terça-feira, 11 de julho de 2017

Opinião do dia - Arthur Virgílio

"Não é possível que o PSDB se 'purifique', migrando do governo Temer, ao qual servem quatro ministros tucanos competentes e valorosos, para alguma 'solução' simplória em torno de alguma outra 'bola da vez', contra a qual nossos 'brios' terminariam por se voltar em algum outro momento dessa tragicômica história que estamos presenciando ser descrita.

Desembarcar' do governo, a pretexto de continuar apoiando as reformas - na verdade abrindo espaço real para o impedimento do presidente - não soaria como ato de coragem. Sinceramente, não! Definitivamente não!".

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Arthur Virgílio é prefeito de Manaus, Valor Econômico, 11/7/2017

Descendo a escada Eliane Cantanhêde

- O Estado de S.Paulo

A derrota de Temer, com o parecer do relator Zveiter na CCJ, pode ser só a primeira

O governo Michel Temer desceu mais alguns degraus ontem, com o parecer do deputado Sergio Zveiter (PMDB-RJ) que acatou a denúncia da PGR contra o presidente alegando que, nesta fase do processo, de acatar ou não, o in dubio pro societate prevalece sobre o universal in dubio pro reo. Em resumo: a sociedade brasileira tem o direito de saber se Temer é ou não culpado. E só vai saber se houver investigação.

Em resposta, o advogado Antonio Cláudio Mariz de Oliveira foi enfático, até emocionado, para criticar o Ministério Público, condenar a “precipitação” da denúncia, questionar o privilégio da sociedade sobre o indivíduo e falar à alma dos muitos parlamentares que “tiveram a desventura” de serem citados ou investigados: “Como a sociedade se sobrepõe à minha dignidade, à minha individualidade?”

A fila anda | Hélio Schwartsman

- Folha de S. Paulo

Um problema de cada vez. É claro que Rodrigo Maia só é o presidente dos sonhos dele mesmo e talvez de alguns parentes. Além de seu nome já ter aparecido na Lava Jato —é assustador que os deputados tenham escolhido alguém sabidamente envolvido no escândalo para liderá-los—, ele não parece ter o traquejo nem a tarimba necessários para exercer bem o cargo. Mas a questão fundamental que se coloca agora diante da Câmara dos Deputados (e da sociedade) não é "quem queremos colocar na Presidência", mas sim "vamos ou não tirar Temer".

Se quisermos nos ater às regras do jogo democrático, como defendo que façamos, a opção por remover o presidente do cargo já implica sua substituição por Maia, ainda que temporariamente. Não dá para escolher uma outra pessoa sem rasgar a Constituição. Quem é "fora, Temer" e não é golpista é "Maia lá", por doloroso que seja admiti-lo. O problema central, portanto, é determinar se, a essa altura, é melhor para o país que Temer fique ou saia.

A favor da sociedade | Merval Pereira

- O Globo

Até agora, o governo já substituiu nove deputados para tentar derrubar a denúncia contra Michel Temer. Com as alterações, é provável que o resultado seja revertido na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), mas de qualquer maneira é uma confissão de fragilidade do governo. Mudando os membros da Comissão até a última hora, demonstra o receio de perder.

Mas não muda a tendência do plenário, que não é favorável a Temer. Esses deputados que foram substituídos agora estarão no plenário para votar contra ele. No relatório, o deputado Sergio Zveiter (PMDB-RJ) foi muito hábil ao jogar a questão da aceitação do processo como uma defesa da sociedade. Colocou os deputados diante deste dilema: na dúvida, você fica com o presidente da República ou com a sociedade?

O advogado Antonio Cláudio Mariz bateu muito nessa tecla de que o presidente Temer é um ser humano que precisa ter seus direitos protegidos. Essa tese, que pode ser eficiente em um processo criminal qualquer, não parece ter o mesmo efeito num julgamento político. Ora, Temer não é um ser humano qualquer, é o presidente da República.

Temer já luta contra as futuras denúncias | Fernando Exman

- Valor Econômico

Acusações são questionadas, mas governo vê riscos

A votação do relatório do deputado Sergio Zveiter, a ser realizada nos próximos dias pela Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, será apenas a primeira batalha de uma guerra em que os principais atores são o presidente Michel Temer e o procurador-geral da República, Rodrigo Janot. O governo, cujo principal ativo sempre foi a solidez da base parlamentar construída em meio ao processo de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, terá um decisivo teste agora, na análise de uma denúncia vista como frágil por juristas e advogados consultados pelo Palácio do Planalto. O desafio de Temer é evitar que, em vez de se aterem apenas à peça acusatória, deputados decidam se antecipar em relação ao que ainda pode surgir contra o presidente a fim de precipitar uma conclusão para a atual crise política.

Câncer na próstata | Almir Pazzianotto Pinto*

- O Estado de S.Paulo

Com os grandes partidos abraçados no jazigo da prevaricação, quem será candidato à Presidência?

Tal qual câncer na próstata, a corrupção ataca em silêncio, no escuro, instala-se, lança raízes e, durante a fase inicial, é raro provocar desconforto ou dor. Não diagnosticado e extirpado mediante intervenção cirúrgica radical, o tumor maligno multiplicar-se-á até que a metástase leve o doente à morte. Segundo os especialistas, a tentativa de cura quimioterápica obtém sucesso em baixa porcentagem dos casos, não mais do que 20%. Recomenda-se o tratamento radical, imediato, com bisturi. Mesmo assim, raras vezes o restabelecimento do paciente atinge a totalidade dos casos. Na corrupção, como no câncer, as medidas eficientes são de natureza profilática.

A Constituição da República, o Código Penal, de 1940, e o Código de Processo Penal, de 1941, revelaram-se ineficazes por não prescreverem medidas radicais contra a corrupção. Bons criminalistas conseguem manejá-los. Com a cumplicidade da proverbial lentidão do sistema judiciário, agravado pela leniência de juízes, desembargadores e ministros retardam ad infinitum o desfecho das causas. Os valores surrupiados determinam, quando não interferem na marcha do feito. Quanto mais poderoso o réu, menos zelosa a Justiça, já advertia o padre Antônio Vieira.

Adeus, Temer. E depois? | Marco Antonio Villa

-
O Globo


Impeachment deu a falsa ilusão de que tudo estaria resolvido com a mera substituição do titular do Planalto

Não há na nossa história republicana nenhum caso de um presidente que tenha tido uma agonia política tão longa como a de Michel Temer. No início da República, Deodoro da Fonseca, após ter fechado o Congresso Nacional, permaneceu mais uma quinzena no poder antes de ser obrigado a renunciar, após a rebelião da Marinha, entregando o governo a Floriano Peixoto. Mais de meio século depois, Getulio Vargas resistiu 19 dias até a tragédia do 24 de agosto de 1954. A crise de novembro de 1955 foi resolvida no próprio mês, mesmo tendo três presidentes em um curto espaço de tempo. Já em 1961, após a renúncia de Jânio Quadros, em duas semanas, fundamentalmente, foi possível encontrar uma solução para o impasse sucessório. Três anos depois — e, neste caso, com a decisiva presença militar — em alguns dias foi construída uma nova situação política. Agora, mesmo tendo instituições um pouco mais sólidas do que nos momentos históricos citados, nada indica que seja possível encontrar, a curto prazo, um caminho que retire o país da mais profunda crise da nossa história.

Por um presidente que fique | Joel Pinheiro da Fonseca

- Folha de S. Paulo

Eu tenho um sonho: acordar um dia sabendo que o presidente do Brasil, seja quem for, ficará até o fim de seu mandato. Não precisa nem ser um presidente bom; basta não ser terrível (o que exclui uns dois ou três presidenciáveis).

Desde que Dilma assumiu em 2015 –depois de uma campanha comprovadamente criminosa–, enquanto vinham à tona as práticas ilegais que levariam a seu impeachment, até agora, com Temer correndo sério risco, o grande debate nacional é se o presidente permanecerá ou não no cargo.

Isso é muito ruim. Sim, é divertido especular sobre a queda dos poderosos; nos sentimos vivendo em dias importantes. Na verdade, esse clima impede o que é realmente importante. O ocupante da cadeira monopoliza a agenda da política e a discussão pública. As pautas centrais do Brasil são deixadas de lado e mesmo as reformas cruciais que já correm no Congresso vão sendo sangradas para angariar apoio. Nas conversas só se fala disso; os negócios ficam à espera de tempos melhores. É tudo pelo governo e, portanto, nada pelo país.

País prisioneiro | Míriam Leitão

- O Globo

A sensação que se tinha ontem é de um país prisioneiro de um roteiro que se repete, mas desta vez com sinais trocados e algumas diferenças. Não era mais a presidente Dilma recebendo relatório favorável à admissibilidade do impeachment, mas sim o presidente Temer com relatório pelo recebimento da denúncia por crime comum. Os governistas de antes falavam em golpe, os de hoje falam em conspiração.

Dilma foi acusada de crime de responsabilidade por ter atentado contra a Lei de Responsabilidade Fiscal. E foi exatamente o que ela fez. Não houve golpe, mas sim o julgamento dos seus atos de governo que feriram a lei, desorganizaram as contas públicas e arruinaram a economia. O preço está sendo pago até hoje pelo país.

A função do BNDES | Yoshiaki Nakano

- Valor Econômico

É a indexação da taxa de juros do BC à Selic diária pós-fixada que enfraquece a potência da política monetária

Ultimamente o BNDES tem sido alvo de ataques de várias frentes. Em geral de pessoas ligadas ao setor financeiro. O argumento mais comum é de que a sua existência reduz a eficácia da política monetária e que, portanto, ele deve ser extinto ou praticar as mesmas taxas de juros cobradas pelos bancos privados. As taxas de juros cobradas pelo BNDES, que tem funding próprio, não estão sob controle do Banco Central, portanto a elevação das taxas de juros não surte os mesmos efeitos das taxas de juros do segmento livre, praticadas pelos bancos privados.

Não discordo do argumento acima, muito menos das evidências empíricas apresentadas. Mas, na minha opinião, o argumento e a evidência empírica apontam o contrário! É a política monetária, com suas regras operacionais esdrúxulas e a sua descoordenação com a política fiscal que têm levado o Brasil a praticar as taxas de juros mais elevadas do mundo. Isso é que precisa ser revisto e reformado.

Espasmos acusatórios – Editorial | O Estado de S. Paulo

Nada caracteriza de modo tão claro a plena vigência da democracia como a igualdade de todos os cidadãos perante a lei. Não a igualdade inscrita em diplomas legais como um mero princípio norteador, desprovido da experiência cotidiana, mas sim a isonomia que pode ser percebida por toda a sociedade como um verdadeiro traço distintivo da atuação do Estado, um modo de agir de seus representantes capaz de formar a consciência da nação acerca da confiabilidade de suas instituições.

É salutar que até mesmo presidentes da República possam ser chamados a dar explicações de seus atos à Justiça quando sobre estes paire a bruma da ilegalidade. Entretanto, se é possível afirmar que no Brasil há claras demonstrações de que todos são realmente iguais perante a lei, também é verdade que nem todos carregam a responsabilidade sobre o destino de tantas outras pessoas como o funcionário público número 1 da República.

Não é tão fácil – Editorial | Folha de S. Paulo

A prática recorrente das delações premiadas e o recurso indiscriminado à prisão preventiva parecem conferir às iniciativas contra a corrupção uma imagem de eficácia que, com o tempo, vai merecendo alguma qualificação.

Três meses talvez não constituam prazo suficiente para avaliar o curso de investigações necessariamente tão complexas quanto as que hoje envolvem boa parte da classe política nacional.

Não deixa de ser revelador, todavia, o relato das dificuldades enfrentadas pela Polícia Federal ao menos num caso, especialmente rumoroso, de delação premiada.

Segundo reportagem publicada por esta Folha, os depoimentos apresentados por executivos da construtora Odebrecht —naquilo que, à época, se chegou a qualificar como "delação do fim do mundo"— não foram acompanhados, até agora, de diligências e descobertas capazes de comprovar, ou não, as informações apresentadas.

Fragilização de Temer fortalece alternativa Maia – Editorial | O Globo

Relatório na CCJ é uma derrota do presidente, que deseja um processo rápido de votação para evitar o aprofundamento do desgaste político contínuo

Já era esperado que o relator do pedido de licença para que o presidente Michel Temer seja julgado no Supremo pelo crime de corrupção passiva, deputado Sergio Zveiter (PMDB-RJ), aprovasse a admissibilidade do processo. Na sessão de ontem da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), Zveiter, advogado de profissão, disse que a denúncia encaminhada pela Procuradoria-Geral da República contém “sólidos indícios de práticas delituosas”.

A defesa de Temer, feita por Antonio Cláudio Mariz, seguiu a linha da tentativa de desconstruir a denúncia pela suposta falta de provas. Por exemplo, de que os R$ 500 mil guardados na mala com que Rocha Loures foi filmado nas ruas de São Paulo seriam mesmo para o presidente.

Dívida piora com a Previdência – Editorial | O Estado de S. Paulo

Toda a produção brasileira de um ano mal dará para cobrir a dívida pública dentro de quatro ou cinco anos, se a pauta de reformas já em tramitação no Congresso for negligenciada. Deputados e senadores deveriam levar muito a sério essa advertência, formulada por um serviço de assessoria do Senado, a Instituição Fiscal Independente (IFI). Com baixo crescimento econômico e sem reformas, a dívida bruta chegará ao patamar de 100% do Produto Interno Bruto (PIB) entre 2021 e 2022, segundo o Relatório de Acompanhamento Fiscal publicado pela entidade. Se a política for conduzida com o mínimo indispensável de prudência, o endividamento do setor público deverá crescer até 92,4% do PIB nos próximos anos e entrar em queda a partir de 2023. Para avaliar o risco é bom observar os padrões internacionais. Alguns governos do mundo rico devem bem mais que o brasileiro, mas por vários motivos têm mais crédito e conseguem rolar seus compromissos com juros muito baixos, até negativos, em alguns casos. Na média dos emergentes, essa relação é inferior a 50%.

EUA se tornam corpo estranho ao espírito do G-20 – Editorial | Valor Econômico

Os líderes dos países mais ricos do mundo, ao se reunirem em Hamburgo, tiveram de enfrentar, do lado de fora dos recintos, multidões enfurecidas, e, dentro deles, um participante mais que incômodo, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Trump deu seu show particular e, como arauto do protecionismo, anunciou que fará um acordo de comércio "muito, muito rápido" com o Reino Unido, de Theresa May, que comanda a retirada de seu país da União Europeia. A anfitriã, Angela Merkel, que enfrenta as urnas em setembro, disse que a reunião foi bem-sucedida: "Tivemos um comunicado do G-20, não um comunicado do G-19". Os contorcionismos do texto não dão tanta razão assim a ela.

Ficou patente a preferência pelo voo solo dos Estados Unidos em várias áreas, dentre as quais a do protecionismo é a mais decidida e evidente. Os diplomatas tiveram que usar toda a maestria da profissão para juntar no mesmo pedaço de papel o compromisso antiprotecionista do G-20 e a deferência a Trump, ao "reconhecer o papel do uso de legítimos instrumentos de defesa comercial". O comunicado menciona também a busca de soluções para a superprodução de aço e alumínio - dois produtos para os quais os EUA preparam medidas duras contra importação, sob o argumento da soberania nacional, só usado em tempos de guerra.

'PSDB está desembarcando independentemente do meu controle e da minha vontade', afirma Tasso

Presidente interino do partido diz que legenda vai aguardar término da votação da denúncia contra Temer na CCJ da Câmara; segundo o senador, sigla não poderia definir posição nesta segunda-feira porque encontro no Bandeirantes não era reunião da Executiva

Valmar Hupsel Filho e Pedro Venceslau, O Estado de S.Paulo

O presidente interino do PSDB, senador Tasso Jereissati (CE), admitiu nesta segunda-feira, 10, que o partido está desembarcando do governo Michel Temer “independentemente” de sua vontade. “O que eu tenho dito não é consenso, mas o que tenho visto é que o partido está desembarcando independentemente do meu controle e da minha vontade”, afirmou o senador após jantar com líderes tucanos no Palácio dos Bandeirantes, em São Paulo, a convite do governador Geraldo Alckmin. Ele contou ainda que o partido deverá fazer uma “renovação total” de seus quadros em agosto, quando deverá realizar uma convenção para a eleição da Executiva.

PSDB decidirá permanência na base após votar reforma trabalhista

Por Marcelo Ribeiro, Raphael Di Cunto, Fernando Taquari e Carolina Freitas | Valor Econômico

BRASÍLIA E SÃO PAULO - O caráter informal da reunião da cúpula do PSDB na noite de ontem indica que nenhum martelo será batido sobre um eventual desembarque da base de apoio ao governo do presidente Michel Temer. Mas o partido foi frio às últimas tentativas de Temer de tentar manter a aliança da sigla: o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso não agendou um encontro pedido pelo pemedebista, mesmo depois de conversar com o presidente por telefone, durante o fim de semana.

Fernando Henrique, segundo sua assessoria, não confirmou a conversa até agora porque não sabe se terá espaço na agenda. O ex-presidente viaja para a Europa no começo da tarde de hoje.
O jantar no Palácio dos Bandeirantes reuniu Fernando Henrique, o presidente nacional do PSDB, senador Tasso Jereissati (CE), os líderes do partido no Senado e na Câmara, senador Paulo Bauer (SC) e Ricardo Tripoli (SP), respectivamente, o prefeito da capital paulista, João Doria, os governadores Marconi Perillo (GO), Reinaldo Azambuja (MS), Simão Jatene (PA), Pedro Taques (MT) e Beto Richa (PR) e o presidente licenciado do partido, senador Aécio Neves (MG). O formato irritou lideranças da sigla que foram excluídas, como o prefeito de Manaus, Arthur Virgílio, que defende a manutenção do apoio ao Planalto.

Cúpula tucana tenta definir rumo do partido

Em jantar com a presença de Aécio Neves, investigado em 9 inquéritos, PSDB debate ruptura com Temer Senadores acreditam que o partido seguirá dividido entre o apoio ao governo e a ruptura motivada pelas denúncias

Silvia Amorim e Júnia Gama, O Globo

-SÃO PAULO E BRASÍLIA- Marcado para discutir o posicionamento do PSDB em relação ao governo Temer, o encontro de líderes do partido ontem, em São Paulo, provocou desconforto entre tucanos excluídos da reunião, ao mesmo tempo em que o senador Aécio Neves participava do jantar no Palácio dos Bandeirantes. Investigado em nove inquéritos no Supremo Tribunal Federal (STF) e afastado da presidência do PSDB desde maio, Aécio viajou a São Paulo para participar da uma reunião da cúpula para discutir se o partido deveria continuar ou não no governo. Além do senador mineiro, estiveram no encontro, no Palácio dos Bandeirantes, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, o presidente em exercício do partido e também senador, Tasso Jereissati (CE), entre outros. A expectativa, no entanto, era de que nenhuma decisão definitiva sobre o desembarque do partido fosse tomada durante a reunião.

Aécio recuperou seu mandato de senador no fim de junho, após ficar cerca de 40 dias afastado por determinação do ministro do STF Edson Fachin, em razão das delações premiadas do grupo JBS. O senador é investigado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) por ter sido gravado pelo empresário Joesley Batista pedindo R$ 2 milhões para sua defesa na Lava-Jato. Além disso, executivos da empresa disseram que pagaram pelo menos R$ 60 milhões a Aécio em 2014. O tucano nega todas as acusações.

PSDB não decide sobre permanência, e posição de deputados ganha peso

Felipe Bächtold, Thais Bilenky, Folha de S. Paulo

SÃO PAULO - Após quatro horas de reunião nesta segunda-feira (10), líderes do PSDB adiaram a definição sobre o desembarque do governo de Michel Temer e deixaram para a bancada da Câmara a decisão sobre o posicionamento diante da denúncia contra o presidente.

Segundo o líder da bancada do partido, Ricardo Tripoli, a questão será discutida entre deputados tucanos nesta terça ou quarta-feira.

"Essa decisão [de deixar cargos no governo] vai ser discutida após termos uma definição pelo líder Tripoli da posição da bancada em relação à votação que vai ter na quinta-feira [na Comissão de Constituição e Justiça]", disse o presidente do partido, Tasso Jereissati.

Ele disse que não há uma tendência clara na bancada, mas Tripoli vê uma maioria se formando pela aceitação da denúncia contra Temer.

Base de Temer troca membros da comissão da Câmara

Daniel Carvalho, Angela Boldrini, Luiza Franco e Bernardo Mello Franco, Folha de S. Paulo

BRASÍLIA - Na tentativa de evitar uma derrota para Michel Temer logo na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) da Câmara, a base governista remanejou na última semana nada menos que 20 dos membros do colegiado (que tem 66 titulares e 66 suplentes) que avalia a denúncia de corrupção passiva que pesa sobre o presidente da República.

As últimas mudanças da segunda-feira (10) foram feitas tão em cima da hora que só houve tempo para registrá-las à mão na listagem oficial.

Foi à caneta que o PR oficializou os nomes de Bilac Pinto (MG), Laerte Bessa (DF), Magda Mofatto (GO) e Milton Monti (SP) no lugar dos deputados Delegado Waldir (GO), Jorginho Mello (SC), Marcelo Delaroli (RJ) e Paulo Freire (SP).

O deputado Delegado Waldir revoltou-se e disparou contra o partido, contra o governo e contra o próprio Michel Temer. Sacado da comissão que integrava havia dois anos, gritava chamando o partido de "vendido" e "cambada de bandido".

Governo manobra para formar maioria pró-Temer em comissão

Oposição reconhece que articulação na CCJ pode derrubar parecer de Zveiter

Cristiane Jungblut, Eduardo Bresciani, Karla Gamba, e Tatyane Mendes - O Globo

Para construir uma maioria favorável ao presidente Michel Temer na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), o governo utilizou líderes aliados em seis partidos para substituir nove deputados titulares no colegiado. Com isso, oposicionistas já reconhecem que deve ser derrotado o parecer de Sergio Zveiter (PMDB-RJ), que defende a autorização para que o Supremo Tribunal Federal (STF) analise a denúncia formulada pela Procuradoria-Geral da República. As mudanças, porém, evidenciam as dissidências na base, com deputados protestando abertamente contra as trocas. Dos nove que deixaram a CCJ, seis já afirmaram ao GLOBO voto contra Temer.

Para o Planalto, Zveiter ‘politizou’ relatório da CCJ

Governo trata caso como ‘vida ou morte’ e elogia defesa de Mariz

Leticia Fernandes, Eduardo Barretto e Cristiane Jungblut, O Globo

-BRASÍLIA- O presidente Michel Temer e seus aliados já esperavam relatório desfavorável na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), mas se surpreenderam com o componente “excessivamente político” do parecer apresentado ontem pelo deputado Sergio Zveiter (PMDB-RJ). O Palácio do Planalto avalia que Zveiter “exagerou” e que tamanha politização acaba por “estimular o confronto” com os deputados da base do governo.

Experiente nas tribunas, o advogado de Temer no caso, Antônio Cláudio Mariz, travou um confronto com Zveiter. Exaltado, falou aos deputados da CCJ de pé e aos gritos, calando parlamentares da oposição que tentaram impedir sua fala. Em quase uma hora, ele disse que Temer não recebeu “um vintém sequer” do delator Joesley Batista, acusou o Ministério Público Federal, os investigadores e até o ministro Edson Fachin, relator da LavaJato no Supremo Tribunal Federal (STF) que homologou a delação da JBS, de terem agido com “açodamento e pressa”.

Após revés na CCJ, Temer age para derrubar denúncia

Relator acata denúncia e Planalto manobra na CCJ

Parecer de Zveiter, do PMDB, aponta ‘indícios suficientes de autoria e materialidade’ da acusação contra Temer; governo reage e troca deputados da comissão por nomes aliados

Julia Lindner, Renan Truffi e Daiene Cardoso, O Estado de S.Paulo
BRASÍLIA - Filiado ao mesmo partido de Michel Temer, o deputado Sergio Zveiter (PMDB-RJ) seguiu o roteiro previsto e concluiu que a denúncia da Procuradoria-Geral da República contra o presidente não é “fantasiosa” ou “inepta”, como prega a defesa. Em um voto predominantemente político, o relator concordou nesta segunda-feira, 10, que há indícios “sérios o suficiente” de crime de corrupção passiva supostamente praticado pelo presidente da República e que o fato precisa ser apurado.

Cientes de que não haveria chances de o relator apresentar um voto contrário a denúncia, os governistas colocaram em prática a estratégia de trocar membros para tentar derrotar o parecer de Zveiter no colegiado. Para rejeitar o relatório pela admissibilidade da acusação, o Planalto precisa de um mínimo de 34 votos de um total de 66 na comissão. A base aliada promoveu nos últimos dias 17 movimentações envolvendo 13 vagas (entre titulares e suplentes), sendo nove apenas nesta segunda-feira.

Relator aprova ação contra Temer

Por Raphael Di Cunto e Marcelo Ribeiro | Valor Econômico

BRASÍLIA - Relator da denúncia feita pela Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o presidente Michel Temer na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara, o deputado Sérgio Zveiter (PMDB-RJ) deu parecer favorável à admissibilidade da ação penal. Em um relatório contundente, o deputado afirmou que Temer e Joesley Batista, um dos donos da JBS, trataram de assuntos "não republicanos" durante conversa gravada pelo empresário. Ele disse não ter cabimento a tese da defesa, de que o áudio da gravação da conversa não pode ser usado pela acusação porque se refere à vida privada do presidente.

Temer sofre derrota, mas aposta em trocas na CCJ

Zveiter aceita denúncia e diz que indícios de crime são suficientes

Após aliados substituírem nove deputados, oposição já admite que pode perder na Comissão de Constituição e Justiça; por outro lado, dissidências na base aumentam e devem se refletir no plenário

Apesar de manobrar para garantir votos na CCJ da Câmara, o governo sofreu a primeira derrota na tramitação da denúncia contra o presidente Temer por corrupção passiva. Em voto mais duro que o esperado pelo Planalto, o relator Sergio Zveiter, do PMDB, disse que a acusação não é fantasiosa e que há indícios suficientes. O governo pediu socorro a líderes aliados e trocou nove deputados na CCJ. Parte dos substituídos protestou. A oposição já admite perder na CCJ, mas diz estar mais forte para a votação em plenário.

Derrota de Temer na CCJ

Relator diz que denúncia não é ‘fantasiosa’ e que há indícios suficientes contra presidente

Catarina Alencastro e Cristiane Jjungblut, O Globo

-BRASÍLIA- As manobras para garantir maioria na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), com a substituição de deputados que votariam contra Michel Temer por outros mais alinhados ao Palácio do Planalto, precederam a primeira derrota do governo na tramitação da denúncia da Procuradoria-Geral da República. Em um voto mais duro que o esperado, o relator do caso na CCJ, Sergio Zveiter (PMDB-RJ), do mesmo partido de Temer, defendeu a admissibilidade da denúncia por corrupção passiva. Os próximos passos serão a batalha da votação na comissão e, depois, no plenário.

Em reuniões, Maia avalia ser inevitável a queda de Temer

Em reuniões privadas, Maia dá como irreversível queda de Temer

Marina Dias, Daniela Lima, Folha de S. Paulo

BRASÍLIA - Rodrigo Maia (DEM-RJ) passou o último domingo (9) imerso em articulações. Às vésperas de uma semana decisiva para o governo Michel Temer, traçou a diversos interlocutores um cenário em que trata a queda do presidente como irremediável.

No comando da Câmara e sucessor imediato ao Planalto caso o afastamento e a derrocada de Temer se concretizem, Maia encerrou o fim de semana com uma reunião em sua residência oficial em que serviu pizza e sopa e estava cercado de parlamentares da base aliada ao governo.

Um dos deputados que estavam no encontro contou que, em tom sóbrio, Maia reproduziu a alguns dos presentes o diagnóstico que disse ter feito, horas antes, ao próprio Temer, no Palácio do Jaburu.

A verdade dividida | Carlos Drummond de Andrade

A porta da verdade estava aberta
mas só deixava passar
meia pessoa de cada vez.

Assim não era possível atingir toda a verdade,
porque a meia pessoa que entrava
só conseguia o perfil de meia verdade.
E sua segunda metade
voltava igualmente com meio perfil.
E os meios perfis não coincidiam.

Arrebentaram a porta. Derrubaram a porta.
Chegaram ao lugar luminoso
onde a verdade esplendia os seus fogos.
Era dividida em duas metades
diferentes uma da outra.

Chegou-se a discutir qual a metade mais bela.
Nenhuma das duas era perfeitamente bela.
E era preciso optar. Cada um optou
conforme seu capricho, sua ilusão, sua miopia.

Carlos Drummond de Andrade
In Contos Plausíveis
José Olympio, 1985
© Graña Drummond

Dorival Caymmi – Eu não tenho onde morar