domingo, 15 de janeiro de 2023

Luiz Werneck Vianna* - A patologia brasileira e seus remédios

Sem doutrina, sem partido e com aversão à política, aí está o fascismo à brasileira dando as caras nesse infausto 8 de janeiro com seus personagens decaídos, vindos de acampamentos nas proximidades de quartéis militares confiando que contariam com sua adesão ao seu movimento. Convictos em suas crenças mágicas, acreditavam que a promoção do caos com a tomada pela força da praça dos Três Poderes e das instalações físicas do poder republicano bastariam, mesmo que sem plano, aos seus propósitos de instalar um governo de exceção, que lhes cairia nas mãos por efeitos do jogo de dominó em que o caos se difundiria irresistivelmente até a ascensão ao poder do personagem a quem atribuíam qualidades míticas, que, aliás, não deu as caras nesse levante de pátio dos milagres.

Tais eventos, inéditos aqui e em toda parte do mundo conhecido, não duraram mais que poucas horas, contidos os tresloucados, homens e mulheres de todas as idades, vindos de todos os cantos do território nacional, conduzidos à prisão sem maiores resistências, mas deixando em seus rastros uma ação destrutiva que segue doendo na autoestima dos brasileiros com a profanação de obras da sua cultura e da sua civilização.

Luiz Sérgio Henriques* - A democracia como valor universal

O Estado de S. Paulo.

Trata-se de reivindicar a inserção no Ocidente democrático, sistema de formas políticas e sociais assentadas em tolerância, pluralismo e direitos humanos

Consigna dos anos 1970, quando dávamos partida à superação do regime ditatorial, a “democracia como valor universal” é uma dessas frases que voltam poderosamente à cabeça nos momentos mais difíceis, nos quais a roda da História – se é que ela existe – não só emperra, como parece querer girar ao contrário. A frase teve uma origem singularíssima que por certo a torna ainda mais pertinente agora. Para os que porventura não sabem, ela nasce do universo comunista já na sua fase terminal, em que não havia mais dúvida razoável sobre a tragédia do stalinismo e, de algum modo, tentava-se o acerto de contas e testava-se a renovação “eurocomunista” – que, afinal, não veio, deixando toda uma tradição arquivada nos desvãos, muitas vezes sombrios, do século passado.

Paulo Fábio Dantas Neto* - Agendas de estado e de governo: linhas de giz e vasos comunicantes

Articulação e unidade entre os poderes constitucionais da República em defesa das instituições do estado de direito, isso está havendo no país, sem dúvida ou ressalvas importantes a fazer. Os problemas de radicalização e a consequente instabilidade que eles geram também não estão na sociedade civil, que atua em boa sintonia com a percepção de riscos e a atitude unitária predominantes nos três poderes.

Os problemas estão, primeiro, na falta de sintonia e mesmo hostilidade de largas faixas do eleitorado perante o novo governo (as eleições e a transição não cerziram as feridas) mas também perante as instituições e a própria sociedade civil. Aí reside uma anomia latente, que precisa ser superada pela difícil combinação de firmeza institucional e moderação política. Reconectar e apaziguar essas faixas é condição para a estabilidade da república e para a dinâmica da democracia. Soluções possíveis para esse problema estão mais afetas a uma agenda de governo e à formação e consolidação de uma oposição democrática. É fundamentalmente uma questão a ser resolvida por uma política voltada a seus misteres competitivos e representativos e atenta a vasos comunicantes entre si e a institucionalidade do Estado.

Luiz Carlos Azedo - Torres precisa explicar o golpe de Estado que estava em marcha

Correio Braziliense

O ex-ministro da Justiça Anderson Torres, que ontem desembarcou no Brasil e está preso, tem muitas explicações a dar sobre o golpe de Estado que estava em marcha e foi frustrado

Não existe mais dúvida de que houve graves falhas no sistema de segurança pública, cuja missão era defender a integridade dos Poderes da República, sem precedentes na nossa história. No imaginário político do país, até domingo passado, eram inimagináveis as cenas de vandalismo protagonizadas pela extrema-direita bolsonarista, com a invasão e a depredação do Palácio do Planalto, do Congresso Nacional e do Supremo Tribunal Federal (STF).

Entretanto, tudo foi planejado, não era uma turba enfurecida em ação na Esplanada; eram militantes políticos mobilizados de vários estados e orientados para provocar o caos, desestabilizar o governo empossado e promover uma intervenção militar para destituir o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, legitimamente eleito.

Merval Pereira - Democracia e desenvolvimento, tudo a ver

O Globo

Trabalho de Edmar Bacha mostra a importância da democracia para o desenvolvimento econômico

Num momento em que a democracia no Brasil está sob ataque, o economista Edmar Bacha, um dos pais do Real e membro da Academia Brasileira de Letras, escreve um importante trabalho sobre a relação da democracia com o desenvolvimento econômico, a ser publicado no próximo número da Revista Brasileira, veículo oficial da ABL.

Com base em diversos estudos e dados de órgãos internacionais, como o Banco Mundial, Bacha afirma que "nem a experiência brasileira, nem as comparações internacionais sustentam a ideia de que a autocracia tenha superioridade sobre a democracia para promover o crescimento econômico". Ao contrário, as comparações internacionais sugerem que a democracia se associa à passagem de um país de renda média, como Brasil, para a renda alta.

Míriam Leitão - Revelações dos primeiros dias

O Globo

Em dias intensos, o Brasil viu ataques de vândalos, posses inéditas de ministras, minuta golpista e pacote econômico

Duas mulheres desciam a rampa interna do Palácio do Planalto, de mãos dadas, braços erguidos em sinal de vitória. Com elas vinham duas feridas abertas da história do Brasil, o racismo e o extermínio de indígenas. Isso foi na quarta-feira. Elas andavam no mesmo espaço onde, três dias antes, golpistas vandalizaram o Planalto. Quinta-feira o ministro da Fazenda anunciou um plano para arrumar a bagunça nas contas públicas e a Polícia Federal descobriu um documento no armário do ex-ministro da Justiça provando conspiração contra a democracia. Isso é Brasil em dias intensos.

Os fatos estão ligados. O ministro Fernando Haddad, ao explicar o plano dele para aumentar a arrecadação e cortar despesas, disse que houve um projeto deliberado de reduzir a receita em R$ 150 bilhões para tentar ganhar a eleição:

— Estamos voltando à situação de receita e despesa do começo de 2022, ou seja, o que seria natural se não houvesse tentativa de ruptura institucional, trágicas decisões tomadas para sabotar o processo eleitoral.

Elio Gaspari -Democracia, repressão e burocracia

O Globo

Quem prende deve pensar em soltar aqueles que não constituem uma ameaça imediata à sociedade

Desde domingo passado foram presas pelo menos 1.800 pessoas em Brasília. Delas, umas 1.300 estavam no acampamento golpista diante do Quartel-General do Exército. Cerca de 500 foram detidas na cena das invasões do Palácio do Planalto, do Supremo Tribunal Federal e do Congresso. Muitos dos que foram presos no acampamento haviam participado dos atos e retornaram à noite.

Apesar da superposição, os dois grupos são distintos. Quem estava no acampamento pedindo um golpe de Estado não pode ser suspeito de ter praticado ato de vandalismo nas sedes dos três Poderes da República. São dois comportamentos reprováveis, porém distintos.

O arrastão de Brasília foi o maior da história nacional. Superou dois outros: o do Congresso Clandestino da União Nacional dos Estudantes, em Ibiúna (1968); e o da PUC de São Paulo (1977), onde jovens comemoravam a refundação da UNE.

Quem prende deve pensar em soltar aqueles que não constituem uma ameaça imediata à sociedade.

Bernardo Mello Franco - Intervenção pelo WhatsApp

O Globo

Governo chegou a considerar que bolsonaristas haviam tomado o poder à força

No meio da tarde do último domingo, quando bolsonaristas dominavam todos os prédios da Praça dos Três Poderes, o governo chegou a considerar que a extrema direita havia conseguido dar um golpe de Estado.

“O golpe se consumou? Tecnicamente, sim”, admite o ministro da Justiça, Flávio Dino. “Um golpe se consuma quando os conspiradores tomam os palácios. Pela primeira vez na história, eles ocuparam as sedes dos Três Poderes”, explica.

Às 15h40, o prédio do Supremo Tribunal Federal foi invadido por hordas que destruíram o plenário e saquearam até o brasão da República. Àquela altura, os salões do Congresso e do Palácio do Planalto já haviam sido depredados.

O presidente Lula estava em Araraquara, onde vistoriava estragos feitos pela chuva. Avisado do quebra-quebra, suspendeu a agenda e improvisou uma sala de crise no gabinete do prefeito.

Dorrit Harazim - Segunda vez

O Globo

O poder civil e as instituições democráticas continuam de pé após o assalto concertado do 8 de Janeiro

 ‘Bom dia, democracia...” Começava assim, domingo passado, o texto estampado neste espaço da edição impressa do GLOBO. Poucas horas depois, o tal “dia” virara chumbo, “a democracia” esperneava para manter seu norte, e nada mais no país podia ser qualificado de “bom”. Ainda assim, repete-se aqui a saudação — não pela sua rima fácil, mas porque o poder civil e as instituições democráticas continuam de pé após o assalto concertado do 8 de Janeiro.

Dê-se o nome que se queira à horda de bolsonaristas que investiu às cegas contra os marcos dos Três Poderes da República, terroristas não eram. Na acepção não jurídica da palavra, “terrorismo” é a propaganda por meio do ato, a pedagogia por meio do assassinato. Suas vítimas não costumam ser as mesmas que a audiência pretendida, e seu propósito está na disseminação da mensagem do medo, não tanto na derrota do inimigo — até por se saber inferior. Um dos paradoxos clássicos do terrorismo, por sinal, está em proliferar tanto quanto possível, não triunfar em lugar algum, mas renascer sempre.

Eliane Cantanhêde - O topo da pirâmide

O Estado de S. Paulo

Assim como na pandemia, Bolsonaro produziu pilhas de provas contra si nos atos golpistas

São várias e até aqui eficientes as frentes de investigação sobre atos de caráter terrorista contra o resultado das eleições, as instituições, o patrimônio público e a própria democracia brasileira. Essas frentes começaram nos executores, avançaram para financiadores, chegam a mentores e começam a apontar para o topo da pirâmide: o mandante do crime.

Foram fichadas 1.500 pessoas, que, aliás, não estavam num “campo de concentração”, como dizem bolsonaristas, mas, sim, na polícia, com água, banheiros, café da manhã, almoço e jantar. E, agora, foram divididas: homens na Papuda, mulheres na Colmeia e “alvos humanitários” soltos, apesar de bem saudáveis em barracas, com chuva e lama em volta de quartéis.

Celso Ming - Salvar a indústria é fazer escolhas

O Estado de S. Paulo

Ao tomar posse como ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, o vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, anunciou que teria como prioridade as negociações de novos acordos comerciais, destinados a criar acesso aos mercados externos do produto industrial do Brasil.

A direção está correta, mas, depois de tanta vacilação dos governos anteriores, os obstáculos ficaram enormes. E, mais do que tudo, a definição de uma política industrial deve preceder um novo esforço de abertura comercial no exterior. Mas isso precisa ser mais bem explicado.

Ano após ano, a indústria de transformação do Brasil vai sendo desidratada. Há 30 anos, correspondia a 29% do PIB; hoje, não passa dos 12%.

Desde os anos 50, os empresários argumentavam que a indústria precisava de proteção. Obtiveram favores fiscais, barreiras alfandegárias que mantinham a concorrência externa longe dos portos internos, reservas de mercado, créditos a juros favorecidos colocados à disposição pelo BNDES e tantas coisas mais.

Vinicius Torres Freire – Golpe, economia e Lula 3

Folha de S. Paulo

PIB em baixa pode tirar apoio e tempo que intentona terrorista deu ao presidente

A intentona terrorista de 8 de janeiro teria causado uma comunhão democrática instantânea, um ajuntamento de apoios políticos e sociais que também beneficiaria Luiz Inácio Lula da Silva. O presidente, um fiador da democracia, teria ganhado mais tempo para assentar seu governo, que começou sob críticas ao caráter restrito do que antes se prometia ser uma "frente ampla", na economia e na política.

É uma análise que se ouve por aí. Pode-se especular de maneira razoável que não há tempo. Nem Lula, nem o país democrata, nem a pobreza ainda mais degradada por uma década sem crescimento têm tempo.

Como se não bastassem os quatro anos de agitação e propaganda de Jair Bolsonaro, os dois meses e meio depois da eleição comprovaram a organização golpista. Para citar o óbvio, houve quebra-quebra diante da Polícia Federal no dia da diplomação de Lula, tentativa de ataque a bomba ao aeroporto de Brasíliadepredação de torres de transmissão de eletricidade, movimentos para bloquear a distribuição de combustíveis e envolvimento de militares na intentona.

Celso Rocha de Barros - A Intentona Bolsonarista

Folha de S. Paulo

Todos os envolvidos em tentativa de golpe devem ser presos

Neste domingo faz uma semana que Jair Bolsonaro mandou seus seguidores darem um golpe de estado enquanto ele tinha seu dia de princesa na Disney.

Por esse crime, Jair Bolsonaro deve ser preso. Os políticos que convocaram ou apoiaram a tentativa de golpe devem ser cassados e presos. Os empresários que financiaram a tentativa de destruição da democracia devem ter seus bens confiscados, como confiscaríamos propriedades do Comando Vermelho ou do PCCOs militares e policiais com envolvimento comprovado na tentativa de golpe devem ser exonerados e presos.

É o que qualquer república funcional faria. Pouco tempo atrás, uma conspiração golpista na Alemanha, que não envolvia o ex-presidente da república ou ninguém remotamente tão poderoso, foi descoberta. Foi todo mundo em cana, nos termos da lei, com amplo direito de defesa, como tem que ser aqui.

Bruno Boghossian - Pisando em ovos com coturno

Folha de S. Paulo

Incômodo expõe generais mal-acostumados com virtual imunidade durante anos Bolsonaro

Durante a campanha, Lula alternou o tom de suas mensagens sobre as Forças Armadas. A certa altura, o então candidato denunciou o envolvimento indevido dos comandos em questões de governo e prometeu demitir 8 mil militares de cargos civis. Em outro momento, ele disse não ter queixas sobre o comportamento dos fardados: "Os militares são mais responsáveis do que o Bolsonaro".

Em conversas com aliados, Lula deixava claro o plano de enfrentar a contaminação política das Forças Armadas e reduzir sua influência em assuntos que não fossem da esfera militar. Os petistas reconheciam, porém, que seria preciso ter alguma cautela para evitar que potenciais atritos produzissem uma crise.

Hélio Schwartsman - Economia narrativa

Folha de S. Paulo

Autor defende que narrativas se tornem parte da ciência econômica

"Narrative Economics" (economia narrativa; há uma edição lusitana), de Robert Shiller, não é exatamente um livro novo (é de 2020), mas ele me foi recomendado há pouco por Maria Hermínia Tavares, que escreve na Folha às quartas-feiras. E, quando a Maria Hermínia diz que devo ler algo, eu obedeço. Não me arrependi. O livro é interessantíssimo.

O autor, um dos papas da economia comportamental, Nobel de 2013, começa se queixando do pouco espaço que seus colegas dão às narrativas. Não o fazem por julgá-las irrelevantes. Até o mais tradicionalista dos economistas reconhece fenômenos como corridas bancárias e outros comportamentos de manada, indissociáveis das histórias que são contadas numa sociedade.

Muniz Sodré* - O nome da manada

Folha de S. Paulo

Entre o fake das redes e os grotões da ignorância, ergue-se, bem financiada, uma escola de terrorismo fascista

Alarmado com o vandalismo inqualificável em Brasília, um colega francês pergunta ao telefone se era golpe de Estado ou um "jusqauboutisme". Em francês, "jusqu’au bout" significa "até o fim". A expressão daí derivada é coloquialismo para designar comportamento que conduz a um fim com finalidade insana. Vale para o fanático com uma bomba amarrada ao corpo, assim como para o badernaço sem limites, em que se desrespeita e se arrebenta.

A imprensa respondeu diversamente à questão, classificando os agentes da anarquia como terroristas, golpistas, invasores. Nomear não é jamais um ato trivial, porque o nominado é simbolicamente capturado pela linguagem: fale-se do diabo, e ele aparece, diz o povo. Por isso se exnomina, ou seja, dá-se outro nome, por medo ou por hipocrisia. A ditadura civil-militar brasileira costumava ser exnominada como "revolução". Agora, por aversão, vinha-se chamando o tosco Mór de "inominável". Exnomina-se quando se diz que aplicação da lei é revanchismo.

Ruy Castro - A saíra que singra o azul

Folha de S. Paulo

O conceito de pátria precisa voltar à língua, sanitizado e expurgado de violência e ódio

Isolados, cada qual em seu verbete no dicionário, "Deus", "pátria" e "família" são conceitos bonitos. Acoplados, como no bordão dos integralistas —os fascistas brasileiros dos anos 1930— ou na boca de Bolsonaro, formaram um programa de guerra para os ingênuos e pascácios. Com isso, "patriota" tornou-se sinônimo de bolsonarista. É hora de retomar o conceito de pátria, sanitizá-lo e expurgá-lo da violência e do ódio. Para colaborar, sugiro uma apaixonada definição do termo, criada em 1917 por um poeta parnasiano, com as exclamações e tudo.

Cristovam Buarque* - Poder desestabilizador

Blog do Noblat / Metrópoles

As Forças Armadas não são poder moderador da república; elas têm sido um poder desestabilizador

Na qualidade de Presidente, Lula disse que as Forças Armadas não são poder moderador da república; na qualidade de historiador, ele poderia dizer que elas têm sido um poder desestabilizador da democracia. A ideia de poder moderador surgiu depois do primeiro golpe militar que destituiu D. Pedro II e instaurou no lugar uma democracia sob comando do Exército. Pela constituição monárquica, com governo parlamentar, o Imperador era o poder moderador: em momentos de crise, quando os líderes políticos não se entendiam, o monarca podia dissolver o parlamento e convocar imediatamente novas eleições. Diversas repúblicas dão este poder ao presidente. Nenhuma reconhece este papel aos militares. Seria uma ofensa imaginar que os soldados formados, organizados e pagos para defender o país contra ameaças externas, se meteriam nos imbróglios da política. No Brasil, ao destituírem o Imperador, nossas Forças Armadas, especialmente o Exército, auto assumiram este papel de moderador, e sempre tomando partido de um lado da política – o lado conservador.

O que a mídia pensa - Editoriais / Opiniões

A democracia sobreviveu, mas riscos persistem

O Globo

Sem revanchismo, omissões e conivência diante de ataques golpistas precisam ser investigadas

Passada uma semana do mais violento ataque à democracia e às instituições brasileiras desde a redemocratização nos anos 1980, o país pode tirar algumas conclusões, mesmo que polícias e órgãos de controle ainda se dediquem à tarefa óbvia de apurar responsabilidades. A primeira delas é que, a despeito dos danos, a democracia resistiu bravamente.

Foi simbólica a cena dos chefes dos três Poderes descendo a rampa do Palácio do Planalto juntos, em meio aos escombros deixados pelos vândalos bolsonaristas. Desde o início, Executivo, Legislativo e Judiciário reagiram de forma uníssona para condenar os “atos terroristas”. Ganhou peso a resposta firme de governadores dos 26 estados e do Distrito Federal (DF), independentemente de colorações partidárias.

Poesia | João Cabral de Melo Neto - O Cão sem plumas

 

Música | Joyce Cândido - Saudosa Maloca (Adoniran Barbosa)