O Globo
A palestra do general Augusto Heleno,
ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), em que ele diz que
tem de se medicar com Lexotan na veia para impedir que o presidente Bolsonaro
tome uma atitude radical em relação ao Supremo Tribunal Federal (STF), é mais
um desses absurdos que estão se tornando comuns no Brasil de hoje. Em qualquer
país normal do mundo, com regras democráticas em vigor, seria um escândalo
capaz de provocar a demissão do ministro ou o impedimento do presidente.
Quando diz, na mesma palestra, que o presidente Bolsonaro pode vir a sofrer um
atentado fatal na campanha à reeleição, Heleno está criando um clima de
suspeição que só favorece os que querem tumultuar a campanha. Por que Lula não
pode sofrer também um atentado, diante da insensatez dos seguidores do
bolsonarismo? O fato é que o presidente busca, até agora inutilmente, fazer uma
ligação entre o atentado que sofreu na campanha passada e a atuação de partidos
de esquerda, e essa advertência de Heleno é mais um ingrediente irresponsável
nessa narrativa.
A cada pesquisa divulgada, uma coisa parece certa: há hoje um consenso no
Brasil de que é preciso tirar Bolsonaro do governo. Depois se escolhe em quem
votar. Se houver uma terceira via capaz de disputar o segundo turno, será
fortalecida durante a campanha, e muita gente que hoje está com o ex-presidente
Lula mudará de voto.