegou desconhecer qualquer negociação com o BNDES intermediada por sua pasta. Quícoli, porém, disse que o contrato, para um projeto de energia solar no Nordeste, era orçado em R$ 9 bilhões, e a EDRB pagaria ao lobby dos filhos de Erenice cinco parcelas de R$ 40 mil e taxa de sucesso de 5%.

Erenice admite reunião com consultor que denunciou tráfico de influência

Em depoimento à Polícia Federal, ex-ministra muda versão que vinha sustentando havia um mês e confessa ter atendido na Casa Civil representante da empresa EDRB, que negociava um contrato bilionário com o BNDES para construção de um projeto no Nordeste

Vannildo Mendes / BRASÍLIA

A ex-ministra da Casa Civil Erenice Guerra recuou na versão que vinha sustentando havia mais de um mês e confessou ontem, em depoimento à Polícia Federal, que se reuniu com o consultor Rubnei Quícoli, representante da empresa EDRB, que negociava um contrato bilionário com o BNDES para construção de um projeto de energia solar no Nordeste.

O contrato era orçado em R$ 9 bilhões e a EDRB teria de pagar ao lobby, supostamente comandado por filhos e assessores da ex-ministra, cinco parcelas de R$ 40 mil mensais e uma taxa de sucesso de 5% do negócio, segundo denúncia publicada pela revista Veja. O empresário contou que os filhos e assessores da então ministra, presumidamente com o conhecimento dela, pressionaram-no a pagar comissão para intermediar o negócio, que acabou não concretizado.

Erenice disse à polícia, conforme seu depoimento obtido pelo Estado, que participou apenas da primeira parte da reunião, "salvo engano entre vinte e trinta minutos", realizada em novembro de 2009, no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), onde funcionava provisoriamente a Presidência. Disse também que o encontro foi para tratar de "aspectos técnicos do projeto". Mas alegou desconhecer qualquer negociação com o BNDES intermediada por sua pasta.

A informação da ex-ministra contradiz a versão divulgada pela Casa Civil há um mês, segundo a qual a reunião com Quícoli fora feita pelo assessor Vinícius Castro, sem participação de Erenice. Ela e Castro foram afastados dos cargos após a divulgação da denúncia. O lobby da família Guerra seria operado dentro da empresa de consultoria Capital, registrada em nome de Saulo, filho de Erenice, e da mãe de Castro, que vive em Minas e seria usada como laranja.

MTA. No depoimento, ela também confirmou ter se encontrado duas vezes com o empresário Fábio Baracat, representante da empresa de transportes aéreos MTA, que usou os serviços da Capital, comandada por seus filhos Israel e Saulo, para ampliar seus negócios nos Correios. Mas negou ter tratado de negócios.

Erenice depôs por cerca de quatro horas perante o delegado Roberval Vicalvi, encarregado do inquérito. Segundo a PF, ela respondeu a 100 perguntas, negou as acusações e colocou seu sigilo bancário, fiscal e telemático à disposição. Ao final, saiu da PF sem ser indiciada.

Apesar das contradições, o advogado Sebastião Tojal saiu otimista do depoimento. "Foi uma defesa serena, segura e até fácil porque as acusações eram inconsistentes", disse ele. Isso porque, conforme explicou, nenhum dos denunciantes a acusa diretamente de envolvimento com o tráfico de influência. "O Quícoli, por exemplo, diz que acredita, mas não afirma categoricamente, que ela soubesse do lobby atribuído aos filhos."

Erenice defendeu-se, mas evitou colocar a mão no fogo pelos filhos, assessores e outros familiares. "Ela respondeu tudo o que lhe diz respeito, mas não falou sobre pontos que desconhece", afirmou. "O que ela garante, categoricamente, é que jamais autorizou que usassem o nome dela."

Jornalista é indiciado por quatro crimes

DEU EM O ESTADO DE S. PAULO

Ligado ao "grupo de inteligência" da pré-campanha de Dilma Rousseff (PT) à Presidência, o jornalista Amaury Ribeiro Jr. foi indiciado ontem, após depoimento de 6 horas à Polícia Federal, por violação de sigilo fiscal, corrupção ativa, uso de documentos falsos e suborno, no caso de quebra de sigilo fiscal de dirigentes do PSDB e da filha do candidato José Serra, Verônica.

Pivô de espionagem contra tucanos é indiciado pela PF

Amaury Ribeiro Jr. vai responder por 4 crimes, incluindo corrupção, [br]violação de sigilo fiscal e suborno de testemunha

Carol Pires / BRASÍLIA

Pivô do escândalo da quebra de sigilo de dirigentes tucanos e ligado ao grupo de inteligência da pré-campanha de Dilma Rousseff (PT), o jornalista Amaury Ribeiro Júnior foi indiciado ontem, após seis horas de depoimento na superintendência da Polícia Federal (PF), por quatro crimes: violação de sigilo fiscal, corrupção ativa, uso de documentos falsos, e suborno de testemunha. Ele deixou a PF sem falar com a imprensa.

Sem apontar nomes, o advogado Adriano Bretas disse que Amaury está sendo usado como "bode expiatório". "A defesa vê o indiciamento de forma positiva, porque as especulações a respeito dos fatos vão ser cessadas. Vai ser esclarecido que ele não cometeu crime algum."

Amaury é investigado pela violação do sigilo fiscal de integrantes da cúpula do PSDB, além de Verônica Serra, filha do candidato à Presidência José Serra. Segundo as investigações, ele encomendou e pagou pelo acesso ilegal às informações, crime cometido em agências da Receita em Mauá e Santo André, no ABC paulista. Os documentos acabaram em poder do núcleo de inteligência da pré-campanha de Dilma.

O jornalista ratificou ontem ao delegado Hugo Uruguai informações já dadas à PF em três depoimentos anteriores, mas silenciou diante das novas perguntas. Há dúvidas como, por exemplo, a fonte dos R$ 12 mil que ele teria pago em outubro de 2009 ao despachante Dirceu Garcia, de São Paulo, para obtenção dos dados, e de R$ 5 mil pagos no mês passado, como um "cala-boca".

O advogado disse que Amaury estava em Manaus quando os R$ 5 mil foram depositados na conta do despachante. "Ele nega ter pago qualquer valor ou vantagem indevida para quebrar sigilo ou para fazer o que fosse."

Silêncio. Bretas disse ter orientado Amaury a não responder a algumas questões porque não teve acesso prévio ao inquérito. "Ele se reservou ao direito ao silêncio em relação a perguntas repetidas, a respeito de fatos que ele já havia esclarecido."

No dia 15, Amaury disse que recebeu a missão de investigar os tucanos do jornal onde trabalhava, o Estado de Minas, para proteger o então governador Aécio Neves de suposta espionagem conduzida pelo deputado Marcelo Itagiba (PSDB-RJ), a serviço de Serra. O jornalista estava de férias na época da violação e, um mês depois, saiu do jornal. Em nota, Aécio garantiu que "nunca encomendou nada contra ninguém, menos ainda usando um jornal". Amaury saiu do Estado de Minas no fim de 2009, mas diz ter um relatório da apuração. Segundo ele, esses dados foram copiados de seu computador pelo deputado estadual Rui Falcão (PT-SP), que nega o fato.