- O Globo
Além das mentiras já comprovadas do
ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello, que o noticiário em tempo real já
explora desde ontem, e os jornais de hoje estão certamente aprofundando, os
depoimentos à CPI da Covid até agora estão desvelando a maneira primitiva com
que as decisões não são tomadas no governo Bolsonaro.
Juntando com a operação da Polícia Federal realizada ontem sobre a venda ilegal
de madeira para os Estados Unidos, denunciada pelo próprio governo americano,
temos a prova cabal de que não é apenas a questão ideológica que interfere na
formação de um governo totalmente disfuncional.
O (ainda?) ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, e diversos escalões do
Ibama, inclusive seu presidente, foram apanhados por uma investigação sigilosa
que incomodou Bolsonaro, que fez trocas no Ministério da Justiça e na Polícia
Federal na tentativa de controlar as instituições do Estado brasileiro e viu-se
surpreendido com a independência da PF.
Um exemplo típico, e fundamental, dessa disfuncionalidade é a crença de que as
palavras de Bolsonaro nas redes sociais e nas lives fazem parte apenas do seu
“etos político”, e não representam orientações do governo. Ao explicar a famosa
frase “um manda, outro obedece”, Pazuello disse que era “uma frase de
internet”, isto é, uma resposta para ajudar o político Bolsonaro, que estava
sendo criticado por seus seguidores nas redes sociais porque o Ministério da
Saúde havia anunciado a compra da CoronaVac, a “vacina chinesa” do Doria.