Valor Econômico
É preciso aproveitar o fortalecimento
institucional nesta conjuntura imediata para cortar a cabeça do autoritarismo
Os violentos episódios do 8 de janeiro
representam o maior ataque à sede dos Poderes constituídos de nossa história
democrática. Digo “história democrática” porque certamente, noutras quadras
(não democráticas) de nossa trajetória como nação independente, coisas piores
ocorreram, seja no atinente à ruptura institucional propriamente dita, seja nos
meios utilizados em tentativas de derrogar a ordem constituída.
A Proclamação da República, primeiro evento marcante do aventureirismo militar na política nacional, deu-se sem maior confusão e pôs termo ao Império. Pouco depois, contudo, as duas Revoltas da Armada produziram enfrentamentos bélicos em virtude de disputas políticas opondo setores das próprias Forças Armadas - a Marinha, de um lado, o Exército, de outro. Nas mãos de militares, a República brasileira nascia como uma ditadura turbulenta, cedendo depois lugar não a uma democracia, mas a um regime oligárquico liderado por magnatas do agronegócio de então.