Deputados rejeitam denúncia de Janot contra o presidente por 251 votos a 233
Planalto sustenta que governo agora vai se concentrar na aprovação de mudanças na Previdência em plenário e na tentativa de unificar a base — que cobrou caro pela vitória — para as eleições de 2018
Menos de três meses após rejeitar a denúncia por corrupção passiva contra o presidente Temer, a Câmara barrou também a que acusava o peemedebista e seus ministros Eliseu Padilha e Moreira Franco de organização criminosa e obstrução de Justiça. Com um balcão de negócios aberto para conseguir a vitória, o Planalto obteve 251 votos a favor do relatório que rejeita a denúncia do ex-procurador-geral Rodrigo Janot. Votaram contra Temer 233 deputados, dois se abstiveram e 25 se ausentaram. Livre, por ora, dos obstáculos jurídicos, o governo vai tentar aprovar a reforma da Previdência e ampliar a coalizão política.
TEMER FICA
Deputados livram presidente
Apesar do resultado favorável, Planalto não obteve sequer a maioria dos votos da Casa
Cristiane Jungblut, Catarina Alencastro, Eduardo Bresciani e Vinicius Sassine | O Globo
-BRASÍLIA- A Câmara sepultou ontem a segunda denúncia apresentada pelo ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot contra o presidente Michel Temer. O Legislativo ficou cinco meses ocupado com a discussão de duas denúncias contra Temer, ambas rejeitadas pelos deputados. O pedido de investigação de Temer e dos ministros Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco (Secretaria Geral da Presidência), por organização criminosa e obstrução à Justiça, foi rejeitado por 251 a 233 votos, além de duas abstenções e 25 ausências. Apesar da abertura de um verdadeiro balcão de negócios, Temer obteve 12 votos a menos do que na primeira denúncia, e a oposição, seis a mais. Apesar da diferença pequena, desta vez Temer sequer obteve a maioria dos votos da Câmara.
Temer termina, assim, quase um semestre inteiro de desgaste político e tem, agora, seu caminho para terminar o mandato livre dos maiores obstáculos. A primeira denúncia, por corrupção passiva, chegou à Câmara em 29 de junho, e a segunda, em 21 de setembro. Foi a primeira vez que um presidente da República tornou-se alvo de ação penal, e por duas vezes. Para ser aprovada, a denúncia precisaria de pelo menos 342 votos, ou dois terços dos 513 deputados. Agora, o foco, tanto do governo quanto do Congresso, é tentar retomar a agenda de reformas que acabou interrompida. A primeira tentativa será a reconstrução do texto de uma reforma da Previdência que tenha alguma chance, ainda que dependente de negociação.
Logo após a votação, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, disse acreditar que é possível o governo reconstruir sua maioria parlamentar caso não faça retaliações contra deputados que votaram contra o governo.
— Temos uma base hoje muito sofrida, então tem que reorganizá-la. Não adianta ficar falando mal de quem votou contra. Agora é reorganizar os partidos. Acho que o PSDB pode ter um papel importante, os partidos da base ajudaram muito, mas em todos as legendas teve perda. Se ficarmos olhando para trás, vamos continuar travando a possibilidade de votações importantes para o Brasil — alertou Maia.