quinta-feira, 23 de março de 2023

Maria Hermínia Tavares - A reconstrução de relações civis-militares na ordem democrática

Folha de S. Paulo

Será crucial estabelecer com nitidez as funções legítimas das Forças Armadas

No domingo passado (19/3), esta Folha abriu página inteira para uma entrevista com o senador Hamilton Mourão (Republicanos-RS). Nela, o general reformado criticou a intenção do atual governo de proibir que militares da ativa ocupem cargos públicos. A proposta, disparou, implicaria tratá-los como "cidadãos de segunda categoria".

O cidadão Mourão foi vice de Bolsonaro, o qual multiplicou o número de fardados nos altos escalões da administração federal, às vezes com resultados desastrosos. Foi o caso da gestão da Saúde sob a chefia do general Eduardo Pazuello; não deu outra no Conselho Nacional da Amazônia Legal coordenado pelo mesmo Mourão.

Na Vice-Presidência, fez cara de paisagem enquanto o chefe tentava tudo para envolver as Forças Armadas na ofensiva de descrédito das instituições democráticas.

A derrota do putsch de 8/1 deveu-se à firmeza do novo governo —e ao fiasco da tentativa de nele engajar os quarteis. Na hora H, o Alto Comando das três Armas foi fiel a seu papel constitucional, ao contrário do que previam alguns especialistas.

Ruy Castro - Perigoso esquecer Bolsonaro

Folha de S. Paulo

Ele não contava com a derrota e, como uma besta-fera que sangra, rosna por vingança

Leitores se queixam de que, depois de cem dias de novo governo em Brasília, eu e outros continuamos a falar de Jair Bolsonaro. "Por que essa fixação?", perguntam. "Por que não o esquecem e o mandam para a lixeira da história, que é onde ele merece estar?" A resposta é: porque não. Porque o governo de Bolsonaro ainda não terminou.

Isso só acontecerá quando o Brasil ajustar contas com ele —quando Bolsonaro for investigado, julgado e condenado. E a condenação a que me refiro não é um prejulgamento. Se Bolsonaro responder efetivamente por todos os crimes que praticou nesses quatro anos, não haverá tribunais ou grades suficientes. E não será por falta de provas —ninguém agrediu, ameaçou e mentiu com tal proficiência, envenenou de tal forma as instituições, levou tantos brasileiros à morte e, ao mesmo tempo, julgando-se imbrochável, produziu tantas evidências contra si mesmo. Está tudo documentado e em todas as mídias.

Thiago Amparo - Moro, PF e PCC

Folha de S. Paulo

É típico do ex-juiz ver segurança pública de forma sensacionalista

O plano da fação criminosa PCC de ataques a autoridades —entre elas o ex-juiz e hoje senador Sergio Moro (União Brasil – PR) e o promotor paulista Lincoln Gakiya, segundo a PF— é episódio de suma gravidade que não deve ser reduzido a farpas políticas, as quais deveriam cair no poço da irrelevância.

O episódio se soma à incidência recorrente de violência no Brasil. Em 2022, a violência política disparou 400% em comparação a 2018; e são comuns casos de juízes e promotores ameaçados no país. O que importa, agora, é avaliar o ocorrido.

É um alento verificar que a PF, depois de anos de tentativa de interferência pelo governo Bolsonaro —ao qual Moro serviu e do qual saiu, ao menos em suas palavras, em reação contrária a essa mesma interferência—, esteja hoje à frente do combate ao crime organizado.

Merval Pereira - Deter o Estado bandido

O Globo

A disputa do Estado de Direito com o Estado bandido, com as milícias, os comandos de criminosos de diversas facções é uma questão-chave de que o Brasil não cuida há muitos anos

Se não ficarmos atentos, se o governo não tomar providências drásticas, corremos o risco de ser submetidos a um estado narcotraficante, como aconteceu na Colômbia durante anos. Foi muito difícil acabar com esse domínio lá, foi preciso ajuda maciça dos Estados Unidos, com dinheiro e forças militares. É uma situação a que não podemos chegar.

Mais uma vez a realidade dramática do domínio de territórios pelo crime organizado nos afronta e nos amedronta. Não bastasse a sequência de crimes cometidos por facções criminosas disputando espaço no Nordeste brasileiro, surge a tentativa de intimidar a Justiça e o sistema penitenciário com atentados contra juízes, promotores, agentes penitenciários, que lidaram nos últimos anos com a iniciativa de controle dessas facções. Seja, como fez o hoje senador Sergio Moro quando ministro da Justiça, enviando as lideranças desses bandidos para prisões de segurança máxima em diversas regiões do país, seja tratando-os com o rigor da lei.

A criação de um Ministério da Segurança Pública, concretizada no governo Temer e revertida no de Bolsonaro, voltará à discussão. É o que sempre acontece quando fica evidente que o crime organizado está ampliando suas ações, nacionalizando e até internacionalizando sua presença na distribuição de drogas.

Malu Gaspar - As genialidades de Lula

O Globo

Já entrou para a história do terceiro mandato de Lula a carraspana que ele passou nos ministros para que parassem de anunciar “genialidades” em nome do governo sem combinar com ninguém. “É importante que nenhum ministro ou ministra anuncie publicamente qualquer política pública sem ter sido acordado com a Casa Civil, que é quem consegue fazer com que a proposta seja do governo.”

O que irritou Lula naquele dia foi a proposta do ministro Márcio França, dos Portos e Aeroportos, de vender passagens aéreas a R$ 200 para aposentados e servidores públicos — que, além de não ter sido combinada, também seria de difícil execução.

Depois foi o ministro da Previdência Social, Carlos Lupi, que resolveu baixar na marra os juros do empréstimo consignado para aposentados a um patamar inviável para os bancos, que simplesmente suspenderam o crédito.

Eugênio Bucci* - O algoritmo loquaz

O Estado de S. Paulo

A máquina nos convida para o papel de coadjuvantes na nossa própria história. E fala pelos cotovelos de silício

Sim, você sabe o que é o ChatGPT. Claro que sabe: já leu a respeito, já viu notícias nos telejornais e, talvez, até já tenha brincado com ele. O chatbot desenvolvido pelo Open AI Institute explodiu nas preferências das massas interconectadas. A versão 3,5, que funciona pela combinação de 175 bilhões de parâmetros simultaneamente, já bateu a marca de 120 milhões de usuários. A versão 4,0, a caminho, conta com 1 trilhão de parâmetros.

As pessoas não falam de outra coisa. As máquinas também: não falam de outra coisa. Isso mesmo: agora, as máquinas conversam, escrevem sobre temas abstratos, muito além do “pegue a segunda saída à esquerda” ou de “por favor, espere na linha, a sua ligação é muito importante para nós”. Computadores e celulares foram promovidos a seres falantes, e já com ares de seres pensantes. O sujeito vai lá e pergunta: “Que verso de Bocage eu posso citar para a minha namorada hoje no jantar?”. O negócio responde, por escrito. “Como faço um bolo de laranja?” Ele ensina, em um segundo. “Qual a diferença entre um emir e um califa?” “Quem foi Ésquilo?” “Como reverter o aquecimento global?” “Vladimir Putin é movido pelas paixões tristes de que falou Espinosa?” “A trigonometria será um dia dispensável em cálculos geométricos?” “Vale a pena ler artigos no Estadão?”

Bruno Boghossian - A língua de Lula

Folha de S. Paulo

Presidente deve saber que não está sozinho no ringue e que alguns golpes são dados abaixo da linha da cintura

A ala hidrófoba da oposição avisou que vai confeccionar um pedido de impeachment contra Lula. Os parlamentares alegam que o presidente cometeu crime de responsabilidade ao contar que, na prisão, falava em "foder esse Moro". A ideia da tropa bolsonarista é forçar a barra e pegar carona na operação que desarticulou um plano para atacar o ex-juiz.

A chance de a artimanha prosperar é nula. A Lei do Impeachment trata como crime a ameaça com o objetivo de afastar ou coagir um parlamentar –coisa que Lula não fez. E falta apoio a essa fantasia tanto na oposição dita moderada como entre políticos especializados em pôr a faca no pescoço de presidentes.

Luiz Carlos Azedo - "Sincericídio de Lula é prato feito para oposição"

Correio Braziliense

"‘Quem fala demais dá bom-dia a cavalo’, diz um velho ditado mineiro"

Shahriar era o rei da Persia, cujo império se estendia até a Índia e a China. Vendo-se enganado por sua esposa, ele se convence de que ninguém será fiel a ele; por isso, durante três anos, ele toma uma esposa à noite e manda executá-la na manhã seguinte, até se casar com a filha de seu vizir, Scherezade, notável por sua beleza e inteligência.

Por mil e uma noites seguidas, Scherezade recita um conto para ele até o amanhecer, tomando o cuidado de criar um suspense e deixar o desfecho para a noite seguinte. Ansioso para saber o final da história, Shahriar deixa a princesa viver mais um dia.

O pai da princesa Scherezade, Jafar, era o responsável pelas execuções. Até que chegou o dia em que todas as mulheres solteiras do reino foram executadas ou fugiram. Para livrar o pai de uma retaliação, por não encontrar mais uma noiva para o rei, Scherezade se oferece para se casar com Shahriar.

Inutilmente, o vizir tenta convencer a filha: "Aquele que não sabe adaptar-se às realidades do mundo sucumbe infalivelmente aos perigos que não soube evitar. Aquele que não prevê a consequência dos seus atos não pode conservar os favores do século", adverte-a.

Nem chegou às 100 noites de seu novo governo e o presidente Lula se depara com a situação descrita pelo vizir: não está sabendo se adaptar às novas realidades do mundo, corre perigos que poderia evitar e parece não medir as consequências de suas declarações. Na quarta-feira, na entrevista que deu aos jornalistas Leonardo Attuch, Helena Chagas, Tereza Cruvinel e Luís Costa Pinto, na TV 247, a primeira que concedeu ao vivo, atravessou a rua para escorregar na casca de banana.

William Waack - O profeta frustrado

O Estado de S. Paulo

Degradação do poder político e estagnação do crescimento ajudam a entender hesitação de Lula

Eu estou certo e o mundo está errado costuma ser uma postura típica de profetas. Às vezes precisam de séculos para terem razão.

Lula não é profeta, nem visionário, nem tem todo esse tempo. Mas, na vital esfera da política econômica, está se comportando como se fosse dono de uma verdade que só mal-intencionados se recusam a aceitar.

O presidente enxerga o crescimento da economia como função quase exclusiva do crescimento do consumo das famílias. Por sua vez, dependente de transferência de renda via políticas públicas e da expansão de gastos sociais.

Maria Cristina Fernandes - A âncora chinesa

Valor Econômico

Com possível adesão à “Belt&Road”, Lula pretende impactar expectativas do mercado com âncora fiscal

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva desembarcará no Brasil no dia 1º de abril de volta de sua viagem à China e aos Emirados Árabes não apenas com a esperada âncora fiscal, mas com compromissos encabeçados por uma possível adesão ao “Belt&Road” (Cinturão&Rota), iniciativa chinesa global de investimento em infraestrutura.

O adiamento da âncora fiscal para depois da viagem não se explica apenas pelos embates em torno dos limites dos gastos sociais nas novas regras, mas pela aposta no impacto dos resultados da viagem sobre as expectativas.

Mais do que a manutenção do juro, o azedume de seu comunicado pressiona por uma âncora mais dura. Por isso, a viagem ganha mais centralidade. Se o crescimento depende de investimentos, estes de confiança e esta, por fim, de austeridade fiscal, Lula pretende se tornar pivô desta equação. Se trouxer da China e dos Emirados Árabes ele arrancar uma penca de investimentos, não lhe venham por um garrote fiscal.

Cristiano Romero - Credit Suisse é o novo Lehman Brothers?

Valor Econômico

Supervisão bancária dos países ricos segue frouxa 15 anos depois

No dia 15 de setembro de 2008, o centenário banco de investimento americano Lehman Brothers quebrou. A crise financeira dos países ricos, que eclodiu em meados do ano anterior, espalhou-se, então, pelo restante do mundo, dados os efeitos sistêmicos que a falência do Lehman provocara nos mercados.

Até aquele momento, os chamados mercados emergentes ainda não haviam sido afetados pelo contágio da crise bancária, cujo epicentro estava nos EUA. A economia mundial vivia, desde o início deste século, o fenômeno do "boom" de commodities, resultante do crescimento acelerado, acima de dois dígitos ao ano, da China.

O Brasil era - e ainda é - um dos principais beneficiários do ciclo chinês por ser um produtor competitivo de commodities. Para crescer, os chineses precisam importar energia (principalmente, petróleo), minério de ferro e alimentos.

MDB prepara estratégia para aumentar número de prefeituras em 2024

A meta é chegar a outubro do ano que vem com cerca de 900 prefeitos filiados

Por Juliana Braga / Valor Econômico

BRASÍLIA - O presidente do MDB, Baleia Rossi, já começou os trabalhos para tentar superar em 2024 o número de 784 prefeituras eleitas em 2020.

Nas últimas eleições municipais, o partido encolheu, tendo saído de 1.044 gestões conquistadas no pleito anterior, mas conseguiu manter a posição de campeã de prefeituras.

Vinicius Torres Freire - Um arrocho exagerado de juros

Folha de S. Paulo

Baixa de juro depende de recessão mundial, asfixia no crédito no país e de plano fiscal de Lula, diz BC

Banco Central não deu a mínima para a falação do governo e outros críticos da taxa de juros. Fez questão de dizê-lo em várias das entrelinhas do comunicado em que anunciou sua decisão de manter a Selic em 13,75%. O BC nem mencionou a possibilidade de corte. Apenas citou a possibilidade de baixa da inflação caso a economia, aqui e lá fora, vá à breca.

Para quem se interessa pela política politiqueira da conversa econômica, este é o resumo da ópera.

O que o governo pode fazer? Como diz o clichê sobre o judô, usar a força do "adversário" para virar o jogo (sobre credores e sobre quem espera inflação alta). Se vier mais reação estabanada ou agressivamente maluca (mais gasto obrigatório, decretar juros e preços baixos etc.), a situação piora.

Sim, é bem possível que a economia vá ter falta de ar em breve. Maio? Vamos para um arrocho provavelmente exagerado por causa de querelas e ideias tolas e ignaras.

Míriam Leitão - Banco Central e governo em pé de guerra

O Globo

Após dias de bombardeio de críticas do PT e do presidente Lula, comunicado do Copom mantém os juros e não dá sinais de trégua futura

O Banco Central fez um comunicado, ao fim da mais controversa reunião dos últimos tempos, que se compara a uma declaração de guerra, na avaliação até de economistas de mercado. Integrantes do governo e do PT têm radicalizado também. E a palavra serena ficou com o ministro Fernando Haddad que admitiu apenas que “o comunicado preocupa”. Houve forte artilharia disparada pelo PT, pelo próprio presidente Lula, por economistas reunidos no BNDES contra o Banco Central. Como se esperava, os juros foram mantidos. Mas não houve promessa de trégua futura. O Banco Central parece muito preso ao modelo e sem ver os sinais de desinflação, de desaceleração, e de piora do crédito no país e no mundo.

Nos últimos dias, os críticos do Banco Central no governo radicalizaram suas manifestações e o próprio presidente Lula disse que continuará “batendo” no BC. No comunicado, o BC fala que a reoneração dos combustíveis reduziu a incerteza fiscal, mas disse que inflação aqui e no exterior permanece resistente, há volatilidade internacional e “expectativas de inflação desancoradas”. Avisa que “perseverá” na política monetária, e “não hesitará” em subir de novo os juros se a inflação não cair como o esperado.

Celso Ming - Banco Central peita o governo

O Estado de S. Paulo

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, considerou a decisão do BC “muito preocupante” e disse que as projeções do governo mostram que as contas públicas estão melhorando

Os bancos centrais do Brasil e dos Estados Unidos tomaram nesta quarta-feira decisões de grande impacto macroeconômico – e político.

Apesar da impressionante pressão do governo Lula por uma derrubada imediata dos juros básicos (Selic), o Banco Central do Brasil manteve os 13,75% ao ano, como se esperava, decisão que pode ser interpretada como franco desafio ao governo.

No comunicado divulgado logo após a reunião, o Copom deixou claro que um dos mais importantes fatores de risco de alta para o cenário inflacionário é a incerteza que ronda sobre o arcabouço fiscal, ainda não divulgado pelo governo. E avisou que “conduzirá a política monetária (política de juros) necessária para o cumprimento das metas”.

O governo Lula quer juros substancialmente mais baixos para baixar o custo do crédito e acionar a retomada da atividade econômica e do emprego. Ou seja, quer que o Banco Central não maneje a política monetária apenas para conduzir a inflação para a meta, como está na lei, mas com objetivo contracíclico – para reverter a estagnação da economia.

J. B. Pontes* - A lavagem cerebral e o analfabetismo político

“A ignorância, a cobiça e a má-fé também elegem seus representantes políticos”.

Carlos Drummond de Andrade

Pesquisa realizada pelo IPEC (Inteligência em Pesquisa e Consultoria Estratégica), neste mês, e divulgada no último domingo (19/03/2023), indica que 44% dos brasileiros acreditam que o Brasil corre risco de tornar-se um “país comunista” com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Destes, 31% afirmam acreditar totalmente nesta hipótese e outros 13% apenas parcialmente.

Este dado parece inacreditável, mas reflete a realidade de um país composto por uma multidão de ignorantes, que foram propositadamente alimentados pelos militares desde a ditadura militar, bem como pela má-fé e pelo mau-caratismo de líderes políticos, a exemplo de Bolsonaro, com o apoio nefasto de pseudo-líderes religiosos.

Tudo indica que os efeitos da lavagem cerebral que o povo sofreu nos últimos anos ainda se farão sentir por muito tempo. E só poderão ser mitigados por meio de uma revolução cultural, visando elevar a consciência política e democrática dessa multidão de ignorantes.

O analfabetismo político é um dos maiores mal deste País. É ele que continua elegendo o enorme grupo de parlamentares fisiológicos que compõe o chamado Centrão, os quais querem só gozar das prerrogativas, da boa remuneração e dos demais privilégios e benefícios pecuniários que o cargo lhes proporciona. Exemplo claro é a chamada verba de gabinete, destinada à contratação de pessoal para os gabinetes dos parlamentares.

O que a mídia pensa - Editoriais / Opiniões

Rever venda da Eletrobras é ideia sem cabimento

O Globo

Ao levantar o assunto, Lula semeia insegurança no mercado e deteriora ainda mais gestão da economia

Não tem cabimento a declaração do presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmando que pretende entrar com ação na Justiça para que o Estado retome o controle da Eletrobras, privatizada no ano passado. Ela é contrária ao interesse do país por, pelo menos, dois bons motivos. Primeiro, há uma questão prática. As chances de sucesso são ínfimas. A privatização foi aprovada pelo Congresso Nacional e chancelada pelo TCU. Segundo, há uma questão de mérito. A reestatização tornaria a empresa de novo um cabide de empregos, com baixa capacidade de investimento e alta vulnerabilidade a interferências políticas. Seria, ao contrário do que diz Lula, péssimo para o Brasil.

Lula descreve a privatização como “loucura”, mas insanidade era a Eletrobras nas mãos do Estado, em especial nas administrações do PT. Quando o governo Michel Temer deu início à preparação da empresa para ser privatizada, os funcionários somavam 26 mil. Quando o controle passou a investidores privados, caíram para 12 mil. Em fevereiro, cerca de mil foram demitidos, e há ainda 1.500 inscritos no plano de desligamento voluntário. Quando concluída, só essa redução de 2.500 na força de trabalho gerará economia de R$ 95 milhões mensais. Quem pagava a conta de todos os empregos públicos desnecessários mantidos por décadas? Nós, contribuintes.

Poesia | Provocações - Eu sou Mefistófeles...

 

Música | Mônica Salmaso - Quem te viu, quem te vê (Chico Buarque)