Folha de S. Paulo
Será crucial estabelecer com nitidez as
funções legítimas das Forças Armadas
No domingo passado (19/3), esta Folha abriu página inteira
para uma entrevista com
o senador Hamilton Mourão (Republicanos-RS). Nela, o general reformado criticou
a intenção do atual governo de proibir que militares da ativa ocupem cargos
públicos. A proposta, disparou, implicaria tratá-los como "cidadãos de
segunda categoria".
O cidadão Mourão foi vice de Bolsonaro, o
qual multiplicou o número de fardados nos altos escalões da administração
federal, às vezes com resultados desastrosos. Foi o caso da gestão da Saúde sob
a chefia do general Eduardo Pazuello; não deu outra no Conselho Nacional da
Amazônia Legal coordenado pelo mesmo Mourão.
Na Vice-Presidência, fez cara de paisagem
enquanto o chefe tentava tudo para envolver as Forças Armadas na ofensiva de
descrédito das instituições democráticas.
A derrota do putsch de 8/1 deveu-se à firmeza do novo governo —e ao fiasco da tentativa de nele engajar os quarteis. Na hora H, o Alto Comando das três Armas foi fiel a seu papel constitucional, ao contrário do que previam alguns especialistas.