terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

OPINIÃO DO DIA: Fernando Henrique Cardoso

Se olhar pra frente, falta gás, falta visão para entender qual é o rumo. Chegou a hora de repensar o modelo federativo adequado a esse novo rumo. Está chegando novamente o momento em que é preciso dar uma nova virada no País. Um ''sacolejão nacional". Precisamos de gente com visão de Estado, de gente que crie condições de fazer com que as pessoas acreditem de novo.”

Fernando Henrique Cardoso, Palestra na USCS (Universidade Municipal de São Caetano)., Diário do Grande ABC, 17/02/2014

Conta de luz pode subir 15% com uso de térmicas

BRASÍLIA, SÃO PAULO e RIO - As contas de luz terão de ser reajustadas em aproximadamente 15% caso o governo federal decida cobrir apenas metade do rombo causado no caixa das distribuidoras de energia elétrica por causa do uso intensivo das usinas térmicas, em razão da falta de chuvas. Segundo fontes oficiais, essa é a alternativa mais provável.

Em um cenário considerado realista, em que o preço de compra da energia caia um pouco ao longo do ano, esses gastos deverão variar entre R$ 10 bilhões e R$ 13 bilhões. Se o governo cobrir metade, terá de acomodar entre R$ 5 bilhões e R$ 6,5 bilhões em novos gastos orçamentários, o que dificultará ainda mais a fixação de uma meta de superávit primário em torno de 2% neste ano. Há dúvida, também, sobre como será pago o restante da conta pelos consumidores.

Um reajuste de 15%, em ano eleitoral, prejudicaria o discurso político da presidente Dilma Rousseff, que anunciou em cadeia nacional de rádio e TV a redução de 20% no preço da energia elétrica no ano passado. Esse é o debate que toma conta do governo no momento e as principais autoridades da área econômica tentam encontrar uma saída para o problema em que se transformou o setor elétrico neste ano.

Apesar das chuvas do fim de semana, manteve-se a tendência de redução do nível dos reservatórios das usinas hidrelétricas. No subsistema Sudeste/Centro-Oeste, o principal do país, o nível baixou mais 0,1 ponto percentual de sábado para domingo, quando ficou em 35,5% da capacidade. No mês, o nível médio das represas nas duas regiões - responsáveis por 70% da capacidade de armazenamento total do país - acumulam queda de 4,8 pontos percentuais. Ontem, pela primeira vez, Maurício Tolmasquim, presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), admitiu que o cenário hidrológico é pior que o de 2001, véspera do apagão no governo Fernando Henrique Cardoso.

Fonte: Valor Econômico

Dilma nega 'momento político fácil' após jantar com prefeitos do PMDB

Presidente exaltou a parceria nos estados e defendeu a aliança nacional com o partido que se rebela na Câmara em retaliação à não nomeação de mais um ministro

Erich Decat

BRASÍLIA - A presidente Dilma Rousseff considerou na noite desta segunda-feira, 17, que o governo não enfrenta um momento político e uma conjuntura internacional fáceis. A avaliação da presidente foi feita em jantar no Palácio do Jaburu, residência oficial do vice-presidente Michel Temer (PMDB), em Brasília, que contou com a participação de integrantes da cúpula da legenda e cerca de 70 prefeitos do partido do Estado de São Paulo, além do provável candidato do partido ao governo paulista, Paulo Skaf.

"Nós não estamos enfrentando um momento político, uma conjuntura internacional muito fácil", afirmou Dilma. "Mas ao longo desse tempo, nós conseguimos juntos manter o emprego, garantir um crescimento do rendimento e da renda média do brasileiro".

Durante o discurso de saudação, Dilma ressaltou várias vezes a importância da aliança com o PMDB e entoou para a plateia o bordão de que as conquistas do governo "são só um começo e não um fim". Tema que deve fazer parte da campanha à reeleição da petista.

"Fico também muito feliz de estar aqui hoje porque eu acredito que nós temos, lançadas todas as bases, para um processo eleitoral respeitoso, combativo, e que o tema nosso é que nós sempre podemos fazer mais, porque tem uma característica do nosso governo. Toda conquista nossa é só um começo. Toda conquista para nós não é o fim do caminho, como muitas vezes para outros têm sido", afirmou Dilma.

Em outro momento, a presidente também ressaltou a importância de manter o atual arco de partidos na aliança nacional.

"Queria dizer para vocês que eu acho importantíssimo para o meu governo, para a nossa eleição a presença e a força que esse arco, que compõe a aliança do meu governo, no qual se baseia o meu governo, se baseia politicamente, que está expresso em alguns partidos".

Em meio às disputas entre o PT e PMDB em vários Estados do país, Dilma também defendeu que seja mantida a militância em torno do projeto nacional. "Nós temos de tentar reproduzir essa nossa aliança onde nós pudermos, mas isso não significa que no lugar que ela não ocorrer, não será muito bem-vinda a presença, a militância, a participação dos prefeitos das prefeitas".

Antes do discurso, os prefeitos presentes no jantar aproveitaram para tirar fotos com a presidente que deverão para ser divulgadas nos respectivos municípios. "Grandes parte deles me disse logo na chegada: olhe nós queremos é tirar uma foto com a presidente Dilma. E por isso que a senhora teve que ficar um tempão tirando as fotos que serão exibidas em todos os municípios do Estado de São Paulo", brincou Michel Temer no microfone.

Fonte: O Estado de S. Paulo

Líder do PSDB em Minas chama Dilma de 'cara de pau'

Em nota, deputado Marcus Pestana usa o mesmo adjetivo que a presidente se valeu para definir críticos do governo na semana passada, ao comentar a promessa da petista para duplicação de rodovia

Marcelo Portela

BELO HORIZONTE - O líder do PSDB mineiro, deputado federal Marcus Pestana, chamou, nesta segunda-feira, 17, a presidente Dilma Rousseff de "cara de pau". O adjetivo, o mesmo utilizado por Dilma na semana passada para se referir a críticos do governo, foi usado em nota assinada, na qual o tucano comenta a promessa de duplicação da BR-381, que a presidente fez nesta segunda durante passagem por Governador Valadares.

"Estão prometendo na véspera das eleições de 2014 tudo o que prometeram nas eleições de 2002, 2006 e 2010 e não fizeram. Permita-me a franqueza, mas isso é que é cara de pau, presidente!", diz o texto assinado pelo tucano, que deve participar da coordenação da provável candidatura presidencial do senador Aécio Neves (PSDB-MG).

"Depois de dez anos ignorando as mortes na BR-381, Dilma improvisa mais uma promessa dizendo que aumentará o trecho da rodovia a ser duplicado. É mais uma promessa para o próximo governo cumprir. O governo do PT teve tempo e dinheiro e não ajudou Minas por que não quis", acrescenta.

Mais cedo, em visita a Governador Valadares, no leste de Minas, Dilma havia prometido que o trecho da rodovia que passa pelo município também terá obras de duplicação, apesar de o projeto já licitado prever apenas melhorias na pista.

Ao desembarcar na cidade, Dilma afirmou que é costume levar "presente" ao lugares que visita. "Meu presente aqui é que nós resolvemos que é justo, legítimo, adequado que a (duplicação da) BR-381 chegue a Governador Valadares. Isso foi aprovado e vai ocorrer", declarou a presidente em entrevista à rádio Globo AM, anúncio repetido nos dois eventos oficiais dos quais participou no município - formatura de alunos do Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec) e entrega de máquinas para prefeituras.

A duplicação da BR-381, conhecida como "Rodovia da Morte", é um dos principais temas de críticas dos adversários do governo federal em Minas e Aécio, presidente nacional do PSDB, chegou a afirmar que a estrada seria feita "pela metade" por causa da falta da duplicação em parte dos 11 lotes que começaram a ser licitados a partir de junho do ano passado.

Os lotes 7 e 8 da rodovia, que vão de Periquito a Valadares e já foram licitados, não preveem obras de duplicação, mas apenas trabalhos de melhoria na estrada. Em nenhum momento Dilma informou como será feita a obra. Mas, de acordo com a assessoria do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), terá que ser feito um ou mais aditivos aos contratos.

Fonte: O Estado de S. Paulo

Congresso resiste a projeto de Dilma

Presidência da Câmara quer aprovar o regime de urgência para a proposta do Planalto que "regulamentará" as manifestações pelo país, mas líderes pretendem anexar o texto enviado pelo governo a outros em tramitação no parlamento

João Valadares, Étore Medeiros, André Shalders e Rodrigo Antonelli

Após o governo federal anunciar que encaminhará ao Congresso projeto para “regulamentar” as manifestações de rua, o presidente da Câmara dos Deputados, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), vai propor hoje, durante reunião de líderes, aprovação do regime de urgência para as matérias que tratam do tema. A intenção é anexar o projeto do Executivo, que deve ser enviado ainda nesta semana, às matérias que tramitam na Casa. Henrique não garantiu que a proposta governista será tratada com prioridade. Dessa maneira, em ano de calendário apertado e com a pauta ainda trancada, o governo federal tenta costurar um acordo para que o texto seja votado o mais rápido possível.

A Câmara deve priorizar o Projeto de Lei nº 5.964/2013, de autoria do deputado Rogério Peninha Mendonça (PMDB-SC). A proposta proíbe a utilização de máscaras, capuzes e mesmo de pinturas de rosto e qualquer aparato que dificulte a identificação do manifestante. De acordo com o texto, estão resguardadas festas populares, folclóricas e religiosas. “Vamos tentar agregar e votar a melhor proposta construída sem qualquer radicalismo em nenhuma direção. O ideal é tramitar juntos no aperfeiçoamento e equilíbrio”, afirmou Henrique Eduardo Alves.

Antes mesmo de o projeto do Executivo chegar à Câmara, a polêmica já é grande. “Temos vários projetos, jogamos na gaveta e vamos analisar o projeto porque a dona Dilma quer ser a autora? Regimentalmente, deve ser apensado aos que já tramitam. Não podemos nos curvar tanto ao ponto de nos deixarmos substituir pelo Executivo”, defende o líder da minoria, deputado Domingos Sávio (PSDB-MG), que não descarta analisar a proposta do Planalto.

O líder do DEM, Mendonça Filho, criticou a postura do Planalto. “O Congresso precisa debater esse assunto. Agora, o que não podemos admitir é que seja feito com o viés eleitoreiro que vem sendo imposto pelo governo, que está buscando formas de se garantir contra as manifestações populares que ocorrerão durante a Copa”, ressaltou.

Na sexta-feira, sem antecipar detalhes da proposta, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, disse que “a ideia é propor uma lei equilibrada e sem excessos”. Cardozo refere-se indiretamente às tentativas de criminalização do vandalismo e do terrorismo em tramitação no Congresso. A preocupação do governo é ser tachado como antidemocrático, caso uma dessas propostas vingue e se torne lei. “Teremos nos próximos dias definição desse texto, que tem como objetivo assegurar a liberdade de manifestação”, disse Cardozo. Uma das possibilidades discutidas pela pasta para o combate à violência nos protestos, sem a criação de tipos penais, é propor o aumento da pena para crimes já previstos no Código Penal caso sejam cometidos em manifestações.

Fifa
Após a última visita de inspeção ao Estádio Nacional Mané Garrincha, ontem, o secretário-geral da Fifa, Jérôme Valcke, mostrou preocupação com possíveis protestos violentos durante a Copa do Mundo. Questionado sobre a atuação dos black blocs, o dirigente afirmou que espera apoio do governo e defende a ação da polícia para que os torcedores entrem nos estádios.

“Entendo que as manifestações são direito de toda nação democrática. Mas os protestos violentos devem ser coibidos. E só há uma maneira de lutar contra isso, que é usar a polícia”, respondeu. “O público também tem o direito de ver os jogos”, completou Valcke, antes de pedir para que o ministro do Esporte, Aldo Rebelo, também presente na vistoria do Mané Garrincha, falasse sobre o assunto.

Lembrando-se do cinegrafista Santiago Andrade, morto na última segunda-feira após ser atingido por um rojão, durante manifestação no Rio de Janeiro, o ministro foi direto. “Ele foi assassinado brutalmente e agora os responsáveis estão presos. Eles serão processados e julgados pelo crime que cometeram, e é isso que tem que acontecer sempre: a aplicação da lei, com ou sem Copa”, pontuou.

Na tarde de ontem, o senador Romero Jucá (PMDB-RR) assegurou que o polêmico projeto sobre terrorismo, bastante criticado na semana passada por ser vago e abrir margem para criminalização de movimentos sociais, não está morto. “A gente combinou de o senador Eunício Oliverira ser o relator. Ele trará contribuições. O texto não é vago. O PT falou sobre o que não leu”, afirmou. O senador Humberto Costa (PT-PE) comparou o projeto ao AI-5, o conjunto de decretos emitidos pelo regime militar após o golpe de 1964. “É bom deixar muito bem claro que eu jamais me prestaria ao papel, como alguns querem vender, de proibir manifestações livres, democráticas, no Brasil. É urgente darmos, sim, um contorno jurídico concreto para a repressão aos atos terroristas”, salientou Eunício.

Colaborou Adriana Caitano

Fonte: Correio Braziliense

Dilema sobre o que é terrorismo

Especialistas apontam que a dificuldade em conceituar o crime se repete em outros países e causa controvérsia nas relações internacionais

Amanda Almeida, Renata Mariz

As polêmicas em torno da criminalização do terrorismo no Brasil, apressada pelo Congresso para entrar em vigor até a Copa do Mundo, se repetem em países que já têm legislação sobre o assunto. Além da dificuldade de conceituar o delito, a aplicação causa controvérsia nas relações internacionais. Um exemplo é a detenção por nove horas do brasileiro David Miranda em agosto do ano passado, no Aeroporto de Heathrow, em Londres, justificada pelas autoridades britânicas com artigo da lei antiterrorista do país. Para o Itamaraty, a prisão do companheiro do jornalista Glenn Greenwald, que denunciou a espionagem norte-americana, foi “medida injustificada”.

Brechas na legislação que podem atingir inocentes e restringir liberdades também se tornaram preocupação no Brasil desde que o projeto em discussão no Senado ganhou força na semana passada. O texto foi apontado por congressistas como forma de combate à violência em protestos, após a morte do cinegrafista Santiago Ilídio de Andrade, atingido por rojão em manifestação no Centro do Rio de Janeiro. A matéria, do senador Romero Jucá (PMDB-RR), tipifica o terrorismo, mas, para especialistas, contém conceitos vagos, que abrem margem para condenações arbitrárias.

“Na edição do Estatuto de Roma, em 1998, que definiu os crimes contra a humanidade, a criminalização do terrorismo foi rechaçada pelos signatários, justamente por não possuir elementos seguros de definição. Não é tema pacífico na doutrina jurídica. Mesmo na Alemanha, que experimentou movimentos terroristas de verdade, não foi possível obter um consenso sobre como defini-lo”, comenta Juarez Tavares, professor de direito penal da Universidade do Estado do Rio Janeiro e subprocurador-geral da República aposentado.

O atentado à Maratona de Boston, em abril de 2013, é apontado pelo diretor do Centro de Direito Internacional, Délber Lage, como exemplo da dificuldade de se aplicar a definição de terrorismo. 

“Muitos teóricos não classificaram o caso como terrorismo, embora tenham causado pânico nas pessoas. Eles alegaram ausência de um grupo minimamente organizado que tenta se valer do terror com uma finalidade política. Diferentemente do Osama bin Laden, não teria sido possível saber o que motivou o que o autor queria”, avalia. Dzhokhar Tsarnaev, da Chechênia, responde na Justiça, com o irmão, por terrorismo. O ato, com bombas artesanais, deixou três mortos e mais de 280 pessoas feridas.

Propostas
O texto de Jucá diz que terrorismo é “provocar ou infundir terror ou pânico generalizado mediante ofensa ou tentativa de ofensa à vida, à integridade física ou à saúde ou à privação da liberdade de pessoa” e prevê pena de 15 a 30 anos de prisão para o crime. “É inegável que o Brasil, que vai receber delegações de vários países, pode ser alvo de alguma ameaça terrorista. Mas não sei se uma legislação que criminaliza contribui para a prevenção desses atos. Até porque, para a maioria dos atos terroristas, ser crime ou não é algo que conta pouco, já que o autor vai morrer”, avalia Lage.

A criminalização do terrorismo também está prevista na reforma do Código Penal, em tramitação no Congresso. Para senadores, o último texto exclui manifestantes do alvo da legislação. Segundo o texto, terrorismo é “causar terror na população mediante condutas” como as que “tiverem por fim forçar autoridades públicas, nacionais ou estrangeiras, ou pessoas que ajam em nome delas, a fazer o que a lei não exige ou deixar de fazer o que a lei não proíbe”.

Para Cláudio Finkelstein, coordenador da área de direito internacional da pós-graduação da PUC São Paulo, o Brasil deve se inspirar nas discussões coletivas sobre o assunto. “Ainda que internamente possa haver legislações com peculiaridades, o terrorismo desconhece fronteiras. Por isso, os países tentam estabelecer parâmetros assemelhados, inclusive no foro das Nações Unidas.”

Pelo mundo
Veja como a legislação define terrorismo em alguns países:

Estados Unidos
A violência com o propósito de intimidar e coagir a população civil, influir em políticas do governo com intimidações e afetar o governo por meio de assassinatos e sequestros é considerada terrorismo.

França
Atos individuais e coletivos praticados com a intenção de perturbar a ordem pública por intimidação ou terror são enquadrados como terrorismo.

Inglaterra
A lei considera terrorismo o uso de qualquer tipo de violência com o propósito de impor medo no público ou em parcela dele. Suspeitos podem ser interrogados por até oito horas em áreas de trânsito internacional.

Portugal
Considera-se associação terrorista todo o agrupamento de duas ou mais pessoas que visem prejudicar a integridade nacional, impedir, alterar ou subverter o funcionamento das instituições do Estado, forçar a autoridade pública a praticar um ato ou ainda a população em geral.

Arábia Saudita
Qualquer ato ilegal que mine, direta ou indiretamente, a ordem social, a segurança e a estabilidade do Estado ou ameace a unidade nacional.

Fonte: Correio Braziliense

Jarbas Vasconcelos (PMDB) defende a alternância do poder

Ferrenho opositor aos governos do Partido dos Trabalhadores (PT), o senador Jarbas Vasconcelos (PMDB) destacou em discurso, ontem, na tribuna do Senado Federal, que o melhor para o Brasil é a saída do PT do comando do Palácio do Planalto.

"Quando um partido político que está no governo se transforma numa seita fundamentalista com dificuldades em aceitar o contraditório, a democracia nos assegura o melhor remédio para evitar o pior: a alternância do poder. É esse cenário que vislumbro para as eleições presidenciais deste ano", afirmou Jarbas.

Para o senador peemedebista, o PT foge dos problemas. "É sempre assim: quando não é a oposição, os petistas responsabilizam as ‘elites’, os países ricos, a Europa, os Estados Unidos, a ‘grande mídia’, a direita, os conservadores. Agora surgiu um novo personagem: o ‘terrorista’, todo aquele que ousa falar das fragilidades criadas no País pelo governo do PT, que está à frente da Presidência da República há quase doze anos."

Falando em "ilha da fantasia", o senador - dissidente do PMDB nacional que apoia a gestão do PT - afirmou que a presidente Dilma Rousseff vive uma redoma.

"O governo Dilma prefere continuar vivendo sob uma redoma de vidro opaco e blindado, ofuscado pelo próprio marketing, por meio do qual é vendida a fantasia de que o programa Mais Médicos resolveu os problemas da saúde, que as obras do PAC estão com uma execução satisfatória e que a maioria dos brasileiros está satisfeita com a atual situação do nosso País", provocou.

Jarbas Vasconcelos disse que o PT foi o partido brasileiro contemporâneo que mais torceu e trabalhou "furiosamente" contra todos os governos aos quais fez oposição. "Foi essa postura falsamente purista que levou os petistas a rejeitarem a Constituição de 1988 e a trabalhar e votar contra o Plano Real, o Proer, a Lei de Responsabilidade Fiscal e as metas de inflação, durante os governos de Itamar Franco e Fernando Henrique Cardoso. O PT era o ‘black bloc’ das décadas de 1980 e 1990 e início deste século", ironizou o peemedebista.

Fonte: Jornal do Commercio (PE)

Fernando Henrique diz que é preciso mudar o rumo do País

Em evento para empresários em Santo André, ex-presidente criticou política e economia brasileira e disse que é preciso 'gente com voz'

Carla Araújo e Ricardo Chapola

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (FHC) afirmou nesta segunda-feira, 17, que é preciso mudar o rumo do País. "Chegou a hora de repensar o modelo federativo adequado a esse novo rumo", disse, durante palestra a empresários em Santo André (SP).

Segundo FHC, está faltando uma visão mais clara de quais são os desafios para os anos que virão. "Se olhar pra frente, falta gás, falta visão parar entender qual é o rumo", reforçou. Para FHC, é preciso ainda investir na reconstrução do futuro. "Está chegando novamente o momento em que é preciso dar uma nova virada no País. Um ''sacolejão nacional", disse.

O ex-presidente afirmou ainda que as lideranças brasileiras deveriam se entender para o País dar um salto adiante. "Precisa de gente com voz. Precisamos com gente de visão de Estado, de gente que crie condições de fazer com que as pessoas acreditem de novo", disse.

Durante a palestra, FHC criticou o grande número de partidos políticos e disse que é um "absurdo" que o País tenha 30 legendas. "Não são partidos, são blocos de interesse para pegar um pedaço do Estado", afirmou.

O ex-presidente disse que o sistema está "começando a pipocar". "A máquina pública está rendendo cada vez menos porque o corporativismo toma conta. Nós geramos um monstro que foi esse sistema, que não dá mais para funcionar. E nós vamos ter que mudar", reforçou.

FHC afirmou ainda que o Brasil está perdendo competitividade. "Não dá mais para fechar a economia. E se não dá, vamos trabalhar, vamos tomar as decisões pertinentes", afirmou. Segundo ele, o Brasil tem condições de ser mais competitivo, mas está perdendo espaço. "Nós temos que nos preparar sem medo de abrir mais a competição."

Citando dificuldades nas relações comerciais com os Estados Unidos e com a União Europeia, o ex-presidente avaliou que a política comercial brasileira "está deixando o País isolado".

FHC deu as declarações durante a palestra "O Futuro do Desenvolvimento dos Municípios com Ênfase no Grande ABC". A palestra, promovida pelo Diário do Grande ABC, reuniu cerca de 200 empresários.

Fonte: O Estado de S. Paulo

PPS divide-se na montagem dos palanques

O apoio do PPS não deve garantir palanques estaduais para o candidato do PSB à Presidência, o governador de Pernambuco, Eduardo Campos. O partido enfrenta divisões internas em Estados como São Paulo e é vinculado ao candidato tucano à Presidência, o senador Aécio Neves, em Minas Gerais.

A posição da bancada é de permanecer apoiando a reeleição do governador Geraldo Alckmin (PSDB) em São Paulo. Eduardo Campos ainda tem uma base frágil em São Paulo, é pouco conhecido e conta com tempo escasso na televisão. Ele ganha mais espaço para influenciar em São Paulo se vinculando a quem tem 40% de intenções de voto do que lançando uma candidatura própria local só para acumular forças no futuro", disse o deputado federal Arnaldo Jardim (SP), integrante da executiva nacional.

Jardim participava da reunião do diretório nacional do PPS que formalizou o apoio a Campos. A seu lado, o vereador paulistano Ricardo Young defendia a formação de uma frente reunindo o PPS, o PSB e o PV. "O importante é gerar uma alternativa que não aliene o eleitor jovem. Alckmin representa o que existe de mais conservador na política paulista", afirmou Young, um empresário do setor de educação que entrou na política em 2010, apoiando a candidatura presidencial derrotada da ex-senadora Marina Silva (PSB).

No evento, a deputada estadual mineira Luzia Ferreira dirigiu a palavra a Eduardo Campos e avisou: "em Minas Gerais temos outro candidato de oposição à Presidência", em uma referência a Aécio. Em seguida, a parlamentar perguntou se já existia algum compromisso entre Campos e Aécio para apoio mútuo no segundo turno. Campos foi evasivo. Destacou que mantém boa relação com Aécio, mas que jamais apoiaram os mesmos candidatos nos últimos 30 anos.

O presidente nacional do PPS, Roberto Freire, procurou minimizar a pouca convergência dos dois partidos no plano regional. "Não é o local que vai determinar a política nacional. Não existe candidatura a presidente que se construa a partir dos Estados. Onde os impasses não forem superados, devemos ter capacidade de não torná-los obstáculos para a eleição presidencial", disse.

"A nossa pauta não pode ser a dos palanques regionais, mas sim discutir crescimento, balança comercial, inflação e o esvaziamento da indústria ", confirmou Campos.

Fonte: Valor Econômico

Campos tenta se aliar a Barbosa para lançá-lo ao Senado

Provável candidato à Presidência escala ex-corregedora da Justiça Eliana Calmon para aproximar presidente do Supremo do PSB

João Domingos e Felipe Recondo

BRASÍLIA - O PSB do governador Eduardo Campos planeja uma nova ação política de impacto, semelhante à da entrada no partido da ex-ministra Marina Silva e sua Rede Sustentabilidade: a filiação do presidente do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa.

Relator do processo do mensalão e responsável por levar à prisão parte da antiga cúpula do PT, Barbosa será convidado a disputar, pelo partido, a vaga de senador pelo Rio de Janeiro. Pela legislação eleitoral, ele pode se filiar ao partido até 5 de abril, seis meses antes da eleição.

De acordo com integrantes do PSB, Eduardo Campos "tem loucura" para saber quais os planos políticos do ministro Barbosa. Sem contato com o presidente do STF, e tomando todos os cuidados para não fazer uma sondagem que pareça assédio político, Campos escalou a ex-corregedora da Justiça Eliana Calmon, também ex-ministra do Superior Tribunal de Justiça (STJ) para fazer a aproximação. No STF e no STJ é dada como certa a saída do presidente do STF. Mas ele quer, primeiro, concluir o processo do mensalão, pois ainda há recursos a serem julgados. O próprio Barbosa tem confidenciado que acha improvável que a ação termine até o prazo para a desincompatibilização.

O ministro, no entanto, tem dado esperanças ao PSB. Convidado a entrar no partido no dia 19 de novembro pelo presidente da legenda no Rio, deputado Romário Farias, ele não descartou a oferta. No último sábado, por intermédio da assessoria do STF, divulgou nota segundo a qual não será candidato a presidente da República.

Mas não rejeitou outros cargos. Ele afirmou ainda que dificilmente ficará no Supremo até seus 70 anos, idade da aposentadoria compulsória. Ele tem 59 anos. Sabe-se que seus planos de sair têm relação com a posse do novo presidente da Corte, Ricardo Lewandowski, que tomará posse em novembro. A relação entre os dois são ruins.

Diante desse quadro, Eduardo Campos vem insistindo para que Eliana Calmon converse com Barbosa. Ela será candidata do PSB ao Senado pela Bahia.

'Player'. Eliana Calmon confirmou ao Estado que foi escalada por Campos para sondar Barbosa, mas ainda não conseguiu conversar com o presidente do Supremo. Na primeira investida, um assessor próximo do ministro descartou a possibilidade de ele sair candidato, mas a ex-corregedora deve procurar Barbosa para um contato direto após o carnaval.
A amigos, o ministro teria dito que, depois do julgamento do mensalão, considera-se um "player" no processo eleitoral deste ano.

Em dezembro do ano passado o Estado ouviu os dirigentes dos 32 partidos filiados ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sobre a possibilidade de oferecerem legenda para Joaquim Barbosa. A metade lhe negou espaço, com as justificativas mais diversas possíveis. O tucano Aécio Neves, que é candidato à Presidência da República, disse que Barbosa cumpre um importante papel no STF. "O ministro cumpre um papel como presidente do STF que honra os brasileiros. Nosso respeito pelo ministro é tão grande que nem sequer aventamos essa hipótese", afirmou na época o senador e presidente do PSDB.

Outros partidos, como o PPS, que faz parte da aliança de Eduardo Campos, disseram que não dariam a legenda a Barbosa. Da mesma forma agiram o PP, o PMDB e o PTB e PCO. O PEN admitiu ceder legenda ao ministro.

Fonte: O Estado de S. Paulo

Contas do estado são trunfo de Eduardo para campanha eleitoral

Governador contabiliza bons resultados econômicos que reforçam críticas ao governo federal

Rosa Falcão

Em um ano em que o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), deve sair candidato à Presidência da República contra a ex-aliada Dilma Rousseff (PT), o estado entra no seleto grupo de 11 das 27 unidades da Federação que gastam menos que arrecadam com a folha de salários. O comprometimento da Receita Corrente Líquida (RCL) com as despesas de pessoal fechou 2013 abaixo do limite prudencial de 45% exigido pela Lei de Responsabilidade Fiscal (LFR). A meta do governo estadual é reduzir ainda mais este percentual neste ano. O total dos gastos com o funcionalismo público foi de R$ 7,7 bilhões em 2013 e deverá atingir a soma de R$ 8,3 bilhões este ano.

A queda do Produto Interno Bruto (PIB) e o desaquecimento da economia brasileira têm sido os principais motes de Eduardo contra o governo petista. E a boa performance das contas do estado, apresentadas ontem pelo secretário de Administração, Décio Padilha, chega a ser um trunfo para o presidenciável socialista. Segundo Padilha, o resultado foi conquistado com algumas medidas de otimização das despesas com pessoal. Ele cita o recenseamento dos servidores, o uso da tecnologia da informação para o controle da folha, além das auditorias que evitaram pagamentos irregulares. Ele citou também a redução de 3,9 mil funcionários temporários. Resultado: a economia de R$ 194 milhões nas despesas com pessoal em 2013. Do lado do custeio da máquina houve o corte de R$ 420 milhões.

A pouco mais de 40 dias do prazo da desincompatibilização do governador Eduardo Campos para disputar a Presidência da República, Padilha garante que Pernambuco fechará o ano de 2014 com as contas ajustadas. Segundo o secretário de Administração, das 29 categorias profissionais, apenas sete estão em processo de negociação salarial. As demais fecharam acordos em 2013. “A nossa previsão é aumentar 7,6% as despesas com pessoal este ano, mas vamos bater a meta de reduzir o comprometimento de pessoal para 44,5%”.

Padilha se queixou da queda de receitas do estado em 2012 e 2013. Citou a redução da arrecadação do ICMS (principal fonte de receitas dos estados) provocada pela desaceleração da economia com a revisão para baixo do PIB. De acordo com o secretário, a desoneração do Imposto sobre Produtos Industrializadods (IPI) do setor de veículos e da linha branca para estimular o consumo também provocou perdas nos repasses do Fundo de Participação dos Estados (FPE), a segunda maior fonte de receitas.

Fonte: Diário de Pernambuco

Petistas insistem em ficar no governo do PSB em Pernambuco

Cargos no governo do estado deveriam ter sido entregues na segunda-feira

Letícia Lins

RECIFE - O diretório regional do PT adiou para esta terça-feira a decisão sobre o destino dos filiados ao partido que ainda permanecem trabalhando em cargos comissionados no governo Eduardo Campos (PSB). O governador de Pernambuco, pré-candidato à Presidência da República, rompeu com os petistas em 2012, quando lançou o nome do hoje prefeito Geraldo Júlio (PSB) para disputar a sucessão municipal, acabando com o domínio de 12 anos do PT à frente da prefeitura de Recife.

A Executiva petista havia decidido que segunda-feira seria o último dia para que os petistas lotados na gestão do PSB na capital pernambucana entregassem os cargos. Porém, não houve quorum para que fosse tomada qualquer deliberação. O estatuto do PT exige quorum de no mínimo 11 pessoas, mas, no momento da reunião, apareceram apenas dez.

Segundo a presidente do PT pernambucano, Tereza Leitão, 12 pessoas chegaram a comparecer à sede do partido, mas houve desencontro de horário, e a reunião terminou sem resolução. Um levantamento preliminar indicou que há pelo menos 20 petistas trabalhando para o governador socialista.

- O fuso horário do PT é meio incerto. A gente marca a hora, as pessoas chegam atrasadas, outras saem antes do horário. O resultado é que 12 compareceram ao encontro, mas não tivemos como deliberar porque, em nenhum momento, tivemos 11, o quorum mínimo na sala - afirmou a petista.

Tereza marcou nova reunião para amanhã, quando deverá ser decidido o destino dos petistas ainda no governo, que podem ser suspensos ou expulsos do partido. Ela explicou, porém, que essa decisão não é compulsória e que os indisciplinados terão chance de defesa nos processos administrativos que serão abertos contra eles.

A presidente regional do PT lembrou que o caso mais emblemático é o de Oscar Barreto, presidente do diretório municipal de Recife. Ele atualmente responde pela secretaria executiva de Agricultura no estado. Além de não ter deixado o cargo, Oscar já anunciou a pretensão de disputar o Palácio do Campo das Princesas. No entanto, as Executivas estadual e nacional do PT estão se organizando para apoiar o senador Armando Monteiro Neto (PTB), como forma de oferecer um palanque forte para a campanha à reeleição da presidente Dilma Rousseff.

Já nas prefeituras, são os diretórios municipais que estão encarregados de cumprir a determinação de entrega dos cargos. Só na Secretaria de Habitação de Recife, comandada pelo petista Eduardo Granja, são mais de 30 os filiados ao PT lotados na pasta.

Fonte: O Globo

Democracia líquida

Para sociólogo italiano, a luta contra a barbárie depende de um ambiente em que a arte e a cultura sirvam de ‘líquido amniótico’ para ideais de liberdade, tolerância e solidariedade

João Marcos Coelho

Dois peixes jovens encontram-se casualmente com um peixe mais velho que nada na direção contrária. Este cumprimenta-os com a cabeça e lhes diz: "Bom dia, rapazes, como está a água?". Os dois peixes jovens nadam mais um pouco; depois um olha para o outro e pergunta: "Que diabos é água?". Nuccio Ordine Diamante, 55 anos, professor de literatura italiana da Universidade da Calábria e colaborador do jornal Corriere della Sera, costuma abrir suas aulas a cada ano contando essa historinha do escritor norte-americano David Foster Wallace. A intenção é ilustrar o papel e a função da cultura. Com os alunos meio "boiando", Ordine explica a parábola: "Como acontece com os dois peixes jovens, não nos damos conta de que é na água que vivemos cada minuto de nossa existência. Não temos consciência de que a literatura e os saberes humanísticos, a cultura e o ensino constituem o líquido amniótico ideal no qual as ideias de democracia, liberdade, justiça, laicidade, igualdade, direito à crítica, tolerância e solidariedade podem experimentar um vigoroso desenvolvimento".

Mas e se a água está irremediavelmente suja? Uma água contaminada pela corrupção, por uma sociedade em busca incessante do lucro? Uma água que transforma estudantes em "clientes", induzidos por pais a carreiras que só contemplam maior chance de enriquecer? Uma água virulenta, que espalha violência gratuita? Uma água que sepulta a arte e a cultura de invenção, em troca da "beleza fácil" e dos critérios comerciais na vida artística e cultural, na expressão de Ordine?

Contra essa água emporcalhada, o professor oferece um livrinho-bomba - um manifesto virulento e cheio de indignação intelectual a favor da arte e da cultura desinteressada a cargo de Platão, Aristóteles, Ovídio, Dante, Montaigne, Borges, Shakespeare, Boccaccio, Leopardi e Calvino. Um timaço convocado por Ordine em sua frente de combate. Título? A Utilidade do Inútil. Menos de 200 páginas em formato de livro de bolso editadas pela Bompiani de Milão. No final de 2013, a Acantilado de Barcelona lançou a edição espanhola. O professor Luiz Carlos Bombassaro, da UFRGS, universidade que recebeu Ordine em 2012, já traduziu o livro, a ser lançado no Brasil ainda em 2014. Na Itália, foram nove edições e 46 mil exemplares vendidos em quatro meses; na Espanha, cinco edições e 17 mil exemplares em três meses; e na França, 10 mil em quatro edições. Além do Brasil, o livro deve sair este ano na Grécia, Alemanha, Romênia e Coreia do Sul; em 2015, na Bulgária e na China. A melhor frase na imprensa europeia sobre o livro já está eleita: é de Jordí Llovet em El Pais: "Uma porrada em toda a classe política".

A mensagem de Ordine é bastante direta: não é verdade, nem em tempos de crise como se vive na Europa, que é útil apenas o que produz cifras. Num jogo de palavras, ele brinca com a utilidade do inútil (conhecimento) e a inutilidade do útil (lucro). Especialista em Giordano Bruno e no Renascimento e com um conhecimento enciclopédico fluindo numa escrita saborosa e clara, Ordine constrói um caleidoscópio de defesa da arte e da cultura - segmentos massacrados e hostilizados especialmente quando praticam a criação e a pesquisa baseadas tão somente no saudável gosto de perseguir o conhecimento.

"No universo do utilitarismo, um martelo vale mais que uma sinfonia, uma faca mais que uma poesia, uma chave-inglesa mais que um quadro, porque é fácil entender a eficiência de uma ferramenta, mas vem se tornando cada vez mais difícil entender para que servem a música, a literatura ou a arte", denuncia Ordine. Existem saberes que são fins em si mesmos e que - por sua natureza gratuita e desinteressada, alheia de qualquer vínculo prático e comercial - podem exercer papel fundamental no cultivo do espírito e desenvolvimento civil e cultural.

Mesmo se em alguns momentos da história o saber não soube ou pôde eliminar de vez a barbárie, ele diz não haver nenhuma outra escolha. "Devemos continuar a crer que a cultura e uma educação livre são os únicos meios para tornar a humanidade mais humana." Pequenas revoluções individuais, essa é a receita de Nuccio Ordine para mudar o estado das coisas. Abaixo, sua entrevista concedida ao Aliás.

No Brasil temos muitos ‘berlusconis’ e a classe política sofre o mesmo descrédito que na Itália. As verbas do governo chegam ralas a sua destinação porque são saqueadas no trajeto pela burocracia e pelos políticos. Que atitudes podem ser tomadas para começarmos a mudar esse estado de coisas? Que nos ensinam os clássicos em termos de resistência contra tudo isso?

O problema da corrupção acompanha todas as épocas. Mas hoje parece que ganhou mais capilaridade. A ditadura do lucro e do utilitarismo infectou todos os aspectos da nossa vida, chegando a contaminar esferas nas quais o dinheiro não deveria ter peso, como a educação. Transformar escolas e universidades em empresas que devem produzir unicamente diplomados para o mundo do trabalho é destruir o valor universal do ensino. Os estudantes adquirem créditos e pagam débitos com a esperança de conquistar uma profissão que possa dar a eles o máximo de riqueza. A escola e a universidade, ao contrário, devem formar os heréticos capazes de rejeitar o lugar-comum, de repelir a ideologia dominante de que a dignidade pode ser medida com base no dinheiro que possuímos ou com base no poder que possamos gerenciar. A felicidade, como nos recorda Montaigne, não consiste em possuir, mas em saber viver. No meu livro, quis chamar a atenção sobre os saberes que hoje são considerados inúteis porque não produzem lucro. Sem a literatura, a filosofia, a música e a arte, nós construiremos uma humanidade desumana, violenta, formada por indivíduos capazes de pensar exclusivamente em interesses egoístas.

Como devolver aos professores o sentido de missão que deveria ser a razão de seu trabalho?

Os professores viraram burocratas em busca de recursos para sobreviver. Perseguidos pela necessidade de encontrar recursos econômicos e governados por uma métrica burocrática que determina a pauta das reuniões de departamento, dos cursos de graduação e dos mais diversos conselhos (de administração, de pós-graduação, de cursos de especialização), vivem correndo de uma instituição a outra esquecendo que a tarefa mais importante de um docente consiste em estudar, preparar as aulas e acompanhar os alunos. Ensinar não é uma profissão, mas uma vocação que não prescinde de compromisso civil. Também na área da ciência financia-se cada vez menos a pesquisa de base e cada vez mais se pede que universidades e laboratórios encontrem financiamentos privados. Somente a liberdade da pesquisa (da pesquisa considerada "inútil") deu vida às grandes revoluções da humanidade. Sem os estudos teóricos de Maxwell e Hertz, Marconi nunca teria inventado o rádio.


As artes e a cultura são sempre as primeiras a sofrer cortes nas políticas públicas em situação de crise. Mas hoje a situação é pior: até os profissionais da arte e da cultura estão contaminados com a busca obsessiva pelo lucro. Mede-se e atribui-se valor à arte pelo volume de público que consegue atrair, mas quantidade nunca quis dizer qualidade. Isso sempre aconteceu historicamente?


Com o agravamento da crise econômica, os cortes dos governos atingem inexoravelmente mais os saberes considerados inúteis e as instituições que não produzem lucro: escolas e universidades, museus e arquivos históricos, escavações arqueológicas e bibliotecas, teatro e música. Muitas vezes, a sobrevivência desses saberes está subordinada à lógica da "quantidade", como se o sucesso imediato e o dinheiro derivado desse sucesso fossem os únicos parâmetros de avaliação. Mas, frequentemente, como lembra Tocqueville, o sucesso é determinado pela "beleza fácil" que não exige muito esforço nem excessiva perda de tempo. E dedicar tempo e realizar atividades que não produzem dinheiro parece ser um luxo que não podemos nos permitir. Se Tocqueville lembra que descuidar da instrução, da beleza e da cultura significa jogar a humanidade no abismo da ignorância e da barbárie, Víctor Hugo, num atualíssimo discurso proferido na Assembleia Constituinte francesa em 1848, demonstra que mesmo em tempos de crise é preciso dobrar os investimentos para a educação das novas gerações e para a promoção da cultura em geral. Hugo sabia bem que abrir uma escola significava fechar uma prisão.

Como transformar a indignação em uma luta coerente contra a ditadura do consumo?

Meu livro é uma reflexão sobre a utilidade do inútil, mas é também uma análise crítica da inutilidade do útil. Quantas vezes são vendidos produtos e objetos como sendo realmente indispensáveis? As invenções mais revolucionárias da técnica (basta pensar no iPhone ou na internet) também podem se transformar numa forma de escravidão. Os estudantes que não conseguem desligar o celular nas aulas (ou as pessoas que não o desligam num concerto, no cinema, no teatro, numa conferência) comportam-se como drogados. O dispositivo tecnológico é como um fármaco: pode curar e pode matar. Tudo depende da dose. Mas há mais. Numa sociedade em que o aparecer é mais importante que o ser, parece normal que o automóvel de luxo ou o relógio de grife se tornem expressão do nosso modo de ser. Basta ler O Mercador de Veneza, de Shakespeare, para compreender como a exterioridade induz ao erro. No reino de Belmonte, a bela Porzia se entregará como esposa ao que abre o cofre de chumbo, e não ao que abre o de ouro ou prata. Trata-se de um topos que, desde O Banquete de Platão, atravessará todo o Renascimento: as aparências enganam.

A palavra utopia tem sido malvista nos últimos tempos. Mas não é justamente o anseio pelas utopias que nos faz viver de modo mais intenso e impulsionou o senhor a escrever esse livro?

Reduzir o valor da vida ao dinheiro mata toda possibilidade de idealizar um mundo melhor. Somente o saber pode fazer frente ao domínio do dinheiro, pelo menos por três razões. A primeira: com o dinheiro pode-se comprar tudo (dos juízes aos parlamentares, do poder ao sucesso), menos o conhecimento. Sócrates lembra a Agatão que o saber não pode ser transferido mecanicamente de uma pessoa a outra. O conhecimento não se adquire, mas se conquista com grande empenho interior. A segunda razão diz respeito à total reversão da lógica do mercado. Em qualquer troca econômica há sempre uma perda e um ganho. Se compro um relógio, por exemplo, "perco" o dinheiro e fico com o relógio; e quem me vende o relógio "perde" o relógio e recebe o dinheiro. Mas, no âmbito do conhecimento, um professor pode ensinar um teorema sem perdê-lo. No círculo virtuoso do ensinar, enriquece quem recebe (o estudante), enriquece quem dá (quantas vezes o professor aprende com seus estudantes?). Trata-se de um pequeno milagre. Um milagre - e essa é a terceira razão - que o dramaturgo irlandês George Bernard Shaw sintetiza num exemplo: se dois indivíduos têm uma maçã cada um e fazem uma troca, ao voltar para casa cada um deles terá uma maçã. Mas, se esses indivíduos possuem cada um uma ideia e a trocam, ao voltarem para casa cada um deles terá duas ideias. Mesmo se em alguns momentos da história o saber não soube ou pôde eliminar por completo a barbárie, não temos outra escolha. Devemos continuar a crer que a cultura e uma educação livre são os únicos meios para tornar a humanidade mais humana.

Fonte: Aliás / O Estado de S. Paulo

Marcelo Freixo: A exaltação de um factoide

Não me acho acima do bem e do mal, como insinuou o jornal, numa tentativa de desqualificar minha indignação. Mas não vou titubear em defender minha trajetória

Pela terceira vez em menos de uma semana, O GLOBO me cita em seus editoriais. As diferenças do texto publicado ontem em relação aos demais são o tom menos arrogante e o alvo. Após a péssima repercussão das tentativas de associar a morte do cinegrafista Santiago Andrade a mim, o jornal assume postura mais cuidadosa, até porque o objetivo é explicar a cobertura da tragédia aos seus leitores.

Estranho é O GLOBO não demonstrar tamanho ímpeto editorial quando o assunto é, por exemplo, a comprovada ligação entre o ex-governador em exercício Sérgio Cabral e o empreiteiro Fernando Cavendish. Quantos editoriais foram dedicados ao fato de a empresa de advocacia da primeira-dama, Adriana Ancelmo, ter contratos com concessionárias estaduais? Quantos textos foram escritos sobre as relações entre o governador e Eike Batista?

Vamos fazer uma rápida retrospectiva. No editorial do dia 12 de fevereiro, o jornal me trata como inimigo da democracia. Achei interessante o grupo tocar no assunto. Afinal, no próximo 1º de abril, o golpe militar completa 50 anos e a empresa deve ter histórias palpitantes para contar.

Dois dias depois, o jornal afirma que meu gabinete tem comprovada proximidade com os black blocs. Comprovada proximidade? Creio que o manual de redação do grupo é mais criterioso do que levam a crer seus editoriais. A comoção provocada pela morte do cinegrafista Santiago Andrade não pode ser usada como instrumento de difamação.

Depois de tanta ferocidade, O GLOBO tenta justificar a série de matérias produzidas, com grande destaque, sobre a minha suposta ligação com os responsáveis pelo assassinato de Santiago. Num tom professoral e oportunamente sóbrio, o editorial “O dever de um jornal”, publicado ontem, se arrisca em novos malabarismos.

Primeiro, O GLOBO tenta justificar a manchete do dia 10 de fevereiro, que alardeia minha relação com os acusados, lembrando que a conversa telefônica entre o advogado Jonas Tadeu Nunes e a ativista Elisa Quadros foi registrada na 17ª DP (São Cristóvão). Logo, a existência do documento baseado num “disse me disse” seria suficiente para que uma denúncia grave como esta fosse divulgada. Tudo bem, se o argumento parece tão óbvio ululante e irrefutável para o grupo, por que os jornais “Folha de S.Paulo” e “O Dia”, por exemplo, não se comportaram da mesma forma e nada escreveram sobre o episódio? Então, a postura é, sim, controversa.

O tal Termo de Declaração registrado na delegacia foi produzido de forma irresponsável por um advogado extremamente suspeito e divulgado com destaque, no mínimo, inconsequente. Vejam que estranho: a conversa que suscitou as acusações ocorreu entre Jonas Tadeu Nunes e Elisa Quadros, como o próprio advogado disse, mas o documento foi assinado pelo estagiário Marcelo Mattoso.

Além disso, o delegado Maurício Luciano não teve acesso ao conteúdo da conversa. Por que ele não passou o telefone ao delegado? Por que não pôs a ligação no viva-voz? Ou seja, o Termo de Declaração, grande “prova” do GLOBO, é frágil por ter sido produzido sem qualquer cuidado.

Até aquele momento, ainda não sabíamos que Jonas Tadeu Nunes já fora condenado por danos morais, enriquecimento sem justificativa, e danos morais e materiais em três processos distintos — não vi O GLOBO destacar isso durante a cobertura. Apesar disso, sua atitude, naquele dia 9 de fevereiro, é digna de estranheza. Jonas Tadeu Nunes não agiu como advogado nem como defensor dos interesses de seu cliente ao pegar o Termo de Declaração, imediatamente após o seu registro, e entregar nas mãos de uma repórter da TV Globo.

Por que O GLOBO não se interessa tanto pela conduta tão controversa e suspeita do advogado, como o faz quando ele dirige acusações sem provas contra mim? Enquanto veículos e colunistas de outros jornais, como Jânio de Freitas, da “Folha de S.Paulo”, acham tudo muito estranho, Jonas Tadeu Nunes reina sob os holofotes globais e leiloa informações. Quando acusa, o advogado recebe mais destaque que o delegado, responsável pelo inquérito.

O autor do editorial mente ao escrever que eu afirmei não saber de nada ao ser procurado por Artur, da equipe de produção da emissora, naquele mesmo dia. Em momento algum neguei ter falado com Elisa Quadros ao telefone. Ela me ligou exclusivamente para relatar que temia a possibilidade de Fábio Raposo ser torturado no presídio. Eu falei que isso não aconteceria e desliguei. Sou presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro e dezenas de pessoas me procuram para fazer denúncias.

Também não criei obstáculos para dar entrevista. Pelo contrário, dar entrevistas é o que mais tenho feito nestes últimos dias. Só pedi que o tal documento me fosse encaminhado antes. Afinal, não posso falar sobre algo cujo conteúdo desconheço. O jornal cumpriu sua obrigação de me ouvir, mas foi leviano ao publicar uma manchete baseada em “provas” extremamente frágeis. No fim da chamada de capa, o fatal: “O parlamentar nega.”

O GLOBO insiste em dizer que foi imparcial e comedido ao tratar do assunto durante a semana. Não foi. Basta ler os editoriais publicados e citados aqui. Como não havia provas e mais informações para me associar a esta tragédia, os ataques saíram dos espaços de notícia para os de Opinião. Não me acho acima do bem e do mal, como insinuou o jornal, numa tentativa de desqualificar minha indignação. Mas não vou titubear em defender minha trajetória ante acusações estapafúrdias.

Agora, o jornal tenta se esconder sob o manto da “missão jornalística” para justificar o noticiário desmedido e leviano dirigido contra mim e o PSOL. O papel nobre que O GLOBO atribuiu a si mesmo ontem, numa linguagem tão prudente, é mais uma tentativa de subestimar a inteligência de seus leitores.

Se não houvesse tanta indignação social e manifestações de solidariedade a mim — inclusive de jornalistas da própria Rede Globo —, essa autocrítica mambembe sequer teria sido feita. Pedir desculpas é um gesto que exige grandeza.

Marcelo Freixo é deputado estadual (PSOL-RJ) 

Fonte: O Globo

Cláudio Gonçalves Couto: Desordem e progresso

Mudança social acelerada gera descompasso

Diversos eventos agitam a vida política nacional desde junho do ano passado, quando tomaram as ruas manifestações de tipos diversos, portadoras de reivindicações disparatadas, motivações desalinhadas e métodos diferentes. Os últimos ingredientes desses movimentos heterogêneos não se resumem à primeira vítima fatal produzida por manifestantes (já que outras antes houvera, causadas por sequelas da ação da polícia ou por investidas de motoristas inconformados com o bloqueio das ruas), nem ao lema chantagista do "Não vai ter Copa" - seguido das ameaças diretas de violência contra as delegações estrangeiras.

Há, na realidade, muito mais sinais no horizonte, dando conta de que algo vai mal na conjunção do sistema político com a sociedade. A opção cada vez mais desabrida por soluções violentas e fora da lei para problemas sociais e políticos é defendida de viva voz, ora por militantes de esquerda, ora por jornalistas de direita, e todo o tempo no âmbito da subopinião-pública que fermenta na internet - nas redes sociais e blogs. Fossem apenas a apologia ao justiçamento ou a ameaça verbal a esportistas e políticos, já teríamos razões de sobra para nos preocuparmos. Todavia, há mais do que isto, pois justiçamentos têm sido efetivados e a violência contra desafetos já acontece.

Por fim, há um claro azedamento do clima político, que não começou ontem. A criminalização do adversário político, de lado a lado, misturando acusações de corrupção à discordância quanto a opções de políticas públicas - como se fossem a mesma coisa - não é uma completa novidade, mas vem recrudescendo. E o problema disso é o seguinte: se o adversário é um criminoso, o próximo passo é defender sua proscrição do jogo. Faz-se democracia assim?

O que, afinal, sucede?

O país, nos últimos 20 anos, experimentou um acelerado processo de mudança. Primeiramente, foi o fim da hiperinflação, e a consequente redução da pobreza. Tal processo se fez acompanhar do incremento de políticas sociais, como educação e saúde - sem contudo aumentar de forma significativa sua qualidade. Na sequência, veio a ampliação das políticas de transferência de renda - seja diretamente, pelas políticas focalizadas (como o Bolsa Família), seja indiretamente, pela redução do desemprego e pelo aumento do salário mínimo. Com isto, adveio uma nova e mais pronunciada redução da pobreza, além da queda da desigualdade.

Como já exaustivamente observado por estudiosos, milhões de brasileiros ascenderam economicamente, aumentando a chamada "classe C", definida por alguns como "classe média", mas melhor categorizada por Jessé Souza, como uma classe de "batalhadores" - já que não dispõem de alguns elementos distintivos da classe média, como o capital cultural e reconhecimento como tal. Observou-se que tal ascensão social se deu via consumo, de modo que em vez de "cidadãos" os emergentes seriam apenas novos "consumidores". Na feliz imagem do então candidato a prefeito, Fernando Haddad, "a qualidade de vida da porta para dentro melhorou, mas não se reflete da porta para fora".

A ascensão pelo consumo, contudo, tem efeito desorganizador na ordem tradicional da sociedade brasileira, tão calcada sobre a desigualdade. O acesso a certos bens de consumo era, até pouco tempo atrás, signo de distinção social. O acesso ao aeroporto, a certos shoppings e a certas marcas não estava disponível para qualquer um. Apenas os originários das classes abastadas (e os poucos que a elas adentravam), "gente bonita", logravam exibir sinais de seu pertencimento a um estrato social distinguido. A chegada de "gente diferenciada" a esses lugares, como resultado do recente progresso social no país, gerou desordem - subvertendo o lema de nossa bandeira.

Surgiu daí um duplo ressentimento. Primeiramente, dos de cima (sobretudo dos não tão de cima) que perderam a sua distinção baseada no consumo. Depois, dos de baixo (sobretudo dos não tão de baixo) que, após ascenderem pelo consumo, passaram a almejar também o reconhecimento que supostamente poderiam lhes proporcionar as marcas da distinção (o mais das vezes "marcas" mesmo, comerciais) mas têm a porta da sociedade distinguida batida em sua cara.

O exemplo eloquente do primeiro ressentimento foi a tão difundida postagem no Facebook de uma professora universitária que debocha de um passageiro - supostamente trajado de forma indevida para um aeroporto - acompanhada por comentários de pares que lastimam a perda do "glamour" de voar - talvez existente nas propagandas da Varig dos anos setenta. Ao questionar "Aeroporto ou Rodoviária?", a acadêmica indicou lugares aos quais deveriam pertencer pessoas de maneiras, trajes e origens sociais diferentes. O problema é que a rodoviária incorporou-se ao aeroporto. E lá se foi o glamour, ou seja, a distinção baseada no consumo. Isso é particularmente doloroso para classes médias que nos últimos doze anos não progrediram tanto quanto os que vieram de baixo.

O melhor exemplo do segundo ressentimento é o rolezinho nos shoppings chiques, por jovens da periferia. Agora que têm acesso franqueado a roupas de grife, por que também não frequentar os lugares de grife? E a porta lhes bateu na cara, literalmente. Claro que há o problema do tumulto, com tanta gente chegando ao mesmo tempo. Mas esse tumulto não pareceu ser problema na inauguração da Apple Store no Rio, nem nas celebrações dos estudantes uspianos no Shopping Eldorado. Tais incongruências alimentam o ressentimento.

A perda da distinção embaralha referências até então solidamente estabelecidas. Tal embaralhamento, acompanhado pela frustração de uma continuação da melhora, seja "da porta para fora", seja "da porta para dentro", suscita ansiedades e alimenta a busca de soluções por fora das vias institucionais do Estado - que, por sua vez, não conseguiram acompanhar na mesma velocidade as mudanças sociais. E instituições estatais em descompasso com o progresso social são uma fonte propícia à desordem e, logo, à violência. Eis aí a chave do atual recrudescimento dos ânimos.

Cláudio Gonçalves Couto é cientista político, professor da FGV-SP

Fonte: Valor Econômico

Dora Kramer: Noite dos mascarados

Vamos ver se ficou entendido: o governo federal propõe a proibição do anonimato nas manifestações de rua, exige que os cidadãos se identifiquem à autoridade policial, mas não vê empecilho no uso de máscaras e pinturas para quem desejar assim, de maneira anônima, participar dos protestos.

A justificativa é a de que cada um é livre para se expressar como bem entender e que seria - na expressão do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo - "complicado" a polícia intervir para enquadrar "quatro ou cinco mascarados".

Pessoas que sem a menor complicação já estão avisando, como fizeram na edição de domingo do Estado, que durante a Copa do Mundo estão dispostas a "tacar molotov" para "dar susto em gringo". A intenção não é machucar, dizem, mas se for preciso, se ninguém os "ouvir", não haverá outro jeito a não ser abrir fogo.

E como o farão? Mascarados, claro. Para dificultar a identificação. Na ideia do ministro da Justiça isso se resolve com a polícia pedindo aos rapazes e moças a carteira de identidade ali no meio da confusão. Documentos estes que serão prontamente apresentados pelos jovens que estão ali com a intenção de colaborar, pois não?

Parece brincadeira. Trata-se de um raciocínio que, no limite, reserva a um delinquente com um morteiro, uma pedra, um rojão ou um coquetel molotov nas mãos e na cabeça a ideia da destruição o mesmo tratamento dado ao folião fantasiado num bloco de carnaval.

Ambos portam alegorias, têm o mesmo direito de se manifestar livremente nas ruas e, em princípio, não podem ser acusados de sair de casa para fazer o mal. É o que parece pensar o governo federal.

Essa é uma teoria tola tão distante da crueza da realidade que deve estar mal explicada. Falta alguma coisa, não deve ser exatamente esse o pensamento do governo. Aguardemos, logo possivelmente haverá uma correção.

Essas ações violentas já produziram muitos feridos, causaram uma morte e causarão outras. Está escrito. O uso da máscara protege o potencial criminoso e é sobre isso que fala o secretário de Segurança Pública do Rio de Janeiro, José Mariano Beltrame, quando propõe a proibição inexplicavelmente rechaçada pelo governo federal.

O ministro da Justiça defende o aumento das penas dos crimes cometidos nas manifestações, mas assume uma posição que dificulta a prevenção à ocorrência dos delitos. É contra a exigência de aviso prévio dos atos de protesto por temer a restrição a manifestações espontâneas tais como, exemplifica, "uma ação em defesa de algum professor por parte de alunos de uma escola".

Comparação tão descabida que em breve certamente será corrigida. Queira o bom senso, antes da próxima vítima fatal.

De titãs. O presidente do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa, poderia até ter vontade de se candidatar a presidente nesta eleição.

Mas não dará o gosto ao PT de acusá-lo de uso eleitoral do julgamento do processo do mensalão. Na nota que o ministro divulgou sobre o assunto, deixou aberta a possibilidade de entrar na disputa eleitoral no futuro.

Interpretou-se que em 2018. Eleição em que o ex-presidente Lula também admite concorrer.

Volta do cipó. Nessa toada de deserções e contestações às regras trabalhistas, área sensível ao partido do governo brasileiro, o programa Mais Médicos corre o risco de se transformar em fator de menos votos para Alexandre Padilha, o ministro da Saúde executor do projeto e candidato do PT ao governo de São Paulo.

A avaliação não é da oposição que, atarantada com o sucesso inicial, deu apoio e ainda não sabe como alterar a rota sem cair em contradição.

Fonte: O Estado de s. Paulo

Eliane Cantanhêde: Pontinha de inveja

Brasil e Austrália são como uma gangorra. Ambos são lindos, enormes e razoavelmente novos --a Austrália é ainda mais jovem--, mas os dados ou índices dos dois países são curiosamente invertidos.

Arredondando, o Brasil é o quinto maior país do mundo, com 8,5 milhões de quilômetros quadrados, e a Austrália vem logo atrás: é o sexto, com 7,6 milhões.

Olhando-se o tamanho da população, porém, há um fosso imenso. O Brasil continua em quinto do mundo, enquanto a Austrália come poeira: está em 52º lugar. A diferença, mais uma vez arredondando, é de 25 para 200 milhões.

A desproporção entre território e habitantes --o Brasil densamente povoado e a Austrália com baixa densidade populacional-- deságua na inversão entre o PIB e o PIB per capita dos dois países.

O Brasil está entre a sexta e a oitava economia e a Austrália fica em torno da 13ª. Mas, quando o indicador é o PIB per capita, a Austrália é muito bem situada, já o Brasil...

Ou seja: o Brasil é mais rico e muito mais populoso, e a Austrália, bem menos povoada, dependendo de migrantes, tem uma qualidade de vida muito melhor. Até porque a renda é dividida por bem menos cidadãos.

Como impressão de quem está apenas de passagem: a capital, Canberra, a jovial Sydney e a pujante Brisbane são muito limpas, organizadas, modernas. E você não vê favelas e miseráveis, nem morre de medo de botar o nariz na rua e levar um tiro. Os índices de violência são muito baixos e os "black blocs" não têm nem espaço nem motivação. Tudo na santa paz.

Foi nesse clima que Sidney hospedou a Olimpíada de 2000 e vai receber os ministros da Fazenda e os presidentes de bancos centrais do G20 (que inclui as maiores economias do planeta) a partir de sexta-feira.

Mantega e Tombini vão ter a chance de olhar ao redor e ficar com uma pontinha de inveja.

Fonte: Folha Online

Tereza Cruvinel: Testes de força

Mesmo sendo hoje a candidata favorita, Dilma não está em condições de dispensar o principal aliado. Esta semana, a prioridade deve ser acertar as pendências com o PMDB

A febre das ruas baixou, ainda que transitoriamente, mas a semana será de temperaturas elevadas na superestrutura política, especialmente na relação do governo com o PMDB e a base parlamentar. Três ministros — da Casa Civil, da Fazenda e de Relações Institucionais — tiveram uma pajelança no início da noite com o líder do PMDB, Eduardo Cunha, que tem nas mãos um rojão poderoso: a relatoria da Medida Provisória 627, que altera todo o regime tributário das empresas, encerrando a transição para o modelo definitivo. Ainda que não contasse com outras armas, como a derrubada de vetos e de outros projetos de interesse do governo, só com essa granada ele poderia arrancar as concessões que Dilma Rousseff vem se recusando a fazer ao partido na reforma ministerial.

Ainda na noite de ontem, o vice-presidente Michel Temer recebeu o candidato do partido ao governo de São Paulo, Paulo Skaf, e mais uma penca de prefeitos do estado para uma demonstração de que o PMDB pode jogar sozinho nos estados quando for desprezado pelo PT. Dilma foi muito estimulada a enfrentar o apetite ministerial do PMDB, negando-lhe a sexta pasta. Eles berram, mas não rompem, disseram os que aconselharam a presidente a endurecer. Dificilmente romperão mesmo, mas podem fazer com ela, pelo menos em alguns estados, o que fizeram com José Serra em 2002: ignorar a aliança nacional e descarregar votos em outro candidato a presidente.

A MP 627, para a qual o líder Eduardo Cunha indicou-se como relator, envolve grandes interesses das empresas, as mesmas que daqui a uns dias estarão desembolsando recursos para financiar as campanhas. Afeta o Imposto de Renda, a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido, o PIS/Pasep e outros tributos. E tudo isso, que Eduardo Cunha pode alterar, já deve ter sido acertado com os donos do capital. Tanto é que o próprio ministro Guido Mantega participou da reunião.

Afora isso, hoje, na primeira sessão bilateral do Congresso, serão analisados quatro vetos da presidente, um deles ao projeto que permite a criação de mais de 300 municípios, com tudo que isso representa para as contas públicas, que não andam em boa conta perante os investidores e analistas de mercado. O Marco Civil da Internet, um projeto necessário, que coloca o Brasil na vanguarda da inovação em governança da rede, também pode ser sacrificado pelo PMDB em seu afã de mostrar a Dilma o valor do apoio parlamentar e da aliança eleitoral.

Mesmo sendo a candidata favorita, Dilma concorrerá ao segundo mandato numa conjuntura econômica e política instável, pontuada pela Copa do Mundo e o mau humor das ruas. Mesmo enfrentando adversários que hoje não chegam a ameaçá-la, as condições eleitorais não recomendam a Dilma brigar para valer com o principal aliado. Em alguns estados, a começar por Minas Gerais, parte dos peemedebistas vem se realinhando com o candidato tucano ao Planalto, Aécio Neves. Se depender do ex-presidente Lula, ela tratará de resolver esta semana as pendências com o PMDB.

Campanha singular
Márcia Cavallari, presidente do Ibope Inteligência, é uma das maiores conhecedoras da alma do eleitorado brasileiro. Em entrevista ao portal El País Brasil, ela resume a sorte de Dilma, ao dizer que “há um desejo de mudança, mas o problema é que, por enquanto, as pessoas não estão vendo na oposição quem possa representar essa mudança. Nas pesquisas que a gente fez, não vemos os candidatos da oposição se apropriando desse sentimento. Dilma ainda tem uma grande vantagem”.

Afora o baixo conhecimento que o eleitorado tem dos candidatos Aécio Neves e Eduardo Campos, ela aponta a desconcentração eleitoral decorrente da realização da Copa do Mundo aqui. “Vão chegar as delegações, vai estar aquela convivência com outras pessoas e tal, então as pessoas só estarão focadas nas questões eleitorais depois que acabar a Copa, a partir de 13 de julho. A campanha pegará o fim de julho, agosto e setembro. Vai ser uma campanha muito curta, o que dificulta as ações. A partir do horário eleitoral gratuito na televisão, que começa em 19 de agosto, é que todos os candidatos passarão a ser conhecidos de uma forma mais homogênea pela população.”

Hoje, diz ela, não dá para dizer com certeza que influência terá a Copa: “Vai depender muito do que acontecer. Quero dizer: a gente vai passar vergonha? Tudo vai ser entregue? Vai estar tudo remendado? Não vai? Isso é algo que a gente vê. A população, a opinião pública, não quer passar vergonha com a Copa. E aí tem as manifestações, que a gente também não sabe se vão voltar.”

Plenário quente
Em ano eleitoral, mesmo com o quórum baixo, o plenário da Câmara esquenta. Como ontem, quando o deputado Izalci Lucas (PSDB-DF) fez um duro ataque ao PT, seus governos e seus líderes, terminando por acusar o ministro Gilberto Carvalho de ter ajudado a fomentar os protestos e a violência nas manifestações, pois um ex-auxiliar dele estava entre os que queimaram pneus na porta do Estádio de Mané Garrincha durante a Copa das Confederações. A defesa do ministro foi feita pelo deputado peemedebista Francisco Escórcio (MA), que batalha para apaziguar os ânimos entre seu partido e o PT. “Não cometa uma calúnia dessa contra o ministro Gilberto, que é do bem e da ordem. Ainda na semana passada, ele desceu do gabinete, de peito aberto, para negociar com os líderes da manifestação do MST, obtendo uma trégua na violência. Enquanto ficarmos repetindo calúnias, uns contra os outros, estaremos servindo aos que trabalham para desqualificar os partidos e a política.”

Se o calor político já está alto agora, imagine-se em setembro, com a ajuda da seca e da disputa eleitoral.

Fonte: Correio Braziliense

Merval Pereira: Democracia de baixa qualidade

A discussão sobre a lei antiterrorismo brasileira fica emperrada pelo temor de que uma definição muito ampla do que seja o crime possa permitir uma ação autoritária do governo da ocasião para enquadrar movimentos sociais legítimos nas duras penas que seriam aplicadas aos terroristas. E todos aqueles que defendem um rigor na punição passam a ser considerados “white-blocs”, reacionários, saudosistas da ditadura militar.

Os dois acusados da morte do cinegrafista Santiago Andrade responderão por homicídio doloso (com intenção de matar) triplamente qualificado: motivo torpe, que a vítima não teve possibilidade de defesa e que foi usado um artefato explosivo para tirar a vida da vítima, o que demonstra como é preciso recorrer a estratagemas jurídicos para punir com rigor os autores desses atos criminosos, pois a legislação atual é muito branda.

Quando não há mortes, então, aí o melhor é liberar os vândalos, que dá menos aborrecimento político. O tal do "Fox" já havia sio preso duas vezes em manifestações. A pena existente hoje para danos ao patrimônio público, por exemplo, é de seis meses a um ano de reclusão. Os dois também responderão pelo crime de explosão em área pública – com pena de até quatro anos.

O projeto antiterrorismo inclui previsão de pena maior quando há emprego de “explosivo, fogo, arma química, biológica ou radioativa, ou outro meio capaz de causar danos ou promover destruição em massa”.

A preocupação de proteger as manifestações populares é legítima, mas seria desnecessária se nosso sistema democrático estivesse já mais consolidado. Ou se nosso sistema jurídico funcionasse com eficiência e rapidez.

Em democracias maduras a legislação antiterrorismo não impede grandes demonstrações populares a favor ou contra qualquer coisa, com o detalhe de que essas manifestações têm dia e hora marcados com as autoridades locais, que definem qual a área em que elas poderão ser feitas. Esse detalhe é fundamental para que o dia a dia das pessoas seja protegido, para que o cidadão que não está envolvido nos protestos possa ter sua rotina inalterada, ou alterada o menos possível.

Essa discussão toda deixa claro que ainda estamos em uma democracia incipiente, de baixa qualidade, na qual quem se julga “de esquerda” sente-se protegido por suas supostas boas intenções, e quem é considerado “de direita” é automaticamente um ser inferior, culpado de todos os males sobre a terra.

Por isso os black blocs foram tratados, e ainda o são, por setores de nossa intelectualidade e por políticos como uma vanguarda do progresso, e os primeiros movimentos no sentido de enquadrá-los em legislação mais dura encontraram resistência de partidos e intelectuais “de esquerda” que consideram ainda, a despeito da morte do cinegrafista, uma estética de luta perfeitamente adequada à pós-modernidade.

Desde os anos 1980, esse tipo de ação política vem sendo combatido com rigor na Europa e países democráticos como a Alemanha e a Holanda já proibiram os mascarados em manifestações há muito tempo, e nós aqui ficamos brincando de democracia, preocupados com a proteção de pessoas que a desprezam e estão nas ruas para tentar destruí-la.

Se já tivéssemos tido uma ação mais rigorosa, talvez não acontecesse a tragédia que agora todos lamentam. Se partidos políticos de extrema esquerda em vez de apoiar a tática dos black-blocs tivessem repelido as ações violentas desde o primeiro momento, talvez a tragédia não se consumasse.

Se direitistas empenhados em tumultuar o ambiente político não tivessem utilizado o lumpesinato para promover arruaças pelas ruas do Rio, ou se fossem repelidos desde o primeiro momento, talvez a ação desses black-blocs não chegasse onde chegou. Mas todos, no íntimo, achavam que a confusão generalizada serviria a seus interesses imediatos, e foram lenientes na condenação dos atos de vandalismos.

Agora, mais uma vez, nos vemos envolvidos em uma discussão banal sobre a proibição de mascarados em manifestações públicas. O ministro da Justiça José Eduardo Cardozo a muito custo aceitou a proibição das máscaras, mas ainda assim insiste na possibilidade de os mascarados serem abordados pelos policiais para que se identifiquem, e só depois da recusa poderiam ser detidos.

Ora, quem vai mascarado para uma manifestação de protesto está disposto a se esconder, a fugir de suas responsabilidades. Não há por que aceitar esse tipo de procedimento.

Fonte: O Globo

Diário do Poder- Cláudio Humberto

PDT tenta filiar Barbosa
Sob holofotes e surfando na popularidade, após condenar mensaleiros à prisão, o presidente do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa, foi sondado para disputar a Presidência da República ou vaga ao Senado pelo PDT do Rio de Janeiro. O PSB também lhe ofereceu filiação. O dono do PDT, Carlos Lupi, envolvido em acusações de corrupção, considera Cristovam Buarque (DF) "plano B" na disputa pelo Planalto. Em nota, Joaquim Barbosa reiterou que não é candidato a presidente este ano, e confirmou que deixará o STF bem antes da data-limite. Barbosa disse a amigos, como esta coluna revelou, que não ficaria "um só dia no STF" após a posse de Ricardo Lewandowski na presidência. Cristovam Buarque voltou a se encantar com eventual candidatura a presidente, com apoio de pedetistas que não aguentam mais Dilma. No almoço em homenagem ao presidente francês, que visitava Brasília, Barbosa segredou o desejo de fazer carreira política no Rio de Janeiro.

Bomba-relógio para 2015
Para o senador José Agripino (DEM-RN - foto), a presidente Dilma vai agravar o déficit no setor elétrico (R$ 8,7 bilhões só na Eletrobras), para segurar a tarifa de energia elétrica em ano eleitoral, e a bomba-relógio vai explodir no colo de quem for presidente da República em 2015. A coisa está feia.

Menos acidentes
O uso do simulador por jovens motoristas reduz em até quatro vezes os acidentes graves nos primeiros 12 meses, após obter a habilitação, segundo estudo do Injury Prevention & Control, do CDC, departamento norte-americano de prevenção. Implantado no Brasil pelo Contran, o simulador poderá ser vencido pelo lobby, nesta quarta, e enterrado por um projeto na Câmara.

Salvando vidas
Em países como Alemanha, Espanha, França e Suíça, a adoção dos simuladores fez cair à metade as infrações e acidentes.

É mais barato
Autoescolas preferem continuar como estão: ensinando truques para obtenção de habilitação de motorista, em vez de ensinar a dirigir.

Ora, a segurança
Diz-se que a habilitação fica 30% mais cara, com o simulador, como se reclamava do cinto de segurança pelo "repasse" do seu custo ao carro.

Óleo de Peroba
Se o governador Eduardo Campos (PSB) ainda aguarda eventual acordo para ser vice de Lula em outubro, é bom ele contar isso ao aliado Jarbas Vasconcelos (PMDB). O senador desancou ontem a presidente Dilma, recomendando a ela o uso continuado de óleo de peroba.

Estratégia
Apesar das investidas de Eduardo Campos (PSB) e Aécio Neves (PSDB), o PV está decidido a lançar Eduardo Jorge à Presidência, a fim de facilitar alianças nos Estados e a eleição de deputados federais.

Biometria
Exposto pelo mensaleiro Henrique Pizzolato, que votou em 2008 com o título do irmão já falecido, o sistema eleitoral se tornará mais seguro com a biometria, segundo o Tribunal Superior Eleitoral. Até 2018, ninguém poderá fazer como Pizzolato, votando duas vezes.

Frase
"Se o STF achar que tem culpa, é porque tem culpa"
Ex-presidente FHC, dizendo acreditar na isenção do STF no caso do mensalão mineiro

Cospe no prato
Eleita ao Senado com ajuda do governador Jacques Wagner (PT-BA), a pré-candidata ao governo Lídice da Mata (PSB) virou alvo de críticas pelos ataques à gestão do PT, da qual ela fez parte até pouco tempo.

Articulação
Candidato ao governo de Mato Grosso, o senador Pedro Taques (PDT) costura para conseguir apoio do senador Blairo Maggi (PR): "Estamos namorando a possiblidade e conversando institucionalmente", afirmou.

Fonte: Diário do Poder e Jornal do Commercio (PE)