quarta-feira, 12 de julho de 2017

- Opinião do dia – Roberto Freire

E qual a sua posição e a do PPS?

"A maioria da bancada é favorável à aceitação da denúncia. Respeitaremos todo e qualquer voto diferente. Não quero falar ainda minha posição. Qualquer que seja a decisão, o PPS continuará a apoiar a transição até 2018 nos termos da Constituição e a favor da reforma."

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Roberto Freire é deputado federal por S. Paulo e presidente nacional do PPS, entrevista, O Globo, 12/7/2017

Última parada | Vera Magalhães

- O Estado de S.Paulo

Tendo de recorrer a uma dança das cadeiras para tentar um placar favorável na Comissão de Constituição e Justiça e sem garantia de que a rápida erosão de seu apoio parlamentar evitará uma derrota também em plenário, Michel Temer divide seus esforços no Legislativo com o mapeamento prévio de votos no Supremo Tribunal Federal.

O governo acredita que os 11 ministros da Corte são mais sensíveis que os deputados aos argumentos jurídicos da defesa, que contesta pontos importantes da denúncia de Rodrigo Janot contra Temer por corrupção passiva. Além disso, os aliados do presidente acham que o STF é mais blindado à pressão popular e ao argumento usado pelo relator na CCJ, Sergio Zveiter, de que na dúvida tem de prevalecer a sociedade.

Isso porque a simples abertura do processo afastaria Temer da Presidência. E mesmo os ministros do STF reconhecem que, uma vez afastado, dificilmente o presidente retornaria ao Planalto. A dificuldade, em casos recentes, de o Ministério Público produzir provas de corroboração de delações – verificada, por exemplo, em processos contra João Vaccari e ontem na acusação contra Lula feita por Delcídio Amaral – aumenta o dilema dos ministros do Supremo.

A existência de “indícios”, como apontou Zveiter, é considerada frágil demais por pelo menos quatro ministros. Assim, não é desprezível a possibilidade de a Câmara autorizar o STF a analisar a denúncia e, ainda assim, o tribunal não recebê-la. Seria mais um caso de crispação entre os Poderes produzida pela interminável crise política brasileira e suas situações inéditas.

Erro grosseiro da oposição ajudou governo no Senado | João Domingos*

- O Estado de S.Paulo

A aprovação da reforma trabalhista pelo plenário do Senado, por 50 votos a favor, 26 contrários e uma abstenção, foi uma vitória do governo, porque o autor da proposta, afinal, é o governo. Mas foi, sobretudo, uma derrota da oposição e de sua estratégia tonta, antidemocrática, oportunista e machista. Machista porque se escondeu atrás do corpo da mulher no momento em que cinco senadoras, comandadas pela presidente do PT, Gleisi Hoffmann (PR), ocuparam as cadeiras da Mesa Diretora da Casa e impediram que a sessão prosseguisse.

Ficou claro, na votação da reforma trabalhista, que se o governo de Michel Temer tem enormes dificuldades para se sustentar, devido à crise política, a oposição encontra também obstáculos gigantescos e não sabe o que fazer. Definitivamente, não sabe.

Jogo feio | Hélio Schwartsman

- Folha de S. Paulo

Se você quer que a democracia faça com que todos os agentes políticos se comportem como lordes ingleses, então nossas instituições são um fracasso. Se você, mais modestamente, espera apenas que elas disciplinem os conflitos para evitar que degenerem em guerra civil, até que o sistema vem dando conta do recado.

Apesar da profundidade da crise política, em nenhum momento atores ameaçados sugeriram que adotariam caminhos diferentes dos prescritos pela Constituição.

Essas considerações me colocam no campo dos otimistas. Pelo menos sob a perspectiva das expectativas modestas, o sistema está funcionando. Isso não o impede de nos brindar com algumas cenas verdadeiramente deploráveis que tivemos oportunidade de presenciar nos últimos dias.

A troca de seis por cinco e meio | Elio Gaspari

- Folha de S. Paulo

Começaram as conversas para a formação do governo de Rodrigo Maia. Henrique Meirelles continua na Fazenda e quer nomear a diretoria do BNDES. Eliseu Padilha dança, mas Moreira Franco, casado com a mãe da mulher de Maia, fica. Os cortesãos disputam o tesouro do monarca encurralado. O ataque aos cargos de Michel Temer tem uma originalidade: trata-se de levar o que se pode, desde que tudo continue na mesma.

O Brasil ainda vive sua maior recessão. A estrutura partidária está dividida entre a cadeia, o medo e a perplexidade. O país amargou a queda de uma presidente da República e a ruína de outro sem que se discuta quem deve ir para o lugar. Milhões de pessoas foram para a rua pedindo a deposição de Dilma Rousseff sabendo que ela seria substituída pelo vice-presidente. Passou-se um ano, ele administrou uma agenda que nada teve a ver com a campanha em que se elegeu e colheu uma inédita impopularidade, envenenada por uma conversa de 38 minutos com um campeão nacional da roubalheira.

Complexo de Peter Pan | Merval Pereira

- O Globo

Peter Pan por trás de uma ação deplorável no Senado. O que se viu ontem no plenário do Senado remete a cenas a que estamos assistindo diariamente na Venezuela, com o Congresso sendo invadido por vândalos, e parlamentares submetidos a pressões ilegais por representantes de corporações que cuidam de seus interesses sem atentar para os do país.

As senadoras que ocuparam a Mesa Diretora do Senado, não permitindo que o presidente Eunício Oliveira (PMDB-CE) iniciasse a sessão de votação da reforma trabalhista, fizeram um papel deplorável. Por um momento o Senado Federal transformou-se em um palco para que senhoras voltassem aos tempos de ação política em grêmios estudantis, capitaneadas por um ex-presidente da UNE que tem complexo de Peter Pan.

O senador Lindbergh Farias (PT-RJ) manipulou os cordéis para que as senadoras se sentissem no comando das ações, mas foi dele que partiu a ordem para que a senadora Fátima Bezerra permanecesse na cadeira da presidência quando ela já se dispunha a liberá-la. Corria a boca pequena que todo aquele espetáculo fora concebido por outro ex-líder estudantil, o ex-ministro e atual condenado em prisão domiciliar José Dirceu.

Tempo das reformas | Míriam Leitão

- O Globo

A aprovação da reforma trabalhista não é uma demonstração de força do presidente Temer. Ele está cada vez mais fraco. Mas o projeto teve votos de quem está se afastando do governo. Durante horas o Senado ficou paralisado pelo protesto das oposicionistas. Toda oposição tem o direito de obstruir sessões, mas não pode fazer isso ocupando fisicamente a mesa diretora do Senado fazendo lá suas refeições.

Para entender melhor a sombria cena de ontem, em que senadoras da oposição, às escuras, protestavam, é preciso lembrar que foi o PT que provocou a escalada do desemprego e que os que se apresentam como defensores dos trabalhadores esquecem os milhões da informalidade.

O economista José Márcio Camargo afirma que a CLT exclui os mais pobres e tem dados que ilustram essa discussão.

— Entre os 20% mais pobres do país, 60% deles trabalham na informalidade e 24% estão desempregados. Então 84% dos pobres estão fora da CLT. Entre os 20% mais ricos, acontece o contrário. Só 3,1% estão desempregados e 16,3% estão na informalidade. Então, 80% deles estão sob a CLT — diz o economista, baseando-se em dados do PNAD 2015.

Ao aceno de adeus, Temer dá até logo | Rosângela Bittar

- Valor Econômico

Esqueçam a Previdência, agora é reforma política

Uma vez que as forças políticas engajadas na deposição do presidente Michel Temer concluíram, não faz muito tempo, que é mais fácil e rápido para tirá-lo do cargo fazer a sucessão constitucional, abandonando projetos complexos de criar um presidente da República a partir do Judiciário, passou a ser prioridade do grupo dar força política e organização à candidatura do sucessor natural, Rodrigo Maia, presidente da Câmara. É o que se faz, no momento. Nesse sentido encaixam-se as novas peças do quebra-cabeça: ampliação e fortalecimento do DEM, com a volta ou ingresso de políticos bem situados; atenções desmedidas ao Centrão, onde também o DEM está buscando filiar deputados; captura da adesão de ministros do governo Temer; ao PSDB exigindo-se a deserção; resistência forte à tentativa do governo de conquistar a Comissão de Constituição e Justiça; ameaça direta e contundente de aprofundamento da crise com as duas novas denúncias do Ministério Público contra Temer.

Foi nesse cronograma de passo a passo do projeto de afastamento do cargo do segundo presidente da República em um ano que Rodrigo Janot, o procurador-geral, fracionou a saraivada de tiros que pretende dar em Temer, até a misericórdia.

Fechado para a verdade |*Paulo Delgado

- O Estado de S.Paulo

O que está em questão é a decisão de incriminar previamente um presidente

Grupo contrarreformista atacou o presidente de nação do subcontinente e o mantém sob ameaça. Alto funcionário, que operou na chancelaria, ligado ao Ministério Público, que lidera a operação, desertou. Abrigou-se num aparelho advocatício para receber algo como um resgate pago a sequestrador. Mensagem de gravador descreve o método maldoso. Divulgada de forma reiterada, anestesia o país, como se alguém estivesse com uma arma na cabeça, obrigado a oferecer exigências ao malfeitor, não cumpridas integralmente pelo tribunal receptor da ação. A autoridade judicial que dá seriedade à trama não informou que o sogro da sua filha é chefe na organização acusada do mataboi, nome da operação de extermínio. A malta foi beneficiada por dois ex-presidentes com a desnacionalização do banco de fomento, através de empréstimos a compadre. Mesmo assim enviou a extravagante denúncia para servir ao esquartejamento do presidente no plenário da bacia maior. Com avidez de servir, fugindo de flechas de bambu, o relator parlamentar largou sua tribo e se entregou à do procurador (Rádio Mariel, Baía dos Porcos).

O Brasil continua mergulhado na imundície da desavença entre Justiça e política. A rivalidade, mais forte do que a lei e a moral. A glória do deboche dos signos e valores da Justiça é afirmada pelo procurador-geral que denuncia com provas ruins, adora a perspectiva útil do caso grande e se comparar a carrasco de São Sebastião. Um jogo mais poderoso do que o mundo das pessoas de bem.

A energia do vício de acusar distorce fatos, perverte sentidos, libera a energia imoral do espetáculo em que cresce o gênio maléfico de simular. A razão insensata prefere a vitória da condenação política à justiça da condenação jurídica.

O Brasil ainda resiste a Brasília? | Vinicius Torres Freire

- Folha de S. Paulo

Os brasileiros resistem à torpeza e ao tumulto da política a ponto de a economia ainda ter crescido em junho. Em outras palavras, foi o que disse o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, nesta terça-feira (11).

"Não há evidências" de que a "crise política esteja afetando a economia... Muitos insistem em lutar contra os fatos revelados nos dados econômicos", disse Meirelles.

É possível. Há indícios de resistência, aqui e ali, de que junho não teria sido tragado pelos escândalos e pelos conchavões de Brasília. Mas há poucas evidências: números ou fatos.

É possível que o ministro tenha podido ver o que não é evidente para o público em geral. Seria natural que o ministro tivesse alguma informação antecipada.

Previdência e produtividade | Cristiano Romero

- Valor Econômico

No Brasil, aposentado recebe ganho de produtividade

Nos governos do PT, defendeu-se a ideia de que é desnecessário mudar as regras de aposentadoria no Brasil porque o déficit da Previdência seria coberto ou estabilizaria se a economia crescesse de forma mais rápida. De fato, entre 2005 e 2014 a economia avançou a uma média de 3,5%, bem acima da média das últimas três décadas, ajudando a estabilizar esse gasto como proporção do PIB. A realidade mostra, porém, que desde o início dos anos 80 a tendência do país tem sido crescer pouco.

Nos últimos dez anos, a economia brasileira se expandiu, em média, a 2% ao ano. Todos os cortes mostram baixo crescimento. Desde 1990, quando o país começou a mudar o modelo de crescimento - do regime de substituição de importações para o de uma economia menos fechada -, a média anual foi 2,2%; desde 1980, 2,4%. "Apenas tomando por base a história de nossos últimos 35 anos, apostar que a expansão econômica resolverá a questão da Previdência é uma cartada de alto risco", diz Luiz Guilherme Schymura, diretor do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre).

O exercício da omissão – Editorial | O Estado de S. Paulo

O relator Sérgio Zveiter utilizou as 31 páginas de seu parecer para afirmar, na CCJ, a indigente tese de que, se há uma denúncia, os deputados devem aceitá-la

Cumprindo as expectativas, o deputado Sérgio Zveiter (PMDB-RJ) apresentou na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara um parecer eminentemente político sobre a denúncia feita contra o presidente Michel Temer pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot. Sem corresponder às suas responsabilidades constitucionais, que lhe impunham a tarefa de analisar com seriedade o conteúdo da acusação feita pelo procurador-geral, o relator utilizou as 31 páginas de seu parecer para afirmar a indigente tese de que, se há uma denúncia, os deputados devem aceitá-la. Segundo Zveiter, o papel da Câmara é justamente não cumprir o papel que a Constituição lhe dá, portando-se tão somente como despachante da Procuradoria-Geral da República (PGR).

O relatório de Zveiter mencionou a existência de uma “narrativa forte”, com “sólidos indícios” contra o presidente Michel Temer. Mais do que convencer, tais palavras parecem destinadas a lançar uma cortina de fumaça sobre a acintosa fragilidade da peça acusatória. Janot acusou o presidente da República de receber vantagem indevida de R$ 500 mil, mas não apontou um único indício de que Temer teria recebido tal valor – onde, quando, como. Zveiter, no entanto, não enfrentou a questão, optando simplesmente por apoiar a admissibilidade da denúncia.

O juízo político também não beneficia Temer – Editorial | O Globo

Os incontáveis indícios de crime levam mesmo a que a Câmara permita o Supremo processar o presidente, em respeito à sociedade

O verbo tratorar voltou a ser conjugado na Câmara, com a ação do Planalto de aprofundar a intervenção na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) para trocar nomes, com a finalidade de estabelecer alguma maioria minimamente segura na rejeição do pedido de abertura de processo contra o presidente Michel Temer .

Até o fim da tarde de ontem, depois da décima troca de deputados feita na base do governo, em busca de um pedigree mais apurado de fidelidade ao Planalto, levantamento que vem sendo realizado pelo GLOBO indicava, pela primeira vez, uma margem segura acima do mínimo de 34 votos necessitados por Temer para que seja rejeitado o relatório contra ele do deputado Sergio Zveiter (PMDB-RJ).

Na dúvida, a crise – Editorial | Folha de S. Paulo

Com o relatório do deputado Sergio Zveiter (PMDB-RJ), admitindo a abertura de processo criminal contra o presidente da República, dá-se um novo passo no aprofundamento de uma crise política que assola o país, de forma intermitente, pelo menos desde os primórdios do processo de impeachment de Dilma Rousseff (PT).

Nesse período turbulento, desperdiçaram-se diversas oportunidades de solução pronta e revestida de apoio popular.

A vacância no Palácio do Planalto, antes de cumprida metade do mandato presidencial, determina a convocação de novas eleições diretas. Passado esse prazo, a linha sucessória se esgarça em substitutos sem dúvida regulares do ponto de vista constitucional, mas cada vez mais afastados da origem legítima do poder republicano.

Reforma repara erros do setor elétrico e deve elevar tarifas - Editorial | Valor Econômico

Cinco anos depois da edição da problemática Medida Provisória (MP) 579, de Dilma Rousseff, que desorganizou o setor elétrico brasileiro, surge uma proposta ambiciosa de reforma para reparar os erros cometidos e ainda angariar recursos para cobrir o crescente déficit público. Detalhado em documento de 57 páginas do Ministério de Minas e Energia, o projeto estava em estudo há alguns meses e veio à tona em um momento conturbado, mas foi bem recebido. O maior elogio foi por abrir espaço para que os participantes do mercado analisem as propostas e sugiram alterações até agosto, antes da elaboração da MP que será enviada ao Congresso. Entre os principais pontos estão a privatização de usinas de geração da Eletrobras, a revisão dos critérios de compensação do risco hidrológico, a ampliação do mercado livre, a substituição das térmicas a óleo por fontes eólicas e solar e a tarifa variável conforme o horário.

PSDB vai liberar bancada para votar denúncia contra Temer no plenário

Partido não fecha questão sobre denúncia contra presidente e dá mais indicativos de que está perto de romper com governo Temer; segundo líder, maioria deve votar por admissibilidade, mas decisão ainda não foi oficializada

Pedro Venceslau, Bruno Ribeiro e Renan Truffi, O Estado de S.Paulo

BRASÍLIA - A bancada do PSDB na Câmara dos Deputados vai liberar o voto dos 46 parlamentares da legenda na análise em plenário da admissibilidade da denúncia da Procuradoria-Geral da República contra o presidente Michel Temer pelo crime de corrupção passiva. Após uma reunião nesta terça-feira da bancada tucana, o líder Ricardo Tripoli (SP) avaliou que maioria do partido deve votar contra o governo no plenário. A decisão, porém, só será oficializada após a votação na CCJ.

“O PSDB está dividido. Por isso, não há como fechar questão. Eu tenho convicção do meu voto pela admissibilidade da denúncia contra o presidente. Ninguém vai mudar minha convicção”, afirmou o deputado Pedro Cunha Lima (PSDB-PB).

'A base governista está mais aguerrida', diz Freire

Entrevista - Roberto Freire - deputado (PPS-SP)

Amanda Almeida | O Globo

Michel Temer fica ou cai?

– O termômetro está muito mais difícil de ser aferido do que no processo do impeachment. Porque, naquele caso, havia um componente: povo na rua. Hoje, pode haver rejeição alta, mas não há manifestação. Além disso, a base governista está muito mais aguerrida.

A saída do presidente vai gerar instabilidade?

– Não. Se for vitorioso o afastamento, a transição continua. Até porque Rodrigo Maia é base do processo do impeachment e da transição, homem de confiança da base governista.


E qual a sua posição e a do PPS?

– A maioria da bancada é favorável à aceitação da denúncia. Respeitaremos todo e qualquer voto diferente. Não quero falar ainda minha posição. Qualquer que seja a decisão, o PPS continuará a apoiar a transição até 2018 nos termos da Constituição e a favor da reforma.

É normal que Rodrigo Maia sinta 'comichão' para assumir Presidência, diz FHC

Segundo o líder tucano, presidente da Câmara é 'mais que humano, é político'; ex-presidente também disse, em entrevista à GloboNews, que Temer deve deixar posição defensiva e partir para o ataque se quiser contribuir para solução da crise política

João Paulo Nucci, O Estado de S.Paulo

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso afirmou ser "muito difícil" que o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), não sinta um "comichão" com a possibilidade de assumir a presidência da República. "Suponho que seja uma pessoa correta, não vai fazer nada contra o presidente. Mas ele é humano. Mais que humano, é político", disse o tucano em entrevista ao programa Roberto D'Ávila, da GloboNews, nesta terça-feira, 11. "Na vida pública, por mais que as pessoas queiram ser leais, há interesses pessoais e políticos que se sobrelevam."

Senado aprova reforma trabalhista

Após confusão, Senado aprova reforma trabalhista de Temer

Talita Fernandes, Laís Alegretti, Folha de S. Paulo

BRASÍLIA - Depois de mais de sete horas de suspensão, o Senado Federal aprovou na noite desta terça-feira (11) por 50 votos contra 26 a reforma trabalhista, proposta do governo que altera a CLT (Consolidação das Leis Trabalhistas) em mais de cem pontos.

As propostas de alterações foram rejeitadas pelos senadores, como desejavam os aliados do presidente Michel Temer. Se o Senado fizesse mudanças no projeto, a matéria teria de retornar para nova análise da Câmara. Com o resultado desta terça, o texto segue para sanção presidencial.

Para convencer os senadores a não promover mudanças no texto, o Palácio do Planalto se comprometeu a editar uma Medida Provisória que modifica o texto em pontos de desacordo. Entre eles, estão regras para o contrato de trabalho intermitente, de autônomos, e o trabalho de gestantes e lactantes em locais insalubres.

A reforma trabalhista é uma das prioridades legislativas de 2017 do presidente Michel Temer (PMDB), que enfrenta uma grave crise política e a ameaça de perder o cargo.

Em pronunciamento, após a aprovação da proposta, o presidente Michel Temer agradeceu à base aliada e disse que a reforma trabalhista é uma das mais ambiciosas nos últimos 30 anos.

Governo vence no Senado e aprova reforma trabalhista

Após sanção presidencial, reforma trabalhista passará a vigorar em 120 dias

Durante as negociações entre governo e senadores, ficou acertado que o Palácio do Planalto alterará pontos da reforma por veto ou medida provisória para atender pedidos de senadores

Fernando Nakagawa, Julia Lindner e Thiago Faria, O Estado de S.Paulo

BRASÍLIA - Após a aprovação da reforma trabalhista no Senado, e se todos os destaques forem derrubados, o texto irá à sanção presidencial e, com a assinatura do presidente da República, passará a vigorar em 120 dias. Durante as negociações entre governo e senadores, ficou acertado que o Palácio do Planalto alterará pontos da reforma por veto ou medida provisória para atender pedidos de senadores. Entre as mudanças prometidas pelo governo, está a proibição do trabalho insalubre para as gestantes e lactantes e a restrição ao contrato intermitente.

Nova lei amplia negociação entre patrão e empregado

Para analistas, mudanças na CLT devem elevar geração de emprego

Senado aprova texto por 50 votos a 26. Temer deve vetar artigos para aperfeiçoar regras

Por 50 votos a 26, o Senado aprovou ontem a reforma trabalhista, ampliando os itens da CLT que podem ser negociados entre patrões e empregados, como jornada, parcelamento das férias e compensação de banco de horas. São criadas ainda novas formas de contrato. Por acordo com os senadores, o presidente Michel Temer deverá vetar alguns itens para aperfeiçoar regras, como as da jornada intermitente e de intervalo para almoço. Aguardada pelo setor produtivo, mas criticada pelas centrais sindicais, a reforma tem potencial para acelerar a geração de empregos, afirmam especialistas.

Obstrução inédita e frustrada

Oposição ocupa Mesa por 8 horas, mas reforma trabalhista é aprovada por 50 votos a 26

Bárbara Nascimento, Júnia Gama, O Globo

BRASÍLIA- Após uma obstrução inédita por parte de quatro senadoras da oposição, que durou quase oito horas e foi amplamente criticada, o Senado aprovou ontem, por 50 votos a 26, o texto da reforma trabalhista, fazendo avançar a agenda econômica mesmo em meio à crise política. Com a modernização da Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT), ganha força a negociação direta entre patrões e empregados, pois os acordos coletivos vão se sobrepor à legislação em uma série de casos, como negociação de duração de jornada, parcelamento de férias e compensação de banco de horas.

Opinião | O Globo - Autoritarismo

O CONGRESSO já foi impedido de funcionar por tanques do Exército. Tempos duros, de predomínio do arbítrio.

O SENADO não pôde prosseguir na votação da reforma trabalhista porque senadoras da oposição ocuparam, na marra, a mesa da Casa.

VIVE-SE, felizmente, sem temores de curtos-circuitos institucionais, daqueles que colocavam tanques na porta do Congresso.

MAS O ato das senadoras traz a marca do autoritarismo que ocupava as ruas com tropas. São demonstrações, à direita e à esquerda, de quem não consegue conviver com a democracia, da qual faz parte ganhar e perder, mas sempre no voto.

Temer reforça ofensiva para vencer na CCJ

Após trocar 17 parlamentares na CCJ (dez titulares e sete suplentes), o governo adotou novas estratégias para tentar derrubar o relatório do deputado Sergio Zveiter e rejeitar a abertura do processo contra o presidente Temer. Dirigentes de PMDB, PP e PR, partidos da base de Temer, se reunirão para decidir se fecham questão contra a denúncia da PGR, o que aumentará a pressão sobre os deputados rebeldes. No Planalto, o presidente anunciou um pacote de bondades para agradar a deputados da bancada ruralista e do Nordeste. Sancionou o que os ambientalistas chamam de “MP da Grilagem”, além de parcelar dívidas de prefeituras e adiantar repasses de verbas. A oposição foi ao Supremo contra o troca-troca na CCJ e perdeu. Com tudo isso, o placar na comissão apertou e, ontem, tudo indicava que Temer sairá vitorioso. O PMDB protocolou voto em separado na CCJ, e, vencendo na comissão, tentará levá-lo ao plenário.

Blitz do Planalto

Temer atua para emparedar aliados e tenta votar denúncia no plenário nos próximos dias

Catarina Alencastro, Cristiane Jungblut e Júnia Gama, O Globo

-BRASÍLIA- O governo intensificou ontem ações em várias frentes para garantir a derrubada do relatório do deputado Sergio Zveiter (PMDBRJ), que recomenda a aprovação da admissibilidade da denúncia contra o presidente Michel Temer na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). Os dirigentes de partidos aliados — PMDB, PP e PR — anunciaram reuniões da Executiva para discutir o fechamento de questão contra a denúncia, com o objetivo de engessar os votos de deputados rebeldes. Além disso, mantiveram a estratégia de substituir membros na CCJ que pretendiam votar a favor do relatório para garantir uma vitória logo na primeira fase de votação da denúncia por corrupção contra o presidente. Em outra frente, o PMDB protocolou na comissão um voto em separado contra a autorização da investigação de Temer pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Se conseguir barrar o relatório de Zveiter, a tropa de choque governista tentará levar o voto vencedor ao plenário.

PMDB, PP e PR decidem fechar questão

Por Marcelo Ribeiro e Raphael Di Cunto | Valor Econômico

BRASÍLIA - Após trocas na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados para garantir a rejeição da denúncia de que cometeu crime de corrupção passiva, o presidente Michel Temer acertou com aliados uma estratégia de fechamento de questão de três dos maiores partidos da base para criar um movimento no plenário contra a acusação feita pela Procuradoria-Geral da República (PGR). PMDB, PP e PR "fecharão questão" para rejeitar o prosseguimento da denúncia.

O fechamento de questão é um instrumento em que o partido reúne sua direção nacional e determina uma orientação aos parlamentares. Quem descumprir pode ser punido até com a expulsão da legenda. Esse mesmo expediente foi utilizado pelos partidos no impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, mas com poucas punições aos dissidentes.

O plano do governo é sinalizar ao resto da base que tem votos suficientes para impedir a aprovação da denúncia na Câmara. Isso, nas palavras de um líder do governo, daria uma "desculpa" para os deputados que hoje se declaram indecisos a espera de outros desdobramentos e da opinião pública votarem pelo trancamento da denúncia.

PMDB fecha questão e vai punir quem trair Temer

Andreza Matais, O Estado de S. Paulo

O presidente do PMDB, senador Romero Jucá (RR), informou pelo Twitter que o partido decidiu fechar questão e obrigar seus deputados a votarem pela rejeição da abertura de processo contra o presidente Michel Temer.

Jucá diz que os deputados que não seguirem a determinação do partido serão punidos. “Quem não cumprir a decisão será enquadrado pelo conselho de ética do partido e sofrerá punição”, escreveu. O partido tem 63 deputados em exercício.

Na semana passada, Jucá havia dito que o partido não fecharia questão, mas a posição mudou depois que o governo fez as contas e concluiu que precisa de votos tanto na CCJ quanto no plenário.

O relator da denúncia contra Temer na CCJ é do PMDB. Nesse caso, portanto, o partido recomenda votar contra o próprio partido. O deputado Sérgio Zveiter (PMDB-RJ) fez um parecer duro, disse que os fatos são graves e que há indícios suficientes para que o STF processo o presidente.

Zveiter foi indicado para a função pelo presidente da CCJ, Rodrigo Pacheco (MG), que também é do PMDB. Pacheco escolheu o nome sozinho sem ouvir seus colegas de partido e ciente de que Zveiter daria voto contra Temer, líder máximo do PMDB.

Cantiga de Malazarte | Murilo Mendes

Eu sou o olhar que penetra nas camadas do mundo,
ando debaixo da pele e sacudo os sonhos.
Não desprezo nada que tenha visto,
todas as coisas se gravam pra sempre na minha cachola.
Toco nas flores, nas almas, nos sons, nos movimentos,
destelho as casas penduradas na terra,
tiro os cheiros dos corpos das meninas sonhando.
Desloco as consciências,
a rua estala com os meus passos,
e ando nos quatro cantos da vida.
Consolo o herói vagabundo, glorifico o soldado vencido,
não posso amar ninguém porque sou o amor,
tenho me surpreendido a cumprimentar os gatos
e a pedir desculpas ao mendigo.
Sou o espírito que assiste à Criação
e que bole em todas as almas que encontra.
Múltiplo, desarticulado, longe como o diabo.
Nada me fixa nos caminhos do mundo.

Camargo Guarnieri - Três danças brasileiras