O Estado de S. Paulo.
As Forças Armadas vivem hoje a maior crise
de sua história. É uma crise de legitimidade perante o sistema político, a
sociedade e a ordem internacional. Houve outros momentos difíceis para a
instituição, como no conturbado mandato de Floriano
Peixoto ou no final da ditadura militar,
mas em nenhum deles se teve tanto consenso sobre a imprescindível
despolitização das Forças Armadas.
O cume dessa crise foi a intentona do dia 8 de janeiro, quando se constatou que a ação dos militares tinha sido, no mínimo, conivente com golpistas que praticaram um ato terrorista sem paralelo na história democrática brasileira. Mas o processo não se iniciou naquele trágico evento. As origens estão na adesão de boa parte dos integrantes das três Forças ao bolsonarismo, deixando-se politizar em episódios como o desastroso combate à covid-19 e em eventos públicos de apoio ao presidente Bolsonaro, que prometeu benesses materiais e, sobretudo, um projeto de poder a integrantes ou à própria instituição militar.