quarta-feira, 9 de maio de 2018

Vera Magalhães: A hora da peneira

- O Estado de S.Paulo

Pulverização inicial de candidaturas começa a dar lugar a um afunilamento

À medida que a corrida eleitoral avança, a inicial pulverização de candidaturas começa a dar lugar a um afunilamento. O movimento começou: candidaturas dos mesmos campos político-ideológicos começam a conversar, e a saída de Joaquim Barbosa da disputa tira do páreo o mais próximo que havia restado de um “outsider” do jogo da política tradicional.

Justamente por reunir atributos desejados pelo eleitorado cético com a política, Barbosa era o oponente visto como mais perigoso pelos concorrentes. Mas ele próprio surpreendeu a opinião pública e o PSB e, antes mesmo de o jogo começar para valer, anunciou que estava fora.

A forma voluntarista com que agiu tanto na filiação, aos 45 minutos do segundo tempo, quanto na desistência mostra que talvez tenha sido melhor que ele tenha saído logo agora. Política requer couro curtido, resiliência e disposição ao diálogo. E a situação para lá de delicada do Brasil nos campos institucional, político e econômico não combina com dúvidas tão “classe média sofre” como saber se a portentosa aposentadoria de um ex-ministro do STF seria suficiente para manter a família. A Presidência da República é infinitamente maior que isso.

A rapidez com que os “candidatos ao novo” desistiram da missão reforça a máxima das raposas velhas segundo a qual a política não é para amadores. O que mostra a total falta de sintonia entre o establishment político e o que deseja o eleitorado.

Se já não havia favoritos na atual disputa, como bem notou Eliane Cantanhêde em sua coluna, a saída de Barbosa retira da equação também a possibilidade de renovação. Ganham, num primeiro momento, os partidos mais estruturados, que já vinham tentando se reorganizar em torno de menos candidaturas.

Essas conversas continuam, ainda que o desfecho deva ocorrer apenas mais adiante. De um lado, Geraldo Alckmin tenta costurar uma ampla aliança de centro-direita, que esbarra na disputa velada entre DEM e MDB pelo lugar pelo lugar do copiloto e na hesitação do tucano em ter Michel Temer no centro do palanque.

De outro, a expectativa é de que as siglas de esquerda também se organizem de forma menos dispersa, e Ciro Gomes passa a ser um polo possível, a despeito da negativa do PT em apoiá-lo. O primeiro sinal foi dado pelo governador Flávio Dino (PCdoB-MA), e o PSB, ainda atordoado pelo fora que levou de Barbosa, pode também se aproximar do pedetista.

Nesta terça-feira, 11 pré-candidatos se revezaram num ensaio de debate em Niterói. Muitos desses não passarão pela peneira que já reteve Lula, preso, e os aspirantes a um novo que insiste em não vir. A tabela abaixo traz os mais e menos cotados na bolsa de apostas.

Bernardo Mello Franco: Barbosa sai, a incerteza fica

O Globo

Joaquim Barbosa era o último outsider que parecia ter chance de vencer a eleição.

Joaquim Barbosa usou 173 caracteres para informar que não será candidato a presidente da República. O tuíte pôs fim a meses de conversas com políticos, economistas, marqueteiros e eleitores que o abordavam nas ruas.

O assédio cresceu nas últimas semanas. Com a desistência do apresentador Luciano Huck, o ex-ministro do Supremo se tornou o último outsider que parecia ter chance de vencer a eleição.

As pesquisas indicavam que essa possibilidade era real. Sem dar uma única declaração como presidenciável, Barbosa alcançou 10% das intenções de voto. A expectativa geral era de que ele decolaria ao se apresentar como candidato.

O ex-ministro chegou a dar o primeiro passo em abril, ao aceitar o convite para se filiar ao PSB. O partido já recrutava assessores para organizar a campanha.

E por que Barbosa pulou fora? Porque nunca havia se convencido a entrar, como repetiu a todos que o procuravam. Ele media os custos pessoais de uma aventura eleitoral. Temia perder dinheiro e tranquilidade, não necessariamente nesta ordem.

Hélio Schwartsman: As forças da inércia

- Folha de S. Paulo

Desistência de Joaquim Barbosa mostra que o sistema não é muito amigável para neófitos

Joaquim Barbosa anunciou que não será candidato. Ele era forte em termos de potencial eleitoral, mas bem mais fraco quando se olha pelo lado da governabilidade. Tremo só de pensar em como seriam as negociações entre uma personalidade incisiva como a dele e um Congresso fragmentado e oportunista como o nosso.

Se já pareceu que o pleito deste ano favoreceria o novo na política, vão se acumulando sinais de que as forças da inércia são poderosas. A desistência de Barbosa, que se segue à de Luciano Huck, mostra que o sistema não é muito amigável para neófitos.

Vão sobrando, então, velhos conhecidos como Marina, Ciro, Alckmin. Bolsonaro tenta vestir-se de novo, mas não dá para esquecer que ele cumpre seu sétimo mandato de deputado federal.

Se precedentes valem algo, tivemos, em agosto passado, já no clima distópico do pós-Lava Jato, uma eleição suplementar no Amazonas. Foram ao segundo turno Amazonino Mendes (PDT) e Eduardo Braga (PMDB) e o pedetista sagrou-se vitorioso. É difícil imaginar um quadro mais “statu quo” do que este.

Não parece, assim, absurdo prognosticar para o pleito presidencial um cenário em que um candidato da chamada esquerda enfrentará um mais ao centro no segundo turno. A dúvida é se ainda serão os representantes do PT e do PSDB que ocuparão as vagas, como vem ocorrendo há mais de duas décadas.

Rosângela Bittar: Porta-estandarte


- Valor Econômico

O grito de guerra e a oratória de carretilha de Ciro

Existe quem especule com uma provocativa porém não impossível chapa: Lula, candidato sub-judice, Ciro de vice, trazendo para a campanha a liberdade de estar e falar o que quiser enquanto o cabeça está preso, arrastando para o PDT o tempo de propaganda do PT. Não é uma miragem contra Ciro, ao contrário, pois se Lula não puder receber o troféu, o presidente será seu vice. Menos complicada, e em crescente articulação, está posta a chapa que alguns cientistas políticos consideram imbatível nesse quadro de pobreza franciscana do elenco eleitoral oferecido aos brasileiros neste 2018: Ciro e Fernando Haddad como vice, levando o dote do tempo de propaganda da televisão e a militância petista, hoje reduzida porém ainda viva.

A esse grupo poderia juntar-se agora o PSB, parte dele já lutava por isso, com a renúncia à candidatura, ontem, do ex-ministro Joaquim Barbosa. O PSB esteve sempre dividido entre a candidatura própria, Ciro e Marina. Carlos Siqueira, o presidente do partido, construiu com mão de ferro a candidatura Joaquim. Não sendo ele, o outro grupo majoritário do partido, o da aliança com Ciro ou Marina, prevalece. Como Ciro está melhor politicamente, é para ele que deve seguir a maioria.

Aí teríamos uma chapa PDT, PT e PSB, tendo sempre à frente Ciro Gomes, que já possui um residual de votos adquiridos em outras disputas. Do ponto de vista eleitoral, está tudo perfeito e é viável. Mas o diabo, para o eleitorado que precisa fazer escolhas, continua no detalhe. No caso é, simplesmente, o detalhe principal: qual o projeto político de Ciro Gomes? O que faria no governo? O que quer para o Brasil?

Ciro já entrou em três candidaturas, por diferentes partidos, e delas saiu sem que deixasse o eleitorado perceber qual seu projeto político real. O que se viu até agora foi só sua marca de temperamento, notável também fora dos período de campanha.

Sabe-se que ele tem um guru, Mangabeira Unger, professor em universidade americana, há anos, dado a estudos estratégicos mas com nenhuma conexão com a realidade brasileira. Unger chegou a ter cargo no governo por um tempo, depois saiu sem que suas ideias pudessem ser sistematizadas numa oferta de rumos. Hoje, Ciro teria mais um guru, esse conectado ao Brasil, mais precisamente ao Ceará, o economista Mauro Benevides, que estaria falando sobre projetos para a economia em seu nome. Ciro, porém, já fez uma declaração que vai dificultar o trabalho do filho do ex-deputado Mauro Benevides, de carreira política sólida até o fim, no eterno MDB cearense, que Ciro abomina. O candidato diz que vai acabar com tudo isto que foi feito pelo partido de Ulysses Guimarães no governo. O que vai colocar no lugar, só Deus sabe.

Ricardo Noblat: O mau exemplo de Joaquim Barbosa

- Blog do Noblat | Veja

Fora da política não há salvação

Joaquim Barbosa implodiu-se. Aconteceu agora. Poderia acontecer durante a campanha à primeira provocação forte de algum adversário. Ou diante de uma simples pergunta embaraçosa feita por um jornalista.

Não era do ramo. Desprezava quem fosse. Não queria ser refém do sistema político apodrecido. Não acreditava que pudesse reformá-lo. A família era contra sua candidatura.

Saiu de cena com uma entrevista melancólica concedida a Lauro Jardim, de O Globo. Disse que vê três riscos no horizonte: a eleição de Jair Bolsonaro, ou a de Michel Temer, e espaço para um golpe militar.

Ora, se Bolsonaro se eleger foi porque teve mais votos. Temer, também. É do jogo democrático. Ou Joaquim acha que a democracia por aqui é tão frágil que não sobreviveria à eleição de um deles?

Não há risco de um golpe militar. Nem militares interessados em dar um golpe – salvo algumas figurinhas carimbadas que vestiram o pijama da aposentadoria, os sem soldados e sem armas.

Mas digamos que existissem os três riscos apontados por Joaquim. Um brasileiro responsável, com chances de se eleger, não estaria obrigado a sacrificar-se para exorcizar tais ameaças? Ou não é responsável.

Com seu gesto, Joaquim demonizou a política. Reforçou a certeza dos que a enxergam como uma profissão reservada a bandidos. E desestimulou o surgimento de novas, sinceras e bem intencionadas vocações.

Bruno Boghossian: Saída de Barbosa zera jogo e dá fôlego a Alckmin, Marina e Ciro

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- Folha de S. Paulo

Desistência provocará recuo nas articulações partidárias para as eleições

A decisão de Joaquim Barbosa de não disputar as eleições zera o jogo da corrida presidencial. O impacto de sua desistência é vasto e produzirá efeitos sobre as campanhas de Geraldo Alckmin (PSDB), Marina Silva (Rede) e Ciro Gomes (PDT).

A filiação de Barbosa ao PSB, em abril, incluiu na disputa um personagem com capacidade de abraçar uma escala ampla de eleitores, atraindo segmentos tradicionalmente alinhados tanto aos tucanos quanto aos petistas. Suas chances de chegar ao segundo turno eram significativas.

A saída do ministro aposentado do STF (Supremo Tribunal Federal) da disputa provocará uma reacomodação desses votos e, principalmente, um recuo nas articulações partidárias para as eleições.

A desistência representa um alívio para o grupo de Geraldo Alckmin, que enxergava Barbosa como obstáculo no chamado centro do espectro político. O ex-presidente do STF começava a ocupar um eleitorado-alvo do PSDB: grandes cidades, renda mais alta e educação superior.

O congestionamento provocado pela entrada de Barbosa foi o que determinou a precipitação dos esforços pela unificação desse centro —exemplificada pela aproximação entre Alckmin e o presidente Michel Temer (MDB).

Os tucanos queriam evitar ou adiar qualquer articulação de uma aliança com o MDB, devido ao desgaste sofrido pelo partido do presidente, mas a multiplicação de adversários competitivos e a crescente chance de derrota os levou a antecipar esse movimento.

A saída de Barbosa deve dar algum fôlego a Alckmin nas pesquisas. Ainda que seu crescimento seja residual, qualquer solavanco pode ser suficiente para que ele se torne um polo de atração de alianças. Nesse caso, convém ao PSDB recuar duas casas nas conversas com Temer e esperar a reorganização do tabuleiro.

Barbosa desiste de concorrer e eleição fica sem ‘outsider’

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Ex-ministro do STF alega razões pessoais e recusa disputar o Planalto; sem ele, PSB analisará cenários

-O Estado de S. Paulo 

Pouco mais de um mês após se filiar ao PSB, Joaquim Barbosa anunciou ontem que não se candidatará ao Palácio do Planalto. “Está decidido. Após várias semanas de muita reflexão, finalmente cheguei a uma conclusão. Não pretendo ser candidato a presidente da República. Decisão estritamente pessoal”, escreveu ontem o ex-ministro em seu perfil no Twitter. A decisão surpreendeu líderes e dirigentes do partido e deixou a eleição presidencial sem um précandidato com o perfil de “outsider” (nome de fora da política). 

Antes do ex-ministro do STF, o empresário e apresentador de TV Luciano Huck cogitou se candidatar, mas também desistiu. Barbosa agitou o quadro eleitoral nacional nas últimas semanas ao somar até 10% das intenções de voto em pesquisa recente. O anúncio de ontem abriu um racha no PSB sobre o futuro eleitoral da legenda e levou outros partidos a iniciar uma ofensiva em busca do apoio dos pessebistas na disputa de outubro.

O ex-ministro do Supremo Tribunal Federal Joaquim Barbosa informou ontem que decidiu não se candidatar ao Palácio do Planalto. Pouco mais de um mês após se filiar ao PSB, Barbosa surpreendeu líderes e dirigentes do partido com a decisão, classificada por ele como “estritamente pessoal”. O anúncio do ex-ministro deixa a eleição presidencial sem um pré-candidato com o carimbo de “outsider”.

O primeiro nome de fora da política a cogitar participar da disputa foi o empresário e apresentador de TV Luciano Huck – que, depois de idas e vindas, colocou um ponto final nas especulações sobre sua eventual candidatura ainda em fevereiro.

Barbosa avaliava uma possível candidatura à Presidência desde meados do ano passado. As conversas com o PSB evoluíram e ele se filiou no prazo final previsto pela legislação eleitoral (início de abril).

Porém, descrente e crítico do sistema político-partidário nacional, o ex-ministro manifestava receio de se lançar numa disputa eleitoral. Além disso, alegava um dilema pessoal: trocar a tranquilidade da função de advogado especializado na elaboração de pareceres jurídicos – que lhe garantem alto rendimento financeiro – e o impacto que a opção pela disputa eleitoral teria na vida de familiares.

“Está decidido. Após várias semanas de muita reflexão, finalmente cheguei a uma conclusão. Não pretendo ser candidato a presidente da República. Decisão estritamente pessoal”, escreveu o ex-ministro ontem em seu perfil no Twitter.

Pré-candidatos lamentam desistência de Barbosa da corrida presidencial

Ex-presidente do STF anunciou que não será candidato por razões pessoais; Alckmin acredita em 'outra forma de participação'

Roberta Pennafort, Renata Batista e Pedro Venceslau | O Estado de S.Paulo

RIO - Pré-candidatos à presidência lamentaram nesta terça-feira, 8 a desistência do ex-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) Joaquim Barbosa em disputar o cargo durante a 73ª Reunião Geral da Frente Nacional de Prefeitos (FNP) , em Niterói, na Grande Rio.
O pré-candidato do PSDB, Geraldo Alckmin disse que Barbosa, poderá participar de outra forma do processo eleitoral. Segundo o ex-governador paulista, há muitas conversas em curso sobre alianças, mas isso só deve ser concluído em julho. O PSB, partido ao qual o ex-ministro é filiado, é aliado do PSDB em São Paulo.

“É uma perda, porque precisamos de novas lideranças como ele, com mais participação e serviços para o Estado. Tenho certeza que, se não for como candidato, a participação dele será de outra forma”, afirmou Alckmin.

A pré-candidata do Rede, Marina Silva, disse que respeita o debate interno do PSB, mas destacou a “identidade programática” entre os dois partidos, que foram aliados na disputa presidencial de 2014. Ela ressaltou, porém, que a decisão do ex-ministro do STF Joaquim Barbosa ainda é muito recente e é preciso dar tempo ao PSB para debater a decisão.

“Boa parte da base da nossa proposta para 2018 está construída em cima do programa de 2014, que fizemos juntos”, disse, lembrando que o então candidato do PSB, Eduardo Campos, acolheu o Rede quando este não conseguiu o registro de partido político e que ela assumiu a cabeça de chapa após a morte de Campos em um acidente aéreo.

Henrique Meirelles, do MDB, disse nesta terça, 8, respeitar a decisão de Barbosa, que nesta manhã desistiu de sair candidato pelo PSB: "O ex-ministro Joaquim Barbosa tomou uma decisão de cunho pessoal e eu respeito essa opção", declarou o ex-ministro da Fazenda.

Outro presidenciável que comentou a desistência de Barbosa durante a FNP foi Guilherme Afif Domingos, do PSD. “Empobrece a disputa, era um quadro importante para esse processo”, disse Afif, que também afirmou que a prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) , condenado na Operação Lava Jato, “embaralha bastante o jogo”.

Respeito
Já Manuela D'Ávila do PC do B disse que respeita a decisão do ex-presidente do STF Joaquim Barbosa de desistir da candidatura. “É uma decisão que passa por questões pessoais”, afirmou.

Pre-candidato do PRB à Presidência da República, o empresário Flávio Rocha disse ao Estadão/Broadcast que pode herdar votos que iriam para o ex-ministro Joaquim Barbosa (PSB). "Os votos que iriam para ele são de eleitores que demandam mudança e renovação. Nosso projeto pode ser o escoadouro desses votos", disse Rocha.

'O PSB não tem plano B', diz líder do partido na Câmara

Sigla está dividida entre abrir negociação com Ciro Gomes ou liberar a bancada

Pedro Venceslau | O Estado de S.Paulo

O líder do PSB na Câmara, deputado Julio Delgado (MG), disse nessa terça-feira, 8, ao Broadcast/Estadão que o PSB “não tem um plano B” na eleição presidencial após o ex-ministro Joaquim Barbosa desistir da disputa. “Acho muito difícil (outra candidatura própria). O PSB não tem plano B. A eleição perdeu seu grande nome”, disse o parlamentar.

A sigla trabalha agora com dois cenários: liberar a bancada ou abrir uma negociação com Ciro Gomes, pré-candidato do PDT. Um acordo com o ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB), opção preferencial do PSB paulista, foi descartado após uma resolução partidária restringir o diálogo à legendas de centro-esquerda.

Embora alguns caciques defendam que o PSB apresente outro nome na disputa presidencial, a tendência, segundo apurou a reportagem, é que ocorra a liberação do partido nos estados.

Em Brasília, o vice-presidente de Relações Governamentais do PSB, ex-deputado Beto Alburquerque, defendeu que o partido escolha um novo candidato para evitar uma cisão na legenda.

Após desistência de Barbosa, PSB reúne bancada na Câmara

Foco do partido é eleger governadores e ampliar a presença de deputados e senadores

Felipe Frazão | O Estado de S.Paulo

BRASÍLIA - A bancada do PSB na Câmara dos Deputados realiza uma reunião de extraordinária às 17h depois de ter sido surpreendida na manhã de terça-feira, 8, pela desistência de Joaquim Barbosa, ex-presidente do Supremo Tribunal Federal, de concorrer à Presidência da República.

O líder Julio Delgado (MG) convocou os deputados para discutir a situação eleitoral do partido. O foco do PSB é eleger governadores – a sigla planeja disputar em 10 Estados – e ampliar sua bancada federal, de deputados e senadores.

Parte dos dirigentes socialistas deseja que o partido lance outro nome para disputar a sucessão do presidente Michel Temer, para evitar uma dispersão dos diretórios entre pré-candidatos como Geraldo Alckmin (PSDB), Ciro Gomes (PDT) e Marina Silva (Rede).

Parlamentares, porém, avaliam que o racha é inevitável por causa das conveniências eleitorais de cada Estado e que a aliança seria uma forma de deixar o caminho livre para quem divergir do comando nacional.

Em março, o congresso do PSB aprovou uma resolução que vinculava o partido a candidaturas de centro-esquerda, o que significava um afastamento de Alckmin. Partidários do ex-governador paulista não devem conseguir reverter a decisão, conforme avaliação de deputados.

Deputados do PSB dizem que o projeto eleitoral de Barbosa tinha pouca sintonia com o que o partido projetava de candidatura e querem uma explicação por parte dele. Havia uma reunião prevista para ocorrer nesta semana.

A desistência frustrou inclusive a formação de uma aliança suprapartidária em prol de Barbosa. Deputados do PPS, por exemplo, desejavam organizar um café amplo com Barbosa para quebrar o engessamento do ex-magistrado na política.

Apoio nos estados tende a unir PSB ao pedetista Ciro Gomes

Regionalmente, o PDT é a sigla com pré-candidato mais próxima dos pessebistas

Gustavo Uribe , Marina Dias , Talita Fernandes e Daniel Carvalho | Folha de S. Paulo

BRASÍLIA- A desistência do ex-presidente do STF (Supremo Tribunal Federal) Joaquim Barbosa em disputar a Presidência da República pode empurrar o PSB para uma aliança com Ciro Gomes em prol de composições para a disputa de governos estaduais.

Dentre os partidos com pré-candidatos ao Palácio do Planalto, o PDT é o que tem mais pontos de contato com o PSB nos estados.

Com 11 pré-candidatos a governos, o PSB não terá o apoio do PSDB em nenhum estado e deve ser apoiado pelo do PT apenas na Paraíba e em Tocantins. Já o PDT pode firmar alianças com o PSB em até oito estados.

"É óbvio que esse jogo dos palaques estaduais vai entrar na conta [de uma aliança nacional]. Temos aproximação com o PSB em vários estados, em outros nem tanto. Mas precisamos saber primeiro se o PSB quer esse diálogo", diz o presidente nacional do PDT, Carlos Lupi.

De saída, o PDT deve apoiar o PSB nos dois colégios eleitorais considerados mais estratégicos para os socialistas: São Paulo e Pernambuco, onde os governadores Márcio França e Paulo Câmara disputam a reeleição.

Entrevista | Barbosa desiste e cita bloqueio a mudança

Por Maria Cristina Fernandes | Valor Econômico

SÃO PAULO - O ex-ministro do Supremo Tribunal Federal Joaquim Barbosa levou 30 dias, desde a filiação ao PSB, para concluir que o sistema político bloqueia mudanças. A decisão - estritamente pessoal - de desistir da candidatura à Presidência foi anunciada ontem.

Em entrevista ao Valor, Barbosa negou desentendimentos com seu partido, o PSB, no qual permanecerá, mas reiterou crítica ao sistema partidário como um todo: "Os políticos criaram um sistema aferrolhado, de maneira a beneficiar a eles mesmos. Não há válvula de escape. O cidadão brasileiro vai ser constantemente refém desse sistema".

Sem antecipar seu rumo em outubro, Barbosa não esconde o pessimismo com a força daqueles que, em sua opinião, vão bloquear o debate sobre o combate à desigualdade. E manda um recado aos simpatizantes: "Que prestem atenção para a maneira como funciona a política no Brasil. Somos reféns. Nosso direito de escolha é limitado".

"Esta eleição não vai mudar o Brasil"
O ex-ministro do Supremo Tribunal Federal Joaquim Barbosa levou 30 dias, desde a filiação ao PSB, para concluir que o sistema político bloqueia mudanças. A decisão de desistir da candidatura à Presidência da República foi anunciada ontem, em rede social: "Está decidido. Depois de muitas semanas de reflexão, finalmente, cheguei a uma conclusão. Não pretendo ser candidato a presidente da República. Decisão estritamente pessoal".

O ex-ministro nega desentendimentos com seu partido, o PSB, do qual não se desfiliará, mas reitera a crítica ao sistema partidário como um todo: "Os políticos criaram um sistema politico aferrolhado de maneira a beneficiar a eles mesmos. O sistema não tem válvula de escape. O cidadão brasileiro vai ser constantemente refém desse sistema. Você não tem como mudá-lo. Esse sistema contém mecanismos de bloqueio que servem para cercear as escolhas do cidadão".

Barbosa, que resiste a comentar publicamente a atuação do Supremo e a prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, também nega que a onipresença do conflito da política com o Judiciário o tenha desmotivado: "Quem se candidata e tem o nome limpo não deve se preocupar com o problema judiciário de outrem. É um equívoco nacional achar que o futuro da nação está vinculado a este ou aquele processo judicial".

Sem antecipar seu rumo em outubro, o ex-ministro não esconde o pessimismo com a força daqueles que, em sua opinião, vão bloquear o debate sobre o combate à desigualdade. Aos órfãos de sua candidatura, manda um recado: "Que prestem atenção para a maneira como funciona a política no Brasil. Somos reféns. Nosso direito de escolha é limitado".

A seguir, a entrevista concedida na tarde de ontem, ao Valor, por telefone, de seu apartamento no Rio:

Presidenciáveis competem por espólio de 'outsider'

Por Cristian Klein, Bruno Villas Bôas e Rodrigo Carro | Valor Econômico

NITERÓI (RJ) - Depois de anunciada a desistência do ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Joaquim Barbosa (PSB) em concorrer ao Planalto, presidenciáveis que seriam concorrentes do ex-magistrado lamentaram a ausência do único outsider que poderia impactar as eleições de outubro. Reunidos em encontro da Frente Nacional de Prefeitos (FNP), em Niterói, no Rio de Janeiro, a maioria afirmou que Barbosa fará falta a, mas houve quem já sonhasse em receber o espólio do pretenso eleitorado do ex-ministro do Supremo.

O pré-candidato e senador Alvaro Dias (Podemos-PR) afirmou que espera herdar as preferências eleitorais do ex-magistrado. "Espero sim herdar os votos de Joaquim Barbosa", disse o parlamentar, depois de participar do evento "Diálogo com os Presidenciáveis".

O ex-ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, pré-candidato do MDB, também se disse animado: "Em função disso, teremos oportunidade de grande crescimento. Boa parte dos que o apoiam o fazem pela sua defesa da Justiça, da luta contra os malfeitos, e esses eleitores estão dispostos a votar em quem tem passado de probidade e também competência". Meirelles afirmou que é natural que candidatos de centro cresçam com a desistência de Barbosa.

"É uma minoria dos eleitores dele que estão alinhados ideologicamente", disse o presidenciável, que reafirmou sua candidatura, apesar das conversas sobre aliança entre o MDB e o PSDB, tratadas pelo presidente Michel Temer e o ex-governador de São Paulo, Geraldo Alckmin.

Dividido, PSB inclina-se em direção a Ciro

Por Marcelo Ribeiro, Raphael Di Cunto e Fernando Taquari | Valor Econômico

BRASÍLIA E SÃO PAULO - A decisão do ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Joaquim Barbosa (PSB) de não concorrer à Presidência da República fortaleceu a corrente do partido que quer apoiar o ex-governador do Ceará Ciro Gomes (PDT). A aliança tem a simpatia dos dirigentes do partido no Nordeste - maioria na legenda - do ex-prefeito de Belo Horizonte, Marcio Lacerda, e do governador do Distrito Federal, Rodrigo Rollemberg.

Contra estão o governador de São Paulo, Márcio França, que faz campanha por seu antecessor, o ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB), e um grupo favorável à candidatura própria, liderado pelo ex-deputado federal Beto Albuquerque.

Segundo fontes ligadas à cúpula do PSB, o martelo deve ser batido apenas em uma nova reunião da Executiva Nacional, que ainda não tem data para acontecer. Ao Valor, interlocutores do presidente do partido, Carlos Siqueira, admitiram que o nome que reúne mais condições de ter o apoio do partido na corrida presidencial é Ciro Gomes. Internamente, o nome dele já era tratado como eventual plano B caso Barbosa decidisse não participar da eleição.

Na avaliação de dirigentes do PSB, Ciro tem vantagem em relação aos pré-candidatos Geraldo Alckmin, do PSDB, e Marina Silva, do Rede, por ter maior apelo no Nordeste, o que poderia beneficiar candidatos do PSB ao governo de Estados da região. Em um encontro com Siqueira, Ciro ofereceu o apoio do PDT aos candidatos do PSB ao governo de pelo menos 10 estados, caso o partido apoiasse sua candidatura à Presidência.

Um eventual apoio à pré-candidatura de Marina, com quem o PSB compôs aliança na disputa de 2014, também sofre resistência interna. De acordo com integrantes do partido, a "dobradinha" com Marina na eleição anterior gerou muitos problemas, o que faz com que prevaleça a percepção de que não há ambiente para a apoiar a pré-candidata do Rede neste momento.

Entusiasta de um apoio do PSB ao tucano Geraldo Alckmin na eleição presidencial, Márcio França reagiu de forma fria à desistência de Barbosa. "O momento político do país tem atraído 'outsiders' que, após se colocarem à disposição, acabam se retirando da disputa. [Barbosa] não é o primeiro e nem será o último. A política hoje exige experiência e enorme capacidade de suportar críticas e injustiças", disse ao Valor.

Em entrevista à Rádio Bandeirantes, França já tinha dito que a decisão de Barbosa era esperada diante da pressão e do desgaste que cercam o cenário político. "Desde o início disse que ele não suportaria a pressão, esse liquidificador humano que é a vida pública", afirmou o governador, acrescentando ser preciso ter "estômago de aço" para aguentar a exposição e as críticas".

Secretário nacional de Finanças do PSB, França deve retomar os esforços por uma aliança nacional da sigla com o PSDB de Alckmin. Em troca espera pelo apoio do tucano à sua reeleição. É uma posição minoritária dentro da sigla.

Liderados por Beto Albuquerque, vice-presidente nacional do PSB, um grupo de militantes defenderá buscar um candidato alternativo. "Nenhuma outra candidatura, seja Ciro, Alckmin ou Marina, nos une", afirmou Albuquerque. O próprio ex-deputado se lançou, mas diz que agora está focado em outro projeto. "O prazo que eu ofereci ao partido já passou", disse.

O governador Rodrigo Rollemberg discorda. "O PSB, para ter candidatura própria, tem que ser nome de expressão nacional. O Joaquim Barbosa tinha. Não sendo de expressão nacional, o PSB ajuda mais buscando ser o cimento para aglutinar o campo político da centro-esquerda", defendeu. Nessa aliança imaginada por ele no primeiro turno estariam PSB, PDT, PV, PCdoB e Rede - o PT ficaria de fora num primeiro momento. "Com a saída do Joaquim, eu acredito que o Ciro se tornará um candidato muito competitivo. Nesse campo, talvez seja quem reúna melhores condições", declarou.

O secretário-geral do PSB, Renato Casagrande reforçou que não há mais "um candidato natural a presidente". Os governadores da Paraíba, Ricardo Coutinho, e de Pernambuco, Paulo Câmara, não quiseram comentar. (Colaborou Marina Falcão, do Recife)

Barbosa desiste, e disputa eleitoral esquenta

Em um movimento que pode redirecionar as alianças e composições em curso entre partidos e pré-candidatos à Presidência, o ex-ministro do STF Joaquim Barbosa retirou seu nome da disputa. Pelo Twitter, disse que foi “uma decisão estritamente pessoal”. Em entrevista a LAURO JARDIM, ele afirmou: “O coração já vinha me dizendo: não mexe com isso, não”. A notícia surpreendeu os pré-candidatos que participaram ontem de um evento da Frente Nacional de Prefeitos, em Niterói. As reações públicas à decisão de Barbosa foram protocolares, mas os partidos comemoram a esperança de herdar eleitores e a saída de um adversário com potencial para crescer.

Desistência e reviravolta 

Saída de Joaquim Barbosa embaralha disputa e dá ânimo a Alckmin, Ciro e Marina

Catarina Alencastro, Miguel Caballero, Juliana Castro e Jeferson Ribeiro O Globo

-RIO E BRASÍLIA- A mais indefinida disputa presidencial desde a redemocratização sofreu nova reviravolta às 10h07 de ontem, quando o ex-ministro do STF Joaquim Barbosa retirou seu nome de cena. Ao publicar em sua conta no Twitter que, por “decisão estritamente pessoal”, “não pretendo ser candidato a Presidente da República”, ele redistribuiu as cartas de um jogo cujo último lance de impacto havia sido a sua própria performance nas pesquisas, atingindo até 10% das intenções de votos em abril.

A notícia pegou de surpresa quase todos os demais candidatos que participaram ontem de um evento da Frente Nacional de Prefeitos, em Niterói. De imediato, nomes como Marina Silva (Rede), Geraldo Alckmin (PSDB), Ciro Gomes (PDT), entre outros, coincidiram numa reação protocolar, variando entre “respeitar” e “lamentar” o movimento de Barbosa. Internamente, porém, aliados acreditam ter motivos para comemorar. Seja pela esperança de seus candidatos herdarem eleitores ou, principalmente, pelo alívio de ver sair da disputa um adversário com potencial para crescer em todas as faixas do eleitorado.

REDISCUSSÃO DE ALIANÇAS
A desistência de Barbosa pode redirecionar todos os movimentos de alianças e composições em curso entre partidos e candidatos. O PSB, com 45 segundos de tempo de televisão, volta a ser um parceiro cobiçado — além do próprio apoio pessoal do ex-ministro, que pensa ficar neutro. Com 10% das intenções de voto sem entrar na campanha, Joaquim Barbosa era uma ameaça para quem precisa crescer nas pesquisas — casos de Marina e, principalmente, Ciro e Alckmin.

Na campanha do tucano, a notícia foi recebida com otimismo. Primeiro, pela avaliação de que a presença de Barbosa poderia estar impedindo o crescimento do ex-governador de São Paulo. Herdar ao menos uma parte do eleitorado do ex-ministro também pode fazer o tucano vencer desconfianças de potenciais aliados e destravar a negociação de novos apoios à sua candidatura.

Barbosa: ‘Meu coração já vinha me dizendo: não mexe com isso, não’

Ex-presidente do STF vê três riscos no horizonte: Bolsonaro, Temer e espaço para golpe militar

Lauro Jardim | O Globo

- Meu coração já vinha me dizendo: não mexe com isso, não.

Assim, Joaquim Barbosa resume a decisão tornada pública ontem de não disputar a
Presidência da República.

Em tom de voz tranquilo, depois de ter explodido a bomba política do dia, Barbosa diz que já vinha amadurecendo a decisão nas últimas semanas.

Apesar de ter se reunido na semana passada com o presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, Barbosa se esquivou de encontros com economistas, líderes de movimentos sociais e parte da bancada federal do partido.

Afirma que assim o fez exatamente para não dar esperanças, pois ainda não tinha certeza se que queria mesmo ser candidato:

— Evitei o quanto pude essas conversas.

Barbosa pretendia inicialmente esperar até julho para uma definição. Chegou a avisar isso ao partido. Só que, em sua avaliação, as coisas se precipitaram:

— Fiquei receoso que as próximas pesquisas mostrassem que eu estava subindo. Desistir mais tarde seria complicado em todos os sentidos. Acho que tomei a decisão no momento certo.

Na última pesquisa Datafolha, em abril, Barbosa chegou a aparecer com 10% das intenções de voto.

Ontem pela manhã, antes de disparar o tuíte em que avisou que não seria candidato, Joaquim Barbosa ligou para Siqueira e para alguns deputados do PSB, como Alessandro Molon (RJ) e o líder do partido, Julio Delgado (MG). E qual foi a reação deles? — Ficaram muito surpresos. Barbosa não vai entrar na corrida eleitoral, mas está preocupado com o futuro do Brasil. Vê três riscos no horizonte:

— Primeiro, o (Jair) Bolsonaro.

O ex-presidente do STF acha possível que o deputado federal se eleja. E o segundo risco? — Depois, o próprio Temer.

Temo que ele, maquiavélico, possa articular algo para continuar no poder, ou mesmo uma aliança que o eleja.

E, finalmente, o terceiro perigo, na sua opinião:

— Temo também que haja espaço para um golpe militar.

Assim como fez em 2014, quando viajou para a Buenos Aires para ficar longe das eleições, Barbosa pretende fazer o mesmo este ano. Não declarará voto para nenhum candidato.

Freire: Desistência de Joaquim Barbosa reforça necessidade de união das forças democráticas

- Portal PPS

O presidente do PPS, Roberto Freire (SP), afirmou, nesta terça-feira (8), ao comentar a desistência do ex-ministro do STF, Joaquim Barbosa, de disputar às eleições presidenciais de 2018 pelo PSB, que é necessário a unificação e articulação do centro democrático. Freire afirmou que o anúncio faz com que o cenário de sucessão volte para um quadro de “indefinição”.

“Joaquim Barbosa pelo Twitter desistiu de sua candidatura para a Presidência da República. É um fato de maior importância até porque a sua presença na disputa mudava todo um cenário de alternativas para outubro próximo. Com a sua saída, esse cenário volta a uma situação de muita indefinição sobre o que vai ser [o processo eleitoral] . Isso tem influenciado, inclusive, que você não tenha definição das candidaturas, chapas e coligações nos estados. [O anúncio] é algo que traz mudança de cenário e a necessária preocupação para as forças democráticas se articulem e se unirem”, disse.

Segundo Roberto Freire, o PSDB precisa estar atento por ter um candidato com potencial de unificar as forças democráticas.

“O PPS continuará trabalhado para isso [a unificação das forças democráticas]. Seria importante que o PSDB, que tem uma pré-candidatura que pode unificar essas forças democráticas, no caso, Geraldo Alckmin, estar muito atento para essa nova realidade com a desistência de Joaquim Barbosa”, alertou.
Desistência no twitter

O ex-ministro do Supremo Tribunal Federal Joaquim Barbosa fez o anúncio da desistência de uma provável candidatura ao Palácio do Planalto por meio de sua conta no Twitter na manhã desta terça-feira. Ele destacou que a decisão foi “estritamente pessoal”. Segundo a imprensa, ele teria comunicado o seu partido, o PSB, antes da publicação na rede social.

Luiz Carlos Azedo: Música para profissionais


- Correio Braziliense

Já virou lugar-comum a frase famosa do compositor e maestro Antônio Carlos Jobim: “O Brasil não é para principiantes”. Serve como uma luva para a decisão do ex-presidente do Supremo Tribunal Federal Joaquim Barbosa de não concorrer à Presidência da República. O ex-ministro, depois que se filiou ao PSB, apareceu em todas as pesquisas como um candidato competitivo, mas em nenhum momento anunciou a candidatura. Nem a cúpula do PSB. Ontem, pelo Twitter, comunicou a desistência; os governadores do PSB agradecem.

Barbosa é orgulhoso de ter chegado aonde chegou pelo esforço pessoal; nas peladas ou nas sessões do Supremo, não era de levar desaforo para casa. Notabilizou-se como relator do mensalão, a ação penal que levou à cadeia o ex-presidente do PT José Genoíno, o tesoureiro do partido Delúbio Soares e o ex-ministro José Dirceu, entre outros caciques da legenda. Entretanto, não era um antipetista de carteirinha. Não só havia votado no ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva como se manifestou contra o impeachment de Dilma Rousseff.

A candidatura de Barbosa empolgou os militantes do PSB, mas não seus governadores, principalmente o de Pernambuco, Paulo Câmara; muito menos o de São Paulo, Márcio França, o vice que assumiu o lugar de Geraldo Alckmin (PSDB) com o compromisso de apoiar o tucano à Presidência. No encontro que teve com a Executiva do PSB, ficou patente a falta de empatia entre os caciques do partido e o jurista cascudo. Fizeram um pacto de não agressão: Barbosa saiu falando que não havia se decidido ainda e, a Executiva do PSB, que avaliaria a candidatura.

Mesmo assim, o suspense mexeu com o posicionamento dos demais candidatos. As candidaturas de Ciro Gomes (PDT), Marina Silva (Rede) e Alckmin foram abaladas. Barbosa também era uma ameaça para Jair Bolsonaro. A seguir, o ex-ministro passou a ser fustigado na mídia e nas redes sociais como se fosse candidato. O questionamento era sobretudo em relação às suas ideias políticas. Grosso modo, Barbosa é um democrata com ideais liberais sobre o Estado, mas muito pouco se sabe sobre o que pensa em relação à economia e à política propriamente dita. Nesse período de lusco-fusco, comportou-se como um grande mudo. E foi muito cobrado por isso.

Barbosa permaneceu assaltado pelas dúvidas em relação à candidatura, em razão de certa ojeriza pela política tradicional, que exige muita inteligência emocional para administrar conflitos, fazer alianças complexas, suportar traições e frustrações de toda ordem. Desta vez, a esfinge é que foi devorada. Com a saída de Barbosa, que seria o grande outsider nas eleições deste ano, o jogo voltou a ser exclusivamente dos políticos profissionais, com seus defeitos e qualidades.

Menos imprevisível: Editorial | Folha de S. Paulo

Desistência de Joaquim Barbosa, se mantida, elimina uma incógnita na corrida ao Planalto

Depois da especulação em torno do apresentador televisivo Luciano Huck, as expectativas de uma grande novidade na eleição presidencial haviam se concentrado, em bases que pareciam mais sólidas, no nome de Joaquim Barbosa.

Afinal, o ministro aposentado do Supremo Tribunal Federal havia dado um passo visível rumo ao pleito quando se filiou ao PSB, em abril. Sua candidatura, ademais, é cogitada desde que o magistrado celebrizou-se com a conduta no julgamento do mensalão, em 2012.

Entretanto Barbosa, a exemplo de Huck, alegou motivos pessoais para anunciar, nesta terça-feira (8), que desistia da hipotética postulação, enquanto o mundo político ainda tentava compreendê-la.

Buscavam-se nos últimos dias pistas de suas opiniões a respeito da economia e outros temas sensíveis, em declarações ou votos proferidos no STF. Com até 10% das preferências no Datafolha, mostrava potencial para atrair diferentes estratos do eleitorado.

Sobra a ele apelo no campo simbólico —negro, de origem humilde, ascendeu socialmente por esforço próprio, não pertence ao universo político tradicional e é associado ao combate à corrupção.

Faltam-lhe, contudo, experiência administrativa, vida partidária, capacidade demonstrada de diálogo e negociação. Na ausência de atributos tão essenciais, pode-se considerar prudente sua decisão, ainda que em tese reversível, de ficar fora da corrida ao Planalto.

Esta, pelo que se indica, vai passando por um processo de decantação. Segundo a lógica ao menos, a lista de postulantes deve se tornar menos extensa até 15 de agosto, quando termina o prazo para o registro na Justiça Eleitoral.

Com recursos restritos pela proibição legal das doações empresariais, muitos partidos vão priorizar as campanhas ao Legislativo, dado que o tamanho das bancadas na Câmara dos Deputados determina a maior parte do acesso a verbas públicas e propaganda na TV.

Nesse cenário, a insistência em presidenciáveis de escassa viabilidade —a começar pelo próprio Michel Temer (MDB), que tem falado mais claramente em não disputar a reeleição— será opção custosa para as principais legendas.

Deve-se considerar ainda a conjuntura dramática à espera do próximo mandatário, que herdará um Orçamento inadministrável a exigir reformas difíceis. Qualquer que seja a orientação da futura política econômica, haverá necessidade de ampla e rápida articulação com um Congresso que se fragmenta mais a cada legislatura.

Há limites, pois, para apostas ousadas, franco-atiradores e neófitos. O desalento do eleitorado mantém o pleito deste ano imprevisível como poucas vezes se viu no país, mas a quantidade de hipóteses parece em tendência de queda gradual.

Governadores não aprendem lição da crise fiscal: Editorial | O Globo

A falta de dinheiro nos cofres públicos poderia ser menor se governos estaduais cumprissem, como deveriam, a Lei de Responsabilidade

A crise financeira pública, iniciada pela irresponsabilidade fiscal da política do “novo marco macroeconômico”, do lulopetismo, e turbinada pela profunda recessão de 2015/16, consequência da mesma política, levou o conjunto de estados e municípios a passar por um inédito ciclo de penúria.

Estados como o Rio de Janeiro e o Rio Grande do Sul, principalmente o primeiro, produziram situações só observadas, recentemente, na crise da zona do euro, na Grécia: servidores públicos sem salários, aposentados e pensionistas sem benefícios.

Para brasileiros foi uma experiência nova, porque, com a inflação baixa, a crise fiscal atingiu estados e municípios de forma profunda, sem que governadores e prefeitos contassem com a desvalorização do poder aquisitivo da moeda, para que, com atrasos nos pagamentos, reduzissem gastos em termos reais.

Ficou claro que para parte da classe política, a que resiste a ter responsabilidade nas despesas, a inflação faz falta. E hoje se vê que ela nada ou pouco aprendeu com a crise.

Contra a guerra comercial: Editorial | O Estado de S. Paulo

Nenhum país será imune aos efeitos desastrosos de uma guerra comercial entre as maiores potências. Um conflito aberto entre Estados Unidos e China – talvez ampliado com a participação da União Europeia – é hoje uma das principais ameaças à recuperação da economia global, dez anos depois de iniciada a última grande crise. Isso é motivo mais que suficiente para o manifesto em defesa do sistema multilateral apresentado por 41 membros da Organização Mundial do Comércio (OMC). Países desenvolvidos e em desenvolvimento, incluído o Brasil, assinaram a declaração coordenada pela Suíça e anunciada em reunião do Conselho Geral da entidade, em Genebra. Será uma surpresa se esse apelo em favor da paz levar a uma redução das tensões, especialmente porque isso dependeria, em primeiro lugar, de uma mudança de ânimo do presidente americano, Donald Trump, inimigo aberto do sistema multilateral.

Uma delegação formada pelo secretário do Tesouro, Steven Mnuchin, e outros membros de primeiro nível do governo americano esteve na China para um encontro, na semana passada, com representantes da administração chinesa. Mais que negociações, houve a repetição de uma lista de exigências da Casa Branca a respeito das políticas industrial e comercial da China. As cobranças foram rejeitadas pelos chineses. A lista americana incluía um corte de US$ 200 bilhões, até 2020, do superávit comercial chinês com os Estados Unidos. As pretensões iam muito além, portanto, da correção de possíveis violações de normas da OMC.

Fracassada essa tentativa de dobrar o governo chinês, o próximo passo poderá ser a imposição de fato das barreiras anunciadas pela Casa Branca. Se isso ocorrer, a administração chinesa deverá responder com barreiras calculadas para produzir um estrago equivalente. A guerra terá começado.

Crise cambial leva Argentina a pedir socorro ao FMI: Editorial | Valor Econômico

O governo argentino não resistiu a uma semana de pressões contra o peso e decidiu pedir ajuda financeira "preventiva" ao Fundo Monetário Internacional. Depois que na abertura dos mercados o peso em pouco tempo se desvalorizou 5%, o presidente Mauricio Macri se reuniu com a equipe de governo e anunciou que resolvera recorrer ao Fundo, anatemizado durante a maior crise econômica da história do país, em 2001, como o menor dos males - a mudança do cenário externo abriu o campo para uma nova asfixia financeira do país. A menos que as condições do dinheiro do Fundo sejam suaves, e os ajustes a ele condicionados também, a reeleição de Macri corre enormes riscos.

Quando encerrou as consultas com o governo argentino e produziu um relatório sobre o país, o FMI deu aval ao "crescimento sólido" argentino, mas fez advertências sobre os riscos da desequilibrada política econômica de Macri. A Argentina, com nuances, não se afastou da trilha das razões que provocaram suas sucessivas crises, com fuga de dólares e estrangulamento externo. O FMI apontou que o déficit fiscal e o déficit em conta corrente eram altos, ampliados com uma corrida rumo aos empréstimos externos que em boa dose financiaram os rombos do governo. A Argentina captou US$ 35 bilhões em 2016 e repetiu a dose em 2017, com 60% das emissões feitas pelo governo federal e 20% pelos Estados.

Monica De Bolle: Reformas truncadas

- O Estado de S.Paulo

Tivessem Brasil e Argentina escapado de reformas truncadas, as perspectivas poderiam ser melhores

A história de reformas econômicas na América Latina não é auspiciosa. Invariavelmente, desde os anos 90 – para que não tenhamos de voltar muito ao passado – os países da região engataram reformas e as viram engasgar pouco tempo depois. Para tomar apenas os exemplos do Brasil e da Argentina, o vaivém das reformas é o grande fio em comum que os une. Os desafios nem sempre foram exatamente os mesmos desde a redemocratização dos dois países, mas arranque e engasgo jamais estiveram ausentes.

Talvez por isso tenhamos visto recentemente reações tão fortes dos mercados nos dois países apesar da sensação de que as duas economias estejam menos frágeis do que estavam há um par de anos. Diante da turbulência que acertou em cheio os países emergentes, com desvalorizações expressivas e quedas nas bolsas, o Banco Central da Argentina se viu na desagradável posição de ter de elevar os juros de 33,25% para 40% na semana passada. A ação veio após duas expressivas elevações anteriores – no fim de abril, a taxa de juros estava em 27,25%. Além da súbita contração monetária, o governo argentino também anunciou alteração na meta para o déficit fiscal, uma redução de 3,2% para 2,7% em 2018. Embora nada de tão dramático tenha ocorrido no Brasil, o País não escapou das fortes oscilações que andaram espantando investidores. Apesar das diferenças que caracterizam os dois países, a desconfiança exacerbada que os afetou recentemente tem relação inequívoca com o histórico de reformas truncadas.

Vinicius Torres Freire: Argentina, entre ir à breca ou ao FMI


-Folha de S. Paulo

Plano de Macri, fazer reforma gradual com ajuda de dívida externa, não deu certo

A Argentina foi ao FMI (Fundo Monetário Internacional) antes de ir para o vinagre. Em vez de pagar para ver se a crise passava, o governo dos vizinhos preferiu se precaver. Pediu logo um dinheiro emprestado ao Fundo.

Além do mais, em outubro de 2019 haverá eleições para presidente e Parlamento. É melhor passar um vexame agora do que quebrar durante a campanha eleitoral.

No essencial, o problema argentino é ter de pedir dinheiro emprestado no exterior a fim de cobrir o buraco nas contas públicas. Isto é, o governo da Argentina faz um monte de dívida externa para cobrir seu excesso de gastos.

Nos últimos dois anos, no governo de Mauricio Macri, quase 70% do déficit foi coberto por endividamento externo. Não dá mais para ser assim. Os donos do dinheiro do mundo, argentinos inclusive, acabaram de avisar que não vão emprestar tanto e que o negócio vai custar mais caro. O governo vai ter de fazer mais arrocho.

Míriam Leitão: Motivo da ação

- O Globo

O Conselho Nacional do Ministério Público vai decidir na terça-feira sobre o destino de um processo disciplinar contra o procurador da Lava-Jato Carlos Fernando dos Santos Lima. A tramitação foi no mínimo estranha. A reclamação feita pelo ex-presidente Lula foi arquivada, e depois desarquivada para iniciar-se a ação contra o procurador, mas por outro motivo: pelo que ele disse sobre o presidente Temer.

Se o processo for aceito pelo CNMP, terá repercussão que vai além do caso. O que se busca, como fica claro na leitura das idas e vindas da ação, é evitar que procuradores falem. O autor da reclamação, Lula, teve sua queixa arquivada. Mas a corregedoria incluiu uma admoestação. Que o procurador “evite a emissão de juízos de valor, por meio das redes sociais, e da esfera privada em relação a políticos ou partidos políticos investigados". Ao contrário dos juízes que têm limitações de falar sobre o que vão julgar, o Ministério Público é parte do processo. Portanto, é natural que fale. Uma regra assim geral como pode ser interpretada? Qual é o limite do que pode ou não ser dito e em que circunstâncias? Essa zona cinza é que preocupa.

Marisa Monte - Feitio de Oração (Noel Rosa)

Carlos Drummond de Andrade: Sentimental

Ponho-me a escrever teu nome
Com letras de macarrão.
No prato, a sopa esfria, cheia de escamas
e debruçados na mesa todos contemplam
esse romântico trabalho.
Desgraçadamente falta uma letra,
uma letra somente
para acabar teu nome !

- Está sonhando ?

Olhe que a sopa esfria !Eu estava sonhando ...
E há em todas as consciências um cartaz amarelo:

"Neste país é proibido sonhar."