O Globo
Na semana passada, li um pequeno livro do
francês Jacques Attali, chamado “A economia da vida”, em que ele descreve como
se preparar para uma nova pandemia dentro de dez anos.
O autor esboça uma história das epidemias
desde quando as pessoas começaram a se reunir em grande número, na Mesopotâmia,
na Índia e na China.
Uma de suas conclusões que me interessam
aqui é que as epidemias derrubam governos, impérios e, às vezes, arrastam até
religiões.
Até hoje, impressiona-me a ignorância de
Bolsonaro e seus gurus, que se recusaram a perceber a dimensão gigantesca desse
fenômeno e foram atropelados por ele, produzindo com sua política de avestruz
mais de meio milhão de mortos.
Sei que muitos não concordam, mas, na minha
opinião, Bolsonaro foi destruído pela pandemia, e não vejo como se recuperar,
apesar da decantada memória fraca dos brasileiros.
Quando olho para seus passos, penso: em
termos políticos, está lá um corpo estendido no chão. A tática de se unir aos
grupos fisiológicos não é nada mais que uma continuidade da miopia, por outros
caminhos.
Interessante é que declara ter entregado a alma do seu governo ao Centrão. Como se esse espaço político estivesse povoado por piedosos pastores que colecionam almas para sua salvação, e não por vorazes caçadores do tesouro.