sábado, 18 de agosto de 2018

Bolívar Lamounier: Raiva ou moderação: a bifurcação política do País

- O Estado de S.Paulo

A eleição deste ano transcorrerá num clima antipolítico como há muito não víamos

Um fato que chama a atenção na presente conjuntura eleitoral é o grande número de eleitores indecisos ou que falam em anular o voto ou se abster, simplesmente. Estamos em meados de agosto e a proporção dos que se encontram em tal situação é de cerca de 60%, segundo as pesquisas. É razoável admitir que pelo menos 30% manterão tal opção, com o que o porcentual de votos válidos não irá além de 70%. E mais: em todas as camadas sociais, esse amplo contingente de eleitores está permeado por uma atitude de hostilidade às instituições e aos políticos de uma maneira geral. Ou seja, a eleição deste ano transcorrerá num clima antipolítico como há muito não víamos.

As causas principais desse clima são facilmente identificáveis. De um lado, o País vive ainda as sequelas da pior recessão de nossa história; 13 milhões de trabalhadores amargam o desemprego e no mínimo outro tanto já desistiu de procurar trabalho ou se acomodou a ocupações de baixa qualidade e baixa remuneração. Ou seja, o legado do governo Dilma continua forte, projetando sua sombra na esfera político-eleitoral.

Do outro lado, a trama finalmente desvendada da corrupção arquitetada por Lula e pelos partidos que a ele se associaram mais estreitamente atingiu uma amplitude inédita, um conluio que nem os mais pessimistas com o Brasil poderiam ter imaginado, envolvendo entre setores do empresariado e a maior parte do espectro partidário. A esses dois fatores é necessário acrescentar o patético comportamento dos dirigentes institucionais do País, que não chegaria a surpreender se estivesse ocorrendo só no Legislativo, mas que se manifesta com a mesma intensidade entre os integrantes dos tribunais superiores. No próprio Supremo Tribunal Federal (STF), os ministros se desentendem com frequência e violam pontos cristalinamente definidos na Constituição e na jurisprudência, deixando a sociedade na iminência de uma grave insegurança jurídica.

João Domingos: A eleição capturada

- O Estado de S.Paulo

O processo criminal, a prisão, a Justiça, tudo foi instrumentalizado por Lula e pelo PT

Observando-se tudo o que o PT fez depois do impeachment de Dilma Rousseff, do envolvimento de quadros importantes de sua direção em casos de corrupção apurados pela Operação Lava Jato e da surra que tomou na eleição municipal de 2016, é preciso admitir que a estratégia política e eleitoral do partido deu certo. Previu-se de tudo a respeito do PT depois da hecatombe. Os mais otimistas, que definharia; os mais pessimistas, que acabaria. Nem uma coisa nem outra.

Mesmo com Lula processado, condenado e preso por corrupção passiva e lavagem de dinheiro por causa das suspeitas de que teria recebido um triplex no Guarujá como pagamento a favores feitos para uma empreiteira, o partido conseguiu armar tantos barracos, criar tantos fatos ou fakes, apresentar tantos recursos à Justiça, representar ao Comitê de Direitos Humanos da ONU, e até pedir as bênçãos do papa Francisco a Lula, que não saiu mais do noticiário. (Esse repórter, mesmo, está aqui, de novo, escrevendo sobre o PT e Lula).

Com tudo isso, o PT conseguiu vencer uma guerra difícil, que é a guerra da comunicação. Quem a vence sempre está em vantagem quando a disputa é política.

De uma cela da Polícia Federal, em Curitiba, onde deveria ficar isolado da sociedade, porque esse é o sentido da pena, Lula conseguiu fazer seu QG político, segundo acusação do próprio Ministério Público Federal. Dessa cela partiram as ordens para que a candidatura de Lula fosse mantida, embora improvável, por estar ele enquadrado na Lei da Ficha Limpa. De lá, Lula ordenou que o PT impedisse a aliança de Ciro Gomes com o PSB, isolando o candidato do PDT, para depois lhe oferecer um lugar de vice na chapa, o que não foi aceito. Também da cela da PF Lula escolheu o ex-prefeito Fernando Haddad para ser seu vice, e a deputada gaúcha Manuela d’Ávila, do PCdoB, para vice do vice. Ao tornar a escolha pública, Lula acabou por revelar aquilo que todo mundo já sabia, que Haddad era o plano B para a eleição. Naquela altura, o objetivo de tornar o PT e seu candidato competitivo já havia sido alcançado. Em resumo, o processo eleitoral foi sequestrado pelo PT e por Lula.

O processo criminal, a prisão, a Justiça, tudo foi tão instrumentalizado por Lula e pelo PT para manter acesa a militância partidária e o nome do ex-presidente entre os eleitores, que nesse momento importa pouco se o relator do pedido de registro da candidatura do ex-presidente é o ministro Luís Roberto Barroso, da linha dura, ou qualquer outro. Tanto é que Fernando Haddad já deu início ao processo de viagens em que ele vai se apresentar a regiões onde é pouco conhecido, como a Nordeste, onde o PT deve ser muito bem votado.

O plano de Lula e do PT tem uma segunda parte. Trata-se de escolher o deputado Jair Bolsonaro (PSL) como adversário preferencial no segundo turno. Para tanto, Lula e seus estrategistas concluíram que o adversário do partido no momento não deve ser Bolsonaro, mas Geraldo Alckmin. A conclusão é simples: numa eventual disputa da finalíssima presidencial com Bolsonaro, PSDB, PDT, PSB e outros partidos de centro e de centro-esquerda se uniriam em torno do petista. Se o adversário for Alckmin, as forças contrárias ao PT é que se juntariam em torno do tucano.

Essa parte do plano é mais difícil de ser executada, pois não depende apenas de se manter vivo na mídia. É preciso que dela o eleitor participe também.

Tem ainda um detalhe que Lula parece não ter tido tempo de observar. O PT só conseguiu vencer quando se aliou com o centro político. Em 1989, 1994 e 1998, com vices do quadro da centro-esquerda, o partido foi derrotado. Dessa vez a vice se situa mais à esquerda.

Demétrio Magnoli: Sob a tutela dos juízes

- Folha de S. Paulo

A Lei da Ficha Limpa é ruim, e o caso de Lula prova que é preciso revogá-la

Lula, “ficha-suja”, terá sua candidatura barrada. A eleição será legal, pois o veto obedece à legislação. Nem tudo o que é legal é legítimo. Mas a eleição sem Lula será legítima, pois a regra do jogo derivou de um consenso entre gregos e troianos, não de uma imposição unilateral.

O PT reconhecerá essa legitimidade, trocando Lula por Haddad. Na Presidência, em 2010, Lula sancionou sem vetos a Lei da Ficha Limpa, que contou com o voto unânime da bancada do PT. Legal e legítima, a eleição distorcerá um pouco mais a representação democrática. O fato inescapável é que 30% dos eleitores não poderão votar no candidato de sua preferência (que, por sinal, tem a rejeição de 54%).

O PT não tem direito de reclamar. Lá atrás, os poucos que ousaram criticar a Lei da Ficha Limpa (entre eles, este colunista) sofreram os previsíveis insultos das “correntes de opinião” petistas. De fato, o partido jamais reviu sua posição sobre a lei. Seus líderes dizem que a lei é boa, mas Lula deveria ser admitido como candidato pois teria sido condenado injustamente.

A implicação lógica do raciocínio seria adicionar à lei uma cláusula conferindo ao PT o privilégio exclusivo de revisar terminativamente as sentenças judiciais. A lei, porém, é ruim —e o caso de Lula prova que é preciso revogá-la.

A ideia da tutela do eleitor pelos juízes é estranha à tradição democrática. No Reino Unido, em abril de 1981, a morte súbita de um parlamentar provocou uma eleição avulsa no seu distrito, na Irlanda do Norte.

Para substituí-lo, os eleitores escolheram um certo Bobby Sands, 27, militante do Exército Republicano Irlandês (IRA), que cumpria pena numa penitenciária de Belfast. Sands morreu um mês depois, vítima da greve de fome conduzida por sua célula de prisioneiros, sem assumir sua cadeira.

Na greve de fome, a célula reivindicava o estatuto de presos políticos aos condenados do IRA. Mas Sands não foi privado de liberdade por suas ideias, mas pela participação em um ato de terror. Foi na condição de preso comum que Sands disputou (e venceu) a eleição parlamentar.

Julianna Sofia: Photoshop eleitoral

- Folha de S. Paulo

Com a campanha nas ruas, começa a temporada de maquiagem nos candidatos

O Photoshop burlesco no retrato oficial da chapa do PDT ao Palácio do Planalto, com a senadora Kátia Abreu —candidata a vice de CiroGomes— excessivamente retocada, não é evento isolado na campanha que ganha as ruas. Sete quilos mais magra, a parlamentar reconheceu o exagero imagético, mas surfou na repercussão da fotografia.

A marquetagem transforma candidatos e (re)cria caricaturas.

Em sua terceira campanha presidencial, Marina Silva cercou-se de magos que agora se preocupam com sua aparência franzina. O tônus muscular se impõe à biografia, e a seringueira contaminada por mercúrio precisa mudar suas roupas e ganhar volume físico. Recebe consultoria de imagem para a transmutação à base de pantalonas e cores mais vibrantes, sem resvalar em marcas “fast fashion”. 

“Photoshopar” a língua de Ciro, o verborrágico, e conter seu ímpeto machista são meios de suavizar a estampa do candidato. Na visão dos marqueteiros, a estridência do discurso do pedetista rouba-lhe eleitorado. A camisa de força ora funciona —em entrevistas se diz mais “maduro e sereno”. Ora nem tanto. Ao jornal O Globo, afirmou: “O futuro presidente do Brasil não tem que mostrar temperamento de lesma, de ameba”.

Merval Pereira: Os dilemas da democracia

- O Globo

Estudos mostram que os cidadãos, e não apenas aqui, estão cada vez mais abertos a soluções autoritárias

Tanto a democracia quanto o capitalismo estão postos, não de hoje, em discussão em diversos livros e estudos acadêmicos. Com o surgimento do “capitalismo de Estado”, capitaneado pela China, a relação direta entre democracia e capitalismo já não é mais uma variável tão absoluta quanto parecia nos anos 80 e 90 do século passado.

O caso brasileiro, quando chegamos às vésperas da eleição geral em nível de radicalização política exacerbado e uma perspectiva de o não voto superar o primeiro colocado nas pesquisas, já vinha dando sinais há tempos, e foi objeto de análise do centro de estudos (think tank) independente, baseado em Washington, New America Foundation, em reportagem sobre o declínio da confiança nas instituições políticas no mundo.

Eles focaram a tendência crescente de soluções autoritárias no Brasil. Estudos mostram que os cidadãos, e não apenas aqui, estão cada vez mais abertos a soluções autoritárias. Uma situação considerada perigosa, pois os cidadãos em democracias supostamente estabilizadas mostram-se cada vez mais críticos aos líderes políticos e mais cínicos quanto ao valor da democracia como sistema político.

Há pesquisas que mostram que a democracia era um valor muito mais respeitado entre as gerações mais velhas, ao passo que na geração dos millennials, os que chegaram à fase adulta na virada do século XX para o XXI, apenas 30% nos Estados Unidos consideram que a democracia é um valor absoluto. O mesmo fenômeno é constatado na Europa, em números mais moderados.

A democracia está posta em xeque também pela desigualdade econômica exacerbada em países como o nosso. O economista e acadêmico Edmar Bacha levou a debate na Academia Brasileira de Letras o futuro do capitalismo e da democracia, em função da concentração de renda no topo da pirâmide social e dos avanços do autoritarismo e do populismo mundo afora.

Míriam Leitão: Emprego: desafio que permanecerá

- O Globo

O desemprego elevado é uma espécie de índice síntese dos erros que o país tem cometido em várias áreas e não comporta simplificações

No começo de 2012, quando o indicador mais amplo de mercado de trabalho, que une o desemprego, o desalento, e a subutilização da mão de obra, começou a ser medido, a taxa total era de 20,9%. Agora é 24,6%. Naquela época, a economia não estava em recessão. Há um problema mais profundo que desafia o país a ter melhor entendimento do fenômeno. O desemprego é uma espécie de índice síntese dos erros que o país tem cometido em várias áreas e não comporta simplificações.

Eleição é época de simplificar tudo para caber nos minutos, ou segundos, da propaganda, ou nas mensagens diretas que possam impressionar o eleitor. Esse ambiente é estéril para encontrar soluções realmente duradouras. Mas em janeiro do ano que vem o problema continuará desafiando as pessoas que forem eleitas e tiverem que governar o país.

Houve nos últimos anos, a partir de 2014, uma escalada da destruição de vagas no mercado de trabalho. E esse ambiente não foi revertido, ainda que tenha sido reduzido desde o seu pico no primeiro trimestre de 2017, quando a taxa chegou a 13,7%. Agora está em 12,4%. Mas a melhora é lenta demais, e para as pessoas alijadas do mercado de trabalho o problema ficou crônico, 3,1 milhões de pessoas procuram emprego há mais de dois anos, 4,8 milhões já desistiram.

Hélio Schwartsman: Competência ou sinecura

- Folha de S. Paulo

Não faltam no país leis que criam reservas de mercado

Uma das maiores sacadas da humanidade é a especialização do trabalho. Foi ela que permitiu que sociedades passassem do estado de miséria em que viveram a maior parte da história para a era de prosperidade que experimentam agora.

Se cada um de nós tivesse de providenciar o próprio jantar, ainda estaríamos todos no campo plantando batatas, lutando contra pragas e indo dormir com fome todas as noites. Não haveria cidades nem ciência.

A mágica por trás da especialização é que ela leva a expressivos ganhos de produtividade. Se eu for consertar o vazamento da pia de casa sozinho, perderei dias e provavelmente fracassarei. Se eu chamar um encanador profissional, ele resolverá o problema em poucos minutos. A grande força por trás da profissionalização, portanto, é a competência. É porque o encanador é muito melhor do que você para consertar vazamentos que você o contrata.

No Brasil, porém, corporações descobriram um outro caminho. É só conseguir sensibilizar parlamentares em número suficiente para aprovar leis que criem reservas de mercado e já nem é necessário que os profissionais sejam competentes.

Leis desse gênero, muitas delas contrariando o espírito e às vezes também a letra da Constituição, não faltam no país. Esta semana, um desfile de moda foi objeto de ação policial pelo suposto descumprimento de uma norma de 1978 que determina que quem “cria, interpreta ou executa obra de caráter cultural de qualquer natureza, para efeito de exibição ou divulgação pública”, é um artista profissional e, portanto, precisa de um registro prévio para trabalhar.

A organização do evento provocou a ira do sindicato e de agências de modelo ao chamar para a passarela jovens que aceitaram desfilar em troca da peça de vestuário.

Até entendo que categorias profissionais defendam seus interesses. Mas, quando todos emplacam reservas de mercado, o resultado líquido para a sociedade é menos competência e mais sinecuras e penduricalhos.

Ricardo Noblat: Lula lá ou Haddad já?

- Blog do Noblat | Veja

Entre a fantasia e a realidade

Para efeitos de propaganda política, não poderia ter sido melhor para o PT a decisão tomada por dois dos 18 integrantes do Comitê de Direitos Humanos da ONU de pedir ao governo brasileiro que garanta todos os direitos de Lula para que ele dispute as eleições mesmo preso.

Mas para aprofundar o racha do partido em torno de Lula até o fim ou de Fernando Haddad já, não poderia ter sido pior. A decisão do Comitê deu gás novo à parcela do PT que sabota por ora a candidatura de Haddad a pretexto de defender a de Lula.

Uma parcela dessa parcela, liderada por insensatos do tipo Gleisi Hoffmann e Lindberg Farias, gostaria até de ir mais longe. Uma vez que a Justiça barrasse de vez a candidatura Lula, o PT deveria pregar pura e simplesmente o boicote às eleições.

Seria a chamada “Solução Final” para um sistema político que apodreceu e que ficou sem saída. Quanto maior fosse a abstenção e o número de votos nulos, mais rápido poderia instalar-se o caos. Dele emergiria um mundo novo, mais justo e – quem sabe? – mais receptivo à volta do PT ao poder.

Acha graça? Acha que exagero?

O governo disse não ao pedido dos dois relatores do caso Lula no Comitê da ONU. Dizer sim seria mandar para o brejo a soberania do país – e, dentro dele, das leis e dos juízes que condenaram Lula a 12 anos e um mês de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro.

Lula lá é uma fraude, por impossível. Haddad já é o único caminho do PT para, com muita sorte, disputar o segundo turno da próxima eleição.

Os 10 melhores momentos do debate
Até o cabo foi melhor que o capitão

Emprego foi o principal tema no debate de presidenciáveis da RedeTV!

Oito candidatos participaram do encontro; púlpito que seria destinado ao ex-presidente Lula no estúdio foi retirado pela emissora

Por Da Redação | Veja

No dia seguinte à divulgação, pelo IBGE, de que falta emprego para 27,6 milhões de brasileiros, o desemprego foi o principal tema do segundo debate na TV aberta da campanha presidencial de 2018, nesta sexta-feira, 17, na Rede TV!.

Participaram do debate na emissora paulistana, organizado em parceria com a revista IstoÉ, oito postulantes ao Palácio do Planalto: Alvaro Dias (Podemos), Cabo Daciolo (Patriota), Ciro Gomes (PDT), Geraldo Alckmin (PSDB), Guilherme Boulos (PSOL), Henrique Meirelles (MDB), Jair Bolsonaro (PSL) e Marina Silva (Rede).

Ao menos cinco perguntas feitas e respondidas pelos candidatos giraram sobre a geração de empregos. Dias prometeu criar 10 milhões de vagas de trabalho caso seja eleito, enquanto Meirelles ressaltou que colaborou, enquanto presidente do Banco Central, no governo Lula (PT), e ministro da Fazenda, no governo Michel Temer (MDB), para a criação de 12 milhões de empregos. O emedebista pediu “mais tempo”, como presidente, para combater o desocupação no país.

Ainda desconhecido de boa parte do eleitorado, Henrique Meirelles procurou, assim como no primeiro debate, na TV Bandeirantes, há uma semana, apresentar-se como um executivo bem-sucedido na iniciativa privada e o “escolhido” tanto por Lula quanto por Temer para ocupar postos-chave da economia do país em momentos delicados.

Já Ciro Gomes disse que seu plano de governo prevê a retomada da criação de postos de trabalho em quatro pontos: a retomada do consumo das famílias – por isso pretende “limpar” o nome dos 63 milhões de devedores brasileiros que, segundo ele, estão no Serviço de Proteção ao Crédito (SPC); retomada do investimento do empresariado; “equalização” das contas públicas, que ele classifica como “falidas”; e estímulo à indústria. Ciro afirmou pelo menos duas vezes que há um “genocídio industrial” no país, com o fechamento de 13.000 indústrias.

Geraldo Alckmin afirmou que a geração de empregos no país passa por reformas estruturais, que o tucano prometeu enviar ao Congresso no primeiro mês de governo, caso eleito. Criticado por Ciro Gomes pelo apoio do PSDB à PEC que impôs um teto aos gastos públicos, Alckmin defendeu a manutenção da medida. Ele pontuou, contudo, que o teto só foi aprovado diante do “total descontrole” das contas públicas nos governos do PT e tentou se desvencilhar do governo Temer.

Respondendo à ironia de Guilherme Boulos de que os demais candidatos representam “50 tons de Temer”, Alckmin afirmou que “40 destes tons são vermelhos. É do PT e seus aliados. Eles escolheram o Temer. Aliás, duas vezes”.

Líder das pesquisas de intenção de voto sem a candidatura de Lula, Jair Bolsonaro voltou a dar respostas vagas quando questionado por adversários e jornalistas sobre economia. Indagado por Henrique Meirelles a respeito de propostas para geração de empregos, Bolsonaro atacou os governos de PT e PSDB e o próprio Meirelles. Após propor, em seu plano de governo, um superministério da Economia, que seria gerido pelo economista Paulo Guedes, o candidato do PSL se limitou a dizer que escolherá um “time independente de ministros”.

Novamente perguntado pelo emedebista, desta vez sobre a igualdade salarial entre homens e mulheres, o presidenciável do PSL voltou a afirmar, tal qual no debate da Band, que o governo não deve interferir na iniciativa privada. Ele citou a CLT como “garantia” de paridade entre os gêneros.

Tanto em sua fala de abertura quanto nas considerações finais, Jair Bolsonaro disse que o Brasil “precisa de um presidente honesto, patriota, que respeite a família e afaste de vez o fantasma do comunismo”. Em outros momentos de sua participação, Bolsonaro criticou, como de costume, a “ideologia de gênero” e o “kit gay” nas escolas e defendeu um maior número de colégios militares no país. Em uma destas ocasiões, o capitão da reserva fez dobradinha com Cabo Daciolo, o candidato que carregava uma Bíblia à mão a cada intervenção e voltou a pregar no debate à la pastor evangélico. “Glória a Deus”, não se cansa de repetir Daciolo.

No momento mais tenso do debate, Jair Bolsonaro questionou Marina Silva sobre a opinião dela a respeito da posse de arma de fogo. Marina aproveitou o momento para rebater a posição dele sobre o salário das mulheres e houve bate-boca. “Você não sabe o que é uma mulher que tem um filho jogado no mundo das drogas”, rebateu o deputado, em referência à posição de Marina de defender um plebiscito sobre a legalização das drogas. A ex-ministra contra-atacou: “você fica ensinando para os jovens que tem que resolver tudo na base do grito. Você pegou a mãozinha de uma criança e ensinou como faz para atirar”.

Sem púlpito vazio de Lula
Assim como no debate da Band, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), preso em Curitiba há mais de quatro meses, teve a participação no programa da Rede TV! negada pela Justiça. A emissora pretendia colocar um púlpito vazio no estúdio, mas, com a decisão judicial, levou a possibilidade aos adversários do petista, que rechaçaram a cadeira vazia. Boulos foi o único a discordar da retirada do púlpito destinado a Lula.

O nome do petista foi citado por alguns adversários quando se discutiu o combate à corrupção. Ex-ministra de Lula em seu primeiro governo, Marina Silva foi indagada por Alvaro Dias sobre a cadeira vazia. Ela citou a prisão do ex-presidente, as gravações de Aécio Neves na delação da JBS e a aliança de Geraldo Alckmin com o Centrão. Marina prometeu ao menos três vezes que apoiará às investigações da Lava Jato.

Dias, que costuma dizer que convidará o juiz federal Sergio Moro para o Ministério da Justiça, classificou a candidatura de Lula como “vergonha nacional” e voltou a afirmar que pretende “refundar a República”.

Criticado por adversários por ser apoiado pelos partidos envolvidos em esquemas de corrupção, Alckmin disse que seu governo terá “tolerância zero” com desvios.

Bolsonaro é pressionado sobre economia e mulheres em debate na RedeTV!

'Você não sabe o que é ser mulher', afirma candidata da Rede no segundo encontro de presidenciáveis das eleições 2018;

Marianna Holanda, Glauco de Pierri, Valmar Hupsel Filho, Igor Giannasi, Daniel Weterman, Matheus Lara e Mateus Fagundes | O Estado de S.Paulo

Pressionado por adversários no segundo debate entre os candidatos à Presidência da República promovido na noite desta sexta-feira, 17, pela Rede TV!, o candidato do PSL, Jair Bolsonaro, hesitou ao ser confrontado em temas sensíveis à sua candidatura. Bolsonaro teve dificuldades de responder uma questão sobre a dívida pública e foi acusado pela candidata da Rede, Marina Silva, de fazer “vista grossa” à discriminação que sofrem as mulheres. Diferentemente do primeiro encontro entre os presidenciáveis, o assunto ética na política foi frequente e o PT, sem representantes no encontro, alvo de ataques.

O terceiro bloco do debate reservou um embate entre Bolsonaro e Marina, respectivamente líder e segunda colocada nas pesquisas de intenção de voto sem a presença do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, preso e condenado na Operação Lava Jato e registrado no Tribunal Superior Federal (TSE) como candidato do PT.

“Você disse que a questão dos salários melhores para as mulheres é uma coisa que não precisa se preocupar porque já está na CLT”, questionou a candidata da Rede. “Só uma pessoa que não sabe o que significa uma mulher ganhar um salário menor que os homens e ter a mesma capacidade, a mesma competência e ser a primeira a ser demitida e a última a ser promovida e quando vai na fila de emprego, só por ser mulher, não se aceita. É uma questão que tem que se preocupar, sim, porque quando se é presidente da República tem que fazer cumprir o artigo 5.º da Constituição Federal, que diz que nenhuma mulher deve ser discriminada. E não fazer vista grossa dizendo que não precisa se preocupar.”

Ao responder, Bolsonaro partiu para o ataque e acusou Marina de ser uma evangélica que defende plebiscito para a legalização do aborto e da maconha. O candidato do PSL disse ser a favor do direito das mulheres de portar arma de fogo. Na tréplica, Marina rebateu lembrando o episódio em que Bolsonaro foi fotografado em Goiânia ensinando uma criança a fazer, com as mãos, o gesto de uma pistola.

“A coisa que uma mãe mais quer é educar os filhos para que eles sejam homens de bem. Você é um deputado, pai de família. E você um dia desse pegou a mãozinha de uma criança e ensinou como é que se faz para atirar. É esse o ensinamento que você quer dar ao povo brasileiro?”

A atuação da candidata da Rede – única mulher presente – foi ressaltada pelo presidenciável do PSOL: “Quero parabenizar você, Marina, por ter colocado Bolsonaro no seu lugar. Eleição não se ganha no grito”, disse Guilherme Boulos.

O debate passou por vários temas econômicos: desemprego, teto de gastos, reforma tributária e outros. Na parte em que jornalistas perguntavam para os candidatos, Bolsonaro foi questionado se deve ser papel do presidente da República se preocupar com o Orçamento da União e a parcela destinada ao pagamento da dívida pública. “Cabe ao presidente da República, são números absurdos, meus economistas dizem que tem solução, mas será difícil”, afirmou o candidato do PSL, que costuma dizer que assuntos econômicos serão respondidos por seu eventual ministro da Fazenda, o economista Paulo Guedes.

Na continuação da resposta, Bolsonaro apontou como solução a redução do tamanho do Estado, privatizações, além de facilitar vida de quem quer abrir empresa no Brasil e diminuir encargos trabalhistas. Ele disse ainda querer que “empregados e patrões sejam amigos e não inimigos”.

Vera Magalhães: O debate

- O Estado de S. Paulo.

Candidatos estavam cheios de dedos com Jair Bolsonaro. Marina Silva o contrapôs sobre salários de mulheres e armas. Ele ficou desconcertado.

Os candidatos estavam cheios de dedos sobre como confrontar Jair Bolsonaro. Desde o debate da Band. Escrevi sobre isso na minha coluna do Estado ainda antes do debate: o cálculo da preparação de marqueteiros para os principais candidatos demonstrava que confrontar Bolsonaro favorecia o candidato do PSL.

Marina ignorou as estratégias de marketing e, olhando nos olhos do deputado, o contrapôs sobre salários menores para mulheres e depois sobre sua política de armar a população. Ele ficou desconcertado e ensaiou uma resposta agressiva a ela, da qual recuou no meio. A candidata da Rede terminou o debate da Rede TV! em segundo lugar nos tópicos mais comentados do Twitter mundial, atrás da hashtag oficial do evento.

Antes, Bolsonaro havia responddido a Henrique Meirelles que não existia nenhum vídeo ou áudio seu defendendo que mulheres não deveriam ganhar o mesmo que homens. Existe, sim. Foi em entrevista ao programa de Luciana Gimenez, na própria Rede TV!. Questionado pela apresentadora, disse que ele, se fosse empregador, não pagaria o mesmo a mulheres que a homens, apesar de achar que há mulheres que são competentes. Gimenez reagiu: “Olha o que você falou, Bolsonaro, você é ogro!”

No debate, o jornalista Reinaldo Azevedo questionou o deputado do PSL sobre a dívida pública. Para evitar a tergiversação sobre o “posto Ipiranga”, já incluiu o antídoto na pergunta: “Ou isso não é papel do presidente da República?”.

Bolsonaro se retraiu. Disse que sim, é prerrogativa do presidente. E se pôs a desfilar uma série de generalidades que nada tinham a ver com a dívida, como a dificuldade para se abrir uma empresa no Brasil. Mostrou total despreparo para uma questão crucial de macroeconomia.

Bolsonaro e Marina têm confronto sobre direitos da mulher e elevam tensão em debate

Na RedeTV!, candidatos protagonizaram principal momento de embate da campanha até agora

Daniel Carvalho , Guilherme Seto e Isabel Fleck | Folha de S. Paulo

SÃO PAULO - Os presidenciáveis Jair Bolsonaro (PSL) e Marina Silva (Rede) se enfrentaram no debate da RedeTV!, nesta sexta-feira (17), ao discutirem diferença salarial entre homens e mulheres no país.

A candidata contestou o capitão reformado sobre afirmação dele de que a diferença salarial entre homens e mulheres não é uma questão por já ser vetada pela CLT (Consolidação das Leis do Trabalho).

Foi o momento mais tenso do encontro, que reuniu oito candidatos, e da campanha até agora. O PT foi à Justiça reivindicar o direito de Lula participar, mas o pleito foi negado. O ex-presidente está preso em Curitiba e com a candidatura sob análise.

“Não é uma questão de que não precisa se preocupar. Tem que se preocupar sim”, disse Marina a Bolsonaro.

O deputado havia dito que "é mentira" que defendeu que mulher deve ganhar menos que homem. "Na CLT já está garantido à mulher ganhar igual ao homem. Não temos que nos preocupar com isso", falou.

Bolsonaro, no entanto, já afirmou que "não empregaria [homens e mulheres] com o mesmo salário".

Marina afirmou no debate que a realidade comprova que ainda há diferença remuneratória, apesar de ambos terem as mesmas capacidades, e que é função do presidente da República lutar contra o problema.

O formato do debate exigia que os candidatos andassem até o centro do palco e fizessem questões um ao outro.

Diante de Bolsonaro, Marina criticou o rival por “pegar a mãozinha de uma criança e ensinar como é que faz para atirar”. “É esse o ensinamento que você quer dar? Você acha que pode resolver tudo no grito, na violência”, disse ela, sob aplausos da plateia.

Só Marina, ao encurralar Bolsonaro, aproveitou formato de ringue no debate

Embate prometia MMA, mas entregou mais um Telecatch, com candidatos levantando a bola alheia

Igor Gielow | Folha de S. Paulo

SÃO PAULO - O formato de embate direto entre os presidenciáveis prometia melhorar um pouco o grau de sonolência proporcionado pelo debate promovido pela RedeTV! e a revista IstoÉ. Não deu muito certo, os postulantes não buscaram fazer do círculo central um octógono de MMA.

A exceção ocorreu quando Marina Silva (Rede) deixou Jair Bolsonaro (PSL) sem resposta ao usar de sua condição de mulher para criticar as posições do deputado minimizando a desigualdade de oportunidade no mercado de trabalho. Ela o encurralou fisicamente, aproximando-se do candidato.

Ela ainda engatou uma réplica no campo em que o candidato transita, o dos evangélicos pentecostais, e buscou pespegar-lhe a pecha de intolerante com um questionamento maternal, falando de crianças. Isso mira apoiadores menos firmes de Bolsonaro; se funcionará quando explorado à frente, é outro ponto.

No geral, foi apresentado mais um ringue do Telecatch, o mítico programa de TV de lutas coreografadas do fim dos anos 1960. Ou seja, marmelada em perguntas sem agressividade e destinadas a dar o máximo de tempo para ambos os presentes a expressarem o que consideram planos.

Uma variante para adicionar colorido ao evento foi, como no debate da Bandeirantes na semana passada, a presença de Cabo Daciolo (Patriota). O candidato encarnou um pastor, com uma bíblia na mão e tudo, enunciando a palavra do Senhor praticamente a cada intervenção.

Daciolo é o resumo desse modelo de debate numa eleição fragmentada: apenas o histrionismo corta o bocejo, mas leva a questionamentos sérios sobre os limites da legislação que rege os debates. Oito candidatos não discutem, fazem autoelogios —ou pregação nonsense, no caso de Daciolo, talvez com a única exceção: quando disse que "tudo era um teatro".

O irmão ideológico mais velho de Daciolo, Bolsonaro, teve um desempenho pior do que o zero a zero da semana passada. Além do episódio com Marina, enrolou-se ao falar de orçamento, demonstrando insegurança ao apelar aos indefectíveis "meus economistas". Como na Bandeirantes, falou o que seus apoiadores fiéis e detratores queriam ouvir. Mais do mesmo.

Confronto entre Marina e Bolsonaro marca o 2º debate

O confronto entre Marina Silva e Jair Bolsonaro marcou o segundo debate entre oito candidatos à Presidência na TV, ontem à noite. Eles duelaram sobre direitos das mulheres, armas para a população e autoritarismo. Temas econômicos, sobretudo desemprego, foram predominantes no debate.

Ataque de Marina a Bolsonaro marca debate

Ao final de um encontro de poucas acusações, os dois líderes das pesquisas nos cenários sem Lula têm o primeiro enfrentamento da campanha; candidata da Rede diz que adversário ‘quer resolver tudo no grito’ e dá mau exemplo às crianças

- O Globo

Num debate em que candidatos evitavam fazer acusações pessoais e no qual o emprego predominou como tema, um enfrentamento entre Jair Bolsonaro (PSL) e Marina Silva (Rede) foi o principal momento no encontro de presidenciáveis, ontem à noite, na RedeTV!. Foi a primeira vez na campanha que os dois, líderes nas pesquisas de intenção de votos nos cenários sem Lula (PT), tiveram um embate direto.

No final do quarto bloco, Bolsonaro escolheu Marina para perguntar se ela concordava com a ideia, defendida por ele, de liberar o armamento para a população. Marina respondeu que não, mas voltou ao tema da equiparação salarial entre homem e mulher. Pouco antes, Bolsonaro havia dito que o governo não tem como interferir no tema se a diferença ocorre no setor privado, e que não há muito a fazer pois a legislação já prevê equiparação. Marina afirmou que o adversário não sabe “o que significa uma mulher ganhar um salário menor, ter a mesma competência e ser a primeira a ser demitida”, acusando o candidato do PSL de “não se preocupar” com a questão.

— Quando se é presidente, tem que fazer cumprir o artigo 5º da Constituição, que diz que nenhuma mulher deve ser discriminada, e não fazer vista grossa. Bolsonaro contra-atacou chamando a candidata da Rede de “uma evangélica que defende aborto e maconha”. — Você não sabe o que é uma mulher ter um filho jogado no mundo das drogas. Eu defendo a mulher, inclusive a castração química para estupradores. Você não pode me interromper. Em seguida, Marina encerrou com a declaração mais incisiva:

Candidatos mais à vontade, mas sem ideias novas

Leticia Sander | O Globo

Os candidatos estavam claramente mais soltos ontem, no debate da RedeTV! do que na semana passada, no encontro da Band. Tiveram mais facilidade para respeitar o cronômetro e ficaram razoavelmente dentro dos assuntos propostos. O formato também era menos engessado. No primeiro bloco os candidatos tiveram a chance de um confronto direto: eram chamados ao centro do palco, onde ficavam frente a frente. Tirando o embate com Marina, Bolsonaro não foi trazido ao centro dos ataques. Mesmo com a campanha em curso, os adversários parecem ainda não saber lidar com o candidato.

O debate já se aproximava do fim quando Marina Silva (Rede) tirou Jair Bolsonaro (PSL) do sério. Não foi por planejamento ou estratégia. O líder das pesquisas nos cenários sem Lula vinha sendo poupado no debate quando numa pergunta sobre porte de armas, praticamente mandou a candidata da Rede se calar. Marina vinha apagada, pouco acionada pelos adversários. Mas aproveitou a deixa para imprimir publicamente no adversário a pecha de intolerante que, longe dos embates deste gênero, frequentemente lhe é imputado.

Um dia depois de o IBGE mostrar que faltam trabalho e perspectiva a 27 milhões de brasileiros, o desemprego foi o grande tema. Apareceu na fala de praticamente todos os candidatos. A dúvida é se o eleitor conseguiu fixar na cabeça uma ideia de como combater o problema. Na primeira parte do debate, houve mais discordâncias do que propriamente confrontos.

Bolsonaro é pressionado sobre economia e mulheres em debate na RedeTV!

- IstoÉ

Pressionado por adversários no segundo debate entre os candidatos à Presidência da República promovido na noite desta sexta-feira, 17, pela Rede TV!, o candidato do PSL, Jair Bolsonaro, hesitou ao ser confrontado em temas sensíveis à sua candidatura. Bolsonaro teve dificuldades de responder uma questão sobre a dívida pública e foi acusado pela candidata da Rede, Marina Silva, de fazer “vista grossa” à discriminação que sofrem as mulheres. O tema ética na política foi frequente no debate e o PT, sem representantes no encontro, o segundo debate entre os presidenciáveis nas eleições 2018.

Diferentemente do primeiro encontro entre os presidenciáveis, o assunto ética na política foi frequente e o PT, sem representantes no encontro, alvo de ataques.

O terceiro bloco do debate reservou um embate entre Bolsonaro e Marina, respectivamente líder e segunda colocada nas pesquisas de intenção de voto sem a presença do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, preso e condenado na Operação Lava Jato e registrado no Tribunal Superior Federal (TSE) como candidato do PT.

“Você disse que a questão dos salários melhores para as mulheres é uma coisa que não precisa se preocupar porque já está na CLT”, questionou a candidata da Rede. “Só uma pessoa que não sabe o que significa uma mulher ganhar um salário menor que os homens e ter a mesma capacidade, a mesma competência e ser a primeira a ser demitida e a última a ser promovida e quando vai na fila de emprego, só por ser mulher, não se aceita. É uma questão que tem que se preocupar, sim, porque quando se é presidente da República tem que fazer cumprir o artigo 5º da Constituição Federal, que diz que nenhuma mulher deve ser discriminada. E não fazer vista grossa dizendo que não precisa se preocupar.”

Alckmin quer dar superpoder ao Ministério da Fazenda

Plano de Alckmin prevê mais poderes na Fazenda

Documento da campanha tucana nas eleições 2018 projeta uma superpasta econômica, que vai centralizar os gastos do governo; texto propõe usar recursos do FAT na área social

Pedro Venceslau e Fabio Leite | O Estado de S.Paulo

A versão final do programa de governo de Geraldo Alckmin, presidenciável do PSDB nas eleições 2018, prevê ampliar o poder do Ministério da Fazenda concentrando na pasta a implementação de toda a política econômica do País, incluindo o planejamento de receitas e despesas da União. Na prática, em um eventual governo Alckmin, ficará centralizada no futuro ministro da Fazenda a decisão sobre o controle dos gastos (incluindo os investimentos) da administração federal.

O programa de 61 páginas – que deve ser divulgado na segunda-feira, 20, e foi obtido pelo Estado – diz que “todas as funções orçamentárias ou com implicações orçamentárias hoje exercidas por vários ministérios devem ser realocadas para o Ministério da Fazenda”, assim como “todas as instituições financeiras oficiais serão subordinadas” à pasta econômica.

Historicamente, o Planejamento responde pela gestão do Orçamento, mas o caixa é do Tesouro Nacional, vinculado à Fazenda. Atualmente, discussões sobre o Orçamento – como bloqueios e remanejamentos de recursos – são feitas por junta de execução orçamentária, que reúne os ministérios da Fazenda e do Planejamento, além da Casa Civil.

Quase todos os bancos federais já são subordinados à Fazenda, exceto o BNDES, vinculado ao Planejamento. Mesmo assim, indicações políticas para as chefias dos bancos não costumam ser barradas. Segundo o programa, a concentração da política econômica na Fazenda tem como objetivo “evitar políticas díspares ou conflitantes resultantes de sua divisão entre vários ministérios”. Com isso, o Planejamento vai se concentrar apenas na chamada “Reforma de Estado”, como revisão de carreiras do funcionalismo e adoção da meritocracia.

A pasta mudaria de nome para Ministério da Reforma do Estado. Segundo o professor de economia da Fundação Getúlio Vargas Samuel Pessoa, essa mudança faria com que as divergências de natureza política fossem encaminhadas para outros ministérios, como ação social, saúde e educação. “Fazenda e Planejamento precisam tratar de temas mais consensuais, que dizem respeito à teoria econômica.”

O capítulo econômico do programa foi coordenado por Persio Arida, que teve carta branca para escolher auxiliares e se tornou o principal interlocutor de Alckmin com o mercado. Seu nome é apontado como o mais cotado para assumir o comando do “superministério” da Fazenda, caso Alckmin seja eleito.

O documento diz que vai “completar a privatização da Eletrobrás e suas subsidiárias”, mas descarta privatizar o Banco do Brasil e a Petrobrás, com exceção das atividades de refino e distribuição de derivados de petróleo.

Social. Outro redesenho proposto é a fusão, no Ministério de Desenvolvimento Social, de todos os programas voltados à redução da pobreza e da desigualdade, como Bolsa Família, Luz para Todos (hoje no Ministério de Minas e Energia) e Brasil Carinhoso (Educação).

O programa fala em erradicar a pobreza extrema no País com o “Bolsa Família 2.0”. Os recursos para a ampliação dos programas sociais viriam do pagamento integral da dívida do BNDES com o Fundo de Amparo ao Trabalhador. O BNDES tem R$ 254 bilhões em recursos do FAT, que é a principal fonte de recursos do banco de fomento para financiamentos.

Marina Silva ignora reforma trabalhista em diretrizes

Texto discorre explicitamente sobre reformas tributária, previdenciária e política

Angela Boldrini | Folha de S. Paulo

BRASÍLIA - “Revogar, não. Mas eu vou corrigir os pontos draconianos, pode ter certeza”, afirmou sobre a reforma trabalhista a candidata da Rede à Presidência, Marina Silva, neste mês, em entrevista.

Se no discurso a ex-senadora afirma repetidas vezes que irá mexer nas regras aprovadas pela gestão Temer, as diretrizes programáticas não dão certeza do que a ex-senadora pretende fazer com relação a um dos projetos mais polêmicos do atual governo.

O termo “reforma trabalhista” não aparece nenhuma vez ao longo das 61 páginas do documento divulgado pela campanha na terça-feira (14).

O mesmo texto discorre explicitamente sobre propostas da candidata para outras reformas, como a tributária, a previdenciária e a política.

Tampouco são citados os pontos que a presidenciável já afirmou em discursos e entrevistas que alterará.

Entre eles, estão a possibilidade de trabalho insalubre para gestantes e lactantes, o pagamento de honorários advocatícios por quem perder ação judicial e a permissão para que o horário de almoço seja de 30 minutos.

“Isso não é modernizar, isso é voltar a relações pré-modernas de trabalho”, chegou a afirmar em entrevista em julho.

Em 2017, uma publicação no site da Rede Sustentabilidade também criticou o uso de intermitentes. “Na reforma trabalhista, é inadmissível ter trabalhadores que ficam em processo de espera, de forma intermitente, sendo convocados a qualquer momento pelo empregador, sujeito a pagar multa se não estiverem à disposição”, dizia o texto, assinado pela ex-senadora.

As prioridades de Alckmin: combate à corrupção e retomada do crescimento

O candidato do PSDB à Presidência da República, Geraldo Alckmin, reiterou seu compromisso no combate à corrupção e com a retomada do crescimento durante o segundo debate entre presidenciáveis, promovido nesta sexta-feira (17) pela Rede TV! A intenção de Geraldo Alckmin é apresentar todas as reformas necessárias já no primeiro dia de governo, caso seja eleito.

“O Brasil tem pressa! Quero ser presidente para no dia 1º de janeiro apresentar as reformas para a retomada econômica. Temos hoje 27 milhões de pessoas sem emprego, e é possível mudar isso. Teremos tolerância zero com a corrupção. Faremos uma reforma política para melhorar o ambiente político e vamos tipificar no Código penal o enriquecimento ilícito”, afirmou.

Para garantir a recuperação do emprego e da renda, o candidato tucano considera necessária a simplificação tributária e atenção especial ao agronegócio. “Vou priorizar um conjunto de medidas na área tributária. Você que paga 5 impostos em um produto vai pagar um só. Para se ter uma ideia, hoje o alimento acaba acumulando quase 33% de impostos”, observou.

Dentro de seu plano de zerar o déficit primário em dois anos, Geraldo Alckmin indicou o caminho: “Hoje, o governo gasta um absurdo, e gasta mal. Temos um Estado inchado e juros altos. Faremos o contrário: vamos cortar gastos e rever incentivos”. Assim vamos zerar o déficit e trazer investimentos para o Brasil”.

Para Geraldo Alckmin, o teto de gastos se impôs ao país em razão do estouro das contas públicas durante a gestão petista. “PEC do teto foi vacina contra o PT. Em 13 anos foram 13 milhões de desempregados e descontrole das contas públicas. Quem assumir, encontrará o sexto ano de déficit primário e entra devendo R$ 139 bilhões sem pagar dívida. Em São Paulo, não fiz PEC (do teto de gastos), fiz superávit, investindo, gerando empregos. É preciso reduzir o tamanho do Estado para recuperar o investimento”, defendeu.

Candidatos vão ao Nordeste em busca de eleitores de Lula

Se petista for barrado, 10 milhões de simpatizantes na região dizem não ter um nome à Presidência

Com a candidatura do ex-presidente Lula em xeque, presidenciáveis concentram seus esforços no Nordeste em busca de simpatizantes do petista. Segundo pesquisa, se Lula tiver a candidatura impugnada pelo Tribunal Superior Eleitoral, 10 milhões de eleitores da região passam a se dizer indecisos ou a declarar voto em branco ou nulo. Marina Silva (Rede) e Ciro Gomes (PDT), os candidatos mais beneficiados com a saída do ex-presidente, dão atenção especial ao Nordeste para ampliar seus percentuais. O vice petista, Fernando Haddad, que pode se tornar cabeça da chapa caso Lula não concorra, visitará cinco estados nordestinos nos próximos dias. Jair Bolsonaro (PSL) incluiu na agenda de campanha a cidade do sogro, no Ceará.

Em busca dos votos do Nordeste

Candidatos vão atrás dos 10 milhões de eleitores indecisos com Lula ausente da disputa

Catarina Alencastro, Daniel Gullino, Eduardo Bresciani, Gustavo Schimitt, Maria Lima, Sérgio Roxo e Silvia Amorim | O Globo

Com o indeferimento da candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva prestes a ser analisado pela Justiça Eleitoral, os principais candidatos à Presidência da República já se mobilizam para tentar conquistar o eleitorado lulista no mais tradicional curral eleitoral petista. O Nordeste tem 39,2 milhões de eleitores, 26% dos votos do país, e as pesquisas mostram que cerca de 10 milhões deles passam a se definir como indecisos ou declarar voto branco ou nulo no cenário em que Lula fica ausente da disputa.

Único nordestino entre os principais candidatos e um dos maiores beneficiários da ausência de Lula no pleito, o candidato do PDT, Ciro Gomes, estará hoje em seu estado, o Ceará, para o lançamento da candidatura ao Senado do seu irmão, o ex-governador cearense Cid Gomes. O presidente nacional do PDT, Carlos Lupi, acredita que há espaço para crescimento do cearense e que o “plano B” do PT, o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad, que deve herdar a candidatura de Lula, terá dificuldades para conquistar os nordestinos. — O eleitor do Nordeste nunca nem ouviu falar de Haddad. É um nome difícil de falar —ironiza Lupi. Ex-ministra de Lula, a candidata da Rede, Marina Silva, que também angaria votos nas pesquisas sem o petista, vai concentrar suas agendas na região a partir de segunda-feira. Marina tem eventos em Fortaleza e Recife. De olho nos votos dos milhões de beneficiários do Bolsa Família na região, Marina centrará o discurso na ampliação de programas de transferência de renda.

O PT, que ainda insiste no discurso da candidatura de Lula, foca pesado em agendas de campanha com Haddad. Ainda no papel de vice, ele visitará cinco estados nordestinos só na semana que vem.

Câmara: renovação deve ser a menor desde 1990

Levantamento do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap) mostra que quase 80% dos atuais deputados são candidatos à reeleição e estima que a maioria conseguirá novo mandato, reduzindo espaço para novatos

Mariana Martinez | O Globo

Os eleitores brasileiros que apostam em mudanças de grandes proporções na composição do Congresso Nacional após as eleições podem sair um pouco frustrados com o resultado do pleito neste ano. Levantamento do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap), divulgado ontem, mostra que a Câmara dos Deputados deve ter o menor índice de renovação em 2018 desde as eleições de 1990.

Segundo as estimativas do Diap, dos 513 deputados federais que serão eleitos para exercer seus mandatos a partir de 1º de janeiro do ano que vem, aproximadamente 40% devem ser novos parlamentares —menos da metade da Casa. O estudo mostra que a média de renovação da Câmara nas últimas sete legislaturas é de 49,1%, tendo seu pico com os 61,82% em 1990.

O menor índice foi observado em 2010, com 44,25%. —Um dos motivos para a expectativa de baixa renovação é o grande número de parlamentares que já exercem mandatos e tentarão ser reeleitos — diz o presidente da entidade, Antonio Augusto de Queiroz. Após o fim do prazo para registro das candidaturas, em 15 de agosto, o Diap apurou que 79,33% dos deputados federais que estão na disputa (ou 407 dos 513) são candidatos à reeleição. Destes, a estimativa é que cerca de 75% devem conseguir se manter no posto.

De acordo com Queiroz, essa previsão é feita com base no histórico das últimas sete eleições e considera que a atual legislação eleitoral, com as mudanças aprovadas na reforma política do ano passado, favorece os candidatos à reeleição.

As condições para o superávit: Editorial | O Estado de S. Paulo

Se subsídios e subvenções fiscais forem substancialmente reduzidos, se medidas de reforma previdenciária que permitam a redução de seu déficit forem aprovadas já em 2019, se a economia crescer do modo esperado, se a inflação continuar contida, o próximo governo terá condições de cumprir o teto de gastos nos dois primeiros anos de mandato. Mas é muito pouco provável que, mesmo fazendo o que precisa ser feito para conter a séria crise fiscal que tolhe os serviços e os investimentos públicos, o próximo governo consiga eliminar o déficit primário em 2020. Há candidatos à Presidência da República que se comprometeram a equilibrar as contas primárias na primeira metade do mandato, mas é pouco provável que a promessa seja cumprida. Na hipótese mais otimista – que leva em conta a resolução de problemas que podem resultar em aumento extraordinário de gastos –, o superávit primário do governo federal só surgirá em 2022, último ano do mandato do presidente a ser eleito em outubro.

Essas são algumas das previsões no número 19 do Relatório de Acompanhamento Fiscal, estudo elaborado regularmente pela Instituição Fiscal Independente (IFI), vinculada ao Senado Federal. Há alguma melhora nas projeções em relação a estudos anteriores, mas, como afirma o estudo, “o quadro fiscal brasileiro continua desafiador”.

Ponto de equilíbrio: Editorial | Folha de S. Paulo

Supremo acerta ao fixar limites rigorosos para delações premiadas

Ao mandar arquivar mais um dos inquéritos abertos com base em delações de colaboradores da Lava Jato, o Supremo Tribunal Federal definiu nesta semana limites estreitos para o uso desse instrumento no combate à corrupção.

Na terça (14), a Segunda Turma da corte recusou denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República contra o senador Ciro Nogueira (PP-PI), acusado de receber R$ 2 milhões em propina do empreiteiro Ricardo Pessoa em 2014.

A maioria dos ministros que compõem o colegiado concluiu que não havia indícios suficientes para justificar a abertura de ação penal contra o parlamentar, contrariando não só o Ministério Público como também o relator da Lava Jato no tribunal, Edson Fachin.

Em decisões anteriores, o STF rejeitou acusações dos procuradores por considerar que eram baseadas apenas na palavra de delatores, sem que houvesse outros testemunhos e provas para sustentá-las. A própria Procuradoria concordou com a medida em alguns casos.

Contra o senador Nogueira, havia algo além da palavra de Ricardo Pessoa. Mas a denúncia foi rejeitada mesmo assim porque, para a maioria dos membros da turma, as evidências eram frágeis demais.

Eleição depende de desfecho rápido no caso de Lula: Editorial | O Globo

A decisão sobre o registro da candidatura não pode, porém, deixar de seguir os ritos previstos

Conforme costuma agir o PT —dentro de uma tática, aí sim, de lawfare, guerra judicial—, a candidatura tríplex de Lula foi registrada, com Fernando Haddad de vice e Manuela D'Ávila, do PCdoB, de reserva, para abrir mais um round judicial. O partido e aliados desrespeitam a clareza com que a Lei da Ficha Limpa torna inelegível o ex-presidente, por ter sido condenado em duas instâncias, nas acusações de corrupção e lavagem de dinheiro, no processo do apartamento do Guarujá.

O partido —sob comando do próprio Lula, de sua cela em Curitiba, convertida em comitê eleitoral — segue a aplicação do plano de estendera o extremo essa discussão, afim de que o presidiário Lula, com a sub judice, possa fazer campanha ao lado de Haddad. O ideal para petistas é que Lula apareça na urna, mesmo que a candidatura venha a ser cassada depois. Seria o golpe perfeito: as pessoas votariam com a cara de Lula na telada urna, mas dariam o voto a Haddad. Um estelionato. Anuncia-se que a equipe de defesa de Lula, que já demonstrou sua inventividade, prepara-se para entrar com recursos em série nas Cortes superiores. Além do TSE, no Superior Tribunal de Justiça (STJ) e no Supremo (STF).

O objetivo seria estender o conflito jurídico até 17 de setembro, limite para a substituição de Lula por Haddad e deste por Manuela. Caso isso ocorra, terá sido bem-sucedida a manobra de confundir Haddad com Lula. Pelo menos é o que acham petistas. Se dará certo, só esperando. Não se pode menosprezar a capacidade de a defesa do ex-presidente “fazer o diabo” — termo de Dilma Rousseff —, nessas circunstâncias. O pedido de habeas corpus entregue numa sexta-feira, no fim do expediente, em Curitiba, para um desembargador ex-companheiro libertar Lula demonstra a que ponto chega a falta de escrúpulo.

Gal Costa - Anos Dourados

Cecília Meireles: A Chuva Chove

A chuva chove mansamente... como um sono
Que tranqüilize, pacifique, resserene...
A chuva chove mansamente... Que abandono!
A chuva é a música de um poema de Verlaine...
E vem-me o sonho de uma véspera solene,
Em certo paço, já sem data e já sem dono...
Véspera triste como a noite, que envenene
... Num velho paço, muito longe, em terra estranha,
Com muita névoa pelos ombros da montanha...
Paço de imensos corredores espectrais,
Onde murmurem, velhos órgãos, árias mortas,
Enquanto o vento, estrepitando pelas portas,
Revira in-fólios, cancioneiros e missais...