domingo, 24 de julho de 2022

Opinião do dia – Eduard Bernstein*: democracia

A elegibilidade universal é, dos dois lados, uma alternativa à revolução violenta. Mas o sufrágio universal é apenas uma parte da democracia, embora uma parte que, com o tempo, atrairá a si as restantes partes, como um imã atrai os pedaços dispersos do ferro.  Atua por certo mais lentamente do que muitos desejariam, mas atua, a despeito de tudo. E a democracia social não pode avançar em seu trabalho de um modo melhor do que ocupando sem reservas o seu lugar na teoria da democracia – na base do sufrágio universal, com todas as consequências daí resultantes para a sua tática.

*Eduard Bernstein (1850-1932) Membro e um dos principais teóricos   do Partido Social Democrata Alemão (SPD. “Socialismo Evolucionário”, 1899 p. 114. Instituto Teotônio Vilela/Jorge Zahar Editor, Rio de Janeiro, 1997

Merval Pereira - Um discurso histórico

O Globo

Ex-presidente José Sarney defende a democracia em discurso na ABL

O ex-presidente José Sarney, como seu decano, orador oficial da sessão solene dos 125 anos da Academia Brasileira de Letras, fez um discurso unanimemente reconhecido como de importância histórica e política. Sua manifestação pela defesa das eleições e da democracia foi fundamental nesses momentos turbulentos que vivemos. Dito do púlpito da ABL, deu relevo à posição institucional de defesa da cultura e da liberdade de expressão.

Foi a partir da palavra, “a expressão de nossa Casa” que Sarney abordou a defesa da cultura, seu primeiro ponto de análise dos tempos recentes: “sua luz ilumina a sociedade, marcada pela infinitude como a matéria que forma o universo — a luz da palavra forma o nosso universo, e é com ela que nos erguemos para defender a cultura, para exprimir a cultura, para iluminar o caminho e abrir alas para a cultura”.

Assumindo a posição de “Presidente que conduziu a transição para a democracia”, Sarney lamentou que não seja só a cultura brasileira que precisa, neste momento, ser defendida.“ Tenho a responsabilidade de defendê-la. Ela se consolidou pela prática continuada de eleições livres, sob a vigilância segura e firme do Tribunal Superior Eleitoral. Garantir que o Judiciário exerça em plenitude suas responsabilidades é absolutamente necessário para que a democracia prevaleça. O Brasil precisa se unir em torno deste objetivo”.

Bernardo Mello Franco - Utilidades do negacionismo

O Globo

Insistência no negacionismo ajudará presidente a manter tropa unida em caso de derrota

A Terra é plana. A Amazônia não pega fogo. A Covid é só uma gripezinha. A urna eletrônica foi programada para roubar votos dos patriotas. Na era da comunicação instantânea, negar a realidade deixou de ser atestado de ignorância. Virou tática para fidelizar seguidores e se perpetuar no poder.

No comício do Alvorada, Jair Bolsonaro bombardeou os embaixadores com mentiras e teorias conspiratórias. Praticou “negacionismo eleitoral”, na definição do ministro Edson Fachin. O presidente do TSE pediu um “basta” à desinformação e ao populismo autoritário. Se depender das convicções democráticas do capitão, é melhor esperar sentado.

Bolsonaro tem um plano. Quer permanecer no cargo a qualquer custo, seja no voto ou na marra. O segundo cenário não depende mais de um golpe clássico, nos moldes de 1964. O capitão parece apostar numa versão tupiniquim da invasão do Capitólio, estimulada no ano passado por seu ídolo Donald Trump.

Míriam Leitão - Tempestade afeta colheita política

O Globo

Bolsonaro poderia ter começado a colher algumas boas notícias na economia, mas teve uma semana de exposição negativa pelo seu ataque às urnas

Quando o presidente Bolsonaro começaria a colher boas notícias na economia, ele mesmo lembrou a todos que o grande ponto desta eleição é a democracia e não as oscilações da conjuntura econômica. Foi uma semana inteira de exposição negativa e de reação de entidades, servidores públicos e embaixadas provocadas pelo seu mais violento atentado ao sistema eleitoral feito diante de testemunhas estrangeiras. A classe média está começando a sentir alívio ao ir ao posto de gasolina, como resultado das muitas intervenções de Bolsonaro na economia, mas não é sobre isso a eleição de 2022.

No mês de junho, o leite subiu 5,68%, os combustíveis caíram 1,2%, e a energia, 1,07%. Hoje, o litro do leite é mais caro que o litro da gasolina e essa distância vai continuar. No índice de julho, o combustível cairá mais. De janeiro a junho, o preço da energia elétrica caiu 14,25%, mas os alimentos subiram 8,42%. Dentro deles, leite e derivados tiveram alta de 22,38%. Isso porque o governo centrou seu esforço anti-inflacionário na dupla energia e combustíveis. A classe média e os ricos são consumidores intensivos de energia e gasolina. Para os pobres, o que pesa é o alimento.

Dorrit Harazim - Silêncios

O Globo

Difícil dizer quem é o mais desprezível para o cargo que ocupa

A horda de milicianos ideológicos que invadiu o Capitólio naquele 6 de janeiro de 2021, em Washington, seguiu a palavra de ordem lançada pelo próprio 45º presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, aquartelado na Casa Branca: interromper a qualquer custo o processo democrático em curso naquele dia. Isto é, impedir seu vice-presidente, Mike Pence, de certificar em ata a vitória nas urnas do democrata Joe Biden para lhe suceder. Como os amotinados traziam no peito graus variados de intoxicação cívica, prevaleceu a eclosão da fúria dirigida —aquela que se alimenta da falsa coragem coletiva. Houve mortos, mais de cem policiais do Legislativo ficaram seriamente feridos (dois se suicidaram nos dias seguintes), e Pence correu o risco real de ser degolado pela malta trevosa de Trump, o homem a quem servira com fidelidade por quatro anos.

Elio Gaspari - A fritura de Trump

O Globo

A comissão da Câmara que investiga o comportamento de Donald Trump durante a insurreição de 6 de janeiro de 2021 fechou o foco em 187 minutos durante os quais o presidente dos Estados Unidos permaneceu em silêncio cúmplice. Graças às câmeras de vídeo, às mensagens com o registro da hora e dos minutos, bem como as listas de telefonemas da Casa Branca, produziu-se uma inédita reconstrução de fatos. Magnífica demonstração da eficácia do FBI e da Justiça. Os federais americanos já pegaram 840 pessoas e pelo menos 185 foram sentenciadas. Uma delas pegou cinco anos de cadeia por ter agredido um policial.

Os 187 minutos começam às 13h10, quando Trump terminou de discursar perto da Casa Branca. Ele havia estimulado a marcha para o Capitólio, sugerindo que a acompanharia. Foi para a Casa Branca, onde ficou grudado nas televisões.

Aqui vai o que aconteceu a quatro pessoas que provavelmente foram vistas por Trump enquanto curtia o dia.

Entre 13h e 13h30, o veterano fuzileiro Carey Walden escalou uma parede do Capitólio. Preso em maio, declarou-se culpado e foi condenado a 30 dias de prisão domiciliar.

Ruy Castro - E aquela do Millôr?

Folha de S. Paulo

Não foi por falta de aviso que chegamos à situação de hoje

Se o Brasil de hoje é isso que estamos vendo, não foi por falta de aviso. Millôr Fernandes (1923-2012) levou grande parte do século 20 nos avisando. Exemplos?

"Deus projetou o Brasil como uma sala de estar. Mas os proprietários preferiram usá-lo como depósito de lixo." "Deus é brasileiro. Mas, para defender o Brasil de tanta corrupção, só escalando Deus no gol." "A voz do povo é a voz de Deus. Mas Deus, sempre que fala, manda o povo calar a boca." "O Brasil é uma empresa unifamiliar." "Brasil, país do faturo." "Brasília é a prova de que os países também se suicidam."

"O cavalo foi um elefante projetado pelo Planalto. Na hora do acabamento, sumiram vinte por cento." "O dinheiro da corrupção compra até caráter sem jaça." "Nossos corruptos são tão incompetentes que só conseguem roubar do governo. Se fossem ladrões na iniciativa privada, morreriam de fome."
"Afinal, o que mais falta nesse Congresso? Quorum ou dequorum?" "No Congresso Nacional, uma mão suja a outra."

Bruno Boghossian - A arma da desordem

Folha de S. Paulo

Presidente trabalha insistentemente para enfurecer seguidores com falsa ideia de conspiração

A comissão do Congresso americano que investiga a invasão do Capitólio reuniu provas de que o presidente Donald Trump escolheu deixar a violência correr solta naquele 6 de janeiro. O republicano assistiu ao ataque pela TV e se recusou a mandar aos apoiadores a mensagem de que a eleição estava encerrada.

O tumulto foi uma arma útil para Trump naquela investida contra o processo eleitoral. Com baixa adesão institucional, a insurreição permitiu ao americano criar incertezas sobre o futuro político do país. Agora, a expectativa de confusão é uma peça central dos preparativos de Jair Bolsonaro para questionar o resultado da votação de outubro no Brasil.

Muniz Sodré* - O saturado e o podre

Folha de S. Paulo

Tudo é efeito da exaustão de instituições democráticas, em meio ao turbilhão mundial de mudanças

Em entrevista bem ponderada, um pastor evangélico fez raro diagnóstico de "apodrecimento da política e da religião". Há, de fato, um momento em que toda forma de poder, benigna ou maligna, começa a definhar. Para o primeiro tipo, o sociólogo russo Pitirim Sorokin, fundador do departamento de sociologia de Harvard, concebeu a hipótese da "saturação", ou seja, de esgotamento das possibilidades históricas de uma forma social. O segundo diz respeito às formas autocráticas, que atropelam a normalidade das instituições sociais.

É possível, assim, falar de saturação das formas canônicas da democracia representativa ou, noutro plano, de uma fórmula anteriormente consagrada da indústria cultural. A televisão e as revistas semanais coloridas fornecem um bom exemplo. Nas décadas de 1960 e 1970, as revistas prosperaram em termos de audiência e publicidade até a inevitável saturação frente aos atrativos da televisão que, por sua vez, também tenta hoje contornar com "remakes" de sucesso o enfartamento das telenovelas. Esse é um fenômeno razoavelmente normal, dentro do escopo teórico de Sorokin.

Janio de Freitas - Silêncio na desordem

Folha de S. Paulo

Apresentação de Bolsonaro a embaixadores emudeceu militares

O gênio que sugeriu a exibição de Bolsonaro a representantes do mundo merece o reconhecimento dos democratas. A ele se deve a inversão simultânea que emudeceu os generais e coronéis, de farda e de pijama, contrários à segurança das urnas eleitorais e, de quebra, soltou as vozes antigolpe que nem se esperava mais ouvir.

Foram apontadas várias ilegalidades no ato de Bolsonaro, mas está mais do que provada a falta de disposição para fazê-lo responder pelos crimes de responsabilidade, de instigação contra as instituições democráticas e, além de outros, abusos de poder.

E como tudo dá em nada, eis um vão acréscimo: no Palácio da Alvorada, como dependência da União, a lei proíbe qualquer situação com algum sentido eleitoral. Foi, porém, com o objetivo de propagar e defender seu plano de candidato, contra o sistema eleitoral e pela intromissão aí dos militares, que Bolsonaro confessou ao mundo o seu golpismo trumpista.

Vinicius Torres Freire - Ultradireita perto do poder na Itália

Folha de S. Paulo

País não cresceu desde 2000, tem a 2ª maior dívida da eurozona e vota em setembro

Desde a Segunda Guerra, a Europa ocidental jamais elegeu um governo de extrema direita. É o que pode acontecer na eleição de setembro na Itália.

O partido mais popular é, por ora, o Irmãos da Itália, liderado por Giorgia Meloni, com 23% das preferências, segundo o agregador de pesquisas do site Politico. É uma organização de origem francamente fascista, que vem tentando limpar sua barra, à maneira de Marine Le Pen na França.

O Partido Democrático, de centro-esquerda, está quase empatado com o Irmãos da Itália. Mas, a seguir, vem a afascistada Liga, de Matteo Salvini, com 15%, os palhaços demagógicos do Cinco Estrelas, com 12%, e a direita bunga bunga do Força Itália, com 8%, de Silvio Berlusconi, 85 anos, ainda na ativa, um líder da derrubada do governo de união nacional de Mario Draghi.

Eliane Cantanhêde - Demonstração de força

O Estado de S. Paulo

Como na promulgação da PEC da reeleição, Bolsonaro será tudo hoje, menos o Bolsonaro real

A convenção de hoje do PL para lançar a chapa Jair Bolsonaro e Walter Braga Netto foi programada para ser uma grande demonstração de força (no sentido eleitoral...) e marcar a “virada” prevista para agosto. Tudo grandioso, alvos eleitorais claros e Bolsonaro está sendo domado para não estragar a festa.

Será no Sudeste, região decisiva, no Rio de Janeiro, onde Bolsonaro tem base eleitoral desde sempre e fez um strike em 2018, e, nada mais nada menos, no icônico Maracanãzinho, palco de grandes momentos da vida nacional.

Com São Paulo, Minas, Rio e Espírito Santo, o Sudeste tem 64,2 milhões de eleitores (43% do total) e é improvável vencer sem ganhar ali. A região tem mais eleitores do que o Nordeste (27%) e do que, juntos, Sul (15%), Norte (8%) e Centro-Oeste (7%).

Rolf Kuntz - Gastança como bandeira eleitoral

O Estado de S. Paulo

Candidatos prometem eliminar ou reformar o teto de gastos, sem discutir questões fiscais mais importantes e sem cuidar da credibilidade.

Pior que a saúva, a taxa de juros e o verbo no subjuntivo, o maior inimigo do povo brasileiro é o teto de gastos, a julgar pelas promessas dos mais vistosos candidatos à Presidência da República. Liberdade para gastar é uma grande bandeira comum. Não se discutem, no entanto, velhos e bem conhecidos problemas, como o engessamento das finanças federais. Mais de 90% das verbas orçamentárias são comprometidas com despesas obrigatórias. Mas ninguém fala em eliminar as vinculações, tornar o Orçamento mais flexível e usar o dinheiro público de modo mais eficiente. Vinculação torna o dispêndio inevitável, mesmo sem planejamento, e escancara porteiras para corrupção e para malandragens. Se a Constituição manda gastar xis por cento em saúde, vamos cumprir a obrigação e comprar ambulâncias superfaturadas. Se é preciso destinar recursos à educação, que tal comprar um monte de computadores para uma escola onde faltam até banheiros? Nenhum dos dois exemplos é imaginário.

Criado em 2016, depois de uma enorme lambança fiscal e de uma dura recessão, o teto de gastos foi concebido para durar 20 anos, com uma reforma possível no meio do caminho. Sua principal função seria restabelecer, na rotina do poder público, o respeito à disciplina financeira. Limitar a variação do dispêndio à inflação do ano anterior seria parte do esforço de reconstrução. Seria uma forma de carimbar, na administração brasileira, a marca da seriedade na gestão de suas contas. Seriedade é diferente, nesse caso, de mero conservadorismo. Denota, além de outros predicados, credibilidade.

Luiz Carlos Azedo - Bolsonaro aposta no discurso do bem contra o mal

Correio Braziliense

O núcleo político da campanha — o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira; o presidente do PL, Valdemar Costa Neto; e o presidente da Câmara, Arthur Lira, — acredita no impacto da PEC das Eleições

Não é à toa que a farra com o Orçamento da União que move o Centrão na campanha de reeleição de Jair Bolsonaro está programada para acabar em 31 de dezembro, inclusive o Auxílio Brasil e os subsídios para caminhoneiros e taxistas. São apostas para turbinar a sua campanha de reeleição, não são políticas estruturantes de combate à miséria, à fome e ao desemprego. O projeto de Bolsonaro deve ser anunciado na próxima semana, foi coordenado pelo general Braga Netto, que hoje será indicado candidato a vice. Não é um programa de governo, é um projeto de regime iliberal. Entretanto, ambos estão convencidos de que as eleições serão fraudadas para garantir a volta do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao poder.

“Na lei ou na marra” era a palavra de ordem das Ligas Camponesas, lideradas por Francisco Julião, que reivindicavam a reforma agrária. Essa foi uma das causas do isolamento do governo de João Goulart, que anunciou, no famoso comício de 13 de maio, que ia decretar as reformas de base à revelia do Congresso. O resto da história todos sabem. Quanta ironia, agora, com sinal trocado, Bolsonaro passa a impressão de que pretende continuar no poder na marra, ao atacar as urnas eletrônicas e os ministros do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) Edson Fachin, atual presidente, e Alexandre de Moraes, que o substituirá no momento da eleição.

Há uma esquizofrenia na campanha de Bolsonaro à reeleição, cuja candidatura será formalizada hoje, numa grande convenção do PL, no Maracanãzinho, no Rio de Janeiro. O núcleo político da campanha — formado pelo ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira; o presidente do PL, Valdemar Costa Neto; e o presidente da Câmara, Arthur Lira, — aposta todas as fichas no impacto da PEC das Eleições na vida das famílias de baixa renda, que ainda têm saudades do governo Lula, e na eficácia das emendas secretas do Orçamento da União, em manter e turbinar eleitoralmente as bases governistas, principalmente no Nordeste. Acreditam que a diferença entre Bolsonaro e Lula deve cair para cinco pontos percentuais até 16 de agosto, quando começa a propaganda de televisão e rádio.

George Gurgel* - A Flor da Memória

O espetáculo “A Flor da Memória”, realizado por José Carlos Capinan e Roberto Mendes, em Salvador, no último dia 17 de julho, foi uma maravilha, um deslumbramento.

Uma viagem ao tempo da poesia, da música, através dos relatos afetivos, das convivências e das parcerias musicais destes dois consagrados artistas brasileiros.

As memórias pessoais e familiares, assim como o processo de criação de Capinan e Roberto vão sendo lembrados, visualizados, recitados e cantados através das parcerias de mais de 20 anos.

Um mundo cultural e um mundo espiritual se abrem com a flor da memória a partir do Sertão, do mar da Bahia, do Recôncavo e de Santo Amaro, irradiando belezas por toda a parte.

Uma viagem nas nossas próprias vidas, no mundo em que vivemos, nas nossas humanidades, no Brasil que temos e o que queremos ter.

Uma noite encantada, que maravilha de ser!

“A Flor da Memória” nos animou, nos temperou e nos desafia nesses ásperos momentos que estamos vivendo para a valorização dos nossos valores culturais, espirituais, ancestrais e atuais. Leva-nos também a celebrar a vida em cada um de nós, nas nossas comunidades, na sociedade brasileira, nos tornando uma melhor humanidade, no caminho de uma sociedade sustentável. A sustentabilidade como possibilidade a ser construída para o Brasil e para toda a humanidade.

Cristovam Buarque* - É a vergonha, gente!

Blog do Noblat / Metrópoles

São muitas razões para não votar no Bolsonaro. Mas, de todas, a razão que parece fundamental “é a vergonha, gente!”.

Quando se discutia qual tema justificaria o voto no candidato Bill Clinton, seu assessor e estrategista da campanha, James Carville ficou famoso por responder: “É a economia, idiota!”. Ele tinha razão. Este era o tema do momento para atrair os eleitores. Na nossa eleição, em 2022, há diversas razões para não se votar pela reeleição de Bolsonaro.

“A economia é uma delas, gente!”. Com uma inflação acima da meta, o o crescimento patinando, o desemprego elevado, não se vê perspectiva de um novo momento econômico para o país nos próximos anos, com a continuação do atual governo.

Pode ser também “a democracia, gente!”. O presidente jamais escondeu sua aversão ao regime democrático, seu respeito por ditadores e torturadores. Há meses vem anunciando que não reconhece as instituições e só acredita nas urnas se o resultado for a seu favor. A defesa da democracia é uma forte razão para não votar em Bolsonaro.

Antonio Fausto Nascimento* - Por que Simone Tebet a presidente?

A candidatura da Senadora Tebet a Presidente pelo MDB/ PSDB/CIDADANIA é de grande visão estratégica pelos motivos a seguir expostos.

Pelo MDB, por ter sido o partido da resistência à ditadura militar, durante vinte anos, que culminaram na derrota do regime, na Anistia, no retorno dos exilados e na Constituição Federal em vigor. PSDB, mais moderno e principal base política da Social Democracia brasileira, tendo governado o País por oito anos, e ainda Estados e Municípios importantes, que ainda governa. Chegou ao segundo turno em todas eleições presidenciais de 2002/2014. CIDADANIA, a tradição da Esquerda democrática e socialista, o partido mais antigo do Brasil, recém completado um Século.

Com esse cabedal político-eleitoral, não faria sentido que tais partidos não tivessem candidato a Presidente e demais postos eletivos, nas eleições de Outubro próximo.

Acresce a força e densidade política da candidatura governista, turbinada pelos recursos do Estado, orçamento secreto e benefícios sociais aprovados pelo Congresso Nacional.

Senadora Tebet a Presidente, além do Centro Democrático, representa setores lúcidos do agronegócio, que não enxergam futuro  na devastação da Amazônia, no autoritarismo e  isolamento do País no concerto das Nações.

*Foi presidente do Sindicato dos Bancário, em Pernambuco e secretário de Trabalho no governo Miguel Arraes, até o golpe militar de 1964.

O que a mídia pensa - Editoriais / Opiniões

Editoriais / Opiniões

Caixa de problemas

Folha de S. Paulo

Novos depoimentos e investigações reiteram sofríveis práticas de gestão no banco estatal

Banco estatal que se notabilizou por servir de aparelho político a sucessivos governos, a Caixa Econômica Federal tem sido marcada por uma série de despautérios que reiteram suas sofríveis práticas de gestão e sugerem um ambiente empresarial turvo e propício a irregularidades.

Desde junho, quando se conheceram as acusações de abuso sexual contra o então presidente da instituição, Pedro Guimarães, multiplicam-se os depoimentos sobre condutas inaceitáveis do dirigente, relatos de ameaças internas e indícios de desvios envolvendo despesas custeadas pelo banco.

Como esta Folha noticiou, Guimarães, além dos assédios, beneficiou-se de recursos da Caixa para reformar sua residência e fez turismo de luxo com aluguel de carros blindados e hospedagem em resorts durante viagens de trabalho.

Em outra frente, o Ministério Público do Trabalho investiga os motivos pelos quais diversos funcionários em topo da carreira foram lotados em agências bancárias e estão sendo subaproveitados.

Poesia | Paulo Mendes Campos - Sentimento do tempo

Música | Milton Nascimento - Canção da América